Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A compreensão do que sois pela auto-observação

É possível ver-se a totalidade da vida, a qual semelha um rio, a rolar infinitamente, sem descanso, cheio de beleza, impelido pelo enorme volume de suas águas? Pode-se ver totalmente essa vida? Pois só vendo totalmente uma coisa, a compreendemos; mas não podemos vê-la totalmente, completamente, se há alguma atividade egocêntrica a guiar, a moldar a nossa ação e os nossos pensamentos. E a imagem egocêntrica que se identifica com a família, com a nação, com conclusões ideológicas, com partidos — políticos ou religiosos. É esse centro que, dizendo-se em busca de Deus, da Verdade, impede a compreensão do todo da vida. E o compreender esse centro, tal como realmente é, necessita uma mente que não esteja repleta de conceitos e conclusões. Devo conhecer realmente, e não teoricamente, o que sou.  O que penso, o que sinto, minhas ambições, minha avidez, inveja, meu desejo de sucesso, de preeminência, de posição, prestígio, ganho, minhas aflições — tudo isso constitui o que eu sou. Posso pensar que sou Deus, que sou "outra coisa', mas isso faz ainda parte do pensamento, parte da imagem que se "projeta" através do pensamento. Assim, a menos que se compreenda essa coisa, não segundo Sankara, Buda ou outro mais, a menos que vejais o que realmente sois, em cada dia — vossa maneira de falar, de sentir, de reagir, não só consciente, mas também inconscientemente — a menos que seja lançada essa base, que possibilidade tereis de ir muito longe? Podeis ir longe, mas isso será imaginação, fantasia, ilusão, e sereis um hipócrita.

Esta base vos tendes de lançar: Compreender o que sois. Mas só sereis capaz de compreender o que sois pela auto-observação, não tentando corrigir ou moldar o que observais, não dizendo que isto é certo ou errado, porém vendo o que de fato se passa. Isso não significa tornar-se mais egocêntrico. Pelo contrario, uma pessoa só se torna egocêntrica quando esta a corrigir o que vê, a traduzi-lo de acordo com seus gostos e aversões. Mas, quando simplesmente se observa, não há fortalecimento do centro.

E o ver a totalidade da vida requer grande afeição. Estamos tornando entes insensíveis, e pode-se ver porque. Num país superpovoado, num país interior e exteriormente pobre, num país que sempre viveu de ideias e não de realidades, que sempre venerou o passado e sempre seguiu a autoridade radicada no passado — num tal país, naturalmente, os entes humanos são indiferentes aos fatos reais. Se observardes a vós mesmo, vereis o pouco que tendes de afeição, da afeição que é zelo. Afeição  significa percepção da beleza e não unicamente da "decoração" exterior. Mas, a percepção da beleza só pode existir quando, há brandura, consideração, zelo — a essência mesma da afeição. E, se está seca essa fonte, nosso coração também seca e, por conseguinte, tratamos de enche-lo com palavras, ideias, citações; e, tornando-nos cônscios dessa confusão, tentamos ressuscitar o passado, cultuamos a tradição: retrocedemos. Não sabendo clarificar a confusão da presente existência, dizemos "Voltemos atrás, volvamos ao passado, vivamos em conformidade com uma certa coisa morta". Eis porque, quando nos vemos frente a frente com o presente, nos refugiamos no passado ou numa certa ideologia ou Utopia, e, estando vazio o nosso coração, tratamos de enche-lo de palavras, imagens, fórmulas e slogans. Observai-vos, e sabereis de tudo isso.

Assim, para se promover, natural e livremente, essa mutação. Mas nós não desejamos prestar atenção, porque temos medo do que possa acontecer se realmente começarmos a pensar nos fatos reais, diários, de nossa vida. E, porque temos medo de examina-los a sério, preferimos viver como cegos, sufocados, aflitos, desditosos, triviais. Por conseguinte, nossas vidas se tor- nam vazias, sem significação. E, sendo a vida sem significação, tratamos de inventar uma significação para ela. Mas a vida não tem significação. A vida é para ser vivida, pois nesse próprio viver é que se descobre a realidade, a verdade, a beleza da vida. Para descobrir a verdade, a beleza da vida, é necessário compreender o seu movimento total. E, para compreender esse movimento total, temos de cessar todo o nosso pensar fragmentário e nossas maneiras de vida; tendes de deixar de ser hinduísta, não apenas no título, porém interiormente; tendes de deixar de ser muçulmano, budista ou católico, abandonar todos os vossos dogmas, porque essas coisas estão separando os entes humanos, dividindo vossa própria mente e coração.

E — fato estranho — após terdes escutado uma hora inteira o que se esteve dizendo, voltareis a casa para repetir o mesmo padrão. E a repeti-lo continuareis, infinitamente, esse padrão que se baseia essencialmente no prazer. Tendes, pois, de examinar vossa própria vida, voluntaria- mente, e não por influência do governo ou de alguém. Tendes de examina-la voluntariamente, sem dizer que isto esta certo ou que isto esta errado: tendes de olha-la! E se olhardes dessa maneira, vereis que o fareis com olhos cheios de afeição; não com condenação, com julgamento, porem com zelo e, por conseguinte, com imensa afeição. Só quando há grande afeição e amor pode-se ver o movimento total da vida.


Krishnamurti –  Viagem por um mar desconhecido
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill