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Um louco desarmado, com dois sãos armados |
Havia um santo sufi, Hijira. Um anjo apareceu-lhe em sonho e disse-lhe que devia guardar tanto água de seu poço, quanto pudesse, porque na manhã seguinte a água do mundo ia ser envenenada pelo diabo e todos que a bebessem se tornariam loucos.
Assim, durante toda a noite o faquir guardou tanta água quanto possível. E o fenômeno realmente aconteceu! Todos ficaram loucos na manhã seguinte. Mas ninguém sabia que toda a cidade enlouquecera. Só o faquir não estava louco, mas toda a cidade falava como se ele tivesse enlouquecido. O faquir sabia o que acontecera, mas ninguém acreditava nele, de forma que continuou bebendo a sua água, mas ficou isolado.
Não podia, entretanto, continuar assim. Toda a cidade estava vivendo num mundo completamente diferente. Ninguém o ouvia. Por fim, correu a notícia de que ele ia ser agarrado e posto numa prisão. Diziam que ele estava louco!
Certa manhã vieram buscá-lo. Ou seria tratado como se estivesse doente, ou iria para a prisão, mas não lhe podiam permitir que vivesse em liberdade. Estava inteiramente louco! O que ele dizia não podia ser entendido; ele falava uma língua diferente.
O faquir não podia compreender aquilo. Tentava ajudar os outros a recordar seu passado, mas todos tinham esquecido tudo. Nada sabiam do passado, nada do que acontecera antes daquela manhã enlouquecedora. Não podiam compreender. O faquir se tornara incompreensível para eles.
Rodearam a casa do homem e agarraram-no. Então, o faquir disse: "Deem-me um momento mais. Eu me tratarei." Correu para o poço comum, bebeu daquela água, e ficou como eles. Agora, a cidade inteira estava feliz: o faquir agora estava bom, agora já não era louco. Na verdade, ele enlouquecera, mas agora era parte e parcela de um mundo comum.
Se todos estão adormecidos, jamais poderás ter consciência de que estás dormindo. Se todos enlouqueceram, e tu estás louco, jamais terás consciência disso.
Osho em, Meditação: a arte do êxtase