terça-feira, 30 de abril de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
O pensamento é a origem do medo
Desejo falar sobre o medo, porque o medo perverte todos os nossos sentimentos, pensamentos e relações. É o temor que impele a maioria de nós a tornar-nos isso que se chama "espiritual"; e ele que nos impulsiona para as soluções intelectuais que tantos oferecem; é ainda o temor que nos leva a praticar ações estranhas e peculiares. E não sei se já experimentamos em sua realidade, não o sentimento que ocorre antes ou após um certo fato! O medo existe por si só? Ou só há medo em consequência do pensamento no amanhã ou no ontem, no que aconteceu ou poderá acontecer? Existe medo no presente vivo, ativo? Quando vos vedes em presença da coisa que dizeis temer, nesse instante mesmo existe medo?
Para mim, é importantíssima esta questão do medo. Porque, se a mente não estiver total, completa e absolutamente livre do medo em qualquer forma — medo da morte, da opinião pública, da separação, de não ser amado — sabeis quantas variedades existem de medo — se a consciência total não estiver livre do medo, é impossível ir-se muito longe. Uma pessoa pode agitar-se ansiosamente, em todos os sentidos, dentro das clausuras de seu próprio intelecto; mas para se penetrar muito profundamente em si mesmo e ver o que existe lá e além, não deve haver temor de espécie alguma, nem temor da morte, nem da pobreza, nem de não alcançar alguma coisa.
O medo, em virtude de sua própria natureza, inevitavelmente impede a investigação. E, a menos que a mente, que todo o nosso ser esteja livre do medo, não só dos temores conscientes mas também dos profundos, secretos, ocultos temores, de que mal temos consciência — não haverá possibilidade de se descobrir o que existe realmente, o que é verdadeiro, positivo, e se de fato existe aquele senso do sublime, do imenso, de que o homem vem falando há séculos e séculos.
Creio ser possível estar totalmente livre do medo, não durante um certo período, não ocasionalmente, porém verdadeiramente livre dele, de maneira completa. A experiência desse estado total isento de medo, eis o que desejo examinar junto convosco.
Desejo tornar claro que não estou falando de memória. Não pensei de antemão na questão do medo e, portanto, não vim aqui repetir coisa ensaiada; isso seria horrivelmente enfadonho para mim e para vós. Eu também estou investigando. Deve tratar-se sempre de coisa nova, todas as vezes. E espero estejais empreendendo junto comigo a jornada da investigação e não apenas preocupados com vosso medo especial — medo do escuro, do médico, do inferno, da doença, de Deus, do que digam vossos pais, do que diga vossa esposa ou marido, ou uma qualquer das numerosas formas de medo. Estamos investigando a natureza do medo e não uma determinada manifestação do medo.
Ora, se examinardes, vereis que só há medo quando o pensamento se fixa no dia de ontem ou de hoje, no passado ou no futuro. No verbo ativo não há temor, mas no passado e no futuro do verbo ele sempre existe. Não há medo no presente real; e esta é uma coisa extraordinária para a própria pessoa descobrir. Não existe medo de espécie alguma em face do momento real e vivo, do presente ativo. O pensamento, portanto, é a origem do medo, o pensamento no amanhã ou no ontem. A atenção está no presente ativo. O pensamento no que ontem aconteceu, ou poderá acontecer amanhã, é desatenção, e a desatenção gera temor. Não é verdade isso? Quando posso aplicar toda a minha atenção a um dado problema, sem nenhuma reserva, sem rejeitar, sem julgar, avaliar — nesse estado de atenção não há medo. Mas, se há desatenção, isto é, se digo: "Que acontecerá amanhã?", ou se estou todo ocupado com o que ontem aconteceu, aí, sem dúvida, gera-se medo. A atenção é o presente ativo. O medo é o pensamento enredado no tempo. Na presença de algo real, concreto, em presença do perigo, neste momento não existe pensamento, porém ação. E essa ação pode ser positiva ou negativa.
Assim, o pensamento é tempo — não o tempo marcado pelo relógio, mas o tempo psicológico do pensamento. O tempo, por conseguinte, produz medo: tempo como distância daqui até lá, como processo de "vir a ser algo"; tempo representado pelas coisas que eu disse e fiz ontem, as coisas ocultas que não desejo que ninguém saiba; tempo representado pelo que acontecerá amanhã, pelo que será de mim quando eu morrer.
O pensamento, pois, é tempo. E existe, no presente ativo, tempo e pensamento? Pode-se ver que o medo só existe quando o pensamento se "projeta" para diante ou para trás, e que o pensamento resulta do tempo — tempo representado pelo "vir a ser" ou "não vir a ser" algo, tempo como preenchimento ou frustração. Não estamos falando do tempo cronológico; seria evidente desatino dispensá-lo. Estamos falando do tempo como pensamento. Se está claro isto, passemos a investigar o que é pensamento e o que é pensar. E espero não estejais apenas ouvindo minhas palavras, mas também prestando atenção ao desafio que elas vos apresentam e reagindo individualmente. Estou perguntando: "Que é pensar?" Se não conheceis o mecanismo do pensar e não o investigastes muito profundamente, não podeis responder, vossa reação será inadequada. E se é inadequada a reação, haverá conflito, e tentar livrar-se do conflito é fuga ao fato — o fato que desconheceis. No momento em que reconheceis que não podeis responder, que não sabeis, apresenta-se o medo. Não sei se me estais seguindo.
Assim, que é pensar? Evidentemente, pensar é a reação que ocorre entre o "desafio" e a "resposta", não é verdade? Pergunto-vos uma coisa e há um intervalo de tempo antes de responderdes; neste intervalo o pensamento está em ação, procurando a resposta. É bastante simples ouvir esta explicação; mas o real experimentar, pela própria pessoa, do processo do pensar, o investigar como o intelecto reage a um "desafio" e qual é o processo de fabricação da resposta, isso requer atenção ativa, pois não? Observai qual é vossa reação à pergunta: "Que é pensar?" Que está ocorrendo? Não sabeis responder; nunca investigastes isso; estais aguardando uma resposta de vossa memória. E nessa "demora", no intervalo entre a pergunta e a resposta, está em ação o processo do pensamento; não é assim? Se vos faço uma pergunta com que estais familiarizado, por exemplo: "Como é vosso nome?", respondeis instantaneamente porque, pela repetição constante, tendes a resposta na ponta da língua. Se a pergunta é um pouco mais séria, ocorre um intervalo de tempo de vários segundos — não é verdade? — durante o qual o intelecto é posto em movimento para procurar na memória a resposta. Se vos fazem uma pergunta mais complexa, maior é o intervalo de tempo, mas o processo é o mesmo — consultar a memória, procurar as palavras apropriadas, achá-las e em seguida responder. Segui isso com vagar, pois é realmente muito divertido e interessante observar o funcionamento desse processo. Tudo isso faz parte do autoconhecimento.
Pode-se também perguntar, por exemplo, "Quantas milhas há daqui a Nova Iorque?" — pergunta à qual, após consultar a memória, sois obrigado a responder: "Não sei, mas posso verificar". Isso leva mais tempo. E pode-se também fazer uma pergunta que vos obrigue a dizer: "Não sei a resposta"; porém, ao mesmo tempo ficais esperando uma resposta, esperando que vo-la digam. Assim, temos a pergunta familiar e a resposta imediata; a pergunta menos familiar, que exige algum tempo; a coisa de que não tendes certeza, mas que podeis verificar e para isso precisais de tempo; e, por fim, a coisa que não sabeis mas achais que, se esperardes, tereis a resposta.
Agora, se alguém pergunta: "Existe ou não existe Deus?" — que acontece? Nenhuma resposta pode ser encontrada na memória, pode? Embora vos agrade crer, embora vos tenham ensinado a crer, deveis varrer esses disparates. Investigar na memória não dá resultado; esperar que vos deem a resposta é inútil, porque ninguém pode dá-la; e o intervalo de tempo para nada serve. Há só o fato no presente ativo, a certeza absoluta de que não sabeis. Esse estado de "não saber" é atenção completa, não? E qualquer outra forma de saber ou de não saber procede do tempo e do pensamento, e é desatenção.
Estais seguindo tudo isso e aprendendo? Aprender, por certo, supõe "não saber". Aprender não é adicionar, acumular. No processo de acumular, o que se faz é apenas aumentar o conhecimento, que é estático. O aprender é constante variação, mudança, viver.
Sendo assim, que acontece quando estais aprendendo a respeito do medo? Estais investigando o medo, não é verdade? Estais "atacando" o medo, não é o medo que vos está atacando. E descobris então que não existe esta coisa: "vós e o medo". Esta divisão não existe. A atenção, pois, é o presente ativo, no qual a mente, o intelecto, diz: "Não sei, absolutamente". E nesse estado não existe medo. Mas existe medo quando dizeis: "Não sei, mas espero saber". Eis um ponto essencial que importa compreender. Consideremo-lo de diferente maneira.
Sem dúvida, o medo surge quando buscamos a segurança, exterior ou interiormente; quando se aspira a um estado permanente, duradouro, nas relações, nas coisas mundanas, na confiança, que o saber proporciona, na experiência emocional. E, finalmente, dizemos que existe Deus, absoluta e eternamente permanente, em cujo seio encontraremos imperturbável paz e segurança para todo o sempre. Cada um está a buscar segurança nesta ou naquela forma, e sabemos como cada um atua — buscando a segurança no amor, na propriedade, na virtude, jurando a si mesmo ser bom, casto. Todos conhecemos os horrores inerentes à busca, secreta ou aberta, da segurança. E isso é medo, porquanto nunca averiguastes se existe segurança. Não o sabeis. Emprego estas palavras para denotar que se trata de um fato que desconheceis absoluta e completamente. Vós não sabeis se Deus existe ou não existe. Não sabeis se haverá ou não outra guerra. Não sabeis o que irá acontecer amanhã. Não sabeis se existe, interiormente, alguma coisa permanente. Ignorais o que irá suceder em vossas relações, com vossa esposa, vosso marido, vossos filhos. Não sabeis; mas deveis verificar isso, não achais? Deveis descobrir por vós mesmo que ignorais. E esse estado de não saber, esse estado de completa incerteza, não é medo; é a atenção plena, na qual podeis descobrir.
Vê-se, pois, que a totalidade da consciência — a qual inclui o superficial, o consciente, o oculto, e as extremas profundezas dos resíduos raciais, os "motivos", tudo o que constitui pensamento — vê-se que a totalidade da consciência é, essencialmente, medo. A consciência é tempo, resultado de muitos dias, meses, anos e séculos. Vossa consciência de serdes francês se formou, historicamente, através de muitas gerações de propaganda. O fato de serdes cristão, católico, o que quer que seja, representa dois mil anos de propaganda durante os quais fostes obrigado a crer, a pensar, a funcionar e atuar segundo um certo padrão chamado "cristão". E não ter crença alguma, ser o mesmo que nada parece coisa temível. Assim, a totalidade da consciência é medo. Isto é um fato, e não há concordar ou discordar sobre um fato.
Agora, que acontece quando vos vedes em presença de um fato? Ou tendes opiniões a respeito do fato, ou simplesmente o observais. Se tendes opiniões, juízos, avaliações do fato, então não o estais vendo. E não o vedes porque entra em cena o tempo, pois vossa opinião é produto do tempo, do ontem, de vossos conhecimentos anteriores. O ver realmente está no presente ativo, e nesse ver não existe medo. Isso é um fato real. O experimentar de um fato real é que liberta do medo a consciência total. Espero que não estejais muito cansados e possais experimentar isto, pois não podeis levá-lo para casa para lá refletir a seu respeito. Porque então não tem valor. O que tem valor é enfrentar o fato diretamente, e penetrá-lo. Vereis então que o todo de nosso mecanismo pensante, com seus conhecimentos, suas sutilezas, suas defesas e renúncias — que esse todo constitui o pensamento e é a causa real do temor. E vemos também que, quando há atenção total, não há pensamento; há, só, percepção, o ato de ver.
Havendo atenção, há completa tranquilidade; porque nessa atenção não há exclusão. Quando o intelecto pode estar completamente sereno — não adormecido, porém ativo, sensível, vivo, — nesse estado de atenta serenidade não existe medo. Há então uma qualidade de movimento que não é pensamento, absolutamente, que não é sentimento, emoção ou sentimento. Não é uma visão, nem uma ilusão; é um movimento de qualidade toda diferente, que conduz ao Indenominável, ao Imensurável, à Verdade.
Mas, infelizmente, não estais escutando, experimentando deveras, pois não examinastes isto realmente, não investigastes até este ponto. Por conseguinte, o medo não tardará a precipitar-se novamente sobre vós, qual uma vaga, submergindo-vos. Tendes, portanto, de examinar isto; e no examiná-lo está a solução. Esta é a base; e uma vez lançada a base, nunca mais buscareis, porque toda busca da Realidade se baseia no medo. Libertada do medo a mente, o intelecto, então podereis descobrir.
Krishnamurti — O Passo Decisivo — Cultrix — Pág. 234 à 239

domingo, 28 de abril de 2013
A mente religiosa e a mente científica
Só é verdadeiro o ser humano quando alia o espírito científico ao autêntico espírito religioso. Então, os homens criarão um mundo justo — não o mundo dos comunistas ou dos capitalistas, dos brâmanes ou dos católicos romanos. De fato, o verdadeiro brâmane é aquele que não pertence a nenhum credo religioso, nem tampouco a nenhuma classe, não é detentor de autoridade, e não mantém posição social. O genuíno brâmane é o novo ente humano, que tem simultaneamente a mentalidade científica e a mentalidade religiosa, sendo, portanto, harmônico, sem qualquer contradição interior. Para mim, o objetivo da educação é criar esta nova mentalidade, que é explosiva e não se adapta a nenhum padrão estabelecido pela sociedade.
A mente religiosa é criativa. Não lhe basta acabar com o passado, tem também de explodir no presente. Ela, diferentemente da que só interpreta os livros sagrados e a Bíblia, é capaz de investigar, bem como criar uma realidade explosiva. Ai não há interpretação nem dogma.
É sobremodo difícil alguém ser religioso e ter uma mente lúcida, objetiva, científica, intrépida, alheia à própria segurança, aos próprios temores. Não podemos ter uma mente religiosa sem a compreensão total de nós mesmos nosso corpo, nosso espírito, nossas emoções; ignorando como trabalha, e também como o pensamento funciona. Para descobrir e superar tudo isso, torna-se indispensável encarar o problema com uma mente cientifica, que é objetiva, clara, sem preconceitos, que não condena, que observa, que vê. Com essa mentalidade, somos efetivamente um ser humano culto, um ser humano que conhece a compaixão. Tal ente humano sabe o que é estar vivo.
Como conseguir tudo isto? Pois urge ajudar o estudante a ter um espírito científico, a pensar com clareza, precisão, argúcia, assim como auxiliá-lo a descobrir as profundezas de sua mente, a ir além das palavras, dos diferentes rótulos de hindu, muçulmano, cristão. Será possível ensinar o estudante a ultrapassar os rótulos, a descobrir por si, a examinar aquela coisa imensurável, que nenhum livro contém, à qual nenhum guru tem acesso? Se um colégio como este propiciar essa educação, constituirá isso um feito grandioso. Vocês todos devem sentir como será importante criar-se tal escola. É sobre isto que os professores e eu vimos há dias debatendo. Temos conversado acerca de várias coisas — autoridade, disciplina, métodos de ensino, o que ensinar, o que é ouvir, o que significa educação, cultura, etc. Apenas prestar atenção à dança, ao canto, à aritmética, às aulas, não constitui o todo da vida. Também faz parte da vida a pessoa sentar-se tranquilamente e olhar para seu interior, ter clara percepção, ver. Cumpre também saber pensar, o que pensar e porque estamos pensando. Faz parte igualmente da vida olhar os pássaros, observar os aldeões, sua miséria — qual a contribuição de cada um de nós para essa situação, criada pela sociedade. Tudo isso concerne à educação.
Krishnamurti — Ensinar e aprender — ICK
Sobre o conteúdo deste blog
Não é nossa intenção fundamentar cada declaração aqui feita. Preferimos apresentar nossas observações para um público atento e já simpatizante, para que sejam comunicadas com maior economia de meios, evitando divagações e circunlocuções de uma argumentação desnecessária. Em suma, desejamos que estes textos sejam um real serviço para aqueles que estão mental e psicologicamente preparados para recebê-los. Não desejamos forçar ninguém, mesmo de maneira sutil, a aceitar uma posição à qual as circunstâncias de seu natural crescimento interno ainda não os conduziram, ou desperdiçar o tempo de todos com uma dialética que não leva a parte alguma.
O que há lá dentro?
sábado, 27 de abril de 2013
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Morada
Morada
Forfun
Faço de mim
Casa de sentimentos bons
Onde a má fé não faz morada
E a maldade não se cria
Me cerco de boas intenções
E amigos de nobres corações
Que sopram e abrem portões
Com chave que não se copia
Observo a mim mesmo em silêncio
Porque é nele onde mais e melhor se diz
Me ensino a ser mais tolerante, não julgar ninguém
E com isso ser mais feliz
Sendo aquele que sempre traz amor
Sendo aquele que sempre traz sorrisos
E permanecendo tranquilo aonde for
Paciente, confiante, intuitivo
Faço de mim
Parte do segredo do universo
Junto à todas as outras coisas as quais
Admiro e converso
Preencho meu peito com luz
Alimento o corpo e a alma
Percebo que no não-possuir
Se encontram a paz e a calma
E sigo por aí viajante
Habitante de um lar sem muros
O passado eu deixei nesse instante
E com ele meus planos futuros
Pra seguir
Sendo aquele que sempre traz amor
Sendo aquele que sempre traz sorrisos
E permanecendo tranquilo aonde for
Paciente, confiante, intuitivo
O Despertar da Inteligência – Parte 1–Capítulo 1
O DESPERTAR DA INTELIGÊNCIA PARTE 1 CAPÍTULO 1
1a CONVERSA COM JACOB NEEDLEMAN MALIBÚ, CALIFÓRNIA - 26 DE MARÇO DE 1971
Needleman: Existe muita discussão acerca de uma revolução espiritual entre os jovens, particularmente aqui na Califórnia. Você enxerga nesse confuso fenômeno alguma esperança de um novo desabrochar para a civilização moderna, uma nova possibilidade de crescimento?
Krishnamurti: Para uma nova possibilidade de crescimento, não acha, senhor, que deve-se antes ser sério, e não meramente pular de uma atração espetacular para outra? Se uma pessoa investigou em todas as religiões do mundo e viu suas futilidades organizadas, e através desta percepção enxergou algo real e claro, talvez então poderia haver algo novo na Califórnia, ou no mundo. Mas até onde vi, temo que não haja uma condição de seriedade em tudo isso. Posso estar enganado, porque apenas vejo os chamados jovens de longe, no meio da platéia, e por vezes aqui; e por suas perguntas, por seus risos, por seus aplausos, eles não me parecem muito sérios, maduros, com grandes propósitos. Posso estar enganado, naturalmente.
Needleman: Entendo o que quer dizer. Minha única dúvida é: porventura não possamos então esperar que jovens sejam sérios.
Krishnamurti: É por isso que eu não ache que seja aplicável aos jovens. Não sei por quê faz-se tanto caso dos jovens, por que isso se tornou algo tão extraordinário. Em alguns anos eles serão os velhos à sua vez.
Needleman: Como um fenômeno, à parte do que está por baixo de tudo, esse interesse numa experiência transcendental - ou o que quer que se queira chamá- lo - parece ser um tipo de semeadura da qual certos indivíduos incomuns à parte de toda a enganação e todos os trapaceiros, alguns Mestres porventura, devam surgir.
Krishnamurti: Mas não estou tão certo, senhor, de que todos os trapaceiros e exploradores não estejam encobrindo isso. "Consciência de Krishna" e Meditação Transcendental e toda essa baboseira que segue - eles são pegos em tudo isso. É uma forma de exibicionismo, uma forma de divertimento e entretenimento. Para que algo novo tome forma deve haver um núcleo de pessoas realmente devotas e sérias, que prossigam até o fim. Após terem passado por todas essas coisas, eles dizem, "Aqui está algo que eu buscarei até o fim".
Needleman: Uma pessoa séria seria alguém que se tornasse desiludida com todo o resto.
Krishnamurti: Eu não chamaria isso de desilusão mas uma forma de seriedade.
Needleman: Mas uma pré-condição para tal?
Krishnamurti: Não, não chamaria de desilusão de forma alguma, já que ela leva ao desespero e ao cinismo. Refiro-me ao estudo de tudo aquilo dito religioso, espiritual: examinar, descobrir qual a verdade em tudo isso, se de fato há alguma verdade. Ou descartar a coisa toda e começar do zero, sem continuar em todas as armadilhas, em toda essa bagunça.
Needleman: Creio que seja o que tentei dizer, mas isso o expressa melhor. Pessoas que tenham tentado algo e que isso tenha falhado para elas.
Krishnamurti: Não "outras pessoas". Quero dizer que deve-se descartar todas as promessas, todas as experiências, todos os relatos místicos. Penso eu que deve-se começar como se não se soubesse absolutamente nada.
Needleman: Isso é muito difícil.
Krishnamurti: Não, senhor. Não creio que seja difícil. Acho que é difícil apenas para aqueles que se encheram com os conhecimentos de outras pessoas.
Needleman: E não é essa a maioria de nós? Eu estava falando à minha sala de aula ontem na Universidade Estadual de São Francisco, e disse que iria entrevistar Krishnamurti e quais perguntas gostariam que eu lhe fizesse. Eles tinham muitas perguntas, mas o que mais me chamou a atenção foi o que um jovem disse: "Eu li os livros dele uma vez atrás da outra e eu não consigo fazer o que ele diz". Havia algo tão transparente naquilo, que me deu um estalo. Parece que num certo e sutil sentido começa desse jeito. Ser um iniciante, puro!
Krishnamurti: Não creio que perguntamos o suficiente. Você sabe o que quero dizer?
Needleman: Sim.
Krishnamurti: Nós aceitamos, somos crédulos, ávidos por novas experiências. As pessoas engolem o que é dito por qualquer um com uma barba, com promessas, dizendo que você terá maravilhosas experiências se fizer certas coisas! Acho que deve-se dizer: "Eu não sei nada." Obviamente não posso contar com os outros. Se não houvesse livros, ou gurus, o que você faria?
Needleman: Mas o indivíduo é facilmente enganado.
Krishnamurti: Você é enganado quando quer algo.
Needleman: Sim, compreendo.
Krishnamurti: Então você diz "Vou buscar, vou questionar passo a passo. Não quero enganar a mim mesmo". A decepção surge quando eu quero, quando sou ganancioso, quando digo "Toda experiência é vazia, eu quero algo misterioso" - então sou pego.
Needleman: Pra mim você está falando sobre um estado, uma atitude, uma abordagem, a qual por si própria se encontra muito ao longe no entendimento para um indivíduo. Eu mesmo sinto que estou muito longe, e sei que meus alunos também. Então eles sentem, por bem ou por mal, uma ânsia por ajuda. Provavelmente eles interpretam mal o que é ajuda, mas existe algo assim como ajuda?
Krishnamurti: Você diria: "Por quê você pede ajuda?".
Needleman: Deixe-me colocar dessa maneira. Você meio que sente o cheiro ao enganar a si próprio, você não sabe exatamente...
Krishnamurti: É relativamente simples. Eu não quero enganar a mim mesmo - certo? Então eu encontro qual é o movimento, qual é a coisa que traz decepção. Obviamente isso é quando eu sou ganancioso, quando quero algo, quando estou insatisfeito. Então ao invés de atacar a ganância, o desejo, a insatisfação, eu quero algo mais.
Needleman: Sim.
Krishnamurti: Então tenho que entender minha ganância. Pelo que sou ganancioso? Será porque estou farto desse mundo, tive mulheres, tive carros, tive dinheiro e quero algo mais?
Needleman: Creio que um indivíduo seja ganancioso porque deseja estímulo, ser arrancado de si mesmo, de forma que não enxergue a pobreza de si próprio. Mas o que estou tentando perguntar - Sei que já respondeu essa pergunta muitas vezes em suas palestras, mas ela continua recorrente, quase inevitavelmente - as grandes tradições do mundo, à parte do que elas tenham se tornado (elas se tornaram distorcidas e mal interpretadas e enganosas) sempre falam direta ou indiretamente de ajuda. Elas dizem "O guru é você também", mas ao mesmo tempo há ajuda.
Krishnamurti: Senhor, você sabe o que essa palavra "guru" significa? Needleman: Não, não exatamente.
Krishnamurti: Aquele que mostra. Esse é um significado. Outro significado é aquele que traz a iluminação, alivia o fardo. Mas ao invés de aliviar seu fardo eles impoem os deles em você.
Krishnamurti: Guru também significa aquele que te ajuda a atravessar - e assim por diante, há diversos significados. No momento em que o guru diz que sabe, então você já pode estar seguro de que ele não sabe. Porque o que ele sabe é algo do passado, obviamente. O conhecimento é do passado. E quando ele diz que sabe, está pensando em alguma experiência que teve, a qual ele foi capaz de reconhecer como algo grandioso, e esse reconhecimento nasce de seu conhecimento anterior, de outra forma ele não poderia tê-lo reconhecido, portanto sua experiência tem suas raízes no passado. Dessa forma ela não é real.
Needleman: Bem, eu acho que o conhecimento em geral é assim.
Krishnamurti: Então por que queremos alguma forma de tradição antiga ou moderna em tudo isso? Veja, senhor, eu não leio nenhum livro religioso, filosófico ou psicológico: pode-se adentrar em si mesmo a tremendas profundidades e encontrar tudo. Adentrar em si é o problema, como fazê-lo. Sendo incapaz de tal coisa pergunta-se, "Poderia me ajudar, por favor?"
Needleman: Sim.
Krishnamurti: E o outro cara diz, "Eu te ajudarei" e te empurra pra outro lugar qualquer.
Needleman: Bom, isso meio que responde a pergunta. Eu estava lendo um livro outro dia que falava de uma coisa chamada "Sat-san".
Krishnamurti: Você sabe o que isso significa?
Needleman: Associação com sábios.
Krishnamurti: Não, com benevolentes.
Needleman: Com benevolentes, ah!
Krishnamurti: Sendo benevolente você é sábio. Não, sendo sábio você é benevolente.
Needleman: Sim, compreendo.
Krishnamurti: Porque você é benevolente, você é sábio.
Needleman: Não estou tentando destrinchar isso em algo, mas eu vejo meus alunos e eu mesmo, falo por mim, quando lemos, quando te ouvimos, dizemos, "Ah! Não preciso de ninguém, não preciso estar com ninguém" - e há uma tremenda decepção nisso também.
Krishnamurti: Naturalmente, porque você está sendo influenciado pelo orador.
Needleman: Sim. Isso é verdade. (Risos).
Krishnamurti: Senhor, veja, sejamos bem simples. Suponha, se não houvesse nenhum livro, nenhum guru, nenhum professor, o que você faria? Você encontra-se em agitação, confusão, agonia, o que você faria? Sem ninguém pra te ajudar, sem drogas, sem tranquilizantes, sem religiões organizadas, o que você faria?
Needleman: Não consigo imaginar o que faria.
Krishnamurti: Aí está.
Needleman: Porventura haveria um momento de urgência aí.
Krishnamurti: É isso. Não possuímos a urgência porque dizemos, "Bem, alguém vai me ajudar".
Needleman: Mas a maioria ficaria louca por conta dessa situação. Krishnamurti: Não tenho certeza, senhor. Needleman: Eu tampouco.
Krishnamurti: Não, não tenho nenhuma certeza. Porque o que é que fizemos até agora? As pessoas nas quais nos apoiamos, as religiões, as igrejas, educação, elas nos levaram a essa terrível bagunça. Não estamos livres do sofrimento, não estamos livres de nossa bestialidade, nossa feiúra, nossas vaidades.
Needleman: Pode alguém dizer tal coisa a respeito de tudo isso? Existem diferenças. Para cada mil enganadores existe um Buda.
Krishnamurti: Mas isso não é meu problema, senhor, se dissermos que isso leva a tal decepção. Não, não.
Needleman: Então deixe-me lhe perguntar isso. Sabemos que sem trabalho árduo o corpo pode adoecer, e esse trabalho árduo é o que chamamos de esforço. Existe outro esforço pelo qual podemos chamar o espírito? Você se diz contra o esforço, mas o crescimento e bem-estar de todos os aspectos do homem não exigem algo como trabalho árduo de um tipo ou outro?
Krishnamurti: Fico imaginando o que você quer dizer por trabalho árduo! Esforço físico?
Needleman: É o que geralmente queremos dizer por trabalho árduo. Ou indo contra desejos.
Krishnamurti: Vê, aí estamos! Nosso condicionamento, nossa cultura, são construídos em torno desse "ir contra". Levantar um muro de resistência. Então ao dizermos "trabalho árduo", o que significa? Preguiça? Por que devo fazer algum esforço pra alguma coisa? Por quê?
Needleman: Porque desejo algo.
Krishnamurti: Não. Por que existe esse culto ao esforço? Por que devo eu fazer algum esforço para alcançar Deus, iluminação, verdade?
Needleman: Há muitas respostas possíveis, mas só posso responder por mim.
Krishnamurti: Ela pode simplesmente estar aí, e só não sei como procurar.
Needleman: Mas então tem de haver um obstáculo.
Krishnamurti: A maneira de procurar! Pode estar na próxima esquina, embaixo de uma flor, em qualquer lugar. Então primeiro devo aprender a procurar, não fazer o esforço de procurar. Preciso descobrir o que de fato é procurar.
Needleman: Sim, mas você não admite que pode haver uma resistência a essa busca?
Krishnamurti: Então não se incomode em procurar! Se alguém chega e diz, "Não quero procurar", como vai forçá-lo a olhar?
Needleman: Não. Falo por mim mesmo agora. Eu quero procurar.
Krishnamurti: Se quer procurar, o que quer dizer com procurar? Você precisa descobrir o que procurar significa antes de fazer o esforço para procurar. Certo, senhor?
Needleman: Isso seria, pra mim, um esforço. Krishnamurti: Não.
Needleman: Fazê-lo de uma maneira delicada, sutil. Quero procurar, mas não quero descobrir o que isso significa. Concordo que isso é mais pra mim o básico. Mas esse desejo de fazê-lo depressa, acabar logo com isso, não é isso resistência?
Krishnamurti: Remédio imediato pra dar fim logo.
Needleman: Há algo em mim que eu precise analisar, que resiste a essa coisa delicada e sutil de que você fala? Isso não é trabalho, o que está dizendo? Não é trabalho fazer essa pergunta tão silenciosa e sutilmente? Parece a mim que é trabalho não escutar àquela parte que quer procurar...
Krishnamurti: Rapidamente.
Needleman: Particularmente para nós no Ocidente, ou talvez para todos os homens.
Krishnamurti: Receio que seja o mesmo ao redor de todo o mundo. "Diga-me como chegar rapidamente até lá".
Needleman: E no entanto você diz que é em um instante. Krishnamurti: É, obviamente. Needleman: Sim, compreendo.
Krishnamurti: Senhor, o que é esforço? Sair da cama de manhã, quando você não quer levantar, é um esforço. O que faz surgir aquela preguiça? Falta de sono, excesso de comida, excesso de autopiedade e todo o resto; e na manhã seguinte você diz, "Ah, que saco, tenho que levantar!" Agora espera um minuto, senhor, acompanhe. O que é preguiça? É preguiça física, ou o pensamento em si é preguiçoso?
Needleman: Isso eu não entendo. Preciso de outra palavra. "O pensamento é preguiçoso?" Considero que o pensamento seja sempre o mesmo.
Krishnamurti: Não, senhor. Eu sou preguiçoso, eu não quero levantar então me forço a levantar. Nisso está o chamado esforço.
Needleman: Sim.
Krishnamurti: Eu quero isso, mas não deveria tê-lo, resisto. A resistência é esforço. Fico nervoso e não posso estar nervoso: resistência, esforço. O que me fez ficar preguiçoso?
Needleman: A ideia de que eu devo levantar. Krishnamurti: Aí está. Needleman: Tá certo.
Krishnamurti: Então eu realmente tenho que ir adiante em toda essa questão do pensamento. Não inventar que o corpo é preguiçoso e forçar o corpo fora da cama, porque o corpo tem sua própria inteligência, ele sabe quando está cansado e precisa repousar. Essa manhã eu estava cansado; eu havia preparado o colchão e tudo o mais para praticar exercícios de ioga e o corpo disse "Não, sinto muito". E eu disse, "Tudo bem". Isso não é preguiça. O corpo disse, "Me deixa em paz porque você discursou ontem, viu muitas pessoas, está cansado". O pensamento então diz, "Você deve se levantar e fazer os exercícios porque é bom pra você, você os tem feito todos os dias, se tornou um hábito, não relaxe, você se tornará preguiçoso, continue com isso". O que significa: o pensamento está me deixando preguiçoso, e não o corpo.
Needleman: Entendo isso. Então há um esforço com relação ao pensamento.
Krishnamurti: Então sem esforço! Por que o pensamento é tão mecânico? E todo pensamento é mecânico?
Needleman: Sim, tudo bem, pode-se colocar essa pergunta. Krishnamurti: E não é?
Needleman: Não posso dizer que tenha comprovado isso.
Krishnamurti: Mas podemos, senhor. Isso é relativamente simples de se ver. O pensamento não é sempre mecânico? O estado não-mecânico é a ausência de pensamento; não a negação de pensamento mas sua ausência.
Needleman: Como posso descobrir isso?
Krishnamurti: Faça-o agora, é bem simples. Você consegue fazer agora se o desejar. O pensamento é mecânico.
Needleman: Vamos assumir que sim.
Krishnamurti: Não assuma. Não assuma nada.
Needleman: Tá certo.
Krishnamurti: O pensamento é mecânico, não é? - porque é repetitivo, condicionante, comparativo.
Needleman: Essa parte eu enxergo, a comparação. Mas minha experiência é a de que nem todo pensamento é da mesma natureza. Existem naturezas do pensamento.
Krishnamurti: Existem?
Needleman: Em minha experiência existem.
Krishnamurti: Vamos descobrir. O que é o pensamento, pensar?
Needleman: Parece haver o pensamento que é muito superficial, muito repetitivo, muito mecânico, possui um certo gosto para tal. Parece haver um outro tipo de pensamento que é mais conectado com meu corpo, com todo o meu ser, ele reverbera de um outro jeito.
Krishnamurti: Que é isso, senhor? O pensamento é a resposta da memória. Needleman: Tudo bem, essa é uma definição.
Krishnamurti: Não, não, posso vê-lo em mim. Tenho que ir àquela casa essa noite - a lembrança, a distância, o visual - tudo isso é memória, não é?
Needleman: Sim, isso é memória.
Krishnamurti: Eu já estive lá antes e por isso a memória está bem estabelecida e à partir disso existe ou pensamento instantâneo, ou pensamento que leva um pouco de tempo. Então me pergunto: todo pensamento é similar, mecânico, ou existe o pensamento que é não-mecânico, que é não-verbal?
Needleman: Sim, correto.
Krishnamurti: Existe pensamento se não houver nenhuma palavra? Needleman: Existe entendimento.
Krishnamurti: Espere, senhor. Como é que esse entendimento toma forma? Ele acontece quando o pensamento está funcionando rapidamente, ou quando o pensamento está silencioso?
Needleman: Quando o pensamento está silencioso, sim.
Krishnamurti: Entendimento não tem a ver com pensamento. Você pode raciocinar, que é o processo do pensar, da lógica, até você dizer, "Eu não entendo isso; então você se aquieta, e diz, "Ah! Eu vejo, eu compreendo". Esse entendimento não é resultado do pensamento.
Needleman: Você fala de uma energia que parece não ter causa. Nós experimentamos a energia de causa e efeito, que molda nossas vidas, mas qual é a relação dessa energia com aquela energia que nos é familiar? O que é energia?
Krishnamurti: Primeiramente: a energia é divisível?
Needleman: Não sei. Prossiga.
Krishnamurti: Ela pode ser dividida. Energia física, a energia da raiva, e assim por diante, energia cósmica, energia humana, todas elas podem ser divididas. Mas é tudo uma só energia, não é?
Needleman: Logicamente, eu digo sim. Eu não entendo energia. Por vezes experimento a coisa que chamo de energia.
Krishnamurti: Por que dividimos a energia em primeiro lugar, é nisso que quero chegar; então podemos abordá-la de um jeito diferente. Energia sexual, energia física, energia mental, energia psicológica, energia cósmica, a energia do homem de negócios que vai ao escritório e por aí vai - por que a dividimos? Qual a razão para essa divisão?
Needleman: Parece haver muitos aspectos do indivíduo que são separados; e nós dividimos a vida, me parece, por conta disso.
Krishnamurti: Por quê? Nós dividimos o mundo em comunista, socialista, imperialista, e católico, protestante, hindu, budista, e nacionalidades, divisões linguísticas, a coisa toda é fragmentação. Por que a mente fragmentou a totalidade da vida?
Needleman: Não sei a resposta. Eu vejo o oceano e vejo uma árvore: há uma divisão.
Krishnamurti: Não. Há uma diferença entre o mar e a árvore - Assim espero! Mas isso não é uma divisão.
Needleman: Não. É uma diferença, não uma divisão.
Krishnamurti: Mas estamos perguntando por que a divisão existe, não só externamente mas dentro de nós.
Needleman: Está dentro de nós, essa é a questão mais interessante.
Krishnamurti: Por estar em nós que projetamos externamente. Agora por que existe essa divisão em mim? O "eu" e o "não eu". Você entende? O superior e o inferior, o Atman e o eu inferior. Por que essa divisão?
Needleman: Talvez ela tenha sido criada, pelo menos no começo, para auxiliar os homens a se questionarem. Para fazê-los questionar se de fato eles realmente sabem o que pensam que sabem.
Krishnamurti: Através da divisão eles poderão descobrir?
Needleman: Talvez através da ideia de que existe algo que eu não entenda.
Krishnamurti: Em um ser humano há uma divisão - por quê? Qual é a "razão de ser", qual é a estrutura dessa divisão? Vejo que há um pensador e o pensamento - certo?
Needleman: Eu não vejo isso.
Krishnamurti: Há um pensador que diz, "Devo controlar aquele pensamento, não devo pensar nisso, devo pensar naquilo". Então há um pensador que diz, "Devo", ou "Não devo".
Needleman: Certo.
Krishnamurti: Existe a divisão. "Eu deveria ser isso", e "Não deveria ser aquilo". Se puder entender por que essa divisão em mim existe - Oh, veja, veja! Veja aquelas colinas! Maravilhosas, não?
Needleman: Lindas!
Krishnamurti: Agora, senhor, você as olha com uma divisão?
Needleman: Não.
Needleman: O "eu" não tinha nada a ver com isso.
Krishnamurti: Isso é tudo. Não pode fazer nada a respeito. Aqui, com o pensamento, eu penso que posso fazer alguma coisa.
Needleman: Sim.
Krishnamurti: Então quero mudar "o que é". Não posso mudar "o que é" lá, mas acredito que posso mudar "o que é" em mim. Sem saber como fazer essa mudança fiquei desesperado, perdido, em aflição. Digo, "Não posso mudar", e portanto não tenho energia para mudar.
Krishnamurti: Então em primeiro lugar, antes que eu mude "o que é", tenho que saber quem é que realiza a mudança, quem é aquele que muda.
Needleman: Há momentos que se sabe isso, por um instante. Esses instantes são perdidos. Há momentos que se sabe quem é o que vê "o que é" em si próprio.
Krishnamurti: Não, senhor. Desculpe. Somente enxergar "o que é" basta, não mudá-lo.
Needleman: Concordo. Concordo com isso.
Krishnamurti: Sou capaz de enxergar "o que é" somente quando o observador não está presente. Quando você olhou para aquelas colinas o observador não estava presente.
Needleman: Concordo, sim.
Krishnamurti: O observador só veio à tona no momento em que você quis mudar "o que é". Você diz: Eu não me satisfaço com "o que é", ele deve ser mudado, então instantaneamente há a dualidade. Pode a mente observar "o que é" sem o observador? Issose concretizou quando você olhava as colinas com aquela luz maravilhosa incidindo nelas.
Needleman: Essa verdade é absoluta verdade. No momento que se tem uma experiência se diz, "Sim!" Mas a experiência é também o fato de se esquecer disso.
Krishnamurti: Esqueça!
Needleman: Com isso quero dizer que continuamente se tenta mudar. Krishnamurti: Esqueça, e retome novamente.
Needleman: Mas nessa discussão - seja lá o que pretende - há ajuda vindo dessa discussão. Sei, tanto quanto sei das coisas em geral, que não poderia acontecer sem a ajuda que existe entre nós. Eu poderia observar aquelas colinas e talvez ter essa atitude não-julgadora, mas isso não teria importância pra mim. Não saberia que assim é que é a maneira que devo buscar salvação. E essa, creio eu, é uma questão que sempre se quer levantar. Talvez isso seja a mente de novo a querer se agarrar e se segurar em algo, mas no entanto parece que a condição humana...
Krishnamurti: Senhor, nós observamos aquelas colinas, você não poderia mudar isso, você só olhou; e você olhou internamente e a batalha começou. Por um instante você olhou sem essa batalha, sem essa briga, e todo o resto envolvido. Então se lembrou da beleza daquele momento, daquele segundo, e você quis capturar aquela beleza de novo. Espere, senhor! Prossiga. E então o que acontece? Estabelece outro conflito: a coisa que você tinha e que gostaria de ter de novo, e não sabe como conseguir. Sabe, se pensar sobre isso, não é o mesmo, não é aquilo. Então você briga, luta. "Tenho que controlar, não posso desejar" - certo? Ao passo que se disser, "Tudo bem, acabou, fim", esse momento está acabado.
Needleman: Tenho que aprender isso.
Krishnamurti: Não, não.
Needleman: Tenho que aprender, não?
Krishnamurti: O que há para aprender?
Needleman: Tenho que aprender a futilidade desse conflito.
Krishnamurti: Não. O que há para aprender? Você próprio percebe que aquele momento de beleza se torna uma memória, e então a memória diz, "Isso foi tão bonito que preciso ter de novo". Você não está preocupado com a beleza, está preocupado com a busca do prazer. Prazer e beleza não andam juntos. Então se enxergar isso, está acabado. Como uma serpente perigosa, você não vai chegar perto de novo.
Needleman: (Risos) Porventura não deva ter enxergado, então não posso dizer.
Krishnamurti: Essa é a questão.
Needleman: Sim, creio que deva ser, pois continua-se a voltar uma vez atrás da outra.
Krishnamurti: Não. Essa é a coisa real. Se vejo a beleza daquela luz, e ela é de fato extraordinariamente bonita, eu só a vejo. Agora com a mesma condição de atenção eu quero ver a mim mesmo. Há um momento de percepção que é tão bonito quanto aquele. E então o que acontece?
Needleman: Então eu o desejo.
Krishnamurti: Então eu o quero capturar, cultivá-lo, quero buscá-lo. Needleman: E como ver isso?
Krishnamurti: Somente perceber que está tomando forma já basta. Needleman: É isso que eu esqueço! Krishnamurti: Não é uma questão de esquecer.
Needleman: Bem, isso é o que não entendo a fundo o suficiente. Que só o percebimento é o bastante.
Krishnamurti: Veja, senhor. Quando vê uma cobra o que acontece?
Needleman: Eu fico com medo.
Krishnamurti: Não. O que acontece? Você foge, mata-a, faz alguma coisa. Por quê? Porque você sabe que é perigosa. Você está ciente de seu perigo. Um penhasco, melhor pegar um penhasco, um abismo. Você conhece o perigo. Ninguém precisa te dizer. Você vê diretamente o que aconteceria.
Needleman: Certo.
Krishnamurti: Agora, se você enxergar diretamente que a beleza daquele momento de percepção não pode ser repetida, está acabado. Mas o pensamento diz, "Não, não acabou, a memória daquilo permanece". Então o que você está a fazer agora? Está buscando a memória morta daquilo, e não sua vívida beleza - certo? Então se enxergar isso, a verdade disso - não a afirmação verbal, a verdade disso - está acabado.
Needleman: Então esse percebimento é muito mais raro do que pensamos.
Krishnamurti: Se eu vir a beleza daquele minuto, está acabado. Não quero buscá-la. Se buscá-la, se torna um prazer. Então se não consigo alcançá-la, traz aflição, sofrimento e todo o resto. Então digo, "Tudo bem, acabou". Então o que acontece?
Needleman: De minha experiência, temo que o acontece é que o monstro nasce de novo. Ele tem mil vidas. (Risos).
Krishnamurti: Não, senhor. Quando foi que a beleza tomou forma?
Needleman: Quando eu vi sem tentar mudar.
Krishnamurti: Quando a mente estava completamente quieta.
Needleman: Sim.
Needleman: Sim.
Krishnamurti: Quando você olhou aquilo, sua mente estava quieta, ela não estava a dizer, "Queria poder mudar isso, copiar e fotografar, isso, aquilo e aquele outro" - você só olhou. A mente não estava em operação. Ou melhor, o pensamento não estava em operação. Mas o pensamento imediatamente vem a operar. Então se perguntou, "Como o pensamento pode silenciar? Como se pode exercitar o pensamento quando necessário, e não exercitá-lo quando não for necessário?"
Needleman: Sim, essa pergunta é altamente interessante pra mim.
Krishnamurti: Ou seja, por que idolatramos o pensamento? Por que o pensamento se tornou tão extraordinariamente importante?
Needleman: Ele parecer ser capaz de satisfazer nossos desejos; através do pensamento acreditamos sermos capazes de satisfazer.
Krishnamurti: Não, não vem da satisfação. Por que o pensamento em todas as culturas com maior parte da população se tornou de tão vital preocupação?
Needleman: O indivíduo geralmente se identifica como sendo o pensamento, como sendo seus próprios pensamentos. Se penso sobre mim mesmo penso sobre o que penso, que tipo de ideias tenho, em que acredito. É isso que quer dizer?
Krishnamurti: Não exatamente. À parte da identificação com o "eu", ou com "não eu", por que o pensamento é tão ativo?
Needleman: Ah, entendo.
Krishnamurti: O pensamento está sempre operando no conhecimento, não é? Se não houvesse conhecimento, não haveria pensamento. O pensamento está sempre operando no campo do conhecido. Seja mecânico, não-verbal e assim por diante, está sempre trabalhando no passado. Então minha vida é o passado, porque é baseada em conhecimento anterior, experiências anteriores, memórias anteriores, prazer, dor, medo e assim por diante - tudo isso é passado. E o futuro que projeto à partir do passado, o pensamento projeta do passado. Dessa forma o pensamento está flutuando entre o passado e o futuro. Toda vez que ele diz, "Deveria fazer isso, deveria fazer aquilo, deveria ter me comportado". Por que ele faz tudo isso?
Needleman: Eu não sei. Hábito?
Krishnamurti: Hábito. Ótimo. Prossiga. Vamos descobrir. Hábito? Needleman: O hábito traz o que chamo de prazer. Krishnamurti: Hábito, prazer, dor. Needleman: Para me proteger. Dor, sim, dor.
Krishnamurti: Ele está sempre operando dentro desse campo. Por quê? Needleman: Porque não conhece nada melhor.
Krishnamurti: Não. Não. O pensamento é capaz de trabalhar em qualquer outro campo?
Needleman: Esse tipo de pensamento, não.
Krishnamurti: Não, pensamento nenhum. O pensamento pode trabalhar em qualquer outro campo exceto o campo do conhecido?
Needleman: Não.
Krishnamurti: Obviamente não. Ele não pode trabalhar em algo que eu não conheça; só pode trabalhar nesse campo. Agora por que é que ele trabalha assim? Aí está, senhor - Por quê? É a única coisa que sei. Nisso existe segurança, existe proteção, existe garantia. É tudo que sei. Dessa forma o pensamento só pode funcionar no campo do conhecido. E quando ele se cansa disso, como acontece, então ele busca algo de fora. Então o que ele procura ainda é o conhecido. Seus deuses, suas visões, seus estados espirituais - tudo projetado à partir do passado conhecido para o futuro conhecido. Assim o pensamento só trabalha nesse campo.
Needleman: Sim, entendo.
Krishnamurti: Portanto o pensamento está sempre a trabalhar em uma prisão. Ele pode chamar de liberdade, pode chamar de beleza, pode chamar do que quiser! Mas está sempre dentro das limitações da cerca de arame farpado. Agora quero descobrir se o pensamento tem espaço em algum outro lugar que não seja lá. O pensamento não tem espaço nenhum quando digo, "Eu não sei". "Eu realmente não sei". Certo?
Needleman: Naquele momento.
Krishnamurti: Eu realmente não sei. Eu só sei disso, e realmente não sei se o pensamento pode funcionar em qualquer campo, exceto este. Eu realmente não sei. Quando digo, "Eu não sei", que não quer dizer que esteja esperando vir a saber, quando digo que realmente não sei - o que acontece? Eu desço a escada. Eu me torno, a mente se torna, completamente humilde. Agora esse estado do "não-saber" é inteligência. Então ele pode operar no campo do conhecido e estar livre para trabalhar em qualquer outro lugar se assim quiser.
Do livro: O Despertar da Inteligência
Tradução gentilmente feita pelo Confrade:
Ricardo Lagarto
Independência
Independência
Capital Inicial
Toda essa curiosidade
Que você tem pelo que eu faço
Eu não gosto de me explicar
Eu não gosto de me explicar...
Toda essa intensidade
Buscamos identidade
Mas não sabemos explicar
Mas não sabemos explicar...
Se paro e me pergunto
Será que existe alguma razão
Prá viver assim
Se não estamos
De verdade juntos...
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós...
Toda essa meia verdade
A qual temos nos conformado
Só conseguimos nos afastar
Nós aprendemos a aceitar...
Tantas coisas pela metade
Como essa imensa vontade
Que não sabemos explicar
Que não sabemos saciar...
Se paro e me pergunto
Será que existe alguma razão
Prá viver assim
Se não estamos
De verdade juntos...
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós...(2x)
Toda essa curiosidade
Toda essa intensidade
Toda essa meia verdade
Tantas coisas pela metade
Toda essa curiosidade
Toda essa intensidade...
Sem Deus, sem lei
Sem Deus, sem lei
Plebe Rude
Sem Deus, sem lei
Só eu e você
Sem Deus, sem lei
Só eu e você...
Me diz
podemos conseguir
Sem Deus, sem lei
Vivo sem religião
Sem o dogma e a perseguição
Eu não preciso acreditar
Levanta o rosto vai
No que não creio eu já deixei pra trás
Essa é a minha lei, eu e você
(instrumental)
Você... me diz
podemos conseguir
Sem Deus, sem lei
Vivo sem religião
Sem o dogma e a perseguição
Eu não preciso acreditar
Levanta o rosto vai
No que não creio eu já deixei pra trás
Essa é a minha lei, eu e você
Autonomia
Autonomia
Titãs
O que eu queria, o que eu
sempre queria
Era conquistar a minha
autonomia
O que eu queria, o que eu
sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Os pais são todos iguais
Prendem seus filhos na jaula
Os professores com seus l pis
cores
Te prendem na sala de aula
O que eu queria, o que eu
sempre queria
Era conquistar a minha
autonomia
O que eu queria, o que eu
sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Ia pra rua, mamãe atrás s
Ela não me deixava em paz
Não aguentava o grupo escolar
Nem a prisão domiciliar
O que eu queria, o que eu
sempre queria
Era conquistar a minha
autonomia
O que eu queria, o que eu
sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Mas o tempo foi passando
então eu ca¡ numa outra
armadilha
Me tornei prisioneiro da minha
própria família
Arranjei um emprego de
professor
Vejo os meus filhos, Não sei
mais onde estou
O que eu queria, o que eu
sempre queria
Era conquistar a minha
autonomia
O que eu queria, o que eu
sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Os pais São todos iguais
Prendem seus filhos na jaula
Os professores com seus l pis
cores
Te prendem na sala de aula
O que eu queria, o que eu
sempre queria
Era conquistar a minha
autonomia
O que eu queria, o que eu
sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Ia pra rua, Mamãe atrás s
Ela não me deixava em paz
não aguentava o grupo escolar
Nem a prisão domiciliar
O que eu queria, o que eu
sempre queria
Era conquistar a minha
autonomia
O que eu queria, o que eu
sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Mas o tempo foi passando
então eu ca¡ numa outra
armadilha
Me tornei prisioneiro da minha
própria família
Arranjei um emprego de
professor
Vejo os meus filhos, não sei
Pode-se persuadir os que não querem ouvir?
Solve et Coagula
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)
"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)
"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)
Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...
Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.
David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.
K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)
A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)