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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Nossos conflitos nascem da desatenção

O que entendemos por ação? O fazer, o ato físico de fazer, o ir e vir, a busca intelectual ou emocional da solução de um problema? Sendo assim, para nós, significa "agir sobre", "através" ou "a partir de" (sempre algo pontualizado). Poderia, existir uma ação que não cause conflitos — externos o internos? Uma ação não fragmentada pelo pensamento? Uma ação cujo desenrolar não apresente vínculos dependentes com o meio circundante, ou comigo, ou com a comunidade? Uma ação intemporal? Tudo isso, para mim, é ação. Porém, no que nos diz respeito, ação sempre tem relação com outrem. Sendo assim, refere-se à comunidade em que vivemos. Nossos atos estão subordinados a condições ambientais, pessoais, econômicas, climáticas. Estão alicerçadas em crenças, em ideias e assim por diante. É o que se entende por ação. Eu, porém, quero descobrir se há uma ação que não dependa de pressões do meio...

Quero chegar a algo muito mais profundo. Que ação é AUTO-ENERGIZANTE? A que congrega, ao mesmo tempo, infinito movimento e energia infinita? Estou sendo claro? Acho que isto é ação... Sinto que todas as nossas ações são fragmentadas. Todas as nossas ações são destrutivas: SUSCITAM A DIVISÃO QUE GERA O CONFLITO. Nossas ações situam-se sempre no âmbito do conhecido e, portanto, estão vinculadas e são prisioneiras do tempo. É isso. Quero descobrir se há algum outro tipo de ação. Estamos cientes de que a ação, de um modo geral, se encontra sempre no âmbito do conhecido. Estamos também cientes da existência de uma ação tecnológica, de uma ação racional e de uma ação comportamental. Haverá outra?...

Dentro do campo da consciência, sabemos muito bem o que é ação. É tudo o que existe dentro do âmbito do conhecido. Acredito que esse tipo de ação conduza necessariamente a diversas formas de DESUNIÃO, MÁGOA e FRUSTRAÇÃO... Pergunto a mim mesmo: existe um outro tipo de ação que não pertença a esse âmbito da consciência que acarreta derrota, frustração, angústia, infelicidade, confusão? Um tempo de ação intemporal?... SEMPRE AGIMOS NO ÂMBITO DO CONHECIDO. Quero saber se existe uma ação livre de atritos. Só isso. Sei que toda ação gera algum tipo de atrito. Quero descobrir um tipo de ação NÃO-CONTRADITÓRIA, NÃO-CONFLITANTE.

O que não significa que uma ação tenha de ser consciente ou obedecer a um determinado padrão. A subserviência a um determinado padrão conduz à completa destruição do cérebro. Essa conduta implica uma mera repetição mecânica. Quero chegar a um tipo de ação que NÃO SEJA REPETITIVA, CONFLITANTE, IMITADORA, CONFORMISTA e, por conseguinte, CORROMPIDA...

Quero viver uma vida sem conflitos, e vida aqui significa ação. Nestes termos, compreendo que a vida em si sempre causa conflitos. Quero encontrar um modo de vida que se resuma em ação, EM QUE NÃO HAJA CONFLITO. Conflito significa imitação, conformismo, enquadramento num padrão que visa evitar conflitos e que redunda NUM MODO DE VIDA MECÂNICO. Podemos encontrar um modo de vida no qual não haja o menor resquício de imitação, de conformismo, de repressão? Antes de tudo, não se trata de "encontrar". É melhor abolir essa palavra. Trata-se de viver agora, o dia de hoje, no qual não há conflito.

Essa ação não será desastrosa. Minha inteligência, visualizando e observando, atentamente, todos os tipos de ações que existem no âmbito do conhecido, faz a si mesma essa pergunta. É a inteligência agora que está atuando...

A palavra "inteligência" significa não apenas uma mente muito alerta, mas também a capacidade de ler nas entrelinhas. Leio nas entrelinhas da ação conhecida. Ao ler isso, minha inteligência informa que, no ÂMBITO DO CONHECIDO, A AÇÃO SERÁ SEMPRE CONTRADITÓRIA...

A meu ver, qualquer ação que venha acompanhada de motivo, causará, inevitavelmente, um distanciamento, uma CONTRADIÇÃO. Isso para mim não é teoria, mas um fato. Daí eu indagar se existe na minha mente, no momento em que estou investigando, vestígios de contradição... Observando atentamente, concluo que uma ação, baseada na crença, torna-se contraditória. Faço, então, a mim mesmo a seguinte pergunta: Existe, acaso, uma crença que incorpore vida, ação e, consequentemente, contradição? Se existe, irei persegui-la e a destruirei.

Nesse tipo de atenção, não há o ato de perseguir, nem o ato de destruir. A partir desse tipo de atenção, dessa observação, a crença acaba para mim, não para você. Ela chega ao fim. Nesse tipo de atenção, passo a compreender que qualquer forma de conformismo gera medo, repressão, subserviência. Portanto, nessa atenção verdadeira, afasto esses aspectos, de forma a destruir qualquer ação baseada em recompensa ou castigo (em qualquer forma de cálculo). O que acontece então? Constato que, quando alicerçada num ideia, qualquer ação no relacionamento divide as pessoas. Focalizando a atenção no âmbito do conhecido, todos os seus fatores, estrutura e natureza deixam de existir. É nesse momento que a atenção se torna de extrema importância ao inquirir: "Existe alguma ação livre de todas essas coisas?"...

Partindo do princípio de que a atenção é percepção sem ação, não há como haver conflito. Ela é infinita. Uma ação baseada na crença representa um grande desperdício de energia, ao passo que, baseada na atenção, produz uma energia própria, sem limites. O cérebro sempre funcionou no campo do conflito, das crenças, do artificialismo, do conformismo, da obediência, da repressão; sempre funcionou assim e, ao tomar consciência desse fato, a atenção começa a agir. AS PRÓPRIAS CÉLULAS CEREBRAIS FICAM ALERTAS...

Atenção é ação. Temos também afirmado que seu conteúdo é a consciência.

Concordo que, em estado de atenção as células cerebrais sofrem alteração; que de um ponto de vista biológico, cada célula constitui um ser independente, capaz de renovar energia e, portanto, de atuar por conta própria. As células têm essa capacidade porque a percepção faz parte de sua estrutura interior.

As células cerebrais têm sofrido perda de energia devido a conflito, imitação ou coisa que o valha, a que estão acostumadas. Agora, porém, puseram fim a tudo isso. Livraram-se dessas influências e o cérebro deixou de armazenar resíduos. Pode até funcionar tecnologicamente, mas, tendo compreendido a vida como ação sem conflito, encontra-se em ESTADO DE ATENÇÃO. Quando existe atenção plena, profunda, não-imposta, não-dirigida, não-desejada, então toda a estrutura está iva. Não no sentido comum, mas numa ação diferente. EU ACHO QUE OCORRE UMA TRANSFORMAÇÃO FÍSICA. Acredito que seja um prenúncio de morte, o que já é morte. Existe, pois, uma ação que não se repete e, sendo assim, estar livre do conhecido equivale perscrutar o desconhecido.

Essa libertação do conhecido existe também nas células cerebrais. As células cerebrais participam, ao mesmo tempo, do conhecido e da libertação do conhecido.

O cérebro está livre de esquemas, o que equivale a uma transformação física.

Portanto, está ocorrendo uma transformação definitiva... Isso acontece logicamente, porque quando a mente funciona no âmbito do conhecido age de acordo com esquemas. O mesmo se dá com as células do cérebro. Quando não existem esses esquemas, o cérebro passa a atuar na sua totalidade, LIVRE DE ESQUEMAS (cálculos), em plena liberdade, que é sinônimo de atenção.

Krishnamurti
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill