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Vazio, tédio e deserto


"Se você tomar em suas próprias mãos esse processo natural do seu amadurecimento espiritual, ele será acelerado e ficará mais próximo a cada passo que você der no Caminho espinhoso". — Mouni Sadhu

É comum, algumas poucas pessoas que se aproximam de nós, aqui chegarem nos relatando um profundo estado de insatisfação e de saturação total com tudo que se apresenta de conhecido. Segundo nossa vivência, isso é ótimo e ESSENCIAL, chamamos isso de "Ponto X", essa saturação, o fator determinante, o "Fator X" que abre um portal para nosso coração sutil. No início a coisa acontece mesmo pelo mental; é um "verbo", que leva um certo tempo para que o mesmo "vire carne e habite em nós", passando a fazer parte integrada de uma inteligência amorosa e criativa. A chave é a SATURAÇÃO, inclusive com tudo que colhemos na assim chamada "busca espiritual". Quando chegamos neste momento de saturação, nada daquilo que antes nos nutria, nos brinda com frescor ou nutrição. Há um sentimento de ausência, de falta de paz e, o que mais se apresenta é a solidão e o sentimento de não pertencer. Isso é o que convencionamos chamar de "Deserto do Real". Nesse período, é como se ninguém falasse a nossa língua, como bem diz o poeta, parece que ninguém está falando o que queremos escutar e ninguém está escutando o que queremos dizer. Mas, por mais doloroso que esse momento se apresente, o mesmo se faz profundamente essencial para o alcance de um estado de autonomia e autossuficiência psicológica. Os que se deparam com esse doloroso e fecundo período, são aqueles que, de forma arquetípica, já se encontram com mais de 40 anos no deserto do real. Já falamos aqui sobre isso, num áudio que se encontra em nosso blog, cujo título é: "40 anos no deserto — novas moradas de consciência". Se você é um daqueles que se identifica com isto que estamos falando, antes de mais nada, tenha em mente e coração o seguinte: nós lhe compreendemos, pois já vivemos isso e sabemos muito bem o quanto que esse momento é profundamente doloroso. No entanto, saiba você que, por detrás desse período doloroso é que se encontram as sementes de sua integridade emocional psíquica, bem como da descoberta de sua real vocação a qual aponta para um novo sentido e direção existencial, consciencial.
Caro confrade — poeta quase morto ressuscitado para o desfrute da realidade da vida — quando nos abrimos, quando nos prontificamos para uma escuta atenta dessa solidão, dessa insatisfação, para esse necessário processo de desilusão, nos permitimos o movimento interno de "desentulhar", movimento esse que nos prepara para a manifestação de um estado de ser cuja mente é "inocente", não condicionada, não maculada pelos limites do pensamento. Aqui já não há mais espaço para aquela doentia e tão incentivada busca pelo ajustamento ao que é tido como "normal"; isso já não faz o menor sentindo; só há espaço e energia para a entrega a algo que transcenda os limites do conhecido. É natural aqui que, muito daquilo que achávamos ser essencial, se mostrar como cinzas em nossas bocas: relacionamentos, profissões, instituições, tudo parece perder sentido; há uma imperiosa necessidade de algo mais, algo esse que, no mais intimo de nós, sabemos não se encontrar em nenhuma situação externa, nem mesmo, na antiga e tão alimentada idéia de consolo em alguma forma de um deus externo preconcebido segundo a nossa imagem e semelhança. É natural um forte impulso para abrir mão de várias situações externas, como se elas fossem a natureza exata de nossa angústia e insatisfação. No entanto, podemos afirmar que essa é mais uma das armadilhas de nossa mente condicionada. Não estamos querendo afirmar com isso que não existam situações que realmente se mostram prejudiciais e das quais talvez seja necessário nos distanciarmos. No entanto, podemos afirmar que, poucos são aqueles que conseguem perceber o que realmente precisa ser tocado; a mente, com sua sagacidade, disso que precisa ser tocado — que é ela mesma — nos mantém distanciados e inconscientes. Podemos alterar tudo em nossa volta, mas, se permanecemos presos na identificação mental, não há a menor possibilidade de conhecer o que vem a ser um estado de ser, cuja base está numa amorosa inteligência integrada, a qual é capaz de tornar nova todas as coisas, a qual é capaz de trazer um novo olhar em nossa vida de relação. Isso que torna nova todas as coisas é a essência de nossa natureza real, nossa natureza não condicionada, não contaminada pelo campo do pensamento, a qual nos brinda com a manifestação de nosso real local de ação neste espaço tempo, com uma mensagem "impessoal", da qual somos tão somente os mensageiros e não a mensagem, o que podemos também chamar de real vocação.
Caro confrade, esse período de solidão, esse período de insatisfação e descontentamento, o qual é profundamente essencial e evolutivo, funciona como uma espécie de portal que separa os adultos dos adolescentes espirituais. Em nossa adolescência espiritual é que nos permitimos ao ajustamento servil, o qual é motivado pelo medo do abandono e da solidão, pela necessidade de aceitação parental/social, a qual nos impele ao insano comportamento de autoboicote em nome de tentar atender essas inumeráveis e descabidas — quase sempre não atendidas exigências parentais/sociais. Esse período doloroso de desconstrução, aponta para uma nova maneira de ver a tudo, uma nova maneira de estar na vida de relação, nunca se quer imaginada. É natural, nesta faze de transcendência entre a adolescência e a maturidade do espírito humano, vivenciarmos um período de rebeldia — não inteligente — dotada de uma "visão ácida" e, não raro, "muito amarga", onde toda forma de relação se apresenta muito pesada, destituída de um estado de compaixão com o momento psíquico do "outro". Sem dúvida, aqui, é um momento de muita angústia e solidão que, apesar de se mostrar por vezes um tanto terrível, com o passar do tempo, se mostra profundamente fundamental... Funda novas bases para a faculdade do uso do mental de forma consciente e não, como outrora, de forma automaticamente inconsciente e reativa. Quando atravessamos este portal que nos direciona para o contato consciente com o ser que somos, em nossa real natureza, a qual nada tem em comum com essa persona, com essa imagem, com esse feixe de memórias que até então pensávamos ser, se manifesta em nós, tanto uma enorme e profunda compreensão de nós mesmos como do "outro" que pensávamos ser "outro". Portanto, caro confrade, essa capacidade de ficar com a solidão, sem anestesiá-la de nenhuma forma — mesmo com materiais espirituais livrescos ou institucionalizados — se faz PROFUNDAMENTE NEFCESSÁRIA —; é ela que nos prepara para a limpeza de nosso antigo vício de ser psicologicamente influenciados e que, sem a manifestação, de boa vontade à tal limpeza, não há como se instalar em nós um estado de genuína autonomia psíquica, a qual nos brinda com a capacidade de saber o que é a felicidade e a liberdade de estar consigo mesmo, seja em momentos de silêncio e de ócio criativo, seja em momentos de relação social ou de momentos de desfrute com a natureza que nos cerca e da qual, agora, somos parte responsavelmente integrantes. Quando atingimos este portal do ser que somos, um profundo movimento "criativo" começa a se instalar e, desse criativo, o despertar de nossos talentos adormecidos, tão essenciais para a ocorrência de nosso transbordamento vocacional que, em última análise, é o fundamento e o sentido de nossa encarnação neste espaço tempo.
Portanto, à você caro confrade que, por ventura, neste momento se depara com este fecundo período de descontentamento, de insatisfação, de angústia e solidão, o qual chamamos de "ponto de saturação", é com grande alegria que lhe incentivamos: ouse se abrir e abraçar com zelo este fecundo momento de gestação de um novo homem profundamente integrado com a essência de tudo que é. Saiba que, neste período, muito de nós vivenciamos na pele, dores corporais, as quais são bem naturais e que nada tem a ver com o que nossa mente condicionada tende a rotular como sendo somatizações emocionais. Aqui não tem nada de místico ou esotérico, no que lhe dizemos; se não bastasse a nossa própria vivência, saiba que acompanhamos muitas pessoas no mesmo processo, lemos muitas biografias que apontam para o mesmo. Aqui, trata-se de um descondicionamento, uma espécie de realinhamento corporal, um realinhamento de nossa energia vital, a qual vai trabalhando de forma sutil, a dissolução de nossos condicionamentos, sejam estes conscientes ou inconscientes. Se você quiser um exemplo, poderá recorrer a vivência do próprio Jiddu Krishnamurti, que teve essas dores por mais de 40 anos, relatando-as em alguns poucos livros. Não podemos afirmar isso, mas, nossa intuição nos diz que Krishnamurti procurava não falar muito sobre isso, ou mesmo sobre "Deus", para não acrescentar a possibilidade de mais condicionamentos aos seus ouvintes e leitores. No entanto, nunca ocultou isso daqueles que lhe estavam mais próximos. Na maioria dos casos, essa dor começa na região lombar, ciática, depois subindo para a região do pescoço, próximo as costas, bem na base do pescoço. Depois, num estado mais a frente, é comum senti-la próxima a região do omoplata e, mais adiante, não raro, no centro coronário. É comum a mente querer nos distrair com idéias de possíveis e sérios "problemas físicos". Quando essa dor começa a se manifestar nesse ponto coronário, a mesma vem acompanhada de uma espécie de "quentura", muito benfazeja, algo parecido como uma "chama", uma energia de sagrada presença. Krishnamurti, em seu diário escrito por volta de 1961, denominava essa energia de "a coisa" ou então, de "o processo". Esse é um momento em que, pelo constante processo de desidentificação com o antigo estado de mente, a dimensão de nosso "coração sutil" começa a se manifestar. Há uma percepção de que "algo" superior a nossa vontade nos prepara para o alcance de novos "estados de retomada consciencial". Nesses momentos, ficamos em silêncio, prestando atenção no "sopro" que nos habita e no qual somos; nessa percepção, "instala-se" uma "PRESENÇA" que transcende os limites do pensamento. Isso precisa ser uma vivência direta e não apenas mais uma idéia condicionante. Nossa vivência apresenta uma mescla entre fortes dores musculares e essas "invasões de quente presença", onde se dá também, uma "observação sem resistência" com relação a essas dores; por não ter espaço para qualquer forma de resistência, não ocorre a ampliação dessas dores; uma vez que há uma percepção real de que se trata de um necessário processo de "realinhamento energético", o que ocorre é uma total entrega a este fecundo processo consciencial.
Caro confrade, se, por acaso, você estiver vivenciando algo parecido ao que acima relatamos, sugerimos que você procure pelo livro de título, "DIÁRIO DE KRISHNAMURTI", o qual para nós, se mostrou profundamente revelador nesse momento. Portanto, se esse for o seu caso, se essa saturação e essa sensação de solidão estiverem fazendo parte de sua "estruturante desestruturação" das artimanhas do pensamento, a qual vive sempre criando conflitos, lhe sugerimos que você ouse dar as boas vindas à toda manifestação mental emocional, abraçando-a sem qualquer tipo de resistência ou justificação. Para nós, segundo nossa vivencia, de fato, esse é o um momento de parto de um novo estado de consciência; é como um estado fetal. Você pode abortar esse processo através da busca de entretenimento, de distração, ou então, pode dar a devida atenção ao sopro que anima a batida cardíaca desse SER que é você, e que agora se encontra saindo da identificação com os limites da dimensão mental para a infinitas possibilidades quânticas da dimensão sensitiva intuitiva, amorosamente criativa, a qual se manifesta na região sutil do coração, não no coração no sentido "carne, físico", mas num coração sutil de ENERGIA PURA.  De coração e mente aberta é que lhe afirmamos não haver nada de misticismo nisso, mas sim, algo realmente qualitativamente prático. Foi aqui que muitos de nós passamos a compreender — limpos de qualquer ranço de crença religiosa organizada — o porque de vários quadros antigos com a imagem de Jesus aparecendo com um coração pegando fogo, totalmente cercado de espinhos. Você consegue se lembrar de alguma imagem como esta? Aqueles espinhos, são arquétipos da solidão e da insatisfação das quais agora você se ressente; a insatisfação, o deserto... Nesses quadros, a imagem de Jesus sempre apontava para o coração? Você se recorda? Isso é um arquétipo do que agora você vivencia; sua coroa de espinhos criada pelos violentos ataques dos pensamentos mentais já cravou em sua mente; já fez sangrar o que precisava sangrar; agora é momento de renascimento, de ressurreição da consciência que você é, em seu devido lugar, outrora ocupado por uma imagem, por um ego. Caro confrade, você agora vive dores de parto, um parto delicado, que requer cuidados, zelo, silêncio, carinho, colo e, só você é que pode dá-lo. Isso é o que chamamos de momento de "prontificação", ou seja, estar pronto, mental, emocional e fisicamente para o "derrame dessa Inteligência Integrada", a qual se fez presente em vários homens e mulheres, entre eles, Krishnamurti. Isso é o que tentamos relatar em nosso 11º Passo: "Procuramos, através da percepção intensa do momento presente e do contato com a energia de nosso corpo interior sutil, abrir um canal conducente para um acesso consciente com o Não Manifesto, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade."... Percepção intensa do movimento presente, sem qualquer forma de resistência... Sem fugir, sem brigar, sem retalhar, sem comparar, sem justificar... Só observar, em silêncio e em entrega. Se isso ocorre, essa energia calorosa aumenta, consumindo condicionamentos, medos, angústias, ansiedades, isolamento, incapacidade de amar, instalando assim, uma profunda necessidade de entrar em contato com os outros, em querer "VÊ-LOS" pela primeira vez de forma incondicionada, com uma profunda capacidade amorosa de perceber e aceitar o momento psíquico daquele ainda plenamente identificado com a limitante e fragmentadora dimensão mental. Aqui, a vida de relação ganha uma nova dimensão, dimensão esta dotada de possibilidades de qualidade quânticas nunca antes sequer imaginadas. Portanto, PRONTIFICAÇÃO é a palavra; percepção do sopro que lhe habita, retomar seu ritmo no sopro que é você, percepção dessa energia vital bem ai no centro cardíaco, aceitação das dores corporais como parte de um processo de realinhamento energético e de descondicionamento celular.
Caro confrade, outra coisa que se fez muito importante e da qual já íamos esquecendo; sugerimos que você passe a observar seu condicionamento alimentar. Isso se mostrou também fundamental neste processo de retomada da consciência real que somos. Há uma lógica nisso; percebemos que era preciso nos manter o mais ociosamente possível, nos desgastar menos possível, nos dedicar à momentos de repouso observador, diminuir as atividades externas, nos recolhendo o máximo possível, algo como que um retiro sabático e, nesse retiro, tomar a consciência da necessidade de alimentos leves afim de NÃO TER QUE GASTAR MUITA ENERGIA ATRAVÉS DO PROCESO DE DIGESTÃO; passamos a ingerir muita água e nos alimentar com mais frutas e legumes; diminuímos muito a quantidade de carne — não a deixamos de comer — mas percebemos que a mesma demora e exige muito mais ENERGIA VITAL PARA SER PROCESSADA. Percebemos que as frutas e água nos deixavam mais "leves" e com o espaço entre os pensamentos bem mais fluído. Passamos a evitar ao máximo a gordura, não por questão de estética corporal, mas sim, pela consciência de que a mesma embotava as nossas células corporais, requisitando das mesmas, uma maior quantidade de energia vital. Caminhadas passaram a fazer parte do nosso dia e vimos que isso também fazia parte de um processo também feito por Krishnamurti. Um maior centramento e acúmulo de energia vital foi se instalando, uma clareza mental foi se instalando, um estado de presença consciente foi se instalando, uma nova fala foi se instalando, em outras palavras: CONSCIÊNCIA tornando-se consciente de si mesma.
Caro confrade, você está no lugar certo e no momento certo! Só é preciso abrir mão de qualquer forma de resistência, não pelo esforço, mas pela consciência... Não é o eu quem faz as obras, mas o pai — o princípio amoroso inteligente — no qual somos, quem faz a obra. Você nos parece estar num momento muito fecundo; parece ser um "defunto bom!", parece estar no ponto, pronto para morrer antes de morrer! Você parece estar farto para tudo isso que é ilusório e pronto para o conhecimento do REAL. Se é isso que você busca, tão somente o conhecimento da verdade que é você, estamos juntos para trocar figurinhas sem colar. Estamos juntos para trocar experiência quanto a este caminhar por esta terra sem caminho. Sugerimos que, quanto antes possível, busque pelo seu ritmo, pela observação do sopro no qual você é, sentando-se em silêncio contemplativo... Retomar o ritmo, oxigenar a mente e, o mais importante: DESENTULHAR!... Você já tem tudo o que precisa ai com você, nesse agora que é você, então, mãos no colo e coração na massa! Descanse no ser que é você! Pegue-se no colo e encontre ai, aquilo que busca! Você e o mundo merecem isso!
Um fraterabraço e que haja excelência no AGORA QUE É VOCÊ!
Outsider44




"A Grande Separação está aqui... uma sensação especial e estranha de solidão absoluta... não pode ser comparada a nenhum sentimento de solidão pelo qual todos tenhamos passado alguma vez na vida. Tudo parece escuro e inanimado. Não há nenhum propósito em lugar algum ou em coisa alguma. nenhum Deus para quem rezar, nenhuma esperança. Nada, de modo algum."- Irina Tweedy — The Chasm Fire
Meus olhos se enchem de lágrimas
O que devo fazer? Aonde devo ir?
Quem pode acabar com minha dor?
meu corpo foi picado
pela cobra da "ausência"
E minha vida está se esvaindo
A cada batida do coração.
Mirabai, poeta indiano do século XV
"Com frequência, no mundo real, e com não menos frequência, nos mitos e contos populares, encontramos o triste caso do chamado que não obtém resposta; pois sempre é possível desviar a atenção para outros interesses. A recusa à convocação converte a aventura em sua contraparte negativa. Aprisionado pelo tédio, pelo trabalho duro ou pela "cultura", o sujeito perde o poder da ação afirmativa dotada de significado e se converte numa vítima a ser salva. Seu mundo florescente torna-se um deserto cheio de pedras e sua vida dá uma impressão de falta de sentido...Tudo o que pode ele fazer é criar novos problemas para si próprio e aguardar a gradual aproximação de sua desintegração". — Joseph Campbell



Deserto

Habitar no deserto
Antes de se dar a conhecer. (2X)
Nós estamos iniciando um trabalho sobre os símbolos da vida e começamos por ouvir um cântico  que diz "habitar no deserto antes de nos darmos a conhecer", porque nós temos muita pressa de nos manifestar, temos muita pressa de nos dar a conhecer, de inspirar os outros, de mandar nos outros mas, isto tudo, não acaba bem quando a gente ainda não atravessou o deserto. Então, o cântico está chamando atenção para isto. Nós quando estamos no caminho espiritual, temos uma grande necessidade de alimento espiritual, temos uma avidez interior da consciência que não se contenta mais com as coisas do mundo, nem com as coisas da vida; a consciência não se satisfaz mais com aquele ensinamento que vem de fora, por mais correto que ele possa ser, por mais real que ele possa ser, mas nós chegamos num ponto que não nos satisfazemos mais  com isso e, ao mesmo tempo, nós não temos ainda aquela possibilidade de nos nutrirmos e de encontrar este ensinamento, esta força, dentro de nós. É um momento intermediário este, porque todos nós deixamos de nos contentar com as coisas do mundo e da vida, sempre um pouquinho antes de conseguirmos a verdadeira Vida, de conseguirmos a coisa que estamos buscando. Todos passam por isso. E esse trecho do nosso caminho, no qual nada de fora nos satisfaz mais, mas ainda não temos aquilo de dentro, fluente, ainda não temos aquilo disponível, isto é que se chama "O deserto — atravessar o deserto". Mas, nós só chegamos nisso, nesta situação, depois que estamos realmente decididos a sermos guiados internamente.

E não temos outra decisão a tomar porque não se encontra mais guia aqui fora, não se encontra mais nada o que satisfaça realmente. E fica este intervalo, fica este hiato, fica este deserto, fica este trecho de caminho que nós temos que fazer, porque neste trecho do caminho aonde a gente não é nem uma coisa e nem outra, aonde a gente não encontra o que quer e não sabe onde buscar, ou sabe onde buscar e quando vai buscar lá não vem, nós precisamos de atravessar este deserto, nós precisamos desta situação, porque é nesta situação que nós vamos comprovar se somos perseverantes. É nesta situação que nós vamos comprovar para nós mesmos se a nossa fidelidade já está madura, já está treinada. Porque se, a nossa fidelidade é falsa, e se a nossa perseverança era artificial, ou era de um principiante, neste deserto, isto fica claro e, então, esta travessia não prossegue, não se dá e então nós passamos a viver situações intermediárias de compromisso até que estejamos prontos para uma nova prova e para um novo impulso. Se nós permanecemos nesta situação — e só na fé podemos estar ai, não — de precisarmos de uma coisa que deve vir de dentro e isto ainda não vem e fora nada corresponde, e se nós perseveramos, se nós não desistimos, e no momento que a gente decide continuar e prosseguir, apesar de tudo, neste momento, o deserto acaba. Neste momento começa a vir aquilo que tem que vir de dentro e isto é imperceptível, isto não dá sinais, não, e quando a gente percebe... Está chegando! Quando a gente percebe está vindo!

Enquanto nós não passamos por esta prova, tudo que nós passamos para os outros não é verdadeiro, não é comprovado em nós e o outro não sente segurança naquilo que a gente está passando, porque a gente ainda não atravessou o deserto. Então, nenhum de nós pode garantir se realmente é fiel e nenhum de nós pode garantir se é realmente perseverante, se é verdadeiro aquilo que diz ser. E o outro percebe isto! E não tem um referencial real, não recebe uma força que ele precisa, que ele necessita. E é bom que nós tenhamos isto claro para não decepcionarmos o outro neste ponto da fé e da perseverança, num momento em que o outro está numa situação critica, difícil para ele, e numa situação na qual nós já passamos. E sabemos que nestas situações de transição é bom que a gente não seja desestimulado, é bom que nossa parte melhor seja reforçada. Isto que constrói esta base sólida, isto que nos ajuda a atravessar este deserto e a darmos ao outro uma força e ajudarmos um outro em tudo aquilo que ele precisa, isto tudo é baseado na gratidão. Quem não tem gratidão pelo próprio processo, quem não tem gratidão pelas próprias provas pelas quais passa, não encontra jamais esta base em si. Então, a gratidão não se vai aprender nesta etapa; nós atravessamos o deserto, corretamente, sem fraquejarmos, quando já temos de fases anteriores, a gratidão treinada, a gratidão desenvolvida, a gratidão estabelecida em nós. Porque é só a gratidão que faz nós atravessarmos estas provas como se elas não pudessem nos abalar, como não podem mesmo nos abalar. São provas pelas quais nós passamos para o nosso crescimento; nós passamos pelas provas para crescermos espiritualmente, para desenvolvermos internamente. E, se dentro de uma prova, nós não somos gratos a ela, nós jamais teremos esta força, jamais teremos esta fidelidade de atravessar um deserto , jamais atravessaremos estas etapas de não saber onde estamos — que isto acontece ao longo do caminho espiritual — e de não saber como ter o alimento necessário. E aqui é preciso esta gratidão, já estabelecida no ser, gratidão que nós treinamos em outras etapas, treinamos diante de outras circunstâncias, de outras vivências, não é? E também, este firme propósito de não desviarmos da meta. Esta decisão de não sair do caminho, com o que quer que aconteça, e vai acontecer aquilo que pra nós é a coisa mais difícil... Então, vai acontecer uma coisa diferente para cada um. A prova para ver se você não desiste, vai ser diferente para cada um; porque esta prova é aquela mais dura para você. O plano escolhe a coisa que mais poderia te fazer retroceder e te dá aquilo e aquela é a sua prova. E ali você tem que comprovar a si mesmo que você é firme, isto é, que você é, que você não depende do outro, que você não depende do que o outro faz, o outro te faz aquilo que pra você é a coisa pior, ele está naquele papel e as circunstâncias estão naquele papel. Então, ali, você tem que ser firme, ali você tem que dizer: "Eu prossigo, eu prossigo, independentemente disto, apesar disto, eu prossigo!" Porque isto não tem a menor importância, tudo isto não tem a menor importância. O que tem importância é que você prossiga, nada mais!... O que se passou, o que se passa, o que você está sentindo, o que você está pensando, tudo isto não tem a menor importância diante deste ponto, de você prosseguir apesar de tudo. Este que é o ponto! E este é o ponto deste cântico, isto é o que está atrás deste cântico. E claro que ele não nos deixa assim, mas ele diz, em seguida, que nos mundo internos está a fonte do ensinamento. Você vá para o seu interior, você vá para dentro de si, de uma vez por todas, deixe de ficar esperando que isto venha de fora, ou que isto venha de alguém, de uma vez por todas, deixe disto e vá buscar o que você precisa, o ensinamento, o ensinamento para a vida, a forma de viver, a forma de estar na vida, você vá buscar tudo no seu interior. Isto é o que este cântico está trazendo para nós nesta altura.

E o ensinamento não é outro do que você encontrar esta via, de você encontrar este caminho para chegar na fonte, para chegar no seu interno, para chegar no seu ponto central, aquele que é o ponto central nesta etapa da tua vida. E, quando você chegar lá, quando você estiver no limiar deste ponto, ou quando você estiver dentro deste ponto, ai, a gratidão não vai ser mais uma coisa teórica para você, nem uma coisa que você precise buscar com muito esforço. Quando você chegar naquele ponto, você vai ver que lá dentro existe gratidão por tudo, existe gratidão por tudo que você viveu desde o princípio da tua vida, desde o princípio de tua encarnação; ali dentro de você existe gratidão por tudo. Então, você vai se unir com tudo realmente e você vai ser curado de ser ingrato, você vai ser curado de não compreender que tudo acontece para o teu bem, que tudo, seja o que for, está acontecendo sob medida, da forma certa, na dose certa, para você crescer. Mas isto, enquanto você não chega lá dentro, você tem que fazer um esforço para ser grato. Você tem que discernir, você tem que pensar, você tem que se superar, você tem que transcender aquilo que é a sua mente, aquilo que é a sua compreensão, você tem que fazer uma tábua rasa de todas as suas qualidades, enfim, você faz um esforço muito grande para ser grato. Você faz um esforço muito grande para aceitar, para caminhar. Mas, quando chega lá dentro, vem uma gratidão por tudo e nada fica fora desta gratidão. Isto é a fonte do ensinamento, esta é a fonte que está lá dentro, é isto que está lá para nos ensinar, para nos ensinar estar nesta vida única, de estar neste conjunto de coisas para não excluirmos nada, não excluirmos nada e não estarmos, realmente, excluídos de nada.

Isto é o sentido deste cântico e isto é o símbolo deste deserto. É um símbolo que diz respeito a uma passagem da nossa vida, este deserto está simbolizando um ponto da nossa existência, um momento da nossa existência que todos temos que atravessar. Então, nós vamos ver, o quanto este simbolo do deserto, se é vivo em nós e se nós conseguimos realmente vive-lo dentro da realidade, se nós conseguimos estar firmes, até que sejamos esta gratidão por tudo e por todos, nós vamos ver que este símbolo nos leva em seguida à um símbolo maior, à uma outra situação. Então, quando nós estamos equilibrados diante de tudo que acontece, de tudo o que chega para nós, o que está acontecendo é que nós nos despojamos, até um certo ponto, do nosso ego. Nós ficamos, até certo ponto, despidos deste ego, liberados deste ego. E, a medida que nós nos liberamos deste ego, nós vamos equilibrando o resto da humanidade que é toda ego. O resto da humanidade não quer saber de deserto. O resto da humanidade não tem nada a ver com isto. Então, é a medida que você vai se liberando disto, a medida que você vai se despojando, a medida que você vai ficando firme no caminho, apesar de tudo, é ai que você ganha este outro simbolo que vem em seguida, que é uma outra situação que é o simbolo do cume da montanha. Porque tudo isto que nós descrevemos não deixa de ser a subida de uma montanha; é um deserto e que através dele você vai fazendo uma ascese, você vai subindo uma montanha. Mas, quando você atravessa esse deserto, você já está numa certa altura da montanha, na qual a sua consciência vai ficando mais sutil, vai ficando mais pura, então, o outro símbolo que é real na sua vida, depois deste símbolo do deserto, o próximo símbolo que tem realidade para você é o cume da montanha, a montanha no seu ponto mais alto. Então, é lá que é o nosso próximo lugar, é lá que é o nosso próximo estágio.

Então, este trabalho que nós estamos fazendo é o trabalho de atravessar o deserto e de terminarmos completamente despojados para que possamos contribuir para um equilíbrio neste planeta, isto é, uma humanidade cheia de egos, uma humanidade que desperdiça tudo, uma humanidade que consome tudo, tem que encontrar um antídoto, tem que encontrar algo oposto para equilibrar essa sua obra destrutiva. Então, tem que encontrar este que atravessa o deserto, este que está despido, que está renunciante, equilibrando todo este desperdício, todo este consumo, todo este roubo, este furto que é a vida de quem ainda não passou por estas etapas ou de quem está ainda se preparando para passar por estas etapas. Vamos ver se levamos isto até nos sentirmos perfeitamente a vontade neste deserto, nesta travessia, na qual nós estamos buscando um verdadeiro alimento e que não é na vida, não é na parte externa, não é no mundo, não é em outra pessoa que se vai encontrar isto. Então, vamos ver até que ponto chegamos diante destes símbolos para depois estarmos mais soltos, mais livres, para estarmos menos iludidos e termos mais luz, termos mais discernimento, se saímos daqui com este cume da montanha realmente mais próximo e se nós podemos então estar mais firmes diante deste outro símbolo que é uma outra situação, que é estarmos muito mais leves, muito mais livres, puros, numa outra altura, num outro nível de consciência, num nível aonde tudo isto, pelo que nós passamos, não é mais nada, está tudo transcendido, superado.

Mas, para que esta vivência neste trabalho realmente se dê, nós não temos que estar contando com o outros para fazer isto. Então, se nós formos fazer este trabalho, o primeiro ponto é nós não contarmos com ninguém para chegar neste contato, para chegar nesta fonte interna. E aqueles que estiverem realmente preparados e dispostos a fazer este trabalho, não vão nem ficar contando com a estrutura do trabalho, não vão contar com nada — estas coisas todas que são daqueles que ainda não atravessaram o deserto, ou que começam a atravessar o deserto e ainda tem certas limpezas que fazer em si, para realmente entrar neste deserto. Então, nós vamos nos candidatar a estar no deserto e este estado é tão importante porque se nós não chegamos a viver este estado, se nós não chegamos realmente a nos despojar de tudo isto que são as nossas humanas necessidades, as nossas humanas pretensões, as nossas humanas aspirações, se nós não conseguimos transcender tudo isto, se nós não conseguimos realmente ser o que temos de ser e viver o que temos de viver — independentemente de qualquer coisa — que esteja ao lado, que esteja em volta, que esteja por perto, que esteja conosco, se nós não conseguimos ser, apesar de tudo isto, nós não conseguiremos viver este símbolo, nós não conseguiremos estar diante desta situação que é a única situação que liberta. Porque, enquanto você está esperando uma coisa e você obtém aquela coisa, você ainda está no plano do teu ego, enquanto você sonha com uma coisa e aquele sonho se realiza, você está no plano do ego, porque quem sonha é o ego. Então, precisa que você esteja realmente num outro estado, num estado onde tudo que está acontecendo, para você, não é mais importante, não te toca mais e você prossegue, e você continua, e você está totalmente decidido a ser o que você é. Então, tudo isto que está em volta tem que ser mesmo um deserto, você não tem que estar esperando nada de tudo isto, você tem que estar realmente fazendo esta travessia para depois chegar no outro símbolo, para depois você ir começando a se sentir, numa certa altura, o que quer dizer, numa certa vibração rarefeita, numa certa situação de liberdade, enfim, de limpeza, de mais pureza. E veja como esta proposta é muito atual para nós... Veja a partilha desta pessoa que está presente:

— Qual deveria ser o limite entre o mínimo de ego e o nível do amor-próprio, da auto-estima? Isto é, no eu superar o meu ego, eu não vou perder a minha auto-estima? Como eu vou enfrentar estas provas? Porque o que se vê muito em volta —diz a pessoa — é gente com baixa auto-estima.

Auto-estima é coisa de ego, porque, uma das primeiras coisas que a gente descobre no deserto, é que todas as qualidades que você porventura possa encontrar são da alma ou são do espírito e que todos os defeitos são da personalidade, de forma que eu não sei o que a pessoa quer dizer com perder a auto-estima; auto-estima é uma coisa que tem mesmo que perder, que se você não perder voluntariamente esta auto-estima... Auto-estima do que? Se todas as tuas qualidades reais não estão em você? As tuas qualidades reais estão na alma, estão no espírito, de forma que quem não descobre isto e não perde esta auto-estima pelo ego em tempo, ele vai perder compulsoriamente, vai perder auto-estima porque vai olhar para si e não vai gostar mais de nada. O que significa auto-estima para uma pessoa que está no deserto, para um ser que está realmente procurando as alturas, para um ser que está procurando um outro valor? A primeira condição é que ele não se estime mais como ele foi até agora. Agora, se ele perdeu a auto-estima e não compreende o que está acontecendo com ele, se ele deixa de se estimar e não sabe que isto é um movimento muito necessário antes de você transcender certas etapas, se ele ainda não compreendeu isto, então ele precisa ir fazer uma terapia porque o ponto dele ainda não é atravessar o deserto. Porque eu não sei o que é que nós temos que estimar em nível de personalidade — para quem está neste ponto — eu não estou falando pra certas pessoas que precisam de ser até valorizadas, mas isto é outro ponto evolutivo, não é o ponto que nós estamos trabalhando neste encontro. Então, quem ainda tem auto-estima nesse nível, peça a Deus que abale essa sua auto-estima, porque com essa auto-estima não vai chegar a ponto nenhum além do nível de personalidade, além destas coisas da personalidade! Olha, ou vocês deixam de conjecturar sobre todas estas coisas do ego e psicológicas, ou vocês jogam isto tudo fora, ou vocês não atravessam este deserto. Vocês vão chegar até certo ponto e depois vão gritar, vão chorar, vão apelar, vão voltar atrás dos seus passos, vão voltar para as ruas movimentadas das cidades da vida e vão deixar esta fase do deserto para uma outra etapa. Mas esta fase do deserto seria realmente uma pena não fosse compreendida e realmente assumida.

Aí você vai encontrar não só a sua falta de auto-estima; se você entrar realmente no deserto você vai encontrar muitas outras coisas que você precisa encontrar para poder transcender, você vai encontrar muitas outras coisas. Falta de auto-estima é o jardim da infância no deserto. Você vai encontrar outras coisas; vão começar a subir aqueles pontos que você nunca imaginou que existissem. Então você encontra uma pessoa no corredor e pensa dela uma coisa que você nunca pensou que podia pensar de alguém. Percebe o que acontece? E coisa assim. E você tem que passar por tudo isto, tudo isto é a experiência do deserto. A experiência do deserto não é uma brincadeira, não é um balsamo e nem uma busca de alinhamento somente, é todas esta experiência, é todo este encontro, o encontro com esta aridez, é isto que é. E, entre um impulso e outro, quem tem que construir a ponte é você. Quem tem que unir estas coisas e fazer a síntese é você que está estudando, ou é você que está buscando. Então, temos nestas etapas, o apoio dos livros, os livros são um apoio para nós na hora que nós precisarmos de um apoio, ou para o nosso trabalho paralelo, individual paralelo. Em grupo, mais de um, estudando, nós temos a energia das fitas neste momento. Nós temos a energia oral, nós temos a energia da palavra, nós temos a vibração de cada fita. Mas, para nós podermos ver em certos livros coisa que nunca vimos, que nunca percebemos, porque aqui, desde o primeiro livro, desde a nossa vida nos sonhos, tem coisa que nós não percebemos, apesar de ter aquele livro no nosso coração e até na nossa memória, tem coisa ali que nós não podíamos ter percebido até hoje. Não podíamos ter percebido porque se tivéssemos percebido já compreenderíamos os nossos sonhos de uma outra maneira, ou já estaríamos com outro relacionamento com a nossa vida interior. Então nós sabemos que agora nós temos que estar buscando esta fonte e, em nossas vidas nos sonhos, deve ter chaves para você chegar nesta ponte, chaves que você precisa delas agora e que na época que você leu, na época que você estudou, você não viu esta chave, você viu outras coisas ali. As fitas dão este impulso, as fitas dão a força, as fitas dão a base para você ir em busca destas descobertas, para você fazer esta busca. Se você não estiver nesta busca, você não ouve a segunda fita, porque as fitas te colocam na situação de fazer a busca. Se você não for romper com isto que te aprisiona, se você não tiver a intenção de romper com isto que você é no nível do ego, você não vai adiante nas fitas. Porque embora as fitas possam estar falando até de plantio, até de colheita de feijão, a energia delas é esta. Então, precisa que a gente entre nesta nova etapa tendo isto claro, tendo o deserto e tendo o cume da montanha, lá, como meta. E ai vamos entrar nesses novos ciclos com uma outra vida e com uma outra perspectiva, com uma outra visão deste caminho. E nós precisamos de ter uma visão deste caminho.

Então, aqui a proposta é se você vai ou não, desta vez, assumir o deserto, para você se libertar de você, do ego, para você deixar desta história que você tem que se libertar do teu marido, do teu filho, do teu destino, do teu patrão — você não tem que se libertar de nada disso, isto tudo não prende ninguém, seja quem for, isto tudo não prende ninguém... Situação social, situação econômica, nada disso prende ninguém. Você está preso em você, é no teu ego! Então, enquanto você precisa de tanto apoio, de tanta coisa, de tanta confirmação, de tanta ajuda, de tanto agradecimento que te fazem, de tanto reconhecimento, você não pôs o pé na areia, você ainda não sente o calor na planta do teu pé, você ainda não está preparado para chegar no cume daquela montanha. E você não chega no cume daquela montanha de avião e nem carregado no colo por ninguém, você não chega lá assim! O que acontece, é que em geral, nós estamos dando volta mas não entramos na coisa... Então, aqui ou se trata de você dispensar os apoios e entrar no teu trabalho interior, ou se você já fez isto — pode ter gente que até já tenha feito isto — ou você já fez isto e você está ali num certo ponto, está precisando de um impulso pra continuar e você encontra também esta energia lá. Agora, o momento do trabalho é este: se você vai prosseguir como vinha sendo e fazendo o que vinha fazendo, você vai com o tempo não encontrando mais encanto no trabalho e isto não é por culpa do trabalho. Isto é, aquele ponto que você tem que tocar em você para deixar o teu ego cair, o dedo lá você não pôs. É isto a proposta, esta proposta porque a necessidade interna das pessoas não é mais delas se iludirem. A necessidade das pessoas não é mais de contemporizarem com as fraquezas delas, não é mais de estar fazendo pacto com as suas debilidades. As necessidades das pessoas é se enfrentarem — não enfrentarem os outros — se enfrentarem, se verem e ai resolverem o seu problema. Resolver o seu problema, quer dizer, se está olhando para si próprio, ah! vai ficar muito triste talvez! Vai ficar muito deprimido como dizem ai no mundo. Mas, se você for olhar para si mesmo, não para esse lado que você conhece, você vai olhar para você naquele ponto que você tem de mais alto, para lá que você vai olhar. E você vai olhar para aquele ponto que você tem de mais alto, de mais elevado, é claro que você vai olhar e não vai ver nada, porque a sua vista não está habituada com isto. A sua vista está habituada com seus aspectos pessoais, com seus aspectos humanos, com esses aspectos que todos conhecem e que muitos até gostam desses aspectos — vocês não são amados por tanta gente que gosta de vocês? Então? Então seus olhos estão viciados com esta visão, com esta imagem. Então, quando você for olhar para o seu ponto mais alto, provavelmente você não vai ver nada. Mas tem que persistir, tem que continuar, tem que continuar olhando para lá; não tem que desistir... Eu digo: "Não mas eu olho para lá e não sinto nada!"... É isso mesmo! É isso mesmo! Você persista! Continue olhando para lá! Continue naquela direção, persista! É isto que é o trabalho agora! E é claro que muitos vão, com isto, jogando fora, várias capas vão se liberando, vão se tornando mais leves! - Trigueirinho





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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill