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quarta-feira, 26 de março de 2014

Vivendo no Vazio

Penetrar no Vazio não constitui apenas etapa dificílima de transição, mas também, de início, uma experiência bastante dolorosa. Ao realizarmos o Vazio na mente, poderemos entender de maneira clara, simultaneamente, que se separam de nossas vidas os fatores negativos — fontes de sofrimento mais óbvias — assim como os positivos: desde os prazeres mais primitivos até os mais refinados, as muitas coisas por que "ansiávamos". Essa sensação de vazio, de lacuna, eqüivale ao sofrimento de uma grande dor, a um sentimento de desespero. Só quando abandonamos por completo o mundo do pensamento e nos achamos diretamente no Vazio, quando nos tornamos o Vazio, é que cessa a dor, porque ela é causada por um resquício da necessidade de realização de um desejo. Nessa etapa, por mais rarefeito ou sutil que seja esse desejo, ele ainda subsiste e continuará existindo até que a pessoa que vive a experiência, o ego, se vá por inteiro. Enquanto isso não ocorre, existe o medo da absorção completa pelo Vazio, o medo em relação ao nada, ou, antes, o receio de perder a antiga vida costumeira e de romper com os velhos hábitos.

Parece humanamente impossível deixar de viver por alguma coisa e começar a viver. No Zen, essa é a fase denominada "A Grande Dúvida" que antecede ao satori. No entanto, de quando em quando — em especial na infância — experimentamos, de maneira bem espontânea e inesperada, momento em que o simples fato de viver representa uma bem-aventurança e nada mais desejamos. Nessas ocasiões, a descoberta realmente importante na vida do homem talvez seja a de que a forma mais elevada de Felicidade está à mão, mesmo para quem não possua ou não seja nada — ou exatamente por isso. Acredito que o japonês seja a única língua que possui um termo para a experiência desse estado de existência, a palavra "wabi", provavelmente a palavra mais refinada de todas as línguas. Talvez, ainda, encontremo-la no poemeto a propósito do mestre do Zen Pang Chü-shih, do século IX, que, por nada possuir, vivia continuamente no Vazio:

O velho Pang de nada precisa no mundo:
Tudo com ele é vazio, mesmo a cadeira que não possui,
O Vazio absoluto reina em seu lar;
E que lar vazio, sem tesouros!
Ao nascer do sol, caminha pelo Vazio,
Ao pôr-do-sol, adormece no Vazio;
Sentado no Vazio, entoa seus cantos vazios,
E suas vazias palavras retumbam no Vazio.*

(*) D. T. Suzuki, Essays in Zen Buddhism, Vol. 2, p. 297; Lon-
dres, Luzac, 1927, 1933, 1934, reeditado por Rider, 1949, 1950, 1951.

Robert Powell  - Zen e Realidade
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill