CP: Bom dia Out! Essas pinturas estão ficando lindas demais!
O:
Mas enquanto as faço, não vejo sentido. Não sinto que é isso que eu
deveria estar fazendo, mas não sei o que é que daria sentido real. Pinto e
desenho para passar o tempo e, ao fim do dia, apesar da beleza das artes,
sinto que foi mais um dia jogado fora.
CP:
Out, sinto isso, seja por qualquer coisa que eu faça. É um como um
desespero assistido, onde vejo que o dia está passando, sendo perdido e, mesmo
percebendo o falso em tudo, a verdade não vem...
O:
Tem momentos que a falta de sentido fica tão forte, que bate a vontade de sair
de dentro de si mesmo. Você só não se entrega ao desespero, por causa da
observação passiva não reativa.
CP:
Sim, dá um desânimo, mas, fica sempre faltando algo, que não sabemos o que
é. Então, fica aquela coisa esquisita.
O:
Tudo se mostra muito vago, superficial e nada toca fundo.
CP:
O pensamento diz que é, mas a observação mostra que não é, que não toca
profundamente! Sinto que estamos empacados e que de nada vale os nossos
esforços. Parece ser algo que não depende de nós. A experiência tem demonstrado
que tudo que vem da mente condicionada, não soluciona essa falta de
sentido e conexão, pois sempre se mostra de modo angustiante, mais do
mesmo.
O:
Exatamente. Nada que a mente sugere, nos apresenta aquele: "Ah! É isso!
Ah! Finalmente é por aqui!" Então, não só a minha experiência, mas
também o que nos apresenta a experiência compartilhada por outros confrades, é
que sempre fica no ar esse clima angustiante e ansioso...
CP: E nada toca fundo. O pior, é que a pessoas ao nosso redor, querem que a
gente se sinta tocado por algo. Mas nada toca...é foda!
O:
Não tem como! Não consigo funcionar no modo tido por normal.
CP:
Não dá para funcionar dentro dessa normalidade insana.
O:
Por mais que tentemos, nosso entusiasmo não se sustenta.
CP:
Não mesmo, porque a observação passiva não reativa não deixa, logo mostra que
não nos é natural, reconhece no ato.
O:
A observação reconhece de imediato, tudo aquilo que não nos compete, no
entanto, não sei dizer o porquê, ela não nos aponta aquilo que, de fato, nos
compete. Então explode o vazio, a inação, ou a forçosa ação entediante.
CP:
É bem aí que se inicia o nosso silencioso desespero. Out, já chutei o
balde por muitas coisas viu...
O:
Sei bem como é... Tem momentos em que a angústia ou a ansiedade se mostram de
forma tão intensa, que dá vontade de sumir do mundo. Mas isso é visto
também sem sentido. AÍ nos voltamos para o vazio, para angústia, para a
ansiedade.
CP:
Agora você tocou no que sinto neste exato momento. E a mente sempre clama
por alguma fuga para não se sentar, silenciosamente, com o vazio, a
angústia e a ansiedade.
O:
Ela sempre se identifica com alguma fuga, no entanto, tal fuga não se
sustenta... Mal começa e a observação logo aponta o falso, que é algo
totalmente desnecessário, superficial e, até mesmo, falso.
CP:
Exato. E aí ficamos empacados.
O:
E quase sempre bate aquela letargia quase que incontrolável, a qual
a observação identifica como mais uma tentativa de fuga da exaustão
causada pelo looping de pensamentos e emoções inquietantes. Então, você
respira fundo, toma novamente seu centro, só para identificar, novamente, o
vazio de sentido e conexão real. E você olha ao redor e percebe que as
pessoas parecem não sentir nada disso. Elas parecem conseguir
"funcionar".
CP:
É bem assim mesmo! Dá uma angústia, por ficar nesse looping...
O:
Mas é só elas abrirem a boca e você logo percebe o quanto estão cegas.
CP:
Parecem não sentir e viverem no automático, de modo repetitivo,
compartilhando bobagens ou memórias de um passado que também em nada nos
toca. Isso é muito cansativo.
O:
A maioria permanece extremamente imatura, agarra em algum tipo de distração
que, para nós, já se mostrou infantil demais.
CP:
Exato.
B:
Ontem, minha filha surtou novamente. Chorou muito enquanto se queixava do
medo que sente do futuro e por achar que nada faz sentido. O pior é que, por me
ver na mesma situação, sinto que não tenho como ajudá-la. Sinto muito medo de
perdê-la. Para ela, estudar, trabalhar, entre outras as coisas, não faz
sentido. Ambos estamos perdidos. Tento falar que ela não está fora, que isto é
verdadeiro, mas ela muito jovenzinha para isso. Estou com problemas em
todas as áreas e as vezes penso que surtarei.
O:
São momentos muito diferentes. O adolescente nem sonha com isso que
vivemos. Ele ainda não começou a construir no falso.
CP:
Isso mesmo... Minha neta tem uns lances assim de tédio, algumas percepções
que até me surpreendem, no entanto, nem sonha o que vivemos... Os
adolescentes têm muitos sonhos e objetivos.
O:
Nosso caso diz respeito à completa ausência de conexão e a total incapacidade
de sentir algo com real sentido para dedicar a energia do dia. Não se trata de
falta de energia ou de depressão, aliás, energia é o que não nos falta. Já
fomos adolescentes com medos, sonhos e objetivos, sendo que foram exatamente
eles, que nos trouxeram até a situação em que nos encontramos.
CP:
Você acertou bem no alvo!
O:
Queremos um objetivo que faça real sentido e que não seja uma resultante de
nossos medos.
L:
Mas será que realmente existe algum? Talvez isso nem exista: algo com
sentido e real conexão.
O:
Ainda não encontrei, no entanto, algo no mais fundo, indica que isso é
possível. Talvez seja só mais uma crença.
L:
Ou, talvez, a mudança de nossa percepção sobre a mesma coisa, possa lhe dar um
valor nessa existência absurda. Quem sabe, o lance seja ver com outros
olhos. Mas, por enquanto, só temos estes.
O:
Mas isso cai nas conjecturas que não ajudam em nada.
L:
Sim, tudo conjecturas mesmo.
CP:
Por aí, é recair no velho vício dos achismos, vício esse que já
identificamos como outra forma de fuga.
L:
Tudo é achismo mesmo. Melhor só observar.
R:
Porém, manter a neutralidade, sem alimentar expectativas, é algo muito mais
difícil.
L:
Viver pode ser a única coisa. Viver e ponto final. O resto, foram criações
humanas para dar conta do recado.
O:
você está insistindo no campo da conjecturas.
L:
A vida tendo algum sentido ou não e pensarmos sobre isso... é tudo conjectura
mesmo, afinal, nada sabemos.
O:
No entanto, o que sentimos como sem sentido e sem conexão, não se trata de uma
conjectura: é fato!
L:
Pois é: sempre caímos nas conjectura.
R:
A mente humana é isto: uma máquina de fazer conjecturas. Este estado em
que a mente não está ausente é que alimenta as recaídas recai em
conjecturas. Vejo que é bem isso que ela sempre faz: categoriza, encaixota e
cria conjecturas, nas quais, aparentemente, estamos todos presos.
O:
Não tem nada de aparentemente, pois, trata-se de um fato.
CP:
Percebo o mesmo ocorrendo aqui.
R:
Da minha parte, foi uma vida dedicada à práticas espirituais que, na melhor das
hipóteses, só ajudam o praticante no que diz respeito a lida com as
questões dos condicionamentos cotidianos. Por mais escolas que frequentei até
aqui, não vejo uma luz em ninguém e vejo muita gente confusa e perdida.
O:
Poucos assumem isso como o fazemos aqui. A maioria se distrai com alguma
crença ou conjectura.
R:
Ainda participo de um grupo, no qual percebo claramente o desencontro dos
devotos que estão no caminho há mais de 30 anos; alguns deles, com quase 40
anos de práticas e ainda totalmente perdidos. A coisa parece ser muito
difícil.
O:
Esse lance de filiação grupal, é grupo, bola fora!
R:
Nesse grupo, são apenas 3 pessoas; estudamos um texto, mas mesmo assim, vejo
que não é nada fácil.
O:
Estudar textos é uma forma de droga socialmente incentivada, para a fuga do
vazio e da falta de sentido.
R:
Sim, um alívio momentâneo para toda forma de inquietação. Mas percebo que é só
mais uma forma de condicionamento... Basta o indivíduo ficar duas semanas sem
estudar... Logo recai, pois acaba o efeito do paracetamol espiritual
e volta tudo de novo. Talvez seja por isso que tantos mestres
enfatizam a repetição. O esquecimento é uma forma presente na prática,
então, precisamos sempre estarmos atentos, caso contrário a clareza é obscurecida.
O:
Os mestres, só são mestres em introjetar vários condicionamentos que eles
copiaram de outros mestres igualmente confusos, mas que também sabiam disfarçar
sua confusão no meio de devotos ainda mais confusos.
R:
Não estamos estabelecidos em nada.
O:
Estamos sim: no vazio, na angústia, na ansiedade e no looping da falta de uma
ação sentida com real sentido.
R:
E, quando não temos estes condicionamentos, naturalmente voltamos ao estado de
angústia, estado esse que nos impele a procurar por algo, por uma leitura, uma
palestra, um vídeo, uma filiação grupal... É muito parecido mesmo com uma
pessoa adicta em algo, pois, lidar com a falta sentido, é foda!
O:
Antes do amadurecimento da observação passiva não reativa, nos enchíamos de
coisas vazias, as quais, hoje, não fazem o menor sentido.
R:
Há 30 anos atrás, me perguntei sobre isso e, até agora... Só ficou uma
prateleira de livros que é tudo lixo! Mas para chegarmos até aqui, foi preciso
pastar e ler todo aquele monte de condicionamento extraídos das mais diversas
tradições, até perceber que são, igualmente, conjecturas. E foram
décadas presos nelas, no looping da busca do "eterno"... Buscar, ler,
entender, seguir e, por fim, mais uma vez, se frustrar... E, então, movido
pelo vazio, ler e ouvir e tudo novamente.
O:
Ler e "pensar" que entendeu.
R:
Mas acho que o cansaço é o melhor professor. Cansou... para... zera...
observa... Pesado demais, não é?
O:
Pesado é o vazio e esse impulso interno para encontrar uma ação que realmente
tenha sentido.
R:
Pois é... Acho que não temos nem mais palavras. Tipo minha cachorra: vive e
pronto! Sem dramas! Mas temos um cérebro que fica atiçando, querendo respostas
e o cacete a quatro, não é mesmo? E, mesmo depois de tanta busca, além de não
acharmos, percebemos que, de fato, ninguém achou. Se alguém tivesse achado algo
realmente significativo, capaz de produzir uma efetiva mutação psicológica, o
mundo já teria conhecimento. Mas, não vemos um que tenha realmente descoberto a
pólvora...
O:
Isso: não achamos e vemos que ninguém achou; alguns, na mais suprema das
ilusões, apenas alimentam o achismo de que acharam. Trata-se do sublime
achismo ilusório, o qual só encontra espaço por causa do desespero dos confusos
buscadores.
CP:
É bem isso mesmo!
O:
O fato é que somos seres vazios, não conectados à nada, medrosos, calculistas e
incapazes de saber o que é o amor real. Só sabemos o que é dependência e
codependências psicológicas, as quais são estruturadas no cálculo
medroso. A mente calculista desses que se auto-organizam como mestres,
nunca afirmará isso, por medo de perder seus confusos
financiadores. Se ele assim o fizesse, seus confusos e medrosos
seguidores, correriam para outro mestre igualmente confuso e simulador de paz e
bem-aventurança.
R:
Pois é... Eu tenho aqui algumas conclusões pessoais: estamos presos aqui, sem
nada e, quando digo presos, quero dizer até em relação aos nossos órgãos
perceptivos e também a respeito da nossa mente. Posto isto, não temos condições
de avaliar nada, apenas podemos alimentar suposições. E esses que se dizem
mestres, possuem no menu, uma variedade de teorias e discursos, prontos para
serem adotados pelos que se identificarem mais com o seu perfil... Daí para
frente, já sabemos da história. Vez por outra, pagamos uma aposta para ver o
que tem por aí... No campo do sensível, podemos até sentir muitas coisas
mas, não conseguimos explicar e muito menos entender, e daí que vem o bode. O
sujeito sentiu algo e... eeeeeee... nada! O que foi isto? Nada... e cada mestre
terá uma história para lhe contemplar, para simular ser o pai da
criança. Mas no campo do sensível e das experiências, estamos totalmente
perdidos.
O:
Sim, nossos sentidos estão presos. Sabemos disso por causa da breve experiência
do estado ilimitado de percepção da realidade. Nessa experiência, os
sentidos funcionam na totalidade e integrados. Na experiência do estado
incondicionado, no vislumbre, no despertar, seja lá o nome que mais lhe agrade,
ali você não se vê preso nem ao corpo... E tudo é sentido com total
sentido. Quando se volta dessa experiência, a vida, sem aquele estado
maravilhoso de ser, parece deixar de ter sentido, pois, diante daquilo, tudo se
mostra incalculavelmente superficial.
R:
Pois é! Aí me pergunto: O que foi aquilo? Qual seu significado? O que aconteceu
e por que nos aconteceu? Como reproduzir aquilo? Qual a circunstância X? Para
que?
O:
Já me perguntei isso vária e várias vezes e, igualmente à você, não encontrei
uma resposta realmente satisfatória. A meu ver, essa experiência, apesar de ser
a mais bela das experiências, fode mais a vida do indivíduo do que o próprio
looping de vazio, angústia e ansiedade.
R:
Para mim, isso também é um fato!
O:
Quando você sabe que aquilo existe, que é uma possibilidade real... Fudeu tudo
que você tinha por objetivo.
R:
Os YouTubers chamam essa experiência de "Falha na Matrix". Mas,
aqui entre nós, até hoje, não vi nenhuma explicação que produza
convicção.
CP:
Depois dessa experiência atemporal é que o vazio vem com tudo.
O:
Porque mesmo quem fala dela, em seu discurso, também se mostra vazio.
R:
Pois é! E o que fazer com essa experiência atemporal, é que me parece ser o X
da questão.
O: O que sinto é que, na solução dessa equação, somem as demais,
porque ela é lucidez integral. Naquele estado de ser, tudo está perfeito e
cheio de sentido e conexão.
CP:
Fato!
R:
E não temos nenhuma pista, pois tudo são conjecturas e teorias extraídas de
grupos religiosos, filosóficos, psicológicos, espiritualistas e afins.
O:
Os quais a observação já nos apresentou como superficiais e, portanto, sem
sentido de participação e filiação. Então, o indivíduo se vê lançado
no deserto daquela falha na Matrix, na angústia do que chamo de
"desespero lúcido". Os mestres, os grupos, as teorias, as
programações e conjecturas, todos são percebidos como partes integrantes da
mesma Matrix.
R:
Sim, ficamos apenas na observação, na expectativa, na ansiedade e as vezes na
frustração! E aí sim, lidar com este desconforto, é um grande desafio, sem
contar que nosso ver e viver na sociedade, vira do avesso, causando
estranhamento em relação à sociedade. Alguém deve ter furado tudo isso, mas é
um em um milhão!
O:
Desconheço.
R:
Pois é... E se houvesse mesmo, estaria por todos os lugares, não acha?
Pensa na Megasena: sei o segredo... o universo ia querer também....algo do
gênero!
O:
Novamente recaindo no vício das conjecturas.
R:
Ficamos aqui... Trocando figurinhas... Alguém dos seus contatos descreveu
algo da experiência que ele conseguiu se resolver?
O:
Até aqui, ninguém! Aliás, são poucos os que ficam aqui. Correm atrás de
alguma escola, droga ou mestre.
R:
Então, todo mundo na mesma... Todos com muitas teorias nas costas e sem
nenhuma explicação real.
O:
É compreensível que as coisas sejam assim; sua pergunta mesmo, aponta a
necessidade de segurança da mente confusa e medrosa. Todos querem se
certificar de que alguém chegou no pote de ouro no fim do arco-íris das ilusões
espirituais.
R:
Percebi isso aqui... eu mesmo fui..., mas mantenho o vínculo pois serve como um
contraponto de lucidez, já que posso estar entrando num louco delírio
espiritual. Eu não desisto... ainda tenho um pouco de paciência e anergia
para me enfiar nestes troços...
O:
Paciência e energia ou insanidade?
R:
Opa! Paciência e energia! E não entro com tudo não, não
consigo! Estudo um texto e pronto... grupo, grupo mesmo, não. Não
participo das reuniões... Só me dedico a um dia estudo. Nada!
O:
Talvez, por não entrar com tudo, é que não percebe de vez que tudo isso é falso
e ilusório, afinal tanto 1x0 como 9x0, é sempre 0.
R:
Ainda me serve de alento intelectual... Acho que, entre os devotos desses
grupos, tem muito de auto sugestão.
O:
Um grupo de mentes condicionadas, ávidos para agarrar outros condicionamentos
igualmente ilusórios.
R:
Verdade... percebo muita forçada de barra; vejo e fico quieto, só tentando
achar uma resposta.
O:
Não percebeu ainda que, tentar achar resposta onde nunca a terá, é a sua
forçada de barra?
R:
Sim... até agora, no nível intelectual, organiza a zona toda, mas não resolve.
Mas eu também entendo que muitos, antes de nós, devem ter se debruçado sobre
isto... este questionamento, esta angústia, etc. Será que alguém não teve um
insight, um direcionamento?
O:
Você está rodando há 40 anos e ainda não percebeu que não?
R:
São séculos com isto na cabeça do ser humano... Gente, gerações, mentes
nisto... será que eu não procurei corretamente?
O:
Pode procurar e não encontrará nada de conciso, depurado de condicionamento e cilada.
R:
Sim, isso me parece ser uma verdade..., mas será que não tem um"
santo" que descreva ou algo do gênero, com consistência e sem delírios e
conjecturas?
O:
Mostre-me esse santo.
R:
Ainda estou procurando. Permaneço atento ao que pode aparecer, vasculhando
seria o melhor termo.
O:
Se você estivesse realmente atento, não estaria mais procurando por tal
santo. Se estivesse atento, não vasculharia mais.
R:
É uma espécie de escavação... Informações, textos, sei lá... Sim, ainda na
ilusão, mas na busca.
O:
Escavações só apresentam coisas mortas. Se você viu que é ilusão e
continua na ilusão, então, você não quer o real.
R:
Meio que desisti disto: realizações e entendimento. Apenas fico aqui na
espreita, vai que surge algo, afinal, não fomos os únicos a ter pensado
nisto. Quero ver se alguém descreve algo que reflete algo de realmente
funcional.
O:
Se você está na espreita, então, não desistiu.
R:
Procuro uma brecha nesta ilusão, que me eleve ou, ao menos, me dê uma luz.
O:
A brecha na ilusão surge automaticamente, quando você não investe mais na
ilusão. Isso é simples demais.
R:
Faz sentido!
O:
Mas você não quer isso, uma vez que isso significa ser lançado no vazio total,
na solidão total, na terrível incerteza.
R:
Como lidar com o vazio total? Como gerenciar isto?
O:
Perguntando para os outros é que não vai ser.
R:
Pois é, disso, com certeza, eu já sei. Foi só uma reflexão em voz
alta. O texto ainda me serve como um conforto, um paracetamol
espiritual, uma fuga que me distrai.
O:
Sim fuga...
R:
Foda! Mas é isto Out! Vamos aqui, qualquer coisa te aviso. Vou
aqui...
O:
Descubra a pólvora e, com ela, exploda essa estrutura insegura, calculista e
dependente de doações psicológicas de terceiros.
R: É bem isso!
O: Valeu!