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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O entrave

Quando tivermos passado além dos conhecimentos, então teremos o Conhecimento; a Razão foi o auxílio, a Razão é o entrave.

Quando tivermos passado além do querer, então teremos o Poder; o Esforço foi o auxílio, o Esforço é o entrave. 

Quando tivermos passado além dos prazeres, então teremos a felicidade; o Desejo foi o auxílio, o Desejo é o entrave. 

Quando tivermos passado além da individualização, então seremos as Pessoas reais; o Ego foi o auxílio, o Ego é o entrave. 

Quando tivermos passado além da humanidade, então seremos o Homem; o Animal foi o auxílio, o Animal é o entrave. 

Transforma tua razão em uma intuição ordenada; que tudo em ti seja luz. Este é teu alvo. 

Transforma teu esforço em um conhecimento igual e soberano da força da alma; que tudo em ti seja força consciente. Este é teu alvo. 

Transforma teu prazer em um êxtase igual e sem objetivo; que tudo em ti seja felicidade. Este é teu alvo. 

Transforma o indivíduo dividido na personalidade universal; que tudo em ti seja divino. Este é teu alvo. 

Transforma o animal no Pastor dos rebanhos; que tudo em ti seja Krishna. Este é teu alvo. 

- Sri Aurobindo -

(Texto extraído do livro "Sabedoria de Sri Aurobindo", Editora Shakti) 

Não subestime o poder do pensamento condicionado

Lançando as bases de um paradigma racional

Caros confrades, juntos estamos lançando as bases de um paradigma racional e seguro para um funcional processo de ego-esclarecimento no qual, se for devidamente levado a sério e com a paixão necessária, poderá resultar no devido e necessário "estado de  prontificação" pelo qual possa se dar o advento do realístico autoconhecimento: o desvelar do Que Somos. 

Estamos trabalhando juntos um modo de desmistificar o que ainda é visto como místico e sem praticidade para o atual e estressado modo de existir sem vida.

Por meio de um convite objetivo — a ideia da possibilidade de deter o desgastante fluxo do pensamento compulsivo obsessivo — a cada passo dado neste Caminho sem caminho, nos aproximamos da subjetividade curativa deste paradigma: o tornar-nos nossa natureza real, expressa como Perene Consciência Amorosa Integrativa.

Para tanto, a meditação, a observação sem escolhas, tem se mostrado a ferramenta usual para a busca de um contato consciente com a Realidade que somos. Por meio dela, absorvemos o que é real e nos absolvemos do falso.

Nunca é demais ressaltar que o objetivo primordial deste paradigma é muito mais do que o deter do mecânico e fragmentário fluxo do pensamento condicionado, com suas resultantes emocionais desequilibradas, bem como da deturpação dos sentidos; seu objetivo real é a manifestação da experiência do Real, da esquecida Verdade que somos, a volta ao lar, o encontro de nossa terra prometida.

É o transmutar que vai da des-identificação do espírito humano como sendo a neurótica personalidade umbigóide desenvolvida num determinado espaço-tempo, para a Deus-identificação com a realidade que somos, sem a qual, torna-se impossível a manifestação de nosso estado natural manifesto em unidade interna e bem estar-comum (não mais oscilante pela ação de nossas manias, tendências e hábitos egocentrados).

De fato, levar a cabo este paradigma, não é nada fácil. Ele nos pede, inicialmente, por um processo de fé, entrega, coragem e, sobretudo, paciência.

Antes que você saia correndo, pedimos para que não se assuste diante do termo "fé". Não o usamos aqui com aquele antigo e irrefletido ranço proveniente das nossas experiências colhidas nos sistemas de crença organizados, que erroneamente acreditávamos ser religião. Em última análise, aquilo que aqui chamamos de "fé", já é algo presente em nosso cotidiano. Em termos de exemplificação: quando desconhecemos um caminho que precisamos tomar para o alcance de um determinado local, depositamos fé num mapa físico, num guia, nas placas e, mesmo assim, quando ainda inseguros, depositamos fé quando nos detemos diante de algum caminhante e nos certificamos com ele se estamos trilhando o "caminho de modo acertado". Esse caminhante é o que agora chamamos de "Confrade Consciencial"; alguém com quem podemos "pensar alto" sobre nossos medos, ansiedades, angústias, confusões emocionais e nossos desconexos sentimentos que sempre, inicialmente, se apresentam como forças contrárias ao que julgamos ser "a grande aventura do espírito humano".

Que a cada "agora" deste novo ano, possa a Consciência que somos retomar seu devido espaço de ação, até que tenhamos a bem-aventurança de Nela nos dissolvermos juntamente com nossa ilusória crença de tempo, espaço e separatividade.

Bem haja excelência no agora que somos!

Outsider

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O início do desdobrar da consciência

Por favor, ouçam. Façam isso, enquanto eu falo. Não pensem apenas em fazê-lo. Ou seja, tomem ciência das árvores, da palmeira, do céu; ouçam os corvos crocitar; vejam a luz nas folhas, a cor do sari, o rosto das pessoas, e em seguida concentrem-se em seu interior. As coisas exteriores vocês podem observar, podem dar-se conta delas sem fazer escolhas. É muito fácil. Mas concentrar-se em seu interior e tomar ciência sem condenação, sem justificativas, sem condenações, é mais difícil. Limitem-se a inteirar-se do que se passa dentro de vocês — de suas crenças, de seus medos, de seus dogmas, de suas esperanças, de suas frustrações, de suas ambições e de todo o resto. Tem início então o desdobrar da consciência e do inconsciente. Você não precisa fazer absolutamente nada. 

Perceba apenas; isto é tudo o que precisa fazer: sem condenar, sem forçar, sem tentar mudar aquilo que percebe. Você verá então que isso é como uma maré subindo. Você é incapaz de impedir: pode construir um muro ou fazer o que quiser, e a maré, ainda assim, subirá com tremenda energia. Da mesma forma, se você percebe sem fazer escolhas, todo o campo da consciência começa a se desenrolar. E, à medida que ele se desenrola, você precisa acompanhar, e este acompanhar torna-se extremamente difícil — acompanhar no sentido de acompanhar o movimento de cada pensamento, de cada sentimento, de cada desejo secreto. Torna-se difícil a partir do momento em que você diz: "Isto é feio", "Isto é bom", "Isto eu manterei", "Isto eu não guardarei". 

Assim, você começa com o exterior e move-se para o interior. E a seguir descobrirá, quando se mover para o interior, que o interior e o exterior não são diferentes, que a percepção do exterior não é diferente da percepção interior, e que ambas são uma só. Então verá que está vivendo no passado; não há nunca um momento de viver real, no qual o passado nem o futuro existem — este seria o momento real. Descobrirá que está sempre vivendo no passado — o que você sentiu; o que você foi; se foi esperto, bom ou mau — e que está vivendo nas recordações. Isso é memória. Portanto, você precisa compreender a memória, não negá-la, suprimi-la, não fugir dela. Se um homem fez o voto de celibato e se apega a essa recordação, quando não obedece a essa recordação ele se sente culpado; e isso asfixia sua vida. 

Então você passa a estar atento a tudo e, assim, torna-se muito sensível. Portanto, ao escutar — ao reparar não apenas no mundo exterior, no gesto exterior, mas ao escutar também a mente interior que olha e, portanto, sente — quando você toma ciência assim, sem escolhas, não existe esforço. É muito importante compreender isso.

Jiddu Krishnamurti - Bombaim, 28 de fevereiro de 1965 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Aventurando-se na outra margem do Caminho sem caminho

Da mente superficial à mente esclarecida

sábado, 28 de dezembro de 2013

Reação diante de um novo paradigma



vídeo completo

Sobre a dificuldade humana de escutar

A dificuldade diante de um novo paradigma

Se tiver dificuldades com o espanhol, habilite as legendas e a tradução das mesmas para o nosso idioma.

Enfrentando a Síndrome de Abstinência da mente não observada

Encontrando sua própria voz

Se você escolher de acordo com sua própria inclinação, de acordo com sua própria intuição... (a voz interior) é muito forte nas crianças, mas aos poucos, lentamente enfraquece. As vozes dos pais e dos professores, da sociedade e dos padres, vão se fortalecendo. Agora se você quiser descobrir qual é sua voz, você terá que passar através da multidão de ruídos.

Basta olhar dentro: de quem é essa voz? Às vezes é o seu pai, às vezes é sua mãe, às vezes é seu avô, às vezes é o seu professor; e essas vozes são todas diferentes. Apenas uma coisa você não será capaz de encontrar facilmente – sua própria voz. Ela tem sido sempre reprimida. Foi dito a você para escutar os mais velhos, para escutar os padres, para escutar os professores. Nunca lhe foi dito para escutar seu próprio coração.

Você está carregando sua própria pequena voz, suave, não ouvida, e no meio da multidão de vozes que foram impostas sobre você, é quase impossível encontrá-la. Primeiro você terá que se livrar de todos esses ruídos, alcançar uma certa qualidade de silêncio, paz, serenidade. Só então isso virá, como uma surpresa, que você também possui sua própria voz. Ela sempre esteve aí como uma corrente subterrânea.

A menos que você tenha encontrado sua própria tendência, sua vida vai ser uma longa, longa tragédia, do berço ao túmulo. As únicas pessoas que foram felizes no mundo são aquelas que viveram de acordo com sua própria intuição e se rebelaram contra qualquer esforço feito pelos outros para impor as idéias deles. Quão valiosas essas idéias possam ser, elas são inúteis porque não são suas. A única idéia significante é aquela que surge de você, cresce em você, floresce em você.

Primeiro Passo: Quem está falando, por favor?

O que quer que você esteja fazendo, pensando, decidindo, pergunte a si mesmo: isso está vindo de mim ou é outra pessoa falando?

Você ficará surpreso quando você encontrar a verdadeira voz. Talvez seja sua mãe; você irá ouví-la falar novamente. Talvez seja seu pai; não é absolutamente difícil de detectar. Isso permanece lá gravado em você exatamente como lhe foi dado pela primeira vez – o conselho, a ordem, a disciplina, ou o mandamento. Você pode encontrar muitas pessoas: os sacerdotes, os professores, os vizinhos e os parentes.

Não há nenhuma necessidade de lutar. Basta saber que essa não é sua voz, mas a de outra pessoa – quem quer que esse outro alguém seja – você sabe que você não irá segui-lo. Sejam quais forem as conseqüências – boas ou ruins – agora você está decidindo mover-se por si mesmo, você está decidindo ser maduro. Você tem permanecido por demais uma criança. Você permaneceu por demais dependente. Você deu ouvidos a todas essas vozes e as seguiu bastante. E para onde elas lhe trouxeram? Para uma confusão.

Segundo Passo: Obrigado... e Adeus!

Uma vez que você identifica de quem é essa voz, agradeça a pessoa, peça para ser deixado só e diga adeus a ela.

A pessoa que lhe deu a voz não era seu inimigo. A intenção dela não era ruim, mas isso não é uma questão de intenção. A questão é que ela impôs algo sobre você que não está vindo de sua fonte interior; e qualquer coisa que proceda do exterior lhe torna um escravo psicológico.

Uma vez que você disse claramente a uma certa voz, ‘Deixe-me em paz’. Sua conexão com ela, sua identidade com ela, é quebrada. Isso foi capaz de lhe controlar porque você estava pensando que era sua voz. Toda a estratégia era a identidade. Agora você sabe que isso não é seus pensamentos, nem sua voz; isso é algo estranho a sua natureza. Reconhecer isso é suficiente. Livre-se das vozes que estão dentro de você e logo você ficará surpreso de ouvir uma pequena voz suave, a qual você nunca tinha ouvido antes... então um súbito reconhecimento de que essa é sua voz.

Ela sempre esteve aí, mas ela é muito suave, uma pequena voz porque ela estava reprimida desde quando você era uma criança muito pequena, e a voz era muito débil, apenas um botão, e estava coberta com todo tipo de asneiras e você esqueceu da planta que sua vida é, a qual ainda está viva, esperando que você a descubra. Descubra sua voz e então siga-a sem nenhum medo.

Quando isso acontece, aí está a meta da sua vida, aí está seu destino. É só aí que você irá encontrar realização, contentamento. É só aí que você irá florescer – e nesse florescimento, o saber acontece.
Osho, em "From Ignorance to Innocence"

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A arte de cuidar do ser

Abrindo mão do pacto com a irrefletida tradição

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Não é nada fácil ficar consigo mesmo

O silêncio é a minha religião

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Cortando o cordão umbilical da mente

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Pode haver consciência sem observador?

Pergunta: Pode haver consciência sem observador?

Chögyam Trungpa: Sim, porque o observador é apenas paranoia. Podemos ter abertura completa, uma situação panorâmica, sem precisar discriminar entre dois lados, "eu" e "outro". 

P: Esta consciência implicaria em sentimento de felicidade completa?

Chögyam Trungpa: Creio que não, porque essa felicidade é uma experiência muito individual. Você é independente e vive a sua felicidade. Quando o observador se vai, não há avaliação da experiência em termos de prazer ou dor. Quando você tem consciência panorâmica sem a avaliação do observador, a bem-aventurança se torna irrelevante pelo simples fato de não haver ninguém que a esteja experimentando.

O amigo espiritual

Ao chegarmos ao estudo da espiritualidade nos deparamos com o problema do relacionamento com um mestre, lama, guru, ou como quer que nós chamamos a pessoa que, supomos, nos dará compreensão espiritual. Essas palavras, sobretudo o termo "guru", adquiriram no Ocidente significados e associações enganosos e que, geralmente, aumentam a confusão em torno da questão de saber o que significa estudar com um mestre espiritual. Isso não quer dizer que as pessoas no Oriente saibam como devem relacionar-se com guru, enquanto os ocidentais não o saibam; o problema é universal. As pessoas chegam sempre ao estudo da espiritualidade com algumas ideias já fixas a respeito do que vão conseguir e como lidar com a pessoa da qual presumem que vão conseguir. Até a noção de conseguir alguma coisa de um guru  — felicidade, paz de espírito, sabedoria, seja o que for que procuremos — é um dos preceitos mais difíceis de todos. Desse modo, penso que seria proveitoso examinar o modo com que alguns discípulos famosos lidaram com os problemas de como relacionar-se com a espiritualidade e com um mestre espiritual. É bem possível que esses exemplos tenham alguma relevância para a nossa própria busca.

(...) O processo de receber ensino depende do aluno dar alguma coisa em troca; é necessário uma espécie de entrega psicológica, algum presente dessa natureza. Por isso precisamos distinguir a entrega, a abertura, a renúncia das expectativas, antes de podermos falar sobre o relacionamento mestre e aluno. É fundamental que você se entregue, que se abra, que se apresente tal como é ao guru, em vez de tentar apresentar-se como um aluno meritório. Pouco importa o quanto esteja disposto a pagar, o decoro do seu comportamento, a inteligência que demonstra ao dizer a coisa certa ao seu mestre. Não é como realizar uma entrevista para conseguir emprego nem como comprar um carro novo. A questão de obter ou não o emprego depende de suas credenciais, do bom aspecto do seu traje, do bonito lustro que deu aos sapatos, do seu modo correto de falar, das suas boas maneiras. Se você estiver comprando um carro, tudo dependerá da quantia de dinheiro que tenha e do seu crédito na praça.

Em se tratando, porém, de espiritualidade, requer-se algo mais. Já não é uma questão de solicitar um emprego, de vestir-se bem a fim de impressionar o possível empregador. Esse tipo de engano não se aplica a uma entrevista com um guru, que enxerga as nossas imperfeições. Ele achará engraçado que você se vista especialmente para falar com ele. Não se fazem gestos cativantes nessa situação; na verdade, isso é fútil. Precisamos assumir um compromisso verdadeiro de abrir-nos perante o mestre; precisamos estar dispostos a desistir de todas as nossas ideias preconcebidas.

(...) Receio que a palavra "guru" seja usada em demasia no Ocidente. Teria sido melhor se falássemos em "amigo espiritual", uma vez que os ensinamentos enfatizam um encontro recíproco entre duas mentes. É mais uma questão de comunicação mútua do que uma relação de amo e criado entre um ser altamente desenvolvido e um ser miserável e confuso. No relacionamento de amor e criado, o ser altamente desenvolvido pode dar a impressão de não estar sequer sentado na sua poltrona, mas parecerá flutuar, levitar, olhando de cima para todos nós. Sua voz, penetrante, difunde-se pelo espaço. Cada palavra, cada tosse, cada movimento que faz é um gesto de sabedoria. Mas isto é um sonho. O guru há de ser um amigo que nos comunica e oferece suas qualidades.

(...) Tampouco vale a pena escolher alguém como guru simplesmente por ser famoso, ser renomado por ter publicado montes de livros e convertido milhares ou milhões de pessoas. O critério, nesse caso, seria se você pode, de fato, comunicar-se com a pessoa, direta e completamente. Até que ponto você se ilude a si mesmo? Se você abrir-se realmente com o seu AMIGO ESPIRITUAL, vocês com certeza trabalharão JUNTOS. Você é capaz de falar com ele plena e devidamente? Ele sabe alguma coisa a seu respeito? E, a propósito, ele sabe alguma coisa a respeito de si próprio? O guru é, de fato, capaz de enxergar através das suas máscaras, de comunicar-se com você adequada e diretamente? Na procura do mestre, estas parecem ser as indicações, muito mais do que a fama e a sabedoria.

(...) Se você for fazer amizade com um mestre espiritual, terá de agir com simplicidade, abertamente, de modo que a comunicação se estabeleça entre iguais, em lugar de tentar conquistar-lhe a simpatia.

Para poder ser aceito pelo guru como amigo, você terá de abrir-se completamente com ele. E para poder abrir-se, terá provavelmente de sujeitar-se a provas que lhe serão dadas pelo seu amigo espiritual e pelas situações da vida em geral, e todas elas assumirão a forma de desapontamento. Em alguma fase do processo você DUVIDARÁ de que o amigo espiritual tenha qualquer sentimento, qualquer emoção em relação a você. Isso é lidar com a própria hipocrisia. A hipocrisia, o fingimento e a deformação básica do ego é extremamente dura; tem uma pele muito grossa. Tendemos a usar armaduras, uma em cima da outra. Essa hipocrisia é tão densa e multinivelada que, assim que retiramos uma camada da armadura, encontramos outra debaixo dela. Esperamos que não sejamos obrigados a despir-nos completamente. Esperamos que o simples despojar de algumas camadas nos faça apresentáveis. Em seguida, aparecemos envergando a nova couraça com um rosto insinuante, mas o nosso amigo espiritual não usa nenhum tipo de armadura; é uma pessoa nua. Em comparação com a sua nudez, estamos vestidos de cimento. A nossa armadura é tão grossa que o nosso amigo NÃO CONSEGUE SENTIR A TEXTURA DE NOSSA PELE, DE NOSSOS CORPOS. Não pode sequer ver direito o nosso rosto.

(...) Já houve quem dissesse que a primeira fase do encontro com um AMIGO ESPIRITUAL é como a ida a um supermercado. Você está emocionado e sonha com todas as coisas diferentes que irá comprar: a riqueza do amigo espiritual e as coloridas qualidades da sua personalidade. A segunda fase do relacionamento é como o comparecimento a um tribunal, como se você fosse um criminoso. Incapaz de satisfazer às exigências do seu amigo, você começa a sentir-se constrangido, porque não ignora que ele sabe tanto quanto você a respeito de você mesmo, o que é sumamente embaraçoso. A terceira faze, quando você vai ver o amigo espiritual, é como estar vendo uma vaca que pasta feliz, num campo. Você apenas lhe admira o sossego e a paisagem, e continua andando. Finalmente, a quarta fase é como passar por uma pedra na estrada. Você nem sequer percebe, passa por ela e segue em frente.

No princípio, ocorre uma espécie de namoro com o guru, um caso de amor. Até que ponto você é capaz de obter as boas graças dessa pessoa? Há uma tendência para querer estar mais perto do AMIGO ESPIRITUAL, porque deseja REALMENTE aprender. Sente grande admiração por ele. Ao mesmo tempo, porém, ELE O ASSUSTA, o perturba. Ou a situação não corresponde às suas expectativas, ou há um sentimento embaraçoso que o leva a pensar: "Talvez eu não seja capaz de abrir-me total e completamente". Surge, então, um relacionamento de amor e ódio, como um processo de entrega e fuga. Em outras palavras, começamos a jogar um jogo: o jogo de queremos nos abrir, de queremos nos envolver num caso de amor com o guru e, logo fugir. Se chegarmos demasiado peto do amigo espiritual, começaremos a nos sentir subjugados por ele. Como diz o provérbio tibetano: "O guru é como o fogo. Se você se aproximar demais, se queimará; mas, se permanecer demasiado longe, não receberá calor suficiente." Esse gênero de namoro acontece da parte do aluno, que tende a chegar perto demais do mestre, mas, ao fazê-lo, queima-se. Então deseja fugir de uma vez por todas.

Por fim, o relacionamento começa a tornar-se muito efetivo e sólido. Você começa a compreender que o desejo de estar perto e o desejo de estar longe do guru é simplesmente um jogo seu. Não relação alguma com a situação real, pois é apenas uma alucinação sua. O guru ou amigo espiritual está sempre lá, ardendo, sempre como um fogo de vida. Você pode entreter-se com ele, ou não, como bem entender.

A seguir, o relacionamento com o seu AMIGO ESPIRITUAL começa a ficar muito criativo. Você aceita as situações de ser engolfado ou ser excluído por ele. Se ele decidir representar o pale da água gelada, você o aceita. Se ele decidir representar o papel do fogo, você o aceita. Nada o consegue abalar e você se reconcilia com ele.

A fase seguinte é aquela em que, tendo aceito tudo o que o amigo espiritual pode fazer, você começa a perder a própria inspiração porque se entregou completamente, desistiu completamente. Sente-se reduzido a um grãozinho de pó. É insignificante. Começa a achar que o único mundo que existe é o do seu amigo espiritual, o guru. Como se estivesse assistindo um filme fascinante, tão emocionante que você passa a fazer parte dele. Já não há você, nem sala de cinema, nem poltronas, nem expectadores, nem amigos sentados ao seu lado. O filme é tudo o que existe. Este é o período chamado "período de lua-de-mel", em que se veem todas as coisas como parte do ser central, o guru. Você não passa de uma pessoa inútil, insignificante, continuamente alimentada pelo grande e fascinante ser central. Toda vez que se sente fraco, cansado ou entendiado, senta-se na sala do cinema e é entretido, enaltecido, rejuvenescido. Nesse ponto, destaca-se o fenômeno do culto a personalidade. O guru é a única pessoa do mundo que existe, viva e vibrante. O próprio significado da sua vida depende dele. Se você morrer,morrerá por ele. Se viver, sobreviverá por ele e é insignificante.

Esse caso de amor com o amigo espiritual, todavia, não dura para sempre. Mais cedo ou mais tarde diminuirá a intensidade e você terá de enfrentar sua própria situação de vida e sua própria psicologia. É como se houvesse casado e se acabasse a lua-de-mel. Você não só toma consciência da pessoa amada como foco central de sua atenção, mas também começa a perceber-lhe o estilo de vida. Começa reparando no que faz dessa pessoa um mestre, para além dos limites da individualidade e da personalidade. Dessa forma, o princípio da "universalidade do guru" entra igualmente em cena. cada problema com que você se depara na vida é parte do seu casamento. Sempre que você vivencia dificuldades, ouve as palavras do guru. Este é o ponto em que começa a conquistar a independência do guru como amante, porque cada situação passa a ser uma expressão dos ensinamentos. primeiro você se entregou ao amigo espiritual. Depois se comunicou e entreteve-se com ele. E agora chegou ao estado de abertura completa, em consequência do qual começa a ver a qualidade de guru em cada situação da vida, e a perceber que todas as situações da vida lhe oferecem a oportunidade de ser tão aberto quando você é com o guru, de modo que todas as coisas podem transformar-se no guru.

(...) O amigo espiritual passa a fazer parte de nós, ao mesmo tempo que continua a ser um indivíduo, uma pessoa externa. Como tal, o guru, tanto interno como externo, desempenha um papel muito importante na penetração e exposição das nossas hipocrisias. O guri pode ser uma pessoa que age como um espelho, refletindo-nos, ou a nossa própria inteligência básica assume a forma do amigo espiritual. Quando o guru interno começa a funcionar, não se pode mais fugir da exigência de abrir-se. A inteligência básica nos segue a toda a parte; não se pode escapar da própria sombra. "O Grande Irmão está nos vigiando". Embora não sejam entidades externas que nos observam e assediam, nós nos assediamos. Nossa própria sombra nos assedia.

Podemos olhar isso de duas maneiras diferentes. Podemos ver o guru como um fantasma, que nos assombra e zomba da nossa hipocrisia. Pode haver uma qualidade demoníaca na compreensão do que somos. De outro lado, há sempre a qualidade criativa do amigo espiritual que também se torna parte de nós. A inteligência básica, continuamente presente nas situações da vida, é tão aguda e penetrante que, em determinada fase, não conseguimos livrar-nos dela, ainda que o desejemos. às vezes, ela assume uma expressão severa, outros um sorriso inspirador. Segundo a tradição tântrica, não vemos o rosto do guru, apenas a sua expressão durante o tempo todo, sorrindo, sardônico, ou fechando a cara, colérico. Sua expressão faz parte de cada situação de vida. A inteligência básica, natureza de Buda, está sempre presente em toda experiência que a vida nos traz. Não há como escapar-lhe. Diz-se também nos ensinamentos: "è melhor não começar. Mas se você começar, é melhor terminar." Por isso é melhor que você só ponha os pés no caminho espiritual, se precisar fazê-lo. Mas, depois que tiver posto os pés no caminho, depois que o tiver realmente feito. não pode voltar atrás. Não há jeito de escapar.

Chögyam Trungpa - Além do materialismo espiritual

A rendição é a solução!

O entendimento da meditação requer ordem

A importância da aceitação da impotência diante do fluxo mental

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Andando na contra mão social

De que vale o intelecto diante do ataque cerrado da dor?

Quanto mais você está presente mais o passado se dissolve

O silêncio é a linguagem da Inteligência do Ser Universal

Cada um mude apenas a si mesmo

Pergunta a Osho:

É possível tentar mudar o mundo para salvá-lo, sem ser agressivo?

Isso já é agressivo. Até mesmo o esforço de mudar um único indivíduo é agressivo. Quem é você para decidir o que está certo para determinada pessoa? Quem é você para decidir que o mundo, se for mudado segundo as suas ideias, será um lugar melhor? Você está assumindo o papel de um salvador, e essa é uma maneira inconsciente de dominar as pessoas. É para o bem delas próprias, é claro, para que não se rebelem contra você.

Todos os pais fazem isso com os filhos. "Pelo próprio bem deles" eles os disciplinam, obrigando-os a fazer coisas que eles não querem fazer, impondo-lhes alguma religião sem o consentimento deles. De todas as maneiras possíveis, a liberdade deles está sendo cerceada. Quanto menos liberdade, menos individualidade... E, no momento em que o filho se tornou cem por cento obediente, ele morreu! A vida do filho estava em sua desobediência; em sua rebeldia estava o seu ser.

E não se pode dizer que as intenções dos pais são erradas. Eu nunca desconfio das intenções de ninguém, mas essa não é a questão. A questão é: qual é o resultado daquilo? A intenção é algo que está dentro de você - você pode ter todas as boas ou as más intenções - mas as mantenha para si mesmo. No momento em que começa a agir em função delas, as boas intenções tornam-se bem mais perigosas do que as más intenções. Uma má intenção pode ser imediatamente retaliada, condenada, não somente pela pessoa sobre a qual você a está impondo, mas até por aquelas que a estão testemunhando. Mas uma boa intenção é perigosa.

Ambas estão fazendo o mesmo trabalho: destruindo a liberdade do indivíduo de ser ele mesmo, de forma que a natureza dele de modo algum seja diferente daquilo que você quer. A rebelião é possível contra a má intenção e será apoiada por todos; mas contra as boas intenções a rebelião torna-se impossível. Todos apoiarão a pessoa com boas intenções que está destruindo o indivíduo. Ninguém virá para apoiar o indivíduo.

Não é função nossa salvar o mundo. Em primeiro lugar, nós nunca o criamos. Não é responsabilidade nossa para onde ele vai e o que vai acontecer com ele. Nossa única responsabilidade é que, enquanto estivermos aqui, vivamos uma vida de alegria, de amor, de felicidade. Enquanto estivermos aqui, a nossa responsabilidade é saber quem somos e em que consiste esta vida.

E o milagre é que, ao fazer isso, você já está mudando o mundo sem ser agressivo. Não há em você nenhuma ideia de mudar o mundo e, assim, a questão da agressão não surge. Você não tem sequer uma vaga concepção de mudar o mundo e torná-lo como você acha que ele deveria ser. Você está simplesmente vivendo a sua vida, da qual você é dono. Você está tentando vivê-la da maneira mais intensa e total possível, porque a vida é muito curta e o momento seguinte é tão incerto que temos de encarar cada momento como se fosse o último.

Apenas a própria ideia - como se este fosse o último momento - vai transformá-lo. Então, não há necessidade de ter inveja, não há necessidade de sentir raiva. No último momento da vida, quem quer estar com raiva e com inveja, sentir-se triste e infeliz? No último momento da vida, naturalmente todos os ressentimentos e todas as queixas sobre a vida desaparecem. Se cada momento for encarado como o último - como ele deve ser encarado, porque o próximo é incerto - você estará mudando a si mesmo; e a sua mudança será contagiante. Ela pode mudar o mundo todo, embora nunca tenha pretendido isso.

Essa é a minha maneira de mudar o mundo sem ser agressivo. Até agora todos os reformadores, revolucionários, messias, foram violentos, agressivos. Eles estavam visando a salvá-lo. Nunca lhe perguntaram se você quer ou não ser salvo; você era apenas alguma coisa sobre a qual eles tinham de decidir. Quem lhes deu autoridade para isso? Eles nem sequer pediram sua permissão. E, se você não mudar segundo a maneira de eles verem as coisas, estão dispostos a atirá-lo para sempre em um inferno escuro, sombrio.

E, é claro, se você estiver disposto - disposto a cometer um suicídio espiritual e simplesmente se tornar uma sombra dessas pessoas -, elas estão lhe oferecendo todas as recompensas que você pode imaginar no Paraíso. Os hindus tentaram mudar o mundo, os cristãos tentaram mudar o mundo - todas as religiões têm tentado fazer isso. O comunismo, o socialismo, o fascismo, todos fizeram isso.

As pessoas que estão comigo têm de ser totalmente diferentes, têm de ser um novo fenômeno no mundo. Não vão interferir na vida de ninguém e, no entanto, vão transformar o mundo todo. Isso é mágica de verdade. Você não tem a intenção, não impõe, não interfere, não invade ninguém. Você não faz nenhum julgamento: "Você está errado e eu vou endireitá-lo". Você não está preocupado com isso; isso é problema dele, é a vida dele. Se alguém quiser destruí-la, tem o direito de destruí-la. Se alguém quer viver estupidamente, tem o total direito de fazer isso. É a vida dele. Como ele a vivencia, como ele a vive ou se ele permanece quase morto, adormecido do berço até o túmulo, essa continua sendo a vida dele e ele é dono dela. Por isso, aqueles que estão comigo não têm de interferir na vida de ninguém.

Eu tenho uma abordagem totalmente diferente para mudar o mundo: cada um mude apenas a si mesmo. E quando estiver rejubilando e dançando, vai ver que alguém ao seu lado começou a dançar com você, porque todos nós somos a mesma consciência humana com o mesmo potencial. Ninguém é estrangeiro.

Podemos falar idiomas diferentes, mas entendemos uma linguagem. Então, quando você está feliz, sorrindo, o outro que pode não estar sorrindo de repente sente um sorriso surgir no rosto. Você pode ser um estranho, mas você sorriu para a pessoa, acenou para ela. Você mudou a pessoa sem que ela soubesse e sem que você tivesse essa intenção.

Grandes mestres - como Lao Tsé, Chuang Tsé, Lieh Tsé - chamaram isso de "ação sem ação". Você não está realizando nenhuma ação, mas algo está acontecendo. E quando as coisas acontecem por si mesmas, elas têm uma beleza, porque no fundo delas está a liberdade. Se a pessoa acenou, se a pessoa sorriu, você não está lhe pedindo que faça isso; ela é totalmente livre para não olhar para você. Mas há uma sincronicidade entre os corações.

Conhecendo esse segredo da sincronicidade, estou propondo um tipo de revolução totalmente novo. Mude a si mesmo, e nessa própria mudança você mudou uma parte do mundo. Você é uma parte do mundo. Se a sua mudança é algo que o torna rico, o torna alegre, o torna feliz, o torna uma canção, então é difícil aos outros resistir a cantar com você, dançar com você, florescer com você. Um único indivíduo pode transformar o mundo todo sem nem sequer mencionar a palavra "transformação".

Iniciei a jornada sozinho. Não bati na porta de ninguém chamando para virem comigo, mas, curiosamente, as pessoas começaram a vir e a caravana começou a se tornar cada vez maior. Elas vieram por si mesmas. Se vieram estar comigo, isso foi decisão delas; se quiserem ir embora, não há problema. Elas são tão livres como sempre.

Já iniciamos o processo da entrada do mundo em uma nova fase da história humana. Não somos agressivos; não estamos tentando mudar o mundo. Não estamos sequer interessados no mundo; estamos simplesmente vivendo a vida, desfrutando a vida - somos totalmente egoístas! Ainda assim, o que não aconteceu em milhares de anos é possível por meio de nós. Mas será uma ação sem ação, uma.transformação que não foi intencional, que não foi imposta.

Uma transformação que se disseminou sozinha, e as pessoas entenderão que isso aconteceu desse modo porque, no fundo, todos os corações falam a mesma linguagem.
Osho, em "Poder, Política e Mudança - Como Ajudar o Mundo A Se Tornar Um Lugar Melhor?"

O sexo no processo da retomada da Perene Consciência

As maiores mudanças no corpo são as que dizem respeito à SEXUALIDADE. Uma reorganização do impulso sexual parece ser necessária para qualquer transição nos planos da consciência. Ritos de iniciação na puberdade, ritos matrimoniais, bem como os votos de castidade para aqueles que entram nas ordens religiosas apontam para a importância das alterações sexuais em conexão com as mudanças dos estados de espírito. Supõe-se que a força da serpente kundalínica esteja enrolada e dormindo na base da espinha, na região coccígena, onde encontramos o ânus e a próstata; opiniões divergem com relação à sua localização. Estaria intimamente conectada com a sexualidade, tanto que a transformação da sexualidade através do trabalho de interiorização torna-se uma atividade necessária, e até mesmo é uma tarefa máxima numa disciplina espiritual. A transformação da sexualidade através de rituais é uma ideia que pode ser encontrada no próprio gnosticismo, nas práticas alquímicas e xamanistas, (ou mágicas), bem como na ioga. Também é fundamental para as teorias sexuais taoístas. A análise freudinana também pode ser especialmente encarada como uma espécie de ritualização da vida sexual, por causa de sua transformação, uma vez que sua forma ortodoxa de conduzir-se é dissuadida durante uma análise.

(...) Não é incomum na prática analítica que fases de sexualidade obsessiva (sonhos eróticos, fixação nos genitais, sadomasoquismo, masturbação, poluções noturnas) ocupam o centro do drama ou da análise durante certo tempo. Reduzir esses eventos à condição de conflitos edipinianos não é, por isso, suficiente. Se um processo de transformação está realmente se desenrolando, então afetará a vida sexual de uma pessoa, atraindo a atenção para sua sexualidade, e uma sexualidade como tal (a qual, então, assume o numinoso poder de um Deus, formulado muito tempo atrás em outras culturas como o Linga, ou como Priapo). O terreno ou a base da possibilidade para qualquer transformação da sexualidade é reconhecê-la como uma força impessoal. Não se trata de MEU sexo e de MEU prazer ou de MEU orgasmo; é uma força que brota através de mim, uma força de divertimento, de alegria e criação. Separando o aspecto pessoal do sexo, nós podemos senti-lo ou escutá-lo, podemos negá-lo ou obedecer-lhe, notar suas flutuações e intenções, e isso tudo significa tão-somente relacionar-se a ele objetivamente. Uma vez que esta etapa tenha sido assumida, a transformação a que Gopi Krishna alude, torna-se menos um assunto de supressão pessoal, uma luta do adolescente entre o bem e o mal, do que um jogo evidente, o qual seja ao mesmo tempo religiosamente sacrificial e eroticamente educativo.

Comentário de Hermógenes no livro, Kundalini - Gopi Krishna

Relação com os pensamentos - Adyashanti

domingo, 22 de dezembro de 2013

Em busca do elo perdido

É possível um paradigma holístico?

"Os conflitos e controvérsias que de um lado se desdobram entre um tipo de fé e outro, e do outro, entre a fé e a filosofia deixam-me curioso em saber se será possível que um dia, finalmente, venha a existir uma religião que encerre um apelo adequado para toda a humanidade, religião que fosse aceitável tanto para o filósofo como para o homem comum, que fosse bem-vinda tanto para o racionalista como para o sacerdote. Mas poderá está pergunta ser respondida de outra forma que não a negativa, isto enquanto as verdade fundamentais de tal religião mundial não forem empiricamente demonstradas, tais como foram universalmente aceitas outras leis e fenômenos da natureza? Obviamente não. Para poder persuadir a razão a que se erga acima de si mesmo, é essencial que se consiga a sua transcendência de forma que essa transcendência não repugne à própria razão, violando qualquer dos seus princípios tão ciosamente guardados. Mas nenhuma das religiões existentes está preparada para permitir-se esta espécie de aproximação, mesmo no domínio estritamente temporal, e ainda menos no domínio espiritual, pois no primeiro não se apresenta nenhuma possibilidade de compromisso com o segundo, aceitando-o como tal e, em consequência, não há qualquer possibilidade de que venha a florescer uma fé universal.

A meta que tenho em mente revelou-se-me muito mais elevada e nobre do que o dado mais atrativo que eu pudesse aguardar com a aquisição da mais ambicionada regalia supranormal. Muito desejei alcançar aquela condição de consciência, considerado como objetivo último da ioga, a qual arrasta o espírito incorpóreo para os intraduzíveis planos de glória e bem-aventurança, bastante além da esfera dos pares de opostos, regiões livres do desejo de sobrevivência e do medo da morte. Este extraordinário estado de consciência intimamente consciente de sua própria e inigualável natureza era o prêmio supremo que os verdadeiros aspirantes da ioga aguardavam, em relação ao qual têm que se empenhar com abnegação. A posse de poderes supranormais de aplicação comum e imediata, sejam poderes do corpo ou da mente, mas que ainda mantêm o homem debatendo-se no tormentoso mar da existência, não permitindo que ele se aproxime sequer da solução do grande mistério, pareceu-me ser tão inconsequente quanto a posse de outros tesouros terrestres, todos destinados a desaparecer com a vida. As façanhas da ciência trouxeram assombrosas possibilidades dentro do domínio humano, possibilidades não menos surpreendentes do que as que estão, inclusive, relacionadas com as mais extraordinárias proezas do tipo sobrenatural, com somente uma exceção suprema — o milagre da vivência transcendental e a revelação, periodicamente concedidas a indivíduos especialmente constituídos — as quais, acelerando o progresso moral necessário para uma ordem social pacífica e produtiva, contribuíram não apenas com maior quota no erguimento da humanidade até o seu atual pedestal material, como também tornaram os milagres da ciência possíveis e aprováveis. E foi em direção a este fabuloso estado de pura cognição, livre das limitações do espaço e do tempo, estado em relação ao qual os antigos sábios da Índia haviam se aprofundado, falando dele em termos arrebatadores, alertando que se tratava do mais elevado objetivo da vida humana e do meio ambiente, que com todo o meu coração ansiei elevar-me.

Gopi Krishna

sábado, 21 de dezembro de 2013

Sobre a prática do Aquietar e da meditação no Ser que somos

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

As ocultas chaves espirituais para o resgate da Consciência

Krishnamurti e Chögian Trungpa Rinpoche

Materialismo espiritual

Pode a mente esvaziar se do passado?

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Um novo olhar sobre os relacionamentos

Honestidade pressuposto básico da transa do percebimento

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A conexão com a emissora do Ser que somos

Pode a mente esvaziar-se do passado?

Pode a mente esvaziar-se do passado e atingir aquela área de si mesma ainda não tocada pelo pensamento? Vejam, até agora só operamos dentro das áreas do pensamento, como o conhecimento. Existirá alguma outra parte, alguma outra área da mente, que inclui o cérebro, que não se encontre tocada pela luta, pela dor, pela ansiedade, pelo medo humanos, e por toda a violência, por tudo quanto o homem produzir através do pensamento? Meditar significa encontrar essa área. Isso implica não só descobrir se o pensamento pode cessar, mas também se o pensamento pode agir, quando necessário, no campo do conhecimento. O conhecimento nos é indispensável; sem ele não poderíamos  funcionar, não poderíamos falar, não poderíamos escrever, etc. O conhecimento  é necessário para podermos funcionar, mas esse funcionamento se torna neurótico quando o status adquire muita importância: é o surgimento do pensamento como "eu", como status. O conhecimento, portanto, é necessário e, no entanto, meditar significa encontrar, ou atingir, ou observar uma área na qual não exista movimento do pensamento. Podem esses dois movimentos viver juntos, em harmonia, no dia a dia? Este é o problema; não o respirar, não o sentar-se corretamente, não a repetição de mantras, ou pagar cem dólares para aprender algumas palavras feias e insignificantes, e repetir isso até você acreditar que está no céu — isto é uma tolice transcendental!

Krishnamurti – Sobre a mente e o pensamento - Saanen, 28 de julho de 1974

A jornada do auto percebimento

Sobre nossos desencontrados encontros sexuais

Retomando a Consciência em todas as nossas atividades


Do Homem Demens ao Homo Sapiens

Diálogo sobre os necessários estados de saturação e prontificação

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sobre o novo paradigma e suas bem-aventuranças

domingo, 15 de dezembro de 2013

Filme: Satyagraha

Filme IMPERDÍVEL: Inspirado nas manifestações que tomaram o Brasil e o mundo nos últimos tempos, Satyagraha reflete a revolta da classe média contra um sistema corrupto e injusto que os deixa sem recurso além de formar um movimento espontâneo que desafia o status quo. É a história de um jovem brilhante e ambicioso que está pronto para subir na vida quando uma tragédia pessoal o expõe a chocantes consequências da corrupção.

Título Original: Satyagraha
Diretor: Prakash Jha
Duração: 2h:32min
Gênero: | Drama |

O verdadeiro rebelde salta do barco e se aventura no Aberto

Na rebeldia está o caminho para o amor

sábado, 14 de dezembro de 2013

Diálogo sobre Consciência Cósmica e Estado de Prontificação

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O espírito rebelde é a qualidade essencial de um homem religioso

A mentalidade antiga, as ideologias antigas, as religiões antigas - elas todas combinadas estão criando a situação presente de suicídio global. Só um novo ser humano pode salvar a humanidade e este planeta, e a linda vida deste planeta.

Eu ensino a rebelião, não a revolução. Para mim, o espírito rebelde é a qualidade essencial de um homem religioso. É a espiritualidade em sua pureza absoluta.

O futuro não precisa mais de revoluções. O futuro precisa de um novo experimento que ainda não foi tentado.

Embora tenham existido rebeldes há milhares de anos, eles continuam sozinhos, individuais. Talvez ainda não fosse a hora deles.

Mas agora não só é hora, como, se não nos apressarmos, já não haverá mais tempo. Ou o ser humano desaparecerá ou um novo homem com uma nova visão aparecerá sobre a Terra. Ele será um rebelde.

Osho, em "Transformando Crises em Oportunidades: O Grande Desafio Para Criar Um Futuro Dourado Para a Humanidade"


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill