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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Os três estágios de consciência


É um infortúnio eu ter de desmentir tantos rumores a mim relativos, porém parece-me isto necessário, porque os boatos persistem. Portanto, quero dizer, em primeiro lugar, que falo como um indivíduo fala a outro; não na qualidade de membro de uma agremiação qualquer que ela seja, nem como chefe de um corpo organizado, nem tão pouco movido pelo desejo de vos converter a uma forma particularizada de crença, seja ela qual for. Não é intenção minha vos estimular ou coagir a aceitar qualquer forma de pensamento especializado, porém, expor, antes, diante de vós certas ideias que para mim constituem a realidade e a consumação da vida e as quais, uma vez realizadas, revelam inteireza e, por tal motivo, tranquilidade e felicidade.

Uma vez mais quero acentuar que aquilo que digo não deve ser encarado como um ensino vindo do Oriente, dirigido aos povos do Ocidente. O fato de ter eu a pele mais escura do que vós, não indica que o que eu diga representa o pensamento do Oriente. Tenho frequentemente falado na Índia e dizem-me ali que o meu ensino é Filosofia Ocidental; pois quando falo aqui, dizem que é do Oriente, com todo seu misticismo e obscuridade. Tenho também ouvido dizer que é o Hinduísmo puro, o Budismo puro ou a teosofia pura. A maioria das pessoas faz estas afirmações porque experimentam certa satisfação em poder dizer: “Oh! Nós sabíamos tudo isto antes”. Por essa forma, evitam o conflito de pensar. Podem assim, sentar-se confortavelmente com suas velhas formulas tradicionais e aí permanecer, sem cuidar de examinar o que perante eles é colocado, fazendo-o simplesmente recuar no tempo.

A compreensão do que vos vou dizer depende de clareza de pensar e da inteligência de cada indivíduo; inteligência é o resumo de vossas experiências, que vos proporciona, não somente a razão, porém também essa outra capacidade que se denomina intuição.

Eu vos referirei uma história que certa vez ouvi relatar na Índia. Determinado indivíduo, veio em busca de um sábio e pediu-lhe que lhe falasse acerca da verdade. Disse ele ao sábio: “Hoje estou de lazer. Não tenho grandes coisas a fazer, e, portanto, podeis falar-me da verdade”. E o sábio respondeu-lhe: “Antes de mais nada, pela abstinência de alimentos, pelo domínio do corpo, procura tornar pura a tua mente; em seguida torna-te também branco como a neve; e finalmente, reprime, estritamente todo o conhecimento. E então, falar-te-ei acerca da verdade”.

Vós todos vindes aqui com uma grande quantidade de informações, já recebidas, porém não com conhecimento pessoal, com esse conhecimento profundo intuitivo, que está liberto da ilusão, de todas as ideias confortadoras. Vindes aqui repletos de ideias tradicionais, a maioria delas falsas, apegando-vos a essas falsas concepções. Portanto, rejeitais o que digo, ou antes, o traduzis conforme os vossos termos tradicionais, permanecendo contentes com isso.

Eu realizei aquilo que para mim é a suprema felicidade — não a oriunda do prazer, porém a dessa quietude interior que é a segurança da tranquilidade, a realização da inteireza. Neste estado não existe progresso, mas sim realização contínua na qual todos os problemas, todas as complexidades se esvaecem. Essa verdade, essa integridade interna, existe em todas as coisas, em todo o ser humano; e essa realidade interna jamais está ausente no que é mínimo como também jamais se exaure no que é máximo.

Para mim, a verdade, essa integridade de que falo, acha-se em todas as coisas. Portanto, a ideia de que necessitais progredir em direção à realidade, é uma ideia falsa. Não se pode progredir na direção de uma coisa que sempre está presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, porém sim de se libertar dessa consciência que se apercebe a si mesma separada. Quando houverdes realizado tal integridade, tal realidade, não tem ela futuro nem passado; e todos os problemas relacionados a estas coisas, desaparecem inteiramente. Uma vez que o homem haja realizado isto, vem-lhe a tranquilidade, não a da estagnação, porém a da criação, a do eterno ser. Para mim é a realização desta verdade, a conquista do homem.

Vós, homens, como indivíduos, desenvolveis vossos sentidos pela luta social, pela auto-preservação e dais início, assim, à consciência da separação. Desde a infância, que vos foi incutida a ideia de que sois uma entidade separada; e desta ilusão surge a divisão entre o “vosso” e o “meu”, não somente em pensamento como também na emoção, na posse de bens, em todas as coisas.

Daí surge também a ideia de que vos deveis tornar algo de grande no futuro e a de que fosteis já algo no passado; um contraste contínuo. E desta consciência separada surgem a cobiça, a inveja, o ódio, o sentimento de posse, o cuidar das vaidades, as alegrias passageiras, as tristezas transitórias e os transitórios prazeres; é esta uma civilização grosseira baseada na competição, na qual cada um trata de si mesmo, sem benevolência, sem amabilidade. É um mundo de conflito, de corrupção, de contenda, que a seu tempo conduz à guerra.

Em virtude deste entendimento de separatividade, o “Eu” torna-se todo poderoso; desta consciência da separação nasce o medo. E onde quer que exista o medo, manifesta-se imediatamente o desejo de buscar conforto, em lugar de entendimento que dissipa o temor. Pois o conforto adormece o vosso temor inato de perder vossa identidade separada.

O conforto somente produz um ajuste temporário, não uma harmonia e equilíbrio permanentes; produz um alívio imediato antes do que um entendimento compreensivo, contínuo; produz o adiamento do esforço, uma fuga contínua em lugar da luta para compreender o presente. Por causa deste temor, buscais o consolo no culto, na prece, no erguimento de imagens, por intermédio de ritos e cerimônias. Esta ilusão da separação vos leva à preocupação com a morte, e com o que vai acontecer no futuro, isto é, sobre se tereis de vos reencarnar e sobre o que haveis sido no passado. Por outras palavras, são o passado e o futuro que empolgam o homem que se acha atemorizado — jamais a compreensão do presente. Enquanto o presente não for compreendido, o futuro jamais vos proporcionará seu pleno significado, pois que o futuro, na realidade, não existe. Todos estes problemas — o de porque nasci, ou o que acontecerá após a morte, o da sobrevivência da alma, o da reencarnação, o de como posso tornar-me algo mais e o de como posso adquirir mais qualidades afim de encontrar a verdade — todas essas coisas nascem da consciência da separação.   

Quando é compreendida a ideia de que a verdade, essa realidade viva, existe em todas as coisas e há todos os instantes, em toda a sua integralidade, então não mais existirá o pensamento de progresso, o de tornar aquilo que é ilusório, o “Ser”, em algo permanente. Em todas as fases da vida dá-se a acentuação ao indivíduo — não à individualidade, à qual, tornada plenamente consciente, dissipa a sua própria consciência, porém, sim, ao engrandecimento do “Eu”.

Observai a maioria das pessoas, e verificareis que todas pensam que, pelo tornarem-se maiores, pelo ampliarem sua consciência mediante uma série de experiências, pelo retroceder, pelo avançar e pelo reencarnar, se estão aproximando cada vez mais da verdade.

Para mim, esta concepção é inteiramente ilusória, pois que a realidade, em sua inteireza, em sua plenitude, em sua riqueza, existe em tudo e portanto, é eterna. Aquilo que é permanente, eterno, em tudo, não pode progredir. Aquilo que denominamos progresso somente pode ser aplicado a determinado fato, não à realidade.

Nossa preocupação primordial deverá ser, então, a de por qual maneira cada um se poderá tornar apercebido desse eterno, dessa viva realidade que sustenta, que nutre e sustenta todas as coisas e que se acha em nós próprios. Enquanto criardes um mundo externo e um mundo interior e vos esforçardes por produzir um ajuste entre esses dois, jamais encontrareis a realidade.

Quando o homem é consciente de si próprio como entidade separada, está continuamente buscando o exterior para encontrar auxílio, para seu sustentáculo, para seu bem-estar; e por essa maneira cria ele a desordem em lugar da ordem, e por causa dessa desordem surgem as superstições, as ilusões, as cerimônias.

Trata-se, portanto, da maneira, do processo mediante o qual cada um pode realizar essa realidade interior que assegura a tranquilidade da vida, não a estagnação, não a paz que entenebrece, que destrói, porém sim essa tranquilidade que é a fonte da compreensão viva e eterna.

É somente por meio do esforço individual que a verdade pode ser realizada, não por meio de associações de qualquer espécie que sejam. Não podereis, por via de uma instituição, encontrar a verdade, pois que a verdade habita em vós mesmos e as instituições não podem ajudar o indivíduo a encontrar a verdade. Não importa quais sejam elas, todas tendem a tornar-se cada vez mais formalistas e a verdade cada vez mais se distancia delas. Precisais buscar a verdade por vós mesmos, como indivíduos; visto que ela mora em vós, não no exterior. Quando o indivíduo houver compreendido a si mesmo, viverá num ambiente de perfeita harmonia e não contribuirá para a desordem do mundo.

A partir do momento que vós, como indivíduo, tenhais resolvido vosso problema particular, tenhais realizado a verdade por vós mesmos, não mais contribuireis para a crueldade, para as guerras, para a espantosa tirania e desgraça que imperam no mundo.

É importante que cada indivíduo compreenda, não os adornos superficiais da vida, porém sim o como, pelo continuamente deixar de parte essa consciência que cria separação, se pode ele tornar-se apercebido dessa realidade interior que mora em todas as coisas.

Se quiserdes verificar isto, vós, como indivíduos, tendes que inteiramente vos desapegar de todos os sistemas tradicionais, convencionais e socializados, de pensar e de conduta. Verificareis, então, quão necessário é não confiar, quer em autoridades de tradição, que na conduta sistematizada. Antes que possais compreender a verdade, é necessário que vos torneis plenamente conscientes de vossa própria separatividade e, por esse modo, de todas as qualidades e seus respectivos opostos. Isto é, tendes que vos tornar tão cônscios de vós mesmos que todos os vossos desejos, propósitos e conflitos ocultos sejam trazidos à evidência, examinados e compreendidos por vós. Pelo vos tornardes intensamente conscientes, consumireis toda a sub-consciência, pois que, quando estiverdes plenamente conscientes de vossas ações, de vossos pensamentos e emoções, a hipocrisia cessa de existir, cessam as ilusões, os desejos secretos e as fantasias não mais terão ascendentes sobre vós; e então, quando estiverdes assim limpos e cheios de propósito, podereis chegar a essa estado no qual não existem pretensas qualidades e em que, portanto, não há conflitos.

Quando introduzis o elemento pessoal em vosso julgamento, inevitavelmente perverteis vossa compreensão. Necessitais distinguir entre o que é pessoal e o que é individual. O pessoal é o acidental, entendo eu, as circunstâncias de nascimento, o ambiente no qual haveis sido criados, vossa educação, vossas tradições, vossas superstições, vossas distinções de nacionalidade e classe, e todos os preconceitos que por este processo se desenvolvem. O que é pessoal apenas se relaciona com o acidental, com o que é momentâneo, posto que este momento possa durar o período inteiro de uma vida. A educação moderna conduz à perversão do pensamento e o espírito de nacionalidade, de classe, de tradição aumenta por causa do medo. Quando ajuizardes de um fato, não o façais partindo do ponto de vista pessoal, mas julgai-o do ponto de vista do indivíduo que é do Eu.

Pois as qualidades — as virtudes e os pecados, o bom e o mau, as alegrias e as tristezas — pertencem à consciência do “Eu”. Quando estou consciente de mim mesmo, invento virtudes e pecados, o bom e o mau, o céu e o inferno, para me proporcionarem equilíbrio em minha luta com os opostos.

Enquanto houver essa consciência da separação, do eu, da personalidade, não pode existir realização da verdade; antes porém, que possais transcender essa consciência, tendes que vos tornar plena e vitalmente autoconscientes. Isto significa que necessitais vos tornar conscientes de vós próprios como indivíduos, não como uma máquina, não como um mero dente na engrenagem desta rude civilização onde impera a competição.

Antes que vos possais tornar plenamente conscientes e, por essa maneira, perder a autoconsciência, há três condições a passar relativas à consciência. Na primeira dessas condições, o indivíduo é escravo dos sentidos e de seus anseios. Para satisfazê-los, torna-se ele simplesmente egoísta, dependendo, inteiramente, para sua felicidade, das coisas exteriores, das sensações e incitamentos e, por esse modo, fica cada vez mais emanado da tristeza e da dor. Sua conduta é encaminhada pelo egoísmo. Toma cada vez maiores responsabilidades sobre si e torna-se, por essa maneira, um simples escravo da ação. Tal homem não tem tempo nem inclinação para a quietude de pensamento, para a reflexão, para o exame. Pois a verdadeira reflexão cria a duvida, as investigações que conduzem ao isolamento, ao afastamento, coisa que ele cuidadosamente evita.

Depois, vem o segundo estágio em que o homem se apercebe de suas faltas, de suas falências, de suas ilusões, de suas crueldades. Tornando-se, assim, consciente de sua própria natureza, tenta ele então desembaraçar-se, livrar-se do domínio dos sentidos e começa a libertar sua mente e coração. Começa por diminuir, gradualmente, suas responsabilidades, sem abandonar sua vida no mundo. A ação, nascida da consciência de si mesmo, na qual existe a separatividade, é embaraçante, limitadora, um fardo; porém a ação que é o resultado da liberdade da individualidade é libertação.

O indivíduo que possui agora o forte desejo de libertar-se, começa a disciplinar-se a si próprio. Esta disciplina não lhe é imposta do exterior, não é o resultado da repressão; antes, em virtude do seu desejo de ser livre, de realizar a verdade, impõe ele a si próprio uma disciplina oriunda do entendimento — não oriunda do medo, não coagido pelas circunstâncias sociais ou pelo ambiente. Ele deseja então libertar sua mente, seu coração e, por esse modo, viver em harmonia. Impõe a si mesmo, por isso, uma disciplina maior do que qualquer das disciplinas provindas do exterior.

Em seguida vem o terceiro estágio de consciência em que o homem é completamente senhor de seus sentidos, completamente senhor de seu corpo. Isto não implica o ser muscularmente desenvolvido, nem que o corpo não sinta dores, nem tão pouco que ele não morra ou pereça; será senhor de seu corpo, no sentido de não mais se emaranhar com seus anseios, com suas sensações, com seus incitamentos.

Começa ele, então, a libertar-se do medo e das ilusões que ele próprio cria. Uma vez que estejais libertos das ilusões, do temor, de todas as outras qualidades, tem lugar um retiro interior nascido da alegria, retiro nascido não do tédio, nem do retraimento, nem com o intuito de fugir a este mundo de conflito, porém um retiro interno de alegria em meio da ação.

Quando existir este retiro, a reflexão e a analise virão dar lugar a uma concentração tremenda; não a concentração sobre um objeto, porém a concentração na qual não há sujeito nem objeto, o pleno apercebimento no qual não mais existem contrastes.

Ulteriormente, proveniente deste retiro, manifesta-se uma harmonia interior, a equanimidade entre a razão e o amoro pensamento liberto das fantasias e das teorias pessoais, o amor liberto da especialização, amor que é como o perfume de uma flor.

Quando existe esta harmonia, não mais se inquire a respeito do futuro e do passado. Não mais terá lugar a pergunta de –se continuarei “Eu” a viver como entidade separada.

O passado com suas falências e tristezas, desaparece, e o futuro com suas esperanças, anseios e antecipações, desaparecem também: oriunda destes dois termos, nasce a harmonia do presente, a qual é a realização dessa inteireza que existe em todas as coisas. Uma vez que esta haja sido realizada, haverá tranquilidade, haverá a realidade viva da felicidade.

Jiddu Krishnamurti, 7 de março de 1930, em Londres     
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill