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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Sobre o mito do amor romântico, pessoalizado e objetivado

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

sábado, 20 de janeiro de 2018

A mente fragmentada e a necessidade de um "percepção total"

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Sobre o medo da morte e o apego

Só sei que nada sei!

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A transformação psicológica não é decorrente do tempo

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Filme: O Estado das Coisas


Podemos ficar livres da avidez, da inveja, da ambição, do medo, não parcialmente, parceladamente, PORÉM POR INTEIRO?....

Sinopse: Riqueza, poder e festas ou o aconchego da vida familiar? Para Brad (Ben Stiller) a vida dos amigos parece muito melhor que a sua. Seja nas redes sociais, na tv ou nas revistas todos parecem estar muito melhor que ele. Ele errou nas escolhas? Por que a grama dos amigos é sempre mais verde?

Será possível a mente se ver livre de seu condicionamento de imediato?

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

A adulteração psíquica chamada Síndrome de Peter Pan

domingo, 7 de janeiro de 2018

Série: The Sinner

A série retrata bem os efeitos da adulteração psíquica e a sua futura reverberação adulterante na vida social.

The Sinner, uma série criada por com Jessica Biel, Bill Pullman: A investigação acerca de um crime precisa acabar quando se sabe qual foi o crime e quem foi o criminoso? Quando uma jovem mãe de família comete um crime nefasto em público e se vê incapaz de explicar o motivo que a levou áquele estado de fúria ...


Série: Manhunt Unabomber


A série retrata bem os efeitos da adulteração psicológica na família, escola e cultura e a sua reverberação adulterante.

Um retrato sobre o dia a dia de agentes do FBI em suas missões para desvendar célebres casos criminais. A primeira investigação é sobre uma caçada de aproximadamente 20 anos para capturar Ted Kaczynski, mais conhecido como o terrorista "Unabomber", que foi condenado à prisão perpétua por ter participado de uma série de atentados nos Estados Unidos.


Filme: Hector e a procura da felicidade


Desiludido com o seu trabalho, o psiquiatra Hector se sente uma fraude e resolve embarcar em uma jornada internacional para encontrar uma fórmula que vai trazer de volta a sua felicidade e vitalidade.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Há uma energia infinita, sem princípio nem fim?


Há uma energia infinita, sem princípio nem fim? Há uma energia mecânica, que sempre tem uma causa? Há uma energia no relacionamento? Eu gostaria de descobrir. O que é o MOMENTUM, a força que está por trás de toda a nossa ação? É mecânica? Ou é energia, uma força, um direcionamento, um impulso que não causa nenhum atrito?...

O que é o MOMENTUM que está por trás de qualquer desejo? Qual é a energia que me faz desejar? O que está por trás do fato de eu estar aqui? Eu vim até aqui para descobrir sobre o que o senhor está falando, sobre o que está sendo discutido aqui. O desejo é descobrir algo diferente do meu fluxo de pensamento costumeiro. Então o que é isso? Isso é desejo? Agora, o que está por trás do desejo que me fez vir até aqui? É o meu sofrimento? É o meu prazer? É o fato de eu querer aprender mais? Juntando todas essas coisas, o que é que está por trás disso?... Vir a ser? O que está por trás do vir a ser?...

Recompensa e castigo. Penso que estes são os impulsos básicos, rotineiros, comuns... Simplesmente o que é satisfatório e o que não é satisfatório... O que é satisfatório eu chamo de "recompensa"; o que não é satisfatório eu chamo de "castigo"...

Estamos perguntando o que é que está impelindo alguém a seguir na direção da recompensa e do castigo. Qual é a energia, qual o MOMENTUM, qual a força, qual o volume de energia que nos está levando a fazer isso ou a evitar aquilo? É essa a pergunta? Poderia ser satisfação, deleite, prazer? Isso é muito simples não é? A fome existe, dão-lhe comida e você fica satisfeito. Mas a mesma coisa recomeça e nunca termina. Busco uma satisfação após outra, e isso é interminável. É porque essa energia, esse impulso de ser satisfeito, é tanto biológico como psicológico? Estou com fome e, psicologicamente, me sinto sozinho. Há o sentimento de vazio, há um sentimento de carência. Portanto, volto-me para Deus, para a Igreja, para os gurus. Fisiologicamente, a carência se satisfaz com muita facilidade. PSICOLOGICAMENTE, ELA NUNCA SE SATISFAZ... Há uma carência continua... Quanto mais inteligente eu sou, mais atento eu estou, MAIS INSATISFAÇÃO EXISTE.Então, o que acontece?...

Eu não conheço a matriz, não conheço o "eu". Tudo o que estou salientando é o fator de que há uma carência fisiológica que entrou no campo da psicológica, e isso prossegue interminavelmente... Carência. Guarde essa palavra... O cérebro está buscando satisfação. Porque ele precisa de estabilidade; precisa de segurança. Portanto, ele diz: "Eu descobrirei isso. Pensei ter encontrado a satisfação, mas não há nenhuma satisfação nisto. Tenho de encontrar satisfação e segurança naquilo e, novamente, não a encontro". E ele prossegue incessantemente. Assim acontece na vida cotidiana. Vou de guru em guru ou de teoria em teoria, de conclusão em conclusão...

Preste atenção a si mesmo. É muito simples. Você está procurando satisfação. Todo mundo está. Se você é pobre, quer ser rico. Se vê alguém mais rico do que você, você quer isso; alguém mais bonito, você quer isso, e assim por diante. Nós buscamos a satisfação contínua... Pense bem. Não é o movimento todo, a energia, um impulso para encontrar satisfação, recompensa?...

Todo o MOMENTUM de busca de satisfação é captado pelo "eu"... Assim, o MOMENTUM é o desejo que deve ser satisfeito...

Posso perguntar: Porque o "eu" existe?... Eu quero questionar se o "eu" existe de alguma forma. Ele pode ser totalmente verbal, não-factual. Trata-se apenas de uma palavra que se tornou tremendamente importante, e não de um fato...

Todo o MOMENTUM, esse grande rio, está no cérebro. Além do mais, o cérebro existe, e por que razão deveria haver o "eu" nele?... Ele existe apenas verbalmente... Quando o senhor está consciente do "eu"?... Quando você experimenta, no momento de experimentar alguma coisa, não há "eu"... No momento da crise, não há "eu". Então, mais tarde, vem o pensamento que diz: "Isso foi excitante, foi prazeroso" — esse pensamento cria o "eu" que diz: "Gostei". Certo? No momento da crise não há "eu". Pergunto: "É possível viver nessa frequência o tempo todo?" Se você não vive dessa forma, você tem todos os tipos de outras atividades que destruirão isso... No momento em que o pensamento surge, ele causa uma fragmentação de energia. O pensamento é fragmentário. Assim, quando o pensamento entra, há uma dissipação da energia.

Eu acho que a estrutura do "eu" é extraordinariamente simples. O que é muito mais interessante, muito mais instigante, é que, sempre que o pensamento surge, tem início uma dissipação de energia. Portanto, eu digo para mim mesmo: É possível viver nessa frequência?" No momento em que o "eu" surge, há dissipação. Se você abandonasse o "eu" e eu deixasse de fora o "eu", então teríamos um relacionamento correto.

Pense bem nisso, senhor. No momento em que tem uma crise, não há passado nem presente; só existe aquele momento. O tempo não existe nessa crise. No momento em que se considera o tempo, começa a dissipação de energia...

Veja, holístico subentende uma mente e um corpo muito sadios, uma capacidade de pensar com clareza, e também significa santo, sagrado. Tudo isso está subentendido na palavra "holístico". Ora, eu estou perguntando: "Há uma energia que nunca é dissipada, da qual você quer se afastar?" Há dissipação quando ela não é holística. Uma forma holística de vida é aquela em que não há dissipação de energia. Uma forma não-holística de viver é aquela em que há dissipação de energia...

Nossas células cerebrais, agora, contêm o passado, a memória, a experiência, o conhecimento de milênios, e essas células não são holísticas... estão condicionadas a um tipo de vida não-holístico. O que acontece nas células do cérebro quando há uma forma holística?

Eu vou responder a essa pergunta. O cérebro holístico contém o passado e, portanto, o passado pode ser usado holisticamente? Como ele é o todo, ele contém a parte, mas a parte não pode conter o todo. Portanto, quando a parte é que está atuando, há dissipação de energia.

Temos de admitir que conhecemos apenas o tipo de vida não holístico. Esse é o fato, o de que não vivemos holisticamente, mas fragmentariamente. Essa é a nossa vida real, e ela é um desperdício de energia. Vemos também que há contradição, há luta. Tudo isso é um desperdício de energia. Agora, estamos perguntado: "Há uma forma de vida que não seja um desperdício de energia?"

Vivemos um tipo de vida não-holístico, uma vida fragmentada, uma vida inútil. Você entende o que quero dizer por inútil: dizendo milhões de coisas, fazendo sempre algo mais, uma vida contraditória, comparativa, imitativa, conformista, permeada de momentos de silêncio. Um tipo de vida fragmentada, uma forma não-holística: isso é tudo o que conhecemos. Alguém, então, pergunta: Existe uma energia que não seja desperdiçada? E, com essa pergunta, vamos investigar para ver se é possível acabar com essa forma de vida...

Todos têm uma via não-holística, que é um desgaste constate de energia, um desperdício de energia. O cérebro está condicionado a isso. Todos realmente percebemos. Então, pergunta-se: É possível viver uma vida que não seja essa? Correto?

Esse sopro de realidade que por vezes experimentamos nunca pode ser a totalidade, porque ele vai e vem. Qualquer coisa que vai e vem requer tempo. O tempo requer um tipo de vida fragmentada. Portanto, ela não é inteira. Olhe, nós temos uma vida não-holística. O cérebro está condicionado a ela. Ocasionalmente, posso ter um instinto de liberdade, mas esse instinto de liberdade ainda está dentro do domínio do tempo. Portanto, esse instinto é ainda um fragmento. Pois bem, pode o cérebro que está condicionado a isso, a uma forma de vida não-holística, pode esse cérebro se transformar tão completamente a ponto de não viver mais nessa forma de condicionamento?... É possível mudar tudo isso?... Isso pode ser transformado? Não no sentido de mais satisfação. ESSA ESTRUTURA PODE ACABAR CONSIGO MESMA? Não por imposição de algo superior, QUE SERIA APENAS MAIS UM TRUQUE. Eu afirmo que, se você for capaz de observar sem o observador, o cérebro pode se transformar. Isso é meditação. Senhor, a essência é o todo. Na fragmentação, não há essência de nada.

Krishnamurti

Sobre o medo e a inteligência


A inteligência é a maior segurança para se enfrentar o medo. O problema é: numa crise, quando o medo inconsciente toma conta de você, onde é que há lugar para a inteligência? A inteligência requer a negação do mal que aparece no caminho. Ela requer que se ouça, que se veja e que se observe. Mas quando todo o ser está tomado por um medo incontrolável, por um medo que tem uma causa, mas uma causa que NÃO É IMEDIATAMENTE PERCEPTÍVEL, nessas circunstâncias, onde há lugar para a inteligência? Como lidar com os medos primitivos, arquetípicos, que estão na verdadeira base da psique humana? Um desses medos é o da destruição do eu, o medo de não existir.

Estamos dizendo que, no momento de uma grade onda de medo, a inteligência desaparece. E como lidar com essa onda de medo quando isso acontece? Essa é a pergunta.

Vemos o medo como se fosse os ramos de uma árvore. Mas nós lidamos com esses medos, um a um, e não há liberdade quendo se tem medo. Haverá algum modo de ver o medo sem os ramos?...

Vemos as folhas, os ramos, ou chegamos à verdadeira raiz do medo?...

Estamos dizendo que há medos conscientes e medos inconscientes, e que os medos inconscientes se tornam extraordinariamente fortes em certos momentos e, nesses momentos, a inteligência não está atuando. Como se pode lidar com essas ondas de medo incontrolável?

Esses medos parecem assumir uma forma material. É uma coisa física que domina você.

Perturba-o neurológica e biologicamente... O medo existe, conscientemente ou em profundidade, quando há um sentimento de solidão, quando há um sentimento de abandono total por parte dos outros, um sentimento de isolamento completo, uma sensação de não existirmos, um sentimento de desamparo total. E, nesses momentos, quando o medo profundo surge, obviamente a inteligência não existe e nasce um medo incontrolável e indesejável.

Podemos achar que enfrentamos os medos que conhecemos e, inconscientemente, continuar presos a eles.

Isso é o que estamos dizendo... Podemos lidar com os medos físicos, que são conscientes. Os filamentos da inteligência podem trabalhar com eles.

Você pode até mesmo permitir que esses medos floresçam.

E, então, nesse verdadeiro florescimento, há inteligência. Agora, como você lida com o outro medo? Porque o inconsciente retém esses medos? Ou o inconsciente os acolhe? Ele os retém, eles existem nas profundezas bem conhecidas do inconsciente; ou é uma coisa que o inconsciente adquire do ambiente? Além disso, por que o inconsciente retém os medos? Serão eles parte inerente do inconsciente, da história racial, tradicional do homem? Eles fazem parte da herança genética? Como você lida com o problema?...

Por que, de algum modo, o inconsciente os retém? Por que consideramos as camadas mais profundas da consciência como o depósito, o resíduo do medo? Elas são impostas pela cultura em que vivemos? Pela mente consciente que, não sendo capaz de lidar com o medo, impele-o para baixo e, por isso, o faz permanecer no nível inconsciente? Ou é a mente que, com todo o seu conteúdo, não resolveu seus problemas e está assustada por não ser capaz de resolvê-los? Quero descobrir qual a importância do inconsciente. Quando vocês disseram que essas ondas de medo vêm, digo que elas sempre estão lá, porém, numa crise, você se torna ciente delas.

Antes de tudo, a consciência é constituída pelo seu conteúdo. Sem o seu conteúdo a consciência não existe. Um de seus conteúdos é esse medo básico, e a mente consciente nunca tenta resolvê-lo; ele existe, mas a mente nunca diz: "Eu tenho de lidar com o medo". Nos momentos de crise, essa parte da consciência é despertada e se apavora. Mas o medo sempre está lá... O medo sempre existe. Faz parte da herança cultural? Ou é possível que alguém nasça num país, numa cultura que não aceita o medo?... É óbvio que não existe essa cultura. E, portanto, estou perguntando: o medo faz parte da cultura ou é inerente ao homem? O medo é uma sensação de não ser, tal como existe no animal, tal como existe em toda coisa vivente; o medo de ser destruído.

Trata-se do instinto de autopreservação que toma a forma de medo.

Será que toda a estrutura das células está com medo de não ser? Esse medo existe em todas as coisas vivas. Mesmo uma formiguinha tem medo de não existir. Vemos que o medo existe e faz parte da existência humana, e que qualquer um se torna bastante consciente dele numa crise. Como se lida com o medo no momento em que surge uma onda de medo? Por que esperamos pela crise?...

Nós dizemos que o medo sempre existe, que ele é uma parte da nossa estrutura humana. A estrutura biológica, psicológica, toda a estrutura do ser está com medo. O medo existe, é parte do mais minúsculo ser vivo, da célula mais diminuta. Por que esperamos que haja uma crise para tomarmos consciência dele? Essa é a forma mais irracional de aceitá-lo. Pergunto: por que é preciso ter uma crise para aprender a lidar com o medo?...

Você diz que pode encarar esses medos de modo inteligente. Duvido que você os enfrente assim. Duvido que você possa fazer uso da inteligência antes de ter resolvido o medo. A inteligência só aparece quando não existe o medo. A inteligência é luz e você não pode lidar com a escuridão quando não há luz. A luz só existe quando não há escuridão. Estou perguntando se você pode lidar com o medo de modo inteligente quando ele existe. Afirmo que não. Você pode racionalizá-lo, pode ver a natureza dele, evitá-lo ou ir além dele, mas isso não é inteligência...

Vejam vocês, estou examinando com cuidado toda reação diante de uma crise. O medo existe; por que você precisa de uma crise para despertá-lo? Você diz que uma crise acontece e você acorda. Uma palavra, um gesto, um olhar, um movimento, um pensamento, esses são os desafios que você diz que causam medo. Pergunto: por que esperamos pela crise?... Um gesto, um pensamento, uma palavra, um olhar, um sussurro, qualquer uma dessas coisas é um desafio...

Por que você fica paralisado? Porque o desafio é necessário para você. Por que você não toma contato com o medo antes do desafio? Você diz que a crise desperta o medo. A crise inclui o pensamento, o gesto, a palavra, o sussurro, o olhar, uma carta. É um desafio que desperta o medo? Digo a mim mesmo: por que as pessoas não deveriam despertar para o medo sem um desafio? Se o medo existe, ele precisa ser despertado. Ou ele está dormindo? E se ele está dormindo, por que está assim? A mente consciente receia que o medo possa despertar? Ela o fez dormir e recusou-se a olhar para ele?...

A mete consciente ficou apavorada ao perceber o medo e, portanto, mantém o medo sob controle? Ou o medo está lá, desperto, e a mente consciente não o deixa florescer? Vocês admitem que o medo faz parte da vida humana, da existência?...

Eu digo a mim mesmo: "Devo esperar por uma crise para que esse medo desperte?"... Se ele existe, quem o pôs para dormir? É porque a mente consciente não pode resolvê-lo? A mente consciente está interessada em resolvê-lo e, não sendo capaz, coloca-o para dormir, reprime-o. E quando acontece uma crise a mente consciente fica abalada e surge o medo. Portanto, eu digo a mim mesmo: por que a mente consciente deve reprimir o medo?...

Senhor, o instrumento da mente consciente é a análise, a capacidade de reconhecimento. Com esses instrumentos, ela é incapaz de lidar com o medo.

Ela não pode lidar com ele. Mas o que é necessário é a verdadeira simplicidade, NÃO A ANÁLISE. Portanto, a mente consciente não pode lidar com o medo; ela diz: quero evitá-lo, não posso olhar para ele. Olhe bem o que você está fazendo. Você está esperando que uma crise o desperte e a mente consciente, durante todo o tempo, está evitando as crises. Ela está evitando, raciocinando, racionalizando. Somos mestres nesse jogo. Portanto, digo a mim mesmo, se o medo existe, ele está desperto. Você não pode adormecer uma coisa que faz parte da nossa herança. A mente consciente se abala quando acontece uma crise. Portanto, lide com ele de uma form diferente... O medo básico é o da não-existência; ele é uma sensação de incerteza, de não ser, de morrer. Por que a mente não descobre esse medo e se arruma com ele? Por que ela deve esperar por uma crise? Você está com preguiça e, portanto, não teve a energia necessária para chegar à raiz dele?...

Dizemos que tudo o que é vivo tem pavor de não existir, de não sobreviver. O medo faz parte de nossas células sanguíneas. Todo o nosso ser tem pavor de não existir, tem pavor de morrer, pavor de ser morto. Portanto, o medo de não existir faz parte de nossa estrutura psicológica, bem como biológica; e eu me pergunto por que uma crise é necessária, por que o desafio deve se tornar importante? Oponho-me ao desafio. Quero estar à frente do desafio e não atrás dele...

Eu sei que vou morrer, mas intelectualizei, racionalizei a morte. Portanto, quando digo que a minha mente está bem à frente da morte, ela não está. Ela só está bem à frente do pensamento — que não está muito à frente...

Eu quero ser bem claro. O medo faz parte da nossa estrutura, de nossa herança. Biológica, psicologicamente, as células cerebrais têm pavor de não existir. E o pensamento diz: "Não vou considerar isso". Assim, quando acontece o desafio, o pensamento não pode acabar com ele... O PENSAMENTO NÃO PODE CONSIDERAR O FIM DE SI MESMO. Quanto a isso, ele só pode racionalizar. Pergunto a vocês: por que a mete espera por um desafio? Isso é mesmo necessário? Se vocês disserem que é necessário, então vocês estão esperando por um desafio... O desafio desperta o medo. Atenhamo-nos a isso; pergunto à vocês: por que vocês esperam por um desafio? Para despertar o medo?...

Sou totalmente contrário ao desafio. Minha mente nunca aceitará o desafio.O desafio não é necessário para despertar o medo. Dizer que estou adormecido e que o desafio é necessário para me despertar é uma afirmação errada. Então ela está acordada. Agora, o que está dormindo? É a mente consciente? Ou é a mente inconsciente, adormecida, da qual algumas partes estão acordadas?...

Se você está acordado, nenhum desafio é necessário. Portanto, você rejeita o desafio. Se, como dissemos, a morte faz parte da nossa vida, então estamos acordados o tempo todo.

Digo que o medo está debaixo do tapete, levante-o e olhe. Ele está lá e acordado. Portanto, não é preciso um desafio para fazê-lo acordar. Eu sinto pavor o tempo todo, de não existir, de morrer, de não atingir a meta. Este é o medo básico da nossa vida, do nosso sangue, e ele existe, sempre se observando, se guardando, se protegendo. Mas ele não está totalmente desperto. Não está, nem sequer por um momento, adormecido. Portanto, o desafio não é necessário. O que você faz com relação a ele e como você lida com ele, isso vem depois...

É como uma cobra no quarto: ela está sempre lá. Posso procurar em todos os cantos, mas ela está lá. A mente consciente está interessada em como lidar com ela, e como não pode fazê-lo, ela se afasta. É quando a mente consciente recebe um desafio e tenta enfrentá-lo. Você é capaz de encarar uma coisa viva? Para isso não é necessário um desafio. Mas devido ao fato de a mente consciente ter-se escondido do medo, o desafio é necessário...

Minha mente recusa a necessidade de desafio. A mente consciente não permitirá que o desafio a desperte. Ela está acordada. Mas vocês admitem a necessidade de desafio. Eu não. Ele não faz parte da minha experiência. A questão seguinte consiste em saber se quando a mente consciente está desperta para o medo, ela não é capaz de convidar algo que existe... Assim, a mente consciente sabe que o medo está lá, alerta. Então, o que vamos fazer a seguir?...

É mente consciente que tem pavor disso. Quando ela está acordada, não sente pavor. Em si mesma, ela não sente pavor. A formiga não sente pavor. Se ela for esmagada, será apenas isso. É a mente consciente que diz que sinto pavor disto, de não existir. Mas quando sofro um acidente, por exemplo, se meu avião se espatifa, não há medo. No momento da morte, digo: "Sim, agora sei o que significa morrer". Mas a mente consciente, com todos os seus pensamentos, diz: "Meu Deus! Vou morrer, não quero morrer, não posso morrer, tenho de me proteger" — é dessa coisa que tem pavor...

É o pensamento que cria o medo. É só o pensamento que diz: "Vou morrer, estou só. Não atingi o meu objetivo". Veja isto: essa é a eternidade intemporal, essa é a eternidade verdadeira. Veja como isso é extraordinário. Por que deveria eu estar assustado se o medo faz parte do meu ser? É apenas quando o medo diz que a vida deve ser diferente que há medo. A mente pode permanecer completamente imóvel? ENTÃO SURGE ESSA COISA. E quando ESSA COISA está desperta, qual é então a raiz central do medo?...

Isso já aconteceu comigo várias vezes, muitas vezes, quando a mente está COMPLETAMENTE ESTÁVEL, sem nenhuma aversão, sem aceitar ou negar, sem racionalizar, sem fugir, não há nenhuma atividade de qualquer espécie. Chegamos à raiz dela, não é mesmo?

Krishnamurti

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

A mágoa, a deterioração da mente e o choque psíquico


Por que o cérebro, que foi ativo durante um certo período de tempo, se deteriora? E a resposta biológica para isso é que se tiver o suficiente poder de purificação, ele pode viver para sempre. Qual é o elemento de purificação?... Trata-se de uma deterioração da energia ou de uma deterioração das células do cérebro na sua capacidade de produzir energia?... Por que o cérebro não mantém sua qualidade de agudeza, de clareza, de profunda energia? À medida que envelhece, ele parece se deteriorar. Isso acontece mesmo aos vinte anos. Ele já está numa rotina e gradualmente falha. Quero descobrir se se trata de uma questão de idade. Você pode perceber que certas mentes, mesmo as bastante jovens, já perderam essa qualidade da vivacidade. Elas já estão presas a uma rotina, e o fator de deterioração já começou...

É uma questão de condicionamento e de superação desse condicionamento que libera energia e, portanto, capacita a mente a continuar indefinidamente; ou a deterioração tem que ver com uma mente que funciona a partir de decisões?

Tenho por decisões àquilo que opera através da escolha e da vontade. Uma pessoa decide o curso da ação que alguém vai tomar, e essa decisão se baseia não na lucidez, não na observação do campo como um todo, mas de acordo com a satisfação e o prazer que constituem partes desse campo. E a pessoa continua a viver nessa fragmentação. Estes é um dos fatores da deterioração. A escolha que faço de ser um cientista pode estar baseada na influência do ambiente, na influência familiar ou no meu próprio desejo de encontrar o sucesso numa determinada área. Essas várias considerações sobre a escolha de uma profissão em particular, e essa decisão, essa escola e a ação a partir dessa escolha são um dos fatores da deterioração. Eu desprezo resto do campo e só sigo uma área limitada, específica desse campo. As células do cérebro não funcionam como um todo, mas apenas numa direção... NEM TODO O CÉREBRO ESTÁ FUNCIONANDO e eu penso que esse é o fator de deterioração... Tenho observado, durante estes anos todos, que uma mente que seguiu um certo curso de ação, menosprezando a ação como um todo, se deteriora...

Estamos tentando descobrir quais são os fatores de deterioração. Quando descobrimos que fatores são esses, talvez possamos chegar ao resto, ver a totalidade... A busca, baseada na escolha, cujo motivo é a satisfação, a realização ou o desejo de conquista, essa busca deve criar o conflito. Portanto, o conflito é um dos fatores de deterioração. Talvez esse seja até o principal fator de deterioração. Decido me tornar algo; essa decisão é tomada com base no condicionamento criado por uma cultura, que é, por natureza, fragmentária... Essa decisão obviamente causa um conflito em mim... Este é um dos fatores da deterioração do cérebro. ESTOU USANDO APENAS UMA PARTE DELE. O próprio fator de divisão de um setor da minha vida em relação ao resto é um fator de deterioração. Assim, a escolha e a vontade são o fatores de deterioração.

Fixemo-nos nisso. Toda a nossa vida é baseada nesses dois fatores: a discriminação ou a escolha e a ação da vontade na busca da satisfação... Discriminação é escolha. Discrimino entre isto e aquilo... Vejo que a escolha e a vontade em ação são os fatores de deterioração, e se você vê isso, então o problema é o seguinte: há uma atividade que em si esses dois elementos, esses dois princípios?

Se herdei uma mente inerte, estúpida, estou liquidado. Posso ir a quantos templos e igrejas quiser, mas as minhas células cerebrais foram afetadas... Por que a vida em si deveria causar um choque psíquico?... Tudo bem. Aceitemos o choque — choque físico, psicológico, emocional de, repentinamente, perder algo ou alguém, o choque de ficar sozinho, o choque provocado por algo que, de repente, chega ao fim. As células do cérebro recebem esse choque. Agora, o que você fará com relação a isso? Esse choque é um fator de deterioração?... Meu filho está morto, meu irmão está morto. É um choque tremendo, porque moramos juntos, brincamos juntos. Esse choque paralisou a mente, o choque deve paralisá-la temporariamente. O fator importante é como a mente se sai disso. Ela sai com mágoa, com todas as implicações da mágoa, ou ela sai sem uma única mágoa?...

Quando meu irmão ou meu filho morre, toda a minha vida muda. A mudança é o choque. Tenho de sair dessa casa, tenho de ganhar a vida de um modo diferente; tenho de fazer um montão de coisas. Tudo isso está subentendido na palavra "choque". Ora, estou perguntando se esse choque deixou uma marca, uma ferida, ou não. Se não deixou uma única marca, uma única mágoa, um único arranhão ou uma sombra de tristeza, então a mente sai desse choque TOTALMENTE REFEITA, TOTALMENTE NOVA. Mas se ela foi magoada, se se tornou embrutecida, então esse É UM FATOR DE DETERIORAÇÃO. Como a mente sabe conscientemente que não está magoada de forma intensa e profunda?...

Vamos analisar a questão... O choque é natural, porque, de repente, falando por metáforas, fui posto na rua. Neurológica, psicológica, interior e exteriormente, a coisa toda mudou. Como a mente se sai disso? Eis a questão. Ela sai com mágoa ou sai completamente PURIFICADA de todas as mágoas? Essas mágoas são superficiais ou profundas o bastante que a mente consciente não tenha a possibilidade de conhecê-las num dado momento e, portanto, para que elas continuem se repetindo e repetindo indefinidamente? Tudo isso é perda de energia. Como a mente descobre se está profundamente magoada?... Como a mente as mágoas profundas? O que é uma mágoa?... Existe mágoa profunda?...

Meu irmão morre, meu filho morre; o marido, a mulher, quem quer que seja. Trata-se de um choque. O choque é um tipo de mágoa. E eu pergunto: a mágoa é muito profunda? E o que eu quero dizer com "mágoa profunda"?... O que é realçado?... A dor, da qual vocês não estão conscientes, e o choque revela a dor. Existia a dor ou existia a causa da dor?...

A dor já existia. Ela é um dos fatores da deterioração. Meu irmão está morto. Esse fato é absolutamente irreversível. Eu não posso trazer meu irmão de volta... Há um choque. Esse choque é uma mágoa profunda. A causa da mágoa já existia e o choque apenas a revelou? A mágoa existia porque eu nunca a havia encarado? EU NUNCA HAVIA ENFRENTADO A SOLIDÃO. Eu nunca havia enfrentado o sentimento de solidão, que é um dos fatores da mágoa.

Agora, antes do choque, eu posso perceber essa solidão? Posso antes do choque, saber o que é estar sozinho? Antes do choque posso falar em apoio, dependência, todos os fatores de mágoa, causas da mágoa, de modo que, quando ocorrer o choque, o que acontece? NÃO TENHO NENHUMA MÁGOA. Isso está certo...

Observo a vida.Observo quais são as implicações do apego ou da indiferença, ou do cultivo da independência, porque eu não devo ficar dependente. A dependência causa dor, mas o cultivo da independência também pode causar dor. Portanto, EU OBSERVO A MIM MESMO, observo e vejo que qualquer tipo de dependência deve inevitavelmente causar uma grande dor. Então quando o choque vem, a causa da mágoa já não existe. UMA COISA TOTALMENTE DIFERENTE ACONTECE.

Você diria que o choque é "sofrimento"?... Se você passou pela solidão, pelo apego, pelo medo, não buscando a independência ou o desapego como um oposto ao apego, então, o que acontece? Quando o choque da morte vem, o que acontece? Você fica magoada?...

Olhe: o sofrimento é dor. Nós usamos esse sofrimento para abranger a solidão, o apego, a dependência, o conflito. Usamos todo o campo de fuga do homem em relação ao sofrimento e à causa do sofrimento. Usamos a palavra "sofrimento" para incluir tudo isso. Ou você gostaria de usar a expressão "a totalidade da dor"? A totalidade da dor oculta e visível... O choque traz toda essa dor à superfície... O que acontece? NÃO SEI COMO LIDAR COM ELA. Choro, rezo e vou ao templo. É isso o que acontece... Faço tudo, tentando sair dessa tortura imposta pela dor. Por que o choque revelaria tudo isso?

Ao ver o mendigo na estrada, o leproso ou o camponês trabalhando profundamente amargurados, por que isso não comove a mente humana? Por que o choque deveria fazer isso?... Por que esse mendigo não me choca particularmente, e a toda a sociedade? Por que isso não me comove?...

Estou lhe fazendo uma pergunta simples. Você vê o mendigo na estrada. Por que isso não é chocante para você? Por que você não chora? Por que choro apenas quando o MEU filho morre? Eu vi um frade em Roma. Chorei ao ver a dor de alguém acorrentado a um poste chamado religião. Nós não choramos naquela ocasião, mas choramos nesta. Por quê? Há um "porquê", obviamente. Há um "porquê" para explicar a razão de nossa insensibilidade.

A mente está adormecida. O choque desperta.

É justamente isso. O choque a desperta e nós somos acordados para a dor, que é a nossa dor — nós não fomos acordados antes para a dor. Isso não é uma teoria. É dor. Agora, o que faz com a dor? A dor é sofrimento. O que acontece?... O que faço com a dor? Ela é intensa ou é superficial?... Você diz: "Ela é muito intensa". Não a chame de intensa. Ela não tem nenhuma medida. Ela não é intensa ou superficial. Dor é dor. E então? VOCÊ FICA COM ELA, SUPORTA ESTA MÁGOA?... O que devemos fazer com a dor? Ignorá-la?... Vou ao analista para me livrar da dor? Leio um livro, vou ao Templo ou para Marte com o intuito de me livrar da dor? Como devo me livrar dela?...

Você está sofrendo. Você é essa dor. CONSERVE-A. Você está lá. VOCÊ A TOMA NOS BRAÇOS. Ela é o seu bebê. E então? Descubramos! Eu sou essa dor — a dor do camponês, a dor do mendigo, a dor do homem rico e angustiado, a dor do frade e de todo o resto. Eu sou essa dor. O que devo fazer?...

Nós perguntamo quais são os fatores de deterioração das células do cérebro e da mente. Dissemos que um dos principais fatores é o conflito. Outro fator é a mágoa, a dor. E quais são os outros fatores? O medo, o conflito, o sofrimento e a busca do prazer, sejam eles causados pela ideia de Deus, de assistência social ou de dedicação ao país. Portanto, esses são os fatores de deterioração. Quem deve agir? O que devo fazer? A menos que a mete resolva isso, sua ação produzirá mais sofrimento, mais dor.

A deterioração será acelerada.

Esse é um fato óbvio. Nós chegamos à questão da dor, da mágoa, do sofrimento e ao fator do medo, da busca de prazer, como sendo as causas da deterioração. O que devo fazer? O que a mente deve fazer?... Se está com dor, como pode agir?... Por que a dor deveria passar? Tudo o que você busca é fazer com que ela passe. Por que ela deveria passar? NÃO HÁ NENHUMA SAÍDA, não é mesmo?...

Você tem de viver com ela.

Como você vive com algo que é dor, que é tristeza? Como você vive com isso?... O que a mente deve fazer com essa mágoa profunda que causa dor, sofrimento, com essa batalha eterna que causa a deterioração das células cerebrais?...

Observar? Observar o quê? O meu sofrimento, a minha dor são diferentes do observador? São? A dor é diferente de quem a observa? Portanto, o que acontece? O observador diz: "Tenho de me livrar da dor". Mas ela persiste no fim da jornada. Agora, o que acontece quando o observador é o observado?...

Todos nós queremos nos livrar da dor. Seria uma idiotice dizer: "Eu tenho de suportar a dor". Mas é o que a maioria das pessoas faz e, por suportarem a dor, elas se comportam neuroticamente, indo a templos e assim por diante. Portanto, é um absurdo dizer que temos de suportar a dor. Pelo contrário, sabendo que essa dor é um dos principais fatores de deterioração, como pôr fim a ela? Senhor, quando a dor acaba, a mente se torna EXTRAORDINARIAMENTE EXALTADA; não é apenas uma mente insensível e sem dor. Quer saber o segredo disso?

Eu lhe direi. Vocês querem saber? Abordaremos a questão de uma forma diferente. É possível que uma mente nunca se magoe? A educação nos magoa, a família nos magoa, a sociedade nos magoa. Estou perguntando: "Pode a mente, vivendo num mundo onde há mágoa, nunca se magoar?" Vocês me chamam de tolo. Vocês me chamam de grande homem. Vocês me chamam de iluminado ou de sábio ou de velho estúpido. Chamam-me de qualquer coisa; como eu posso não me magoar? É o mesmo problema exposto de forma diferente... Esse é o segredo. O que vocês farão com todas as mágoas que os seres humanos acumularam? Se vocês não resolverem esse problema, façam o que quiserem, ele lhes trará mais tristeza. Continuemos. Acabamos de perguntar o que acontece quando o observador é o observado...

A observação sem o observador significa que há apenas aquela coisa que você chama de dor. Não há nenhuma entidade que diga que eu deva ir além da dor. Quando não há nenhum observador, há dor? É o observador que é magoado. É o observador que se ilude. É o observador que diz que está chocado. É o observador que diz: "Eu sei o que é a dor". Agora, você pode observar essa coisa chamada dor sem o observador? Não é um vazio. O que acontece?...

Senhor, essa é uma coisa muito difícil, porque nós estamos sempre vendo a dor do centro, como o observador que diz: "Eu tenho que fazer algo". Portanto, a ação está baseada no centro que faz algo em relação à dor, mas quando o centro é a dor, o que você faz? O que há para ser feito?

O que é a compaixão? A palavra "compaixão" significa paixão; como ela surge? Pela busca de uma atividade? Como ela surge? Quando o sofrimento não está presente, o "OUTRO" está. Isso significa algo para você? Como uma mente que sofre pode conhecer a compaixão?...

Nós estamos observando o fato; "o que é" o sofrimento, quem está sofrendo? Esse é um fato absoluto. Eu sofro e minha mente está fazendo tudo o que pode para fugir do sofrimento. Quando ela não foge, então ela observa. Então, quando o observador observa de perto, de muito perto, ele é de fato o observado, E ESSA MESMA DOR SE TRANSFORMA EM PAIXÃO, QUE É COMPAIXÃO. As palavras não são a realidade. Assim, NÃO FUJA DO SOFRIMENTO, o que não significa dizer que você se torne um mórbido. VIVA COM O SOFRIMENTO. Você vive com o prazer, não vive? Por que você não pode viver com o sofrimento de um modo pleno? Você pode viver com ele no sentido de não fugir dele? O que acontece? Observe. A mente é muito clara, muito esperta. Ela está diante do fato. O verdadeiro sofrimento, que se transforma em paixão, É ALGO ENORME. Disso surge uma mente que não pode ser magoada. Ponto final. Esse é o segredo.

Krishnamurti

Nossos conflitos nascem da desatenção

O que entendemos por ação? O fazer, o ato físico de fazer, o ir e vir, a busca intelectual ou emocional da solução de um problema? Sendo assim, para nós, significa "agir sobre", "através" ou "a partir de" (sempre algo pontualizado). Poderia, existir uma ação que não cause conflitos — externos o internos? Uma ação não fragmentada pelo pensamento? Uma ação cujo desenrolar não apresente vínculos dependentes com o meio circundante, ou comigo, ou com a comunidade? Uma ação intemporal? Tudo isso, para mim, é ação. Porém, no que nos diz respeito, ação sempre tem relação com outrem. Sendo assim, refere-se à comunidade em que vivemos. Nossos atos estão subordinados a condições ambientais, pessoais, econômicas, climáticas. Estão alicerçadas em crenças, em ideias e assim por diante. É o que se entende por ação. Eu, porém, quero descobrir se há uma ação que não dependa de pressões do meio...

Quero chegar a algo muito mais profundo. Que ação é AUTO-ENERGIZANTE? A que congrega, ao mesmo tempo, infinito movimento e energia infinita? Estou sendo claro? Acho que isto é ação... Sinto que todas as nossas ações são fragmentadas. Todas as nossas ações são destrutivas: SUSCITAM A DIVISÃO QUE GERA O CONFLITO. Nossas ações situam-se sempre no âmbito do conhecido e, portanto, estão vinculadas e são prisioneiras do tempo. É isso. Quero descobrir se há algum outro tipo de ação. Estamos cientes de que a ação, de um modo geral, se encontra sempre no âmbito do conhecido. Estamos também cientes da existência de uma ação tecnológica, de uma ação racional e de uma ação comportamental. Haverá outra?...

Dentro do campo da consciência, sabemos muito bem o que é ação. É tudo o que existe dentro do âmbito do conhecido. Acredito que esse tipo de ação conduza necessariamente a diversas formas de DESUNIÃO, MÁGOA e FRUSTRAÇÃO... Pergunto a mim mesmo: existe um outro tipo de ação que não pertença a esse âmbito da consciência que acarreta derrota, frustração, angústia, infelicidade, confusão? Um tempo de ação intemporal?... SEMPRE AGIMOS NO ÂMBITO DO CONHECIDO. Quero saber se existe uma ação livre de atritos. Só isso. Sei que toda ação gera algum tipo de atrito. Quero descobrir um tipo de ação NÃO-CONTRADITÓRIA, NÃO-CONFLITANTE.

O que não significa que uma ação tenha de ser consciente ou obedecer a um determinado padrão. A subserviência a um determinado padrão conduz à completa destruição do cérebro. Essa conduta implica uma mera repetição mecânica. Quero chegar a um tipo de ação que NÃO SEJA REPETITIVA, CONFLITANTE, IMITADORA, CONFORMISTA e, por conseguinte, CORROMPIDA...

Quero viver uma vida sem conflitos, e vida aqui significa ação. Nestes termos, compreendo que a vida em si sempre causa conflitos. Quero encontrar um modo de vida que se resuma em ação, EM QUE NÃO HAJA CONFLITO. Conflito significa imitação, conformismo, enquadramento num padrão que visa evitar conflitos e que redunda NUM MODO DE VIDA MECÂNICO. Podemos encontrar um modo de vida no qual não haja o menor resquício de imitação, de conformismo, de repressão? Antes de tudo, não se trata de "encontrar". É melhor abolir essa palavra. Trata-se de viver agora, o dia de hoje, no qual não há conflito.

Essa ação não será desastrosa. Minha inteligência, visualizando e observando, atentamente, todos os tipos de ações que existem no âmbito do conhecido, faz a si mesma essa pergunta. É a inteligência agora que está atuando...

A palavra "inteligência" significa não apenas uma mente muito alerta, mas também a capacidade de ler nas entrelinhas. Leio nas entrelinhas da ação conhecida. Ao ler isso, minha inteligência informa que, no ÂMBITO DO CONHECIDO, A AÇÃO SERÁ SEMPRE CONTRADITÓRIA...

A meu ver, qualquer ação que venha acompanhada de motivo, causará, inevitavelmente, um distanciamento, uma CONTRADIÇÃO. Isso para mim não é teoria, mas um fato. Daí eu indagar se existe na minha mente, no momento em que estou investigando, vestígios de contradição... Observando atentamente, concluo que uma ação, baseada na crença, torna-se contraditória. Faço, então, a mim mesmo a seguinte pergunta: Existe, acaso, uma crença que incorpore vida, ação e, consequentemente, contradição? Se existe, irei persegui-la e a destruirei.

Nesse tipo de atenção, não há o ato de perseguir, nem o ato de destruir. A partir desse tipo de atenção, dessa observação, a crença acaba para mim, não para você. Ela chega ao fim. Nesse tipo de atenção, passo a compreender que qualquer forma de conformismo gera medo, repressão, subserviência. Portanto, nessa atenção verdadeira, afasto esses aspectos, de forma a destruir qualquer ação baseada em recompensa ou castigo (em qualquer forma de cálculo). O que acontece então? Constato que, quando alicerçada num ideia, qualquer ação no relacionamento divide as pessoas. Focalizando a atenção no âmbito do conhecido, todos os seus fatores, estrutura e natureza deixam de existir. É nesse momento que a atenção se torna de extrema importância ao inquirir: "Existe alguma ação livre de todas essas coisas?"...

Partindo do princípio de que a atenção é percepção sem ação, não há como haver conflito. Ela é infinita. Uma ação baseada na crença representa um grande desperdício de energia, ao passo que, baseada na atenção, produz uma energia própria, sem limites. O cérebro sempre funcionou no campo do conflito, das crenças, do artificialismo, do conformismo, da obediência, da repressão; sempre funcionou assim e, ao tomar consciência desse fato, a atenção começa a agir. AS PRÓPRIAS CÉLULAS CEREBRAIS FICAM ALERTAS...

Atenção é ação. Temos também afirmado que seu conteúdo é a consciência.

Concordo que, em estado de atenção as células cerebrais sofrem alteração; que de um ponto de vista biológico, cada célula constitui um ser independente, capaz de renovar energia e, portanto, de atuar por conta própria. As células têm essa capacidade porque a percepção faz parte de sua estrutura interior.

As células cerebrais têm sofrido perda de energia devido a conflito, imitação ou coisa que o valha, a que estão acostumadas. Agora, porém, puseram fim a tudo isso. Livraram-se dessas influências e o cérebro deixou de armazenar resíduos. Pode até funcionar tecnologicamente, mas, tendo compreendido a vida como ação sem conflito, encontra-se em ESTADO DE ATENÇÃO. Quando existe atenção plena, profunda, não-imposta, não-dirigida, não-desejada, então toda a estrutura está iva. Não no sentido comum, mas numa ação diferente. EU ACHO QUE OCORRE UMA TRANSFORMAÇÃO FÍSICA. Acredito que seja um prenúncio de morte, o que já é morte. Existe, pois, uma ação que não se repete e, sendo assim, estar livre do conhecido equivale perscrutar o desconhecido.

Essa libertação do conhecido existe também nas células cerebrais. As células cerebrais participam, ao mesmo tempo, do conhecido e da libertação do conhecido.

O cérebro está livre de esquemas, o que equivale a uma transformação física.

Portanto, está ocorrendo uma transformação definitiva... Isso acontece logicamente, porque quando a mente funciona no âmbito do conhecido age de acordo com esquemas. O mesmo se dá com as células do cérebro. Quando não existem esses esquemas, o cérebro passa a atuar na sua totalidade, LIVRE DE ESQUEMAS (cálculos), em plena liberdade, que é sinônimo de atenção.

Krishnamurti

Por que nos conformamos com a superficialidade de nossa vida?


A maior parte de nossas vidas é muito superficial, e é possível viver em grande profundidade e agir superficialmente? É possível que a mente habite ou viva em grande profundidade?... Vivemos superficialmente, e a maioria de nós está satisfeita com isso.

Alguns não estão satisfeitos. Porém, não sabem como aprofundar.

A maioria de nós suporta a vida. Agora, como a mente pode penetrar em profundidades maiores?... Eu afirmo que ela precisa de uma reserva de energia, de um impulso, e pergunto: como deve ser desenvolvida essa energia?

Vamos esquecer a palavra "energia", por enquanto. Eu levo uma vida muito superficial, e vejo a beleza, intelectual ou verbal, de uma vida, de uma mente que tenha penetrado em si mesma de um modo realmente profundo, e pergunto: Como isso pode ser conseguido?... Como isso deve ser feito? O pensamento pode se aprofundar? O pensamento pode se tornar mais profundo?... Estou perguntando se o pensamento, que é tempo, que é o passado, pode chegar a essa profundidade?

Eu vejo muito claramente que qualquer profundidade mensurável ainda constitui um tipo de avaliação. Eu vejo esse aprofundamento como se ele dependesse do tempo; pode levar anos e, portanto, eu o vejo intelectualmente, raciocinando; vejo que a profundidade significa uma qualidade intemporal, incomensurável, um infinito cujo fundo não pode ser alcançado.

Vejo que a minha vida é uma vida superficial. Isso é óbvio. Portanto, eu digo a mim mesmo: o pensamento pode chegar a essa profundidade, já que ele é o único instrumento que tenho?

Eu levo uma vida muito superficial, e quero descobrir por mim mesmo se há uma profundidade que não seja mensurável, e constato que o pensamento não pode alcançá-la, porque o pensamento é um tipo de medida, o pensamento é tempo, o pensamento É RESPOSTA DO PASSADO; portanto, O PENSAMENTO PROVAVELMENTE NÃO PODE ENTENDÊ-LA. Então, o que isso causará? O pensamento não pode entendê-la e este é o único instrumento que o homem tem, então, o que ele deve fazer? O pensamento na sua atividade, na sua função, CRIOU ESTE MUNDO SUPERFICIAL NO QUAL VIVO, DO QUAL FAÇO PARTE. Isso é óbvio. Ora, é possível para a mete, sem o uso do pensamento, compreender algo que seja incompreensível? Não só em alguns momentos do meu sono ou quando estou andando sozinho, MAS VIVER ASSIM. Minha mente diz que a profundidade precisa ser descoberta para que a mente tenha essa qualidade — tenho de estar ciente dessa profundidade estranha e incompreensível de ALGO que não tem nome.

[...] Nós já discutimos isso: o pensamento é tempo, o pensamento é cálculo, o pensamento é resposta da memória, o pensamento é conhecimento, é experiência, passado; portanto, o passado é tempo. Esse pensamento tem de atuar sempre superficialmente. Isso é simples. Não se trata de uma abstração, mas de uma realidade. Mas o que é o pensamento? O pensamento não pode entender isso. Isso é tudo. Deixe-o como está.

[...] Ao levar uma vida superficial, como os seres humanos levam, eu digo a mim mesmo que eu gostaria de atingir essa profundidade onde há grande amplitude e beleza, algo imenso. Ora, o que devo fazer? Qual é a outra operação ou o outro movimento que deve acontecer quando o pensamento não está funcionando? A mente pode continuar sem limites?... Durante toda a sua vida, você conheceu o que são limites. Agora, pergunto a vocês: A mente pode existir sem limites?

[...] Eu quero descobrir se a minha mente, que foi condicionada ao movimento de avaliação — avaliação que equipara comparação, imitação, aquiescência, um ideal, uma resistência que a salvaguarda da não-avaliação — eu quero descobrir se a mente pode dizer: "Agora eu entendi todo o movimento de avaliação e vejo onde é o seu legítimo lugar e onde ela não cabe?"...

O pensamento examinou a mente, analisou-a num determinado momento; o pensamento indagou, insistiu, ponderou e a firma ter visto todo o movimento de avaliação e que a verdadeira percepção desse movimento é o fim desse movimento. A verdadeira percepção do movimento, isto é, o próprio ato de ver é a atividade e o fim dessa atividade. Ver que esse movimento é tempo, cálculo, ver todo o seu esquema, a sua natureza, a sua estrutura, essa verdadeira percepção age no sentido de colocar fim a esse movimento. Portanto, o ato de ver (sem ação do pensamento) é o ponto final. Não há nenhum esforço envolvido nisso. Você diz: "Eu vi isso". Viu mesmo?

Krishnamurti

O descondicionamento está no colapso cerebral


Nós dissemos que o conhecido é a consciência — que o conteúdo da consciência é o conhecido. Ora, há algo fora disto, algo que não é conhecido, que é totalmente novo e que ainda não existe nas células do cérebro? E se está fora do conhecido, é reconhecível? — porque, se for reconhecível, ainda está no âmbito do conhecido. E está disponível só quando o processo de reconhecimento e da vivência chega ao fim. Eu quero me limitar a isso. Pupul perguntou: Isso existe no que é conhecido ou no que está fora do conhecido e, se está fora do conhecido, já se encontra nas células do cérebro? Se está nas células do cérebro, já é conhecido, porque as células do cérebro não podem conter algo novo. No momento em que está nas células cerebrais, já é tradição.

Eu gosto de pesquisar a fundo. Há algo mais do lado de fora do cérebro? Isso é tudo. EU DIGO QUE HÁ. Porém, todo processo de reconhecimento, de experiência, está sempre dentro do campo do conhecido e qualquer atividade das células cerebrais, afastando-se do conhecido, tentando examinar algum outro campo, está no âmbito do que já se conhece.

Como se sabe que existe alguma coisa?

Você não pode saber. Há um estado em que a mente não conhece nada. Há um estado no qual o reconhecimento e a experiência, que são a atividade do conhecido, CHEGAM TOTALMENTE AO FIM.

Repare: o organismo, as células do cérebro, chegam a um fim. Tudo sucumbe; HÁ UM ESTADO TOTALMENTE DIFERENTE... Os sentidos estão em inatividade temporária...

Quando o conteúdo da consciência, com suas experiências, suas buscas, seu desejo por algo novo, INCLUSIVE SUA ÂNSIA POR SE LIBERTAR DO CONHECIDO, chega a um fim, SÓ ENTÃO A OUTRA QUALIDADE DE SER PASSA A EXISTIR. A qualidade anterior tem um motivo; a mais recente não tem. A mente não pode chegar nessa desconhecida qualidade de ser através de um motivo. O motivo é o conhecido. Portanto, a mente pode chegar a uma conclusão que diga: "Não vale a pena investigá-la; eu sei como fazê-la chegar a um fim, a ignorância é parte desta necessidade de experimentar mais?" Quando essa mente chega a uma conclusão — a uma conclusão que não seja causada pelo esforço consciente, em que há motivo, vontade, direção — então, A COISA EXISTE...

Quando não há movimento de reconhecimento, de vivência, de motivo, acontece a liberdade em relação ao conhecido... Essa atividade chegou temporariamente a um fim: isso é tudo.

[...] O cérebro funciona dentro do âmbito do que se conhece; nesta operação, há reconhecimento. Mas, quando o cérebro, quando a sua mente está COMPLETAMENTE QUIETA, você não vê a sua mente quieta. Não há conhecimento de que a sua mente esteja quieta. Se você sabe disso, ela não está quieta, porque nesse caso existe um observador que diz: "Eu sei". A quietude sobre a qual estamos falando é não-reconhecível, não-experienciável. Em seguida, surge uma entidade que quer lhe dizer isso através da comunicação verbal. No momento em que ela, a entidade, passa a se comunicar, a mente, em repouso, não está mais presente. APENAS OLHE PARA A MENTE. Algo advém além dela. Ela existe para o homem. Não estou dizendo que ela existe sempre. Ela existe para o homem que entendeu o conhecido. Ela existe e nunca desapareceu e, embora, o homem se comunique, ele sente que a mente nunca se foi; ela existe.

[..] Comecemos de novo. É por acaso que ESSE OUTRO ESTADO DE SER pode acontecer a nós, ou se trata de uma exceção? Isso é o que estamos discutindo agora. Se é um milagre, pode acontecer com você? NÃO É UM MILAGRE; NÃO É ALGO DADO DO ALTO, de modo que alguém pode perguntar: Como isso aconteceu com esta pessoa e não a outra — certo?

O que podemos fazer?

Eu digo que vocês não podem fazer nada — o que não significa não fazer!...

Isso faz com que a iluminação entre em ação.

Você tem de atingir ESSA COISA com muita clareza. Você tem de atingi-la muito iluminadamente — em toda atividade — e, à medida que o corpo e os sentidos ficam iluminados, os dias e as noites passam facilmente. Você vê que se morre a todo minuto.

Para expressar tudo isso de uma forma diferente, chamaremos nesta ocasião de "ESSA" a energia infinita e, de a outra, a energia criada pelo medo e pelo conflito, totalmente diferente de "ESSA". Quando não há conflito, ESSA energia infinita está sempre se renovando. A energia que é falha é a que nós conhecemos. Qual é a relação da energia que falga com "ESSA"? Não existe nenhuma relação.

Krishnamurti
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill