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quarta-feira, 1 de maio de 2013

O fluxo do pensamen­to no espaço-tempo é medo

O medo é o estado comum de toda a humanidade, vivam vocês numa casinha ou num palácio, não tenham nenhum trabalho ou tenham trabalho demais, tenham um tremendo conhecimento a respeito de tudo sobre a face da terra ou sejam ignorantes, sejam vocês padres ou os mais altos repre­sentantes de deus, ou sejam o que forem, ainda há este medo profundo e enraizado, comum a toda a humanidade. Este é o terreno comum onde pisa toda a humanidade. Não há dúvidas quanto a isto. Trata-se de um fato absoluto, irrevo­gável, que não pode ser contradito. Enquanto o cérebro esti­ver aprisionado neste modelo de medo, sua operação é limita­da e, portanto, nunca poderá funcionar inteiramente. Assim, é necessário, se a humanidade quiser sobreviver completa­mente, como seres humanos e não como máquinas, descobrir por si mesmos se é possível ficar totalmente livre do medo.

Estamos preocupados com o próprio medo, não com a expressão do medo. O que é o medo? Quando há medo, existe naquele mesmo momento o reconhecimento do medo? Será o medo descritível no momento em que a reação está acontecendo, ou a descrição vem depois? "Depois" é tempo. Suponhamos que alguém esteja com medo: quer seja medo de alguma coisa, medo de algo que fez no passado e não quer que outra pessoa saiba, ou aconteceu alguma coisa no passado que novamente desperta o medo, ou existe um medo por si mesmo sem um objeto? No segundo em que o medo acontece nós o chamamos de medo? Ou isso acontece somente depois? Certamente que é depois de ter acontecido. Isso significa que os incidentes anteriores de medo, que foram mantidos no cérebro, são lembrados imediatamente após a reação aconte­cer; a memória diz: "Isso é medo." Na proximidade da reação não o chamamos de medo. É somente depois de acontecer que o chamamos de medo. Nós o chamamos de medo pela lembrança de outros incidentes surgidos, os quais foram chamados de medo. Lembramo-nos desses medos do passado e surge uma nova reação, que imediatamente identificamos com a palavra medo. Isso é bastante simples. Assim, sempre há a memória operando no presente.

Então, o medo é tempo? — O medo de alguma coisa que aconteceu há uma semana, que produziu esta sensação que nós chamamos de medo e a sua implicação futura, de que não deva acontecer de novo; no entanto, ela pode acontecer de novo; logo, temos medo dela. Assim, nós nos perguntamos: será o tempo a origem do medo?

Assim, o que é o tempo? O tempo mostrado no relógio é muito simples. O sol nasce numa determinada hora e se põe numa determinada hora — ontem, hoje e amanhã. Essa é a sequência natural do tempo. Há também o tempo psicológi­co, interior. O incidente que aconteceu na semana passada, que deu prazer ou que despertou o sentido do medo, é lem­brado e projetado no tempo — eu posso perder minha posição, posso perder meu dinheiro, posso perder minha esposa — fu­turo. Assim, será o medo parte do tempo psicológico? Parece. E o que é o tempo psicológico? Não é apenas o tempo físico que precisa de espaço, mas também o tempo psicológico precisa de espaço — ontem, a semana passada, modificados hoje, amanhã. Há espaço e tempo. Isso é simples. Assim, será o medo o movimento do tempo? Assim, o pensamento é tempo e o tempo é o medo, obviamente. Tivemos medo no dentista. Isto está armazenado, é lembrado, projetado; esperamos não ter de novo aquela dor — o pensamento se movimentando. Assim, o medo é um movimento do pensamen­to no espaço e no tempo. Se percebemos isso, não como uma ideia, mas como uma realidade (o que significa que temos que dar a esse medo atenção completa no momento em que ele nasce), então ele não é registrado. Façam isto e descobrirão por vocês mesmos. Quando vocês dão atenção completa a um insulto, não existe o insulto. Ou se alguém aparece e diz: "Que pessoa maravilhosa você é" e você presta atenção, isso não causa nenhum efeito. O movimento do medo é o pensamento no tempo e no espaço. Este é um fato. Não é algo descrito pelo conferencista. Se vocês observaram por si mesmos, depois, será um fato absoluto, vocês não podem fugir dele. Vocês não podem fugir de um fato; ele existe sempre. Vocês podem tentar evitá-lo, podem tentar suprimi-lo, tentar todas as espécies de fuga, mas ele sempre existirá. Se vocês derem atenção completa ao fato de que o medo é o movimento do pensamento, então não existirá o medo, psicologicamente. O conteúdo do nosso consciente é o movimento do pensamen­to no tempo e no espaço. Seja esse tempo muito limitado, ou vasto e extenso, ainda assim é um movimento no tempo e no espaço.

O pensamento criou muitas formas diferentes de poder em nós, psicologicamente, mas todas elas são limitadas. Quan­do há a libertação da limitação há um surpreendente sentido de poder, não o poder mecânico, mas um extraordinário senti­do de energia. Isso nada tem a ver com o pensamento e, portanto, esse poder, essa energia, não podem ser mal-empregados. Mas se o pensamento diz: "vou usá-la", então esse poder, essa energia é dissipada.

Outro fator que existe em nossa consciência é o pesar, o desgosto, a dor e as mágoas que permanecem na maioria dos seres humanos desde a infância. Esse ferimento psicoló­gico, a sua dor, é lembrada, resiste; o desgosto nasce dele, o pesar está envolvido com ele. Há o pesar global da humani­dade, que deparou com milhares e milhares de guerras, pelas quais milhões de pessoas choraram. A máquina da guerra ainda está conosco, dirigida pelos políticos, reforçada pelo nosso nacionalismo, pelo sentimento de que estamos separados dos demais, "nós" e "eles", "você" e "eu". É um pesar global o que os políticos estão construindo, construindo cada vez mais. Estamos prontos para outra guerra e, quando nos preparamos para alguma coisa, há uma espécie de explosão em algum lugar — pode não ser no Oriente Médio, pode acontecer aqui. Uma vez que estamos nos preparando para alguma coisa, vamos consegui-la; é como preparar a comida. Mas somos tão estúpidos, que tudo isto continua, inclusive o terrorismo.

Estamos perguntando se todo este modelo de estarmos magoados, de conhecermos a solidão e a dor, de resistirmos, de nos recolhermos, de nos isolarmos, o que causa dor física; pode ter um fim; se o desgosto, o pesar de perdermos alguma crença preciosa que temos mantido, ou a desilusão que vem de perdermos alguém que havíamos seguido, por quem lutamos, nos entregando, pode também ter um fim. É possível sermos sempre livres de tudo isto? É possível, se nos aplicarmos, e não apenas falarmos interminavelmente sobre isto. Nestas circunstâncias, percebemos que estamos magoados psicologi­camente desde a infância, vemos todas as consequências desse ferimento a que resistimos, do qual nos retraímos, não querendo mais ser feridos. Nós encorajamos o isolamento e, portanto, construímos um muro em volta de nós mesmos. Em nossas relações, estamos fazendo o mesmo.

As consequências de sermos feridos desde a infância são a dor, a resistência, o recolhimento, o isolamento, um medo cada vez mais profundo. E, como disse o conferencista, há o pesar global da humanidade; os seres humanos têm sido torturados pelas guerras, torturados pelas ditaduras, pelo totalitarismo, torturados nas diversas partes dos mundo. E há o pesar pelo meu irmão, pelo meu filho, pela minha mulher, que fugiu ou que morreu; o pesar da separação, o pesar que acontece quando um está profundamente interessado em alguma coisa e o outro não está. Em todo este pesar não há nenhuma compaixão, nenhum amor. O fim do pesar traz o amor — não o prazer, não o desejo, mas o amor. Quando há amor, há compaixão, e disso nasce a inteligência, que nada tem a ver com a "inteligência" do pensamento.

Temos que olhar muito cuidadosamente para nós mes­mos como humanidade, para o motivo pelo qual carregamos todas estas coisas em nossas vidas, o motivo pelo qual jamais demos fim a esta condição. Será em parte pela indolência, em parte pelo hábito? Geralmente, dizemos: "faz parte do nosso hábito, parte do nosso condicionamento. O que posso fazer? Como posso me descondicionar? Não consigo encon­trar a resposta, vou até o guru na porta ao lado", ou mais longe, ao padre, ou a este ou àquele. Nós nunca dizemos: "Vamos olhar cuidadosamente para nós mesmos e perceber se podemos vencer isto, como qualquer outro hábito." O hábito de fumar pode ser suspenso, ou o hábito das drogas e do álcool. Mas dizemos: "Que importância tem? Estou envelhecendo, de qualquer maneira o corpo está se destruin­do, assim, que importância tem um pouco mais de prazer?" E assim prosseguimos. Não nos sentimos completamente responsáveis por todas as coisas que fazemos. Pelo contrário, culpamos o nosso meio, a sociedade, os nossos pais, a hereditariedade; achamos alguma desculpa, mas nunca nos aplica­mos. Se realmente tivéssemos o anseio, o anseio imediato de descobrir por que estamos feridos, isso pode ser feito. Estamos feridos porque construímos uma imagem de nós mesmos. Isto é um fato. Quando dizemos: "estou ferido", é a imagem que temos a nosso próprio respeito que está ferida. Alguém aparece e pisa com sua bota essa imagem, e nós nos ferimos. Nós nos ferimos pela comparação: "Eu sou isto, mas outra pessoa é melhor." Enquanto tivermos uma imagem de nós mesmos, vamos nos ferir. Este é um fato e, se não prestarmos atenção a esse fato, mas retivermos uma imagem de nós mesmos, de qualquer espécie, alguém vai espetar nela um alfinete e vamos nos ferir. Se fazemos uma imagem de nós mesmos como alguém que se dirige a grandes audiências, é famoso e conseguiu uma reputação que deseja manter, então alguém irá ferir essa imagem — alguém que tenha uma audiência maior. Se dermos atenção completa à imagem que temos de nós mesmos — atenção, não concentração, mas atenção —, então veremos que a imagem não tem sentido e desaparece.

Krishnamurti — A Rede do Pensamento — Cultrix — Pág. 57 à 62

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill