
Uma vez que o descobrimento daquilo que é a Verdade é de vital significação e importância, não devemos, os que frequentamos estas reuniões... indagar com todo o interesse se a mente é capaz de se despojar de todo o seu condicionamento, para ter a possibilidade de descobrir o que é a Verdade? Esse descobrimento do que é a Verdade não se verifica por meio do esforço consciente. Acho muito importante se compreender que não podemos ir à Verdade. E a Verdade só pode vir à nós imperceptivelmente, quando não a esperamos. Qualquer forma de expectativa, de esperança, é uma forma de “projeção” — projeção do “eu”, sendo o “eu” o coletivo. Por conseguinte, o nosso problema é este: compreensão do conflito, da luta, da vida de cada dia, das nossas relações, nossas ambições, nossas paixões e desejos, nosso espírito de imitação, e a medonha degradação que vai dentro de nós, a corrupção, a escuridão, a morte, que constantemente nos acompanha; e, compreendido tudo isso, o descobrimento de algo existente além dos limites da mente. E esse estado só é realizável quando compreendermos o processo de nossa mente, e não quando procurarmos imaginar o que ele seja, ou especular a seu respeito. Tão-somente ao compreendermos o processo do nosso pensar e vermos o quanto estão condicionadas as nossas mentes, só então há uma possibilidade de descobrir o que é a Verdade, a qual, só ela, pode nos libertar dos nossos problemas.
Krishnamurti — Autoconhecimento — Base da Sabedoria