4ª Pergunta: Se é “aqui” e “agora” que alcançamos a Libertação, que
desenvolvimento nos é possível após a morte?
Krishnamurti: Teria sido melhor fazer a seguinte pergunta: “Que
desenvolvimento nos é possível enquanto estamos vivos?” Achai-vos muito mais
interessados pela morte do que pela vida. A Libertação, a Verdade da qual estou
falando, não é algo exterior, porém consiste no processo da própria consecução.
A verdade reside na luta continua, na rejeição e consecução que são o resultado
dessa luta. A Verdade reside no desdobramento do “Eu” progressivo, o ego e não
na sua consecução final. Esta progressão do ser não está nem no futuro, nem em
uma época longínqua, porém, enquanto estais vivendo, lutando, regozijando-vos,
entristecendo-vos, agora. Assim,
seria muito melhor que buscásseis compreender e adestra-vos com a vida, agora,
do que investigar a vida após a morte. Assim como vos preparais para a treva,
durante o dia, assim, para vos preparardes para a morte, precisais viver. Vivei
agora, pois é esta a coisa única que importa. O alterar o curso de vosso
pensamento, o modificar o vosso amor corruptível agora, é a coisa única que
importa. Por favor, olhai a isto, verificai que precisais lutar constantemente,
continuamente, agora, de modo a
criardes essa incorruptibilidade de que falo, em vossas mentes e corações. É
uma coisa muito difícil o lutar de continuo; requer grande força, grande
determinação. Como muito poucas pessoas a possuem, eis porque tendes todos
esses caminhos laterais inumeráveis para encorajar-vos; porém, ainda mesmo que
andeis vagueando por esses caminhos laterais, tereis que voltar sempre, que
retroceder a esta coisa única. Podeis adorar em um milhar de altares, executar
um milhar de ritos, porém volvereis sempre a esta coisa única. Não vos é
possível esquecer a tristeza, não podeis por de lado a desgraça, a solidão ou o
temor por esses meios ilusórios. Tendes que chegar à raiz de toda a tristeza e aí estabelecer a perfeição, essa harmonia
entre a razão e o amor e, então, todos esses caminhos laterais não terão mais
valor.
Krishnamurti, 7 de agosto de 1929, Acampamento de Ommen