"Na tradição coreana, para podermos ser discípulos de um sábio, precisamos passar três anos rachando lenha, três anos limpando a casa e três anos cozinhando antes que o mestre condescenda em falar conosco a respeito de qualquer coisa importante. Existe uma boa razão para essa aparente perda de tempo, que é nos ajudar a acabar com o nosso orgulho, com o senso crítico e a vaidade. Somente depois de você se livrar de toda a sujeira acumulada é que você pode começar a ser preenchido com o verdadeiro eu. Vai doer, vai sangrar, mas você precisa chegar á camada que é verdadeiramente você. Desenterrar a pureza da alma que está debaixo de toda a sujeira que você erroneamente confundiu com o seu verdadeiro eu não é uma tarefa fácil. Pessoas apegadas ao físico desistem fácil." - Seung Heun Lee
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Cena do filme "Matrix" |
Por que, inicialmente, para muitos, passada a fase de encantamento com os dizeres de Krishnamurti, os mesmos se mostram um tanto perturbadores, despertando por vezes, o impulso para o isolamento ou ao retorno à antigas zonas de conforto? O próprio K, responde:
"Sem dúvida, senhor, o que acabamos de discutir, o que eu disse antes de responder às perguntas, e as respostas às duas últimas perguntas, tudo isso deve ter produzido, em você, um efeito muito perturbador, não é verdade? Esse efeito tem de ser perturbador, pois, se não o for, então há algo que está errado em você. Isso porque está sendo atacada toda a estrutura do seu processo de pensamento, estão sendo atacados os seus hábitos confortáveis, e uma tal perturbação tem de ser fatigante. E se você não se sente cansado, se não se sente perturbado, o que busca então aqui? Senhor, vejamos bem claramente o que estamos tentando fazer, você e eu.
(...) Não se pode ganhar a paz, senão à custa de muita busca; e o que você e eu estamos fazendo é uma busca completa em nossas mentes e em nossos corações, com o fim de descobrirmos o que é verdadeiro e o que é falso; e esse rebuscar, naturalmente, exige dispêndio de energia e de vitalidade; é fisicamente exaustivo, talvez tão exaustivo como cavar a terra. Mas, por infelicidade, você está habituado a escutar; você é mero espectador a apreciar e observar o jogo dos outros; por isso, não fica cansado. Mas, como já tenho dito e redito, você não é expectador, e eu não estou representando para você. Você não está aqui para ouvir uma bela canção. O que você e eu estamos tentando é encontrar uma canção em nossos próprios corações, e não ouvir a canção do outro. Você está acostumado a ouvir a canção do outro, e por isso seu coração está vazio, e vazio ficará sempre, porque você o enche com a canção do outro. Esta não é a sua canção e você é mero gramofone, mudando os discos segundo os seus caprichos; você não é músico. E, principalmente nas épocas de grandes aflições e perturbações, você precisa de ser músico, precisa se renovar com canções, o que significa se livrar, esvaziar o coração daquelas coisas que a mente o encheu. Por consequência, VOCÊ precisa compreender as criações da mente, e perceber a falsidade dessas criações. Porque, então, não mais encherá o coração dessas criações. E, aí, com o coração vazio — e não, como no seu caso, cheio de cinzas — com o coração vazio e a mente quieta, ouvirá uma canção, uma canção indestrutível e incorruptível, porque não foi comporta pela mente." — Jiddu Krishnamurti - 23/01/1949
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Cena do filme "Matrix" |
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