quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Escutando sem a mecânica interferência do pensamento
Breve relato de um confrade desperto para a observação do que é

Aprendendo a escutar a natureza do medo

Rompendo com a falsa concepção de Deus

Uma experiência de chute psíquico

Derrubando o castelo de cartas do ego social

Onde vai você com essa pressa toda?

Nós somos legião
Título Original: We Are Legion: The Story of the Hacktivists
País de Origem: EUA, Reino Unido
Gênero: Documentário
Ano de Lançamento: 2012
Direção: Brian Knappenberger
Site: http://wearelegionthedocumentary.com
Clique aqui para baixar Torrent do filme
Elenco:
Anon2World — Himself
Anonyops — Himself - Anonymous
Julian Assange — Himself - Founder, WikiLeaks
Aaron Barr — Himself - Former chief executive, HBGary Federal
Barrett Brown — Himself
Adrian Chen — Himself - Editor, Gawker.com
Stanley Cohen — Himself - Defense lawyer
Gabriella Coleman — Herself - Researcher, McGill University
Joshua Corman — Himself
Josh Covelli — Himself
Peter Fein — Himself - Hacktivist
Mercedes Haefer — Herself
Homocarnula — Herself
Gregg Housh — Himself - Internet activist
Tim Hwang — Himself - ROFLCon

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Aprendendo a escutar a natureza do medo
O Homem e seus desejos em conflito - ICK
Filme Argo
Pontos de vista, são apenas pontos; não traduzem, portanto, a expressão máxima da realidade. Não me atenho e não combato a possibilidade deste filme ter sido encomendado como uma das "engenharias" utilizadas pelos "dominadores do sistema" para a perpetuação de seus condicionamentos de superioridade patriótica. Prefiro compartilhar com o autor e leitores da critica exposta no blog cinegnose, a percepção que tive diante desta obra, que, para mim, traduz com maestria aquilo que traduz o espírito contido no nome deste blog: a gnose no cinema; ou seja, a capacidade de perceber o significado do não-manifesto apesar da limitação dos símbolos utilizados e a capacidade de leitura por parte daquele que se depara com tais símbolos.
O filme “Argo”, para mim, apresenta uma grande metáfora referente ao processo separatista, dualista, fragmentador, cuja natureza exata, encontra-se no domínio do poder hipnótico e profundamente letárgico criado pela “rede do pensamento psicológico condicionado por sistemas de crenças e relativos valores temporais transgeracionais” (cuja grande parte da população, mesmo com tantos mecanismos de informação, destes se encontram em domínio e totalmente inconsciente).
O filme mostra, com maestria, como o pensamento psicológico — não estamos falando do pensamento técnico — é a natureza exata de todo conflito humano, seja ele, pessoal ou coletivo, multi-racial; o choque de linhas de pensamentos psicológicos. Argo retrata uma máxima, já corrente nos porões da sabedoria coletiva: um problema nunca pode ser resolvido através das ferramentas que o criaram. O conflito instalado pelo choque de linhas de pensamentos psicológicos, como bem mostra o filme, de modo algum pode ser resolvido mediante o uso das limitadas faculdades da lógica, da razão e do acúmulo de conhecimento que nos mantém num modo de pensamento cartesiano. Por maior que seja o acúmulo de conhecimento livresco, acadêmico, só através do contato com frescor de uma mente inocente (cujo arquétipo no filme Argo é expresso através da conversa entre o personagem de Bem Affleck e seu filho, através de uma linguagem impessoal, por meio de canais de comunicação de outra esfera), é que dá-se a manifestação do “absurdo e a graça”, cuja mensagem, cujo paradigma, para as mentes lógicas e cartesianas, sempre se mostra como algo “absurdo” e, fatalmente digno de se opor resistência e chacotaria. Como nas palavras de Arthur Schopenhauer, Toda verdade passa por três estágios. No primeiro, ela é ridicularizada. No segundo, é rejeitada com violência. No terceiro, é aceita como evidente por si própria. Em outras palavras, o conflito é sempre causado pela limitação de compreensão da verdade e a sustentação daquilo que é ilusório. E, aqui, creio que Argo nos apresenta, com maestria, a grande função gnóstica que a ARTE, em suas várias formas de expressão, — mesmo que através do cinema com seus pastiches —, para aqueles que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, se mostra como um inominável portal de possibilidades de retomada de consciência. O que se mostra como um absurdo para a mente lógica, racional, cartesiana, sempre presa aos seus conceitos, achismos, conhecimentos, tradições, mente esta é que sempre vitimada por medos, ansiedades, ceticismo e dúvidas, para a mente que sofre a ação direta de um poderoso insight de uma Inteligência amorosa e criativa, tudo é possível, tudo é graça, tudo é arte. Desde os primórdios da humanidade, tem sido pela arte que o homem tem tentado transmitir ao coletivo, suas percepções da realidade; no entanto, quando o pensamento psicológico condicionado entra em cena, com seu poder de corrupção, de fragmentação divisória, a mesma arte que tinha com princípio básico a elevação humana, torna-se fonte de maiores condicionamentos enclausurantes , portanto, conflitantes.
Finalizando, para mim, Argo demonstra também que, a origem da verdadeira Inteligência, se mantém sempre em anonimato, não tendo como ser organizada pela rede do pensamento condicionado.
Fraterabraços!
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Pode o cérebro ser totalmente livre para funcionar inteiramente?

O ego e suas descabidas exigências

O descontentamento causado pela falta de gente nutritiva

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Relatos da manifestação da Inteligência Criativa Amorosa
17 de julho
Após escalarmos a íngreme ladeira arborizada de uma montanha, fomos sentar em um banco. Inesperadamente, aquela sagrada benção nos atingiu; embora nada disséssemos, o companheiro também a sentiu. Assim como muitas vezes inundou o quarto, agora, parecia cobrir toda a encosta e o vale que se estendia para além das montanhas. Ela estava em toda parte. Era como se o espaço não existisse; o que se encontrava distante, o vasto desfiladeiro, os picos cobertos de neve e a pessoa sentada no banco logo desapareceram. Não havia um, dois, ou muitos, mas apenas aquela imensidão. O cérebro já não reagia, era apenas um instrumento de observação; via não como um cérebro pertencente a determinada pessoa, mas como um cérebro não condicionado pelos limites do tempo e do espaço, como a essência de todos os cérebros.
A noite estava calma e o processo havia diminuído de intensidade. Ao despertarmos pela manhã, aquela experiência teria durado talvez um minuto, um hora, ou uma eternidade. Experiência transmitida não é uma verdadeira experiência; aquilo que tem continuidade deixa de ser experiência. Ao acordarmos, a imensa chama da atenção, da plena consciência e da criação, ardia furiosamente bem no íntimo, na imensurável profundeza da mente total. A palavra não é a coisa; o símbolo não é o real. O fogo que arde na superfície da vida passa, apaga-se, deixando atrás de sai tristeza, cinzas e lembranças. A tal fogo dá-se o nome de vida, mas não é vida. Isto é decadência. O destruidor fogo da criação é que constitui a vida. Nele não há começo nem fim, não há o ontem nem o amanhã. É uma realidade, e nenhuma atividade superficial jamais o descobrirá. O cérebro deve morrer para que surja esta vida.
19 de julho
Ontem à tarde, o processo tornou-se mais doloroso. Ao anoitecer, a sagrada benção surgiu inundando o quarto. A noite foi calma, embora a pressão e a tensão estivessem presentes, como o sol encoberto pelas nuvens; de manhã bem cedo, o processo recomeçou.
Parece que acordamos apenas para registrar dada experiência; isto tem acontecido frequentemente, desde o ano passado. Despertamos esta manhã com um vivo sentimento de alegria; ele surgiu-nos ao acordarmos; não era uma coisa do passado, mas que estava acontecendo. Ela tinha existência própria, não era provocada pela própria pessoa; aquela avassaladora energia penetrava e fluía por todo o organismo. O cérebro não tomava parte naquilo, mas, apenas registrava, não como lembrança, porém, como um fato real que estivesse ocorrendo. Por trás deste êxtase parecia haver imensa força e vitalidade; não se tratava de um sentimento, nem de uma sensação ou emoção, pois era tão sólido e real como aquela torrente que jorrava da montanha, ou o pinheiro solitário, na encosta verdejante. Toda sensação e emoção provêm do cérebro, mas não o amor, e daí a presença daquele êxtase. É com a maior dificuldade que o cérebro pode evocá-lo.
De manhã cedo sentimos uma benção que parecia cobrir a terra e encher o quarto. Com ela, uma consumidora tranquilidade, um total e envolvente silêncio.
28 de julho
Caminhávamos, ontem, por nossa estrada preferida, paralela ao ruidoso regato, no estreito vale de pinheiros escuros, campos floridos, e, ao longe, a imponente montanha, coberta de neve, e uma queda d’água. Tudo era enlevo, paz, frescor. Ali, enquanto andávamos, surgiu aquela benção sagrada, algo que quase podíamos tocar, e, interiormente, passávamos por transformações. O encanto e a beleza daquela noite singular não pertencia a este mundo. O imensurável sobreveio, propiciando um clima de paz.
Esta manhã, ao despertarmos, constatamos que o processo se intensificava; vinha por detrás da cabeça, avançando como uma flecha, com aquele som peculiar quando investe cortando o ar; era uma força, um movimento sem direção. Uma atmosfera de imensa firmeza e inacessível “dignidade” se fazia sentir. Junto com a austeridade que o pensamento não pode conceber, sentíamos uma pureza de infinita suavidade. Mas, isto são palavras, meras palavras, que jamais descreveram o real. O símbolo nunca é a realidade e em si mesmo nada exprime.
O processo perdurou toda a manhã, e uma taça, sem dimensões, parecia repleta, a ponto de transbordar.
Krishnamurti – Diário de Krishnamurti – Cultrix

Não apague a chama fecunda do descontentamento
(...) O que acontece quando não fazemos esforço para fugir? Vivemos com essa solidão, esse vazio, e, ao aceitarmos isso, vemos surgir um estado criativo, que não tem nava a ver com luta, com esforço. Existe esforço apenas quando tentamos evitar a solidão interior, mas quando a examinamos, quando aceitamos o que é, sem tentar evitá-lo, alcançamos um estado de ser em que toda a luta cessou. Esse estado de ser é criatividade, e não resulta de esforço.
Quando compreendemos o que é, ou seja, o vazio, a insuficiência interior, e vivemos com essa insuficiência e a compreendemos completamente, encontramos a realidade criativa — a inteligência criativa —, que, por si só, traz felicidade.
Assim, a ação, como a conhecemos na verdade é reação, uma transformação incessante, e isso é negação do que é. Mas quando há uma conscientização do vazio, sem condenação ou justificativa, com a compreensão do que é, então, sim, a ação é criatividade. Você compreenderá isso se estiver cônscio de si mesmo, quando em ação. Observe-se quando estiver agindo, veja a si mesmo não apenas externamente, mas procure perceber também o movimento de seus pensamentos e sentimentos. Quando perceber esse movimento, verá que o processo do pensamento, que também é de sentimento e ação, baseia-se em uma ideia de transformação. Essa ideia surge apenas quando há um senso de insegurança, e esse senso vem quando se está cônscio do vazio interior. Se você estiver cônscio desse processo de pensamento e sentimento, verá que há uma batalha em constante andamento, um esforço para mudar, para altera o que é. Esse é o esforço de transformação, e transformação é evitar diretamente o que é. Por meio do autoconhecimento, da constante conscientização de si mesmo, você descobrirá que a luta pela transformação leva à dor, ao sofrimento e à ignorância. Só quando estiver cônscio de sua insuficiência interior e viver com ela, sem fugir, aceitando-a integralmente, é que você descobrirá uma maravilhosa tranquilidade, uma tranquilidade que não é fabricada, não construída, mas que vem com a compreensão do que é. E é só nesse estado de tranquilidade que pode haver existência criativa.
Meditações sobre a Verdade
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Noturno - Coração Alado
Noturno - Coração Alado
Fagner
O aço dos meus olhos
E o fel das minhas palavras
Acalmaram meu silêncio,
Mas deixaram as suas marcas
Se hoje sou deserto é que eu não sabia
Que as flores com o tempo
Perdem a força e a ventania,
Vem mais forte
Hoje só acredito no pulsar das minhas veias
E aquela luz que havia, em cada ponto de partida
Há muito me deixou...
Há muito me deixou...
Ai, coração alado
Desfolharei meus olhos neste escuro vel...
Não acredito mais no fogo igênuo da paixão
São tantas ilusões perdidas na lembrança
Nessa estrada, só quem pode me seguir sou eu...
Sou eu, sou eu, sou eu...
Fanatismo
Um Hino para o despertar da inteligência amorosa e criativa...
Fanatismo
Fagner
Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim!...
Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Explode Coração
Explode Coração
Gonzaguinha
Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar e eu não posso mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar e me cortou
Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã
Nascendo, rompendo, rasgando, tomando, meu corpo e então eu
Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando
Feito louca, alucinada e criança
Sentindo o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar, explode coração...
Sangrando
Sangrando
Gonzaguinha
Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça e emoção
E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar
A importância de um profundo estado de “fome psicológica”
Liberdade significa esvaziar a mente do conhecido. Não sei se já alguma vez tentaste, vós mesmo. O relevante é libertarmos a mente do conhecido, ou melhor, que a mente se liberte do conhecido. Isso não significa que a mente deva libertar-se do conhecido "factual", pois em certo grau necessitamos desse conhecimento. É claro que não deveis libertar-vos do conhecimento do lugar onde morais, etc. Mas a mente pode libertar-se do seu fundo de tradição, de experiências acumuladas, e dos vários impulsos conscientes e inconscientes que representam reações daquele fundo; e ficar completamente livre desse fundo significa rejeitar, colocar de lado, morrer para o conhecido. Se assim fizerdes, descobrireis por vós mesmo quanto é realmente significativa a liberdade.
Falo a respeito de uma liberdade interior, total, em que não há dependência psicológica, nem apego de espécie alguma. Enquanto há apego, não há liberdade, porque o apego implica sentimento de íntima solidão, vazio interior, o qual exige um estado de relação exterior em que amparar-se. A mente livre não é apegada, embora possa ter relações. Mas não pode nascer a liberdade, se não há aquele "estado de aprender" que traz consigo uma profunda disciplina interior, não baseada em ideias nem em nenhum padrão "conceitual". Quando a mente está a libertar-se constantemente, pelo morrer para o conhecido momento por momento, daí provem uma disciplina espontânea, uma austeridade nascida da compreensão. A verdadeira austeridade é uma coisa maravilhosa; não é a disciplina seca, e sem nenhum valor, da renúncia destrutiva, que em geral imaginamos.
(...) Talvez já tenhais conhecido a experiência de vos sentirdes subitamente isolado de todas as coisas, de não estardes em relação com coisa alguma. Podeis achar-vos no meio de uma multidão, ou no círculo da família, ou numa reunião social, ou podeis estar passando a sós pela margem de um rio, e subitamente vos vem um sentimento de completo isolamento. Esse sentimento de isolamento é essencialmente um "estado de medo", e ele sempre existe emboscado no segundo plano da mente. Desse modo procuramos fugir constantemente, fazendo coisas de todo gênero: lendo um livro, ouvindo o rádio, vendo televisão, bebendo, procurando mulheres, voltando-nos à busca de Deus, etc. Ele é isolamento, e de nosso medo ao isolamento é que decorrem todas as nossas ações e reações. "Isolamento" é coisa completamente diferente de "solidão".
A mente que se vê isolada, e com medo, está à mercê de inumeráveis influências; como um pedaço de barro, ela é maleável, pode ser modelada, ser forçada a ajustar-se a um molde. Mas, solidão é a completa libertação mental de todas as influências: influência de esposa, do marido, da tradição, da igreja, do Estado. Ela significa estar libertado da influência do que ledes, e da influência de vossas próprias exigências inconscientes. Por outras palavras, solidão é o estado em que se está completamente livre do "conhecido". É o "estado de aprender" que vem quando a mente compreende o processo total da vida; e com ela vem uma disciplina que não é a disciplina da igreja, ou do exército, ou do especialista, ou do atleta, ou do homem que cultiva o saber. É a disciplina nascida de um profundo senso de humildade; e não pode haver humildade, se a mente não está completamente só.
(...) Na maioria, buscamos Deus, e nosso Deus é uma mera questão de crença. A palavra God (Deus) escrita às avessas é dog (cachorro), e esta última serve tão bem como a primeira para designar aquilo que chamamos Deus. Mas, fomos educados, desde a meninice, para aceitar aquela palavra; e a religião organizada, com sua milenar propaganda, condiciona a mente para crer naquilo que supõe que a palavra representa. A aceitamos tal crença com tanta facilidade, exatamente como no mundo comunista aceitam a crença de que não há Deus, porque nessa crença foram eles educados. Esse é outro gênero de propaganda. O crente e o não crente são iguais, porquanto ambos são escravos da propaganda.
Ora, para descobrirdes se há ou não há Deus, deveis destruir, em vós mesmos, tudo o que seja produto da propaganda. O que hoje chamamos "religião" foi organizado, formado durante séculos pelo homem, com seu medo, sua avidez, sua ambição, sua esperança e desespero. E para descobrir se há ou não há Deus, a mente deve destruir totalmente, sem nenhum motivo, todas as acumulações do passado; deve eliminar radicalmente todas as crenças e descrenças e desistir completamente de buscar. Deve a mente estar vazia do "conhecido", vazia do Salvador, vazia de todos os deuses manufaturados pelo pensamento e esculpidos na madeira ou na pedra. Só quando livre do conhecido, pode a mente encontrar-se num estado de absoluta tranquilidade, não provocada por uma certa maneira de respirar, por exercícios, artifícios, drogas. E precisamos chegar até esse ponto — que na realidade não está longe, pois não há distância nenhuma para percorrer. Mas, para se poder abolir a distância, o tempo deve cessar; e só pode cessar o tempo, quando há o conhecimento de nós mesmos, como realmente somos, fato por fato. Nesta extraordinária liberdade, que começa com o autoconhecimento, há um movimento — um movimento que é imensurável, além de todos os conceitos. Esse movimento é criação; e quando a mente chegar a esse movimento, descobrirá, por si própria, que o amor, a morte a criação são a mesma coisa.
(...) Quando um homem está a morrer de fome, que bem lhe faz descrevermos para ele um prato suculento ou uma iguaria de delicado sabor? O que ele quer é comida. Teorias e descrições nenhuma significação tem para o homem que tem fome de descobrir por si mesmo o que é verdadeiro. Mas, infelizmente, a maioria de nós não tem fome desse sentido. Estamos bem nutridos, psicologicamente, porque estamos repletos de nossas próprias experiências, e encontramos abrigo seguro no dogma, na crença. Sentimo-nos em segurança, porque pertencemos a este ou àquele grupo, a esta ou àquela Igreja. E quando nos vem um sentimento de descontentamento — o que muito raramente acontece — logo tratamos de sufocá-lo, procurando alguma coisa que nos dê satisfação imediata. O que tem verdadeira importância é estarmos, no plano psicológico, terrivelmente famintos, e permanecermos nesse estado, sem nos tornarmos insanos ou neuróticos. A questão não é de como aplacar aquela fome, porque no momento em que o fazeis estais perdido. Podeis aplacá-la muito facilmente, com palavras, com teorias, com livros, com Igrejas, com... Oh!... com qualquer coisa. Mas, se permaneceis nesse estado de profunda "fome psicológica", ela é então como uma chama viva que destruirá todas as coisas falsas até nada mais restar senão cinzas; e como resultado desse vazio, algo real pode verificar-se.
Krishnamurti — O homem e seus desejos em conflitos - ICK

O Observador é a coisa Observada?
Quando você não tem medo...
Por mais inteligente que seja, ego não liberta ego
Do intelecto analítico à razão intuitiva
(...) A inteligência ego-pensante é prelúdio necessário para a razão cosmo-pensada. De fato, não se trata de duas faculdades separadas, como à primeira vista parece; trata-se de uma única faculdade, a qual, quando imperfeitamente realizada, se chama intelecto ou inteligência e, quando em plena maturação, se chama Razão ou Lógos. Semente e a planta são essencialmente a mesma coisa, embora existencialmente diferentes.
Quando o homem atinge a plenitude de sua evolução hominal, verifica ele que é tanto ego-pensante como cosmo-pensado — verifica que é cosmo-pensante, homem cosmificado, universificado.
(...) Quando o homem atinge a plenitude da sua consciência ou conscientização, nada mais sabe ele de um aquém ou de um além, porque a dimensão espacial do Finito se dilui na indimensão do Infinito. O mesmo se dá com o conceito ilusório do tempo, que se dilui na verdade do eterno, que é a ausência do tempo. Quando o homem-ego ultrapassa a sucessividade analítica da sua mente e entra, como homem-Eu, na simultaneidade intuitiva da razão, então tudo isto se torna natural, evidente e compreensível.
(...) Por via de regra, o homem só conhece as suas periferias sensoriais ou, quando muito, a sua zona semiperiférica mental. Mas nem os sentidos nem a mente representam a realidade central do homem; atingem o factual, mas não o real. Para além de todas as facticidades desponta a realidade.
O homem irreal ou semi-real deve ser plenamente realizado, para que seu ego doente seja saturado pelo seu Eu sadio. No homem pleni-real não há males. Todos os males de que o homem sofre vem da zona do seu ego mental, da sua persona. Somente o contato com a individualidade real pode curar a personalidade irreal; somente a verdade pode libertar o homem da inverdade, que gera os males.
Meu Ego
Meu Ego (com Simone)
Zélia Duncan
Por favor meu ego
Não dê força ao prego
Que nos põe contra a parede
Pra nos afogar de sede
Chove chuva na sua boca
E você não bebe
Há palavras, existem letras
Mas você não forma
As frases loucas que cultiva por aí
Fale pelos cotovelos, e pelos joelhos
Me critique sem razão
Se omitir não vale à pena
Mas não polua minha cultura
Não venha dividir comigo sua auto-censura
Me desencontre, não me prostitua
Se não seremos mais uma carcaça em desgraça por aí
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Sobre as dores de parto do Ser que somos
A.P.: Ah! Que bom que encontrei você aqui. Tenho entrado pouco ou nada no facebook. Entrei agora só para procurar você ou a Deca. Gente, que coisa interessante esse diálogo de vocês. Ainda não terminei, mas não me contive. Entrei aqui pra procurar um de vocês. Justo ontem, que não consegui entrar na sala para reunião. A Deca está por ai?
Out.: Oi! Acabamos de chegar; desculpe por não responder antes.
A.P.: Ok, tudo bem! Estou ouvindo o áudio da reunião de ontem.
Out.: Que legal; foi forte ontem! Espere que a Deca já vai ligar o notebook.
A.P.: Poxa...foi mesmo. Está bem.
Out.: Dividi a reunião em vários áudios.
A.P.: Continuarei aqui ouvindo.
Out.: Todos foram muito felizes em suas falas.
A.P.: E aguardo ela para conversarmos um pouco, se ela puder, se não estiver muito ocupada.
Eu vi que tem vários áudios.
Out.: Tenho visto uma retomada de consciência por parte dos confrades.
A.P.: Muito legal.
Out.: É nítida a percepção da mudança do estado de consciência, por ora, digamos assim.
A.P.: Isso é muito bom, não é?...
Out.: Sim!
A.P.: Tenho tido dias difíceis de ontem para hoje... Recaída nas minhas crises; sinto-me um pouco triste, sentindo dor... Tentando não me identificar com ela; tentando entender essa coisa do observador e coisa observada. Quando li o diálogo de vocês, me emocionei profundamente. Me tocou o coração; como se fosse exatamente aquilo que eu precisava ler, mas que não sabia como perguntar ou se existia o que perguntar. Sabe?
Out.: Fico feliz por você estar se identificando com esses diálogos.
A.P.: Muito forte.
Out.: Deca está tomando um banho e disse que assim que sair vai falar com você. Quanto a dor, quanto ao sofrimento, sugiro olhe para isso, sem tentar evitar, sem tentar nomear, sem verbalizar, tentar justificar... Apenas olhe! Sei que você é capaz disso. Se o fizer, vai perceber com isso, que você não é a dor, não é o sofrimento e, ao se dar conta disso, devido a não identificação, perceberá que a dor se vai, o sofrimento se vai, pois não há mais aquele desperdício de energia, antes produzida pela antiga identificação; você começa a perceber-se como a CONSCIÊNCIA que observa e começa a constatar que, pensamentos vem e vão, sentimentos vem e vão, dores vem e vão, emoções vem e vão... E o que fica, então? Só aquilo que você realmente é. Isso precisa ser uma vivência consciencial sua (digamos assim – as palavras limitam a expressão) para que se abra um estado de ser onde essa consciência que somos — não que temos — se manifeste cada vez com mais intensidade e propriedade... Está confuso isso?
A.P.: Não, não. Está claro. Eu já tinha conseguido fazer/sentir. Desde que comecei a ler o material e participar das reuniões, tive alguns momentos em que consegui fazer isso: perceber a consciência e é maravilhoso. Mas, não consigo sempre... Não sei no que estou errando, ou fazendo de errado, enfim...
Out.: Olha só... Tem mais uma coisa aqui muito importante, ou melhor, duas...
A.P.: Diga!
Out.: Primeiro, por que buscamos segurança no desejo de permanência desses momentos onde conflitos não se apresentam? Tente olhar para isso e perceba se isso não traz consigo o desejo com o outro lado da moeda que é sempre medo e conflito? Sugiro meditar sobre isso... Ocorreu-me também lhe falar sobre a questão da tristeza... Não sei se é isso que você está vivenciando, se é isso que está ocorrendo ai com você, uma espécie de sentimento de "luto"... Seria isso?
A.P.: Sim.
Out.: Ok! Bingo!
A.P.: Como se fosse por um eu que morreu!
Out.: Então, veja...
A.P.: Será isso?
Out.: Acompanhe-me, por favor...
A.P.: Certo!
Out.: Veja, estamos identificados por anos e anos a viver num modo de vida automático, impulsivo, sem a ação da presença da consciência que somos, portanto, totalmente identificados como sendo o "eu", o "ego", a "persona", a qual se tornou a identidade que pensamos ser, uma entidade impulsiva, quase sempre reativa, inconsciente e inconsequente; esse foi o nosso modo operante até aqui. Então, surge esse novo paradigma, o qual, sem que você perceba, começa a instalar as bases da implosão do antigo estado inconsciente e inconsequente de ser; você não percebe mas, ele está lá, instalado, demolindo conceitos, achismos, tendências reativas, tendências emocionais, manias, ou seja, tudo o que pensávamos ser e no qual estávamos profundamente viciados, encontra-se repentinamente em processo de morte. Classifico isso como sintomas da síndrome de abstinência de um modo de ser sem a presença da consciência que somos; as células cerebrais, as células do corpo estão viciadas com a carga energética antiga, com a carga de adrenalina, com a carga de ansiedade, com a carga defensiva causada pelos medos — em sua maior parte, inconscientes — e, de repente, é quebrado esse processo cíclico que também é físico — uma vez que classifico a pensamentose descentralizante como uma doença mental, emocional e física. Nessa “observação passiva” daquilo que se apresenta, de momento a momento, a cadeia da rede do pensamento psicológico condicionado é quebrada, e a mente sente; o corpo sente; as células sentem; o DNA sente. E, como a consciência que somos ainda não está consciente disso, — e por isso se ressente — de forma inconsciente, tenta abortar as dores de parto de uma nova mulher, de um novo homem, de um novo estado de ser que consciência pura. Isto está fazendo sentido? Reverbera ai?
A.P.: Sim, sim.
Out.: Então, perceber o luto...
A.P.: Eu não tinha me dado comenta disto...
Out.: Honrá-lo!
A.P.: Isso faz todo sentido!
Out.: Você está num momento fecundo; numa gravidez de risco... Um modo ilusório e inconsciente de ser está morrendo e um modo real, vivo, criativo, amoroso está ressurgindo das cinzas dos condicionamentos calcinados... Portanto, é natural essa tristeza... Faz parte do processo! Abrace-a!... Abrace-a como abraçaria uma criança querida, afinal, ela é a sua criança interior ferida, sendo curada, sendo trazida para a realidade existencial que é... Portanto, sugiro que você olhe para essa dor com carinho, com compaixão, pois nela, encontram-se as sementes de sua integridade criativa; nela encontram-se as sementes de sua real vocação; nela se encontram o recado que aquilo que é você, veio trazer para este mundo caótica e em estado de acelerada decadência. Quando digo mundo, não me refiro aqui à natureza; ela tem mostrado ao longo dos anos que sabe se virar muito quando um organismo está por demais fora do controle. Os dinossauros e tantas espécies mais que nos digam! Refiro-me ao mundo psicológico do Homo Demens que se pensa Sapiens. Em vista de tal descoberta, de tal revelação, que mais poderemos querer? Haverá sucesso a ser buscado maior que esse? A descoberta de seu tom, a descoberta de seu som, a descoberta de seu sopro, do sopro que lhe habita e na qual você é?... Sugiro que você medite sobre isso! Essa dor não está ai para desintegrar aquilo que você é, afinal, o que você é vai além do tempo, espaço e matéria. Essa dor que aí está, são as dores da convalescência do Ser que somos, portanto, como dizem nossos confrades dos Titãs, não fuja da dor; fugir da dor é fugir da própria cura. Permita-se: seja! O mundo mais do que nunca, merece por isso!...
Vou ficando por aqui! A Deca já está on-line! Abrace sua dor!
A.P.: Pois é... Pensei nisso quando hoje fui caminhar; pensei na minha missão aqui na terra, enquanto ser, neste corpo. Grata pelas suas palavras; foram esclarecedoras! Estou emocionada, ainda não consigo falar direito. Grata. De verdade.
Out.: Estamos juntos! Deca lhe aguarda! Você não está só: basta olhar pra dentro!
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Diálogo via Facebook
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)
"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)
"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)
Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...
Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.
David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.
K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)
A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)