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domingo, 7 de julho de 2013

O crente e o descrente são idênticos

Interrogante: Desejo verdadeiramente saber se Deus existe. Se não existe, a vida não tem significado. Desconhecendo Deus, o homem o inventou mediante crenças e inúmeras imagens. A divisão e o medo gerado por essas crenças o separam de seus semelhantes. Para fugir às penas e aos malefícios dessa divisão, criou ele mais crenças ainda, e a crescente aflição e confusão o engolfaram. Porque ignoramos, acreditamos. Posso conhecer Deus? Fiz esta pergunta a vários "santos", tanto na Índia como aqui, e todos exaltaram a crença. "Acredite, e O conhecerás,; sem crença, jamais você O conhecerá". E você, o que pensa?

Krishnamurti: É necessária a crença para se conhecer Deus? Aprender é muito mais importante do que saber. O aprender a respeito da crença é o fim da crença. Livre da crença, tem a mente a possibilidade de olhar. É a crença ou a descrença que escraviza — pois a crença e descrença são a mesma coisa, as faces opostas da mesma moeda. Podemos, pois, rejeitar de todo a crença, positiva ou negativa; o crente e o descrente são idênticos. Após essa rejeição, a pergunta "Existe Deus?", tem então um significado diferente — A palavra "Deus", com sua soma de tradição e memória, suas implicações intelectuais e sentimentais, não é Deus. A palavra não é o real. Pode, pois, a mente se libertar da palavra?

Interrogante: Não sei o que isso significa.

Krishnamurti: A palavra é a tradição, a esperança, o desejo de descobrir o obsoluto, a luta por alcançar a realidade última, o movimento que dá vitalidade à existência. Torna-se, assim, a própria palavra a realidade última; mas, pode-se ver que a palavra não é a coisa real. A mente é a palavra, e a palavra é pensamento.

Interrogante: E você está me pedindo para que me despoje da palavra? Como posso fazê-lo? A palavra é o passado; a memória. A esposa é a palavra, a casa é a palavra. "No começo era o "Verbo". A palavra é também o meio de comunicação, de identificação. Seu nome não é você, mas, se não sei seu nome, não posso pedir informações a seu respeito. E você está me perguntando se a mente pode se libertar da palavra — quer dizer, se a mente pode se libertar de sua própria atividade.

Krishnamurti: No caso da árvore, o objeto está diante de vossos olhos, e a palavra se aplica à arvore, por consenso geral. Ora, com relação à palavra "Deus" não existe nada a que ela se possa aplicar, de modo que cada homem pode criar sua própria imagem da coisa designada por tal palavra. O teólogo o faz por certa maneira, o intelectual por outra, e o crente e o não crente por suas próprias e diferentes maneiras. A esperança gera a crença e, em seguida, a busca. Essa esperança é o produto do desespero — o desespero de todos os que nos cercam neste mundo. Do desespero nasce a esperança — também as duas faces da mesma moeda. Quando não há esperança, há o inferno, e o medo ao inferno nos dá a vitalidade da esperança. Começa, então, a ilusão. A palavra, por conseguinte, nos levou à ilusão e não a Deus. Deus é a ilusão que adoramos; e o descrente cria a ilusão de outro Deus que ele venera — o Estado, ou uma certa Utopia, ou um certo livro que ele pensa conter a Verdade. Por isso, lhe pergunto se você pode se libertar da palavra e da ilusão.

Interrogante: Preciso meditar sobre isso.

Krishnamurti: Se não há ilusão, o que resta?

Interrogante: Apenas "o que é".

Krishnamurti: "O que é" é o que há de mais sagrado.

Interrogante: Se "o que é" é o que há de mais sagrado, então a guerra é sacratíssima, e o são o ódio, a desordem, a dor, a avareza, a pilhagem. Não há então necessidade de falarmos em transformação. Se é sagrado "o que é", nesse caso todos os assassinos e salteadores e exploradores poderão dizer: "Não me toque; o que estou fazendo é sagrado".

Krishnamurti: A própria simplicidade desta asserção, "O que é é o que há de mais sagrado", leva a muita incompreensão, porque não percebemos a verdade que ela encerra. Quando se vê que "o que é" é sagrado, não se mata, não se faz guerra, não se espera nada, não se explora. Quem praticou tais coisas não tem direito a imunidade, porquanto violou uma verdade. O branco que diz ao negro amotinado: "O que é é sagrado; não o perturbe, não se exalte" — não viu aquela verdade, porque, se a tivesse visto, o negro seria sagrado para ele e não haveria necessidade de exaltação. Assim, se cada um de nós perceber essa verdade, haverá transformação. Esse ver da verdade é transformação.

Interrogante: Vim ter com você para descobrir se há Deus, e você me tornou totalmente confuso.

Krishnamurti: Você veio perguntar se há Deus, e nós respondemos: A palavra leva à ilusão que adoramos, e por causa dessa ilusão estamos prontos a nos matar mutuamente. Quando não há nenhuma ilusão, "o que é" é então sacratíssimo. Pois bem; olhemos o que realmente é. Num dado momento, "o que é" pode ser medo, ou extremo desespero, ou passageira alegria. Essas coisas variam constantemente. E há também o observador que diz: "Tudo o que me cerca varia, mas eu permaneço o mesmo". É fato isso, é realmente o que é? Ele também não varia, acrescentando a si próprio, subtraindo de si próprio, se modificando, se ajustando, "vindo a ser", "não vindo a ser"? Vemos, pois, que tanto o observador como a coisa observada variam constantemente. "O que é" é variação. Isso é um fato. É "o que é".

Interrogante: O amor é então variável? Se tudo é variação, o amor não faz também parte desse movimento? E, se o amor é variável, nesse caso posso amar uma mulher hoje e dormir com outra amanhã.

Krishnamurti: Isto é amor? Ou você quer dizer que o amor é diferente de sua expressão? Ou você está dando à expressão mais importante do que ao amor e, por conseguinte, criando uma contradição e um conflito? Pode o amor se prender à roda da mudança? Se pode, nesse caso ele pode também ser ódio; então o amor é ódio. Só quando não há ilusão nenhuma, é sacratíssimo "o que é". Não havendo ilusão, "o que é" é Deus — ou outro nome que se preferir. Assim, Deus — ou o nome que você lhe der — existe quando você não existe. Quando você existe, Ele não existe. Quando você  existe, existe o amor. Quando há você, não há amor.

Krishnamurti — A luz que não se apaga

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill