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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Pode-se "cultivar" a capacidade de amar?

Pergunta: Você fala de revolução no inconsciente; mas, uma vez que o inconsciente é uma dimensão desconhecida pelo pensamento, como posso saber que houve uma revolução profunda? Você não está empregando estas palavras para nos hipnotizar, nos fazendo imaginar um estado?

Krishnamurti: O inconsciente não é também o consciente? Isto é, a consciência, como a conhecemos, é luta. Só estou consciente, quando há conflito, quando há desafio, quando sofro, quando me esforço conscientemente para fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Mas não existem, atrás desse esforço consciente, muitos "motivos" ocultos, muitas compulsões, impulsos, tradições, que constituem nossa herança secular? Eu sou tanto o consciente como o inconsciente. Um e outro constituem o "processo" do pensamento, não é verdade? Suponhamos que eu costume celebrar rituais, puja; está é uma ação resultante da velha tradição segundo a qual fui educado; essa tradição se baseia no tempo, no desejo de encontrar paz, a esperança, a recompensa, etc.; tal é o "motivo" inconsciente que me leva a executar uma certa ação. Todo o "processo" da consciência não é resultado do pensamento? Posso não pensar na ideia; o inconsciente pode não tê-la elaborado; tudo isso, porém, não constitui o processo do pensar? Eu posso não ter inventado o ritual, mas alguém o inventou e fui condicionado nisso; isso é o inconsciente, meu inconsciente profundo. Fui educado como capitalista, comunista, ou socialista, e dessa base eu ajo e reajo. Os "motivos", os impulsos, as condições inconscientes são o resultado de pensamento criado por mim ou por outro, pela sociedade, pelas circunstâncias. 

Pode o pensamento realizar uma revolução? Prestem atenção a isso. Sendo o condicionado, estando sempre condicionado, pode o pensamento efetuar uma revolução — que se faz tão necessária — revolução radical, e não revolução econômica, parcial? Pode uma revolução profunda, uma revolução fundamental ser realizada pelo pensamento? O pensamento, consciente e inconsciente, é um processo total. Meu inconsciente pode estar encoberto e eu posso não ter me ocupado com ele. Entretanto, nem por isso deixa de estar presente esse inconsciente, e ele é o resultado de pensamentos, pensamentos de meus ancestrais, pensamentos contidos nos livros — saber — experiência. Tudo isso é um produto do pensamento. Reconheço, pois, que todo esse processo é pensamento, e percebo que o pensamento condiciona; como pode, então, o pensamento produzir uma revolução radical? Mas há uma revolução que está além dos limites do pensamento; e é aí, além dos limites do consciente, que se faz necessária a revolução.  

O Amor é coisa cultivável? Sei quando amo? O amor é um "processo" consciente? Se sei que lhe amo, isso é sensação e portanto, não é amor, não acham? Se tenho consciência de ser humilde, se tenho consciência de ser benevolente, isso é humildade, é benevolência? Por conseguinte, o amor, a humildade, não é um estado do qual não tenho consciência, no sentido de "pensamento" — "pensar"?

A revolução de que falo somente é possível quando cessa o pensar, como reação, como estado condicionado. Só então há revolução. Senhores, não afastem isso para o lado, como uma ideia extravagante; procure compreende-lo, investigue-o, sinta-o plenamente. Verá que toda espécie de pensar é condicionada — o pensar comunista, o socialista, o católico, ou o pensar do homem religioso. O pensar é condicionado; e enquanto estivermos operando dentro de um campo condicionado, teremos sempre novos problemas de ações condicionadas; e nisso não há libertação, não há ação criadora. Só há ação criadora, libertação, quando a mente está de todo silenciosa. Esse silêncio não é cultivável conscientemente. Não posso cultivá-lo, porque o esforço consciente feito para produzi-lo é resultado de um pensamento, de um desejo, de um fim condicionado; por esse motivo não há revolução; há apenas uma conclusão, um resultado; e a mente que busca resultado não é revolucionária. 

Assim, pois, só a mente que está tranquila é capaz de receber o que é verdadeiro — não qualquer coisa extraordinária, mas o que é verdadeiro a cada momento, a Verdade daquilo que vemos, a palavra, o pensamento, o sentimento. Só quando a mente está de fato tranquila, sem compulsões e incentivos, se verifica a revolução. Essa revolução é uma revolução de pensamento produzida pela Verdade — não por meio de alguma espécie de cultivo, e sim pelo escutar o que se diz. Não podem escutar, porém, se argumentam comigo — o que não significa que eu queira hipnotizá-los. Em verdade, vocês estão sendo hipnotizados todos os dias, pelos jornais, pelos políticos, pelos "praticantes de boas obras", pela religião de vocês, pelo Bhagavad-Gita, pela Bíblia, pelas pessoas que lhes dominam ou lhes impelem, pela ação dirigida para um fim em vista. Tudo isso não constitui um processo de hipnose? Todo "processo" da propaganda é um sistema de hipnotismo, a que estão submetidos. 

Eu falo de coisa totalmente diferente. As duas coisas não são compatíveis, pertencem a dois mundos totalmente diferentes. Digo tão somente isto: se sabemos escutar, a Verdade libertará uma atividade criadora em entes humanos; e sem esse poder de criar, nós nos tornamos extremamente caóticos, destrutivos; por mais nobre que sejam nossas intenções, todas as nossas ações só produzirão desgraças e malefícios. Essa atividade criadora é Amor. Sem Amor não há revolução, e o amor não é uma ação consciente. O Amor é algo além dos limites do pensamento. Só se pode compreender, sentir, experimentar o amor, quando a mente se acha de todo tranquila; e só então existe a possibilidade de se efetuar uma revolução fundamental no mundo.

Jiddu Krishnamurti em, Autoconhecimento - Base da Sabedoria
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill