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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Sobre o amor e a morte

Passemos a aprender o que é o Amor. Eis uma palavra muito usada e repetida, que tendes rodeado de fórmulas de toda espécie: o amor é divino, o amor é sagrado, o amor não é profano... Com isso pensais tê-lo compreendido. Vós sabeis o que é o amor? Se sois realmente sincero, não hipócrita, direis: "Não sei; só sei o que é o ciúme, o que é o prazer sexual — a que chamamos amor; só sei das agonias por que passamos por causa dessa coisa que chamamos amor." Mas a natureza do amor, a sua beleza, essa, em verdade, desconheceis.

Que é, pois, o amor? A seu respeito não tenhais nenhuma opinião, nenhuma fórmula. Se as tendes, cessastes de aprender. Compreendeis o que é o amor? Investiguemos isso. Se com­preendo verbalmente o seu significado, o que compreendo não é, de modo nenhum, amor. Que é o amor? É prazer? É desejo? É um produto do pensamento? É amar a Deus e odiar o homem? É isso o que fazeis — amais a Deus e espezinhais o vosso seme­lhante. Amais o líder político, ou talvez não o amais, mas amais o vosso patrão, vossa esposa. Amais realmente vossa esposa? Sim? Que significa isso? Quando amais uma coisa, velais por ela. Senhor, vós amais os vossos filhos, isto é, velais por eles não só enquanto pequeninos, mas também ao se tornarem maiores, cuidando de que recebam educação correta? Se os amais, tereis cuidado em não vos interessardes apenas em que eles obtenham empregos seguros, casem-se e se estabilizem, seguindo o padrão de vossa própria geração.

E o amor não é ciúme, é? Um homem ambicioso e deci­dido a alcançar a qualquer preço os seus alvos jamais compreen­derá o que é o amor, não achais? Pode um homem violento compreender o que é o amor? E o homem, com efeito, é vio­lento, agressivo, ambicioso, competidor. O que chamais amor é apenas prazer. Dizeis que amais vossa família. Sabeis o que significa amar alguém? Pode um homem amar sua esposa e filhos se é ambicioso, se, nos negócios, quer prosperar enga­nando seus semelhantes?

Por conseguinte, para descobrirdes o que é o amor, a ele vos eleveis chegar negativamente: não ser ambicioso. Se dizeis: "Se eu não for ambicioso, serei destruído por este mundo" — deixai-vos destruir; porque, afinal de contas, este é um mundo estúpido, monstruoso, imoral. Se realmente desejais descobrir a beleza, a verdadeira natureza do amor, deveis renegar toda a moral cultivada pelo homem. O que tendes cultivado é a ambi­ção, a avidez, a inveja, a competição, o apego a vosso despre­zível "eu", a vossa insignificante família. Vossa família sois vós mesmo. Estais identificado com ela e, por conseguinte, amais a vós mesmo, não a vossa família, a vossos filhos. Se de fato amásseis vossos filhos, o mundo seria diferente, não haveria guerras. Assim, para descobrirdes o que é o amor, deveis afastar o que ele não é. Estais disposto a isso? Ora, vós estais disposto a tudo, menos isso; quereis frequentar vossos templos, vossos gurus, ler incessantemente vossos livros sagrados, recitar mantras, iludir a vós mesmo, e falar sobre o amor de Deus e vossa devoção a vosso guru. Não quereis fazer a única coisa certa, que é: descobrir o que significa amar, descobrir, por vós mesmo, o que significa não ser agressivo.

Assim, o homem que no coração não tem amor, mas só coisas feitas pelo pensamento, esse homem fará um mundo mons­truoso, edificará uma sociedade totalmente imoral. E foi isso que fizestes. Dessa forma, para descobrirdes o amor deveis desmanchar tudo o que fizestes, não por meio do tempo, dizendo: "Eu o desmancharei gradativamente." Esse é outro artifício da mente. Dizeis: "Isto é meu karma." Se compreenderdes realmente a agressividade, compreenderdes quanto ela é terrível, quer em pequena, quer em grande escala, vós a abandonareis instantanea­mente. Nesse abandono, há grande beleza.

E cumpre-nos também descobrir o que significa morrer. Já vistes a morte. Já vistes pessoas morrerem e serem transpor­tadas para o túmulo, mas não sabeis o que significa morrer, sabeis? Tendes teorias e crenças acerca da morte, sobre o que acontecerá após a morte ou dizeis "Creio na reencarnação". Todos vós credes na reencarnação, não?

(Vozes: Nós cremos)

Sabeis o que isto significa — reencarnação? Escutai, bem quietos. Adotastes a suposição de que, após a morte, vós renascereis; credes nisso. Que é "vós"? — O dinheiro depositado no banco, a casa, o emprego, lembranças, disputas, ansiedades, dores, medo — tudo isso não é "vós"? Negais que isso seja "vós", dizendo que o "eu" é muito superior a essas coisas? Se dizeis que o "eu" não é vossos móveis, vossa família, vosso emprego, mas uma coisa infinitamente superior, quem é que o diz, e como sabeis que existe "uma coisa infinitamente superior"? Quem o diz é o pensamento e, portanto, essa coisa "infinitamente superior", esse "superego", esse Atman, está ainda no campo do tempo, no campo do pensamento, e o pensamento é "vós" — vossos móveis, vossa conta no banco, vosso apego à família, à nação, a vossos livros, a vossos desejos não preenchidos. Se realmente acreditásseis — com o coração e não com vossa mente desprezível — que na vida futura reencarnareis, estaríeis vivendo hoje de ma­neira totalmente diferente, porque, pelo que hoje fazeis, tereis de pagar amanhã, na "vida futura".

Ao morrerdes, perdereis vosso depósito bancário, pois não podeis levá-lo convosco; podereis retê-lo até o último minuto, e a maioria das pessoas quer retê-lo até o último instante — risível, não? Assim, como realmente não sabeis nada sobre a morte, vamos aprender o que ela é — aprender, e não apenas repetirdes o que o orador diz, porque, se o repetirdes, vereis que são meras palavras — nada.

O organismo físico, decerto, perecerá. O cientista poderá dar-lhe mais uns cinquenta anos, mas, ao cabo deles, o organismo morrerá, porque está sendo submetido a constante uso e abuso. O organismo vive sujeito a tensões e pressões de toda espécie; dele se abusa com bebidas, drogas, comidas impróprias, inces­sante luta. Tais excessos cansam o organismo, de onde os co­lapsos cardíacos, as doenças, etc.

O corpo perecerá, e que mais morrerá com ele? Vossa mo­bília, vosso saber, vossas esperanças, desesperos e preenchimentos. Que é, pois, a morte? Aprendei-o, por favor. Nós estamos aprendendo juntos. Para descobrirdes o que é a morte, deveis morrer, não? Se sois ambicioso, deveis morrer para vossa ambição, vosso desejo de poder, posição, prestígio; morrer para vossos hábitos, vossas tradições. Compreendeis? Não se pode discutir com a morte, dizer-lhe: "Preciso de mais uns dias, não acabei de es­crever o meu livro; quero mais um filho, etc." Nada se pode alegar; portanto, abstende-vos de argumentar, de justificar.

Morrei completamente para toda e qualquer coisa: vossa vaidade, vossas aspirações, as imagens que tendes de vós mesmo, de vosso guru, de vossa esposa. Se o fizerdes, compreendereis o significado da morte, sabereis o que é uma mente morta para o passado. Só a mente que morre todos os dias tem a pos­sibilidade de transcender o tempo.

Bem, senhores, estivestes ouvindo esta palestra; por conse­guinte, aprendestes o que é o medo, o que é o prazer. E, se o aprendestes, já sabeis o que é o amor — aquele estado da mente e por "mente" entendo o cérebro, o coração, a totalidade — em que não existe divisão, fragmentação de espécie alguma. E, agora, se alcançastes esse estado, se tendes essa mente exce­lente, esse coração puro, depois de sairdes daqui, nesta tarde, morrei para tudo o que aprendestes hoje, a fim de despertardes, amanhã, mais uma vez completamente novo. Do contrário, se, transpor tardes para amanhã toda a carga de hoje, dareis continui­dade ao medo. Morrei, pois, cada dia, para conhecerdes a beleza da vida, a beleza da Verdade, e não precisardes aprender nada de ninguém, porque vós estareis aprendendo.

Krishnamurti — O Novo Ente Humano — ICK — Pág. 161 à 164

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill