No contexto de nossa experiência pessoal, sabemos que a consciência é mais do que a mente racional. Possuímos todo um undo interior de reações e respostas; vivenciamos amor e apreciação, e sentimos alegria quando abrimos nosso coração para os outros. Os nossos sentimentos de bem-estar brotam de uma fonte interior que não entendemos completamente. Sabemos da existência da intuição e da inspiração, mas não temos meios de explicá-las; conhecemos a criatividade mas não conseguimos despertá-la por um ato racional ou volitivo. Somos sensíveis a uma sensação de admiração e poder que transcende o nosso senso de eu, e podemos manifestar compaixão pelos nossos semelhantes.
Estas parecem ser respostas humanas universais ao fato de vivermos em um mundo intrinsecamente belo, que se altera de momento para momento, em um desdobrar que é sempre novo. Porém, nossas reações a este mundo vivo e cambiante são interpretadas e julgadas pela parte da nossa mente que nos diz o que desejar, o que rejeitar, e o que irá nos "fazer" felizes, como se não tivéssemos, dentro de nós, meios para "ser" felizes. Aplicamos rótulos que são inteiramente nossos, mas que derivam do nosso condicionamento cultural. Como este aspecto condicionado da mente não consegue penetrar as barreiras do processo da percepção, ele não consegue conhecer o coração do nosso ser, a parte nossa que responde ao verdadeiro e ao real.
Estas parecem ser respostas humanas universais ao fato de vivermos em um mundo intrinsecamente belo, que se altera de momento para momento, em um desdobrar que é sempre novo. Porém, nossas reações a este mundo vivo e cambiante são interpretadas e julgadas pela parte da nossa mente que nos diz o que desejar, o que rejeitar, e o que irá nos "fazer" felizes, como se não tivéssemos, dentro de nós, meios para "ser" felizes. Aplicamos rótulos que são inteiramente nossos, mas que derivam do nosso condicionamento cultural. Como este aspecto condicionado da mente não consegue penetrar as barreiras do processo da percepção, ele não consegue conhecer o coração do nosso ser, a parte nossa que responde ao verdadeiro e ao real.
Quando o conhecimento do ser humano não passa além da fisiologia e dos aspectos mais visíveis da consciência, como é que podemos sequer pensar sobre todas as coisas que o homem possui como direito inato, ou pensar em abrir novas possibilidades de crescimento?
Nossa consciência é receptiva por natureza, e pode se sustentar a partir de influxos de apreciação e alegria. Porém, como um grande lago, ela pode se exaurir quando sua energia corre apenas para fora. Quando a consciência fica continuamente preocupada e pressionada, cheia de pensamentos, desejos e expectativas, não abrimos espaço algum para revitalização. Com o tempo, nossa consciência fica cansada. Os sentidos, inadequadamente sustentados por nossa percepção, tornam-se amortecidos e embotados, exigindo formas cada vez mais intensas de estimulação externa.
O nosso modo atual de viver e de estar no mundo não consegue impedir que isto aconteça. Por maior que seja o número de fatos que tenhamos sob nosso comando, e por melhor que aprendamos a manipular informações, o uso que fazemos da mente não é suficientemente dinâmico para despertar o poder pleno da nossa consciência.
Apesar de todo o nosso esforço para satisfazer o desejo natural do homem de uma vida mais saudável e feliz, há sinais de que uma form profunda está crescendo no seio das mais prósperas sociedades. Necessidades e desejos parecem estar aumentando, em vez de diminuir. À medida que ingressamos no futuro, inventando novas aplicações para o nosso conhecimento e produzindo uma torrente infindável de novos produtos, parecemos forçados a andar mais depressa, impelidos por um querer inquieto que não se deixa serenar. Sob certo aspecto, nossa criatividade está sendo canalizada no sentido de conceber e dar forma a novos produtos, para que possamos, então, desejar novas criações.
Nossas vidas hoje caminham rapidamente, transportando-nos em uma onda de desejos, e permitindo-nos pouco tempo para desfrutar em profundidade qualquer experiência. Enquanto uma festa de produtos e prazeres se estende à nossa frente, temos tempo apenas para provar e passar adiante, seguindo as imagens dos nossos desejos de um lugar para outro. Estamos sempre em movimento; levados por pensamentos e imagens para longe de nosso centro vital, ficamos sem lugar de descanso, sem uma verdadeira morada.
Tarthang Tulku em, Conhecimento da Liberdade
Tarthang Tulku em, Conhecimento da Liberdade