Pergunta: Por que modo a vida, segundo vós a encarais, difere da
concepção teosófica do plano divino? Quereis vós dizer que não existe tal
plano, ou antes, aventurando-me a interpretar-vos, que nessa concepção do
plano, o perpétuo, sempre continuado fluxo de vida divina, é visto
demasiadamente como algo de estático, dividido em compartimentos por modo
antropomórfico?
Krishnamurti: Eu não sei
qual é o plano divino teosófico; tenho que compreender, das próprias palavras
do inquiridor, que todas as coisas, segundo ele, se acham decretadas, são
estáticas, como ele diz. Estou somente acompanhando o pensamento do inquiridor.
Um outro teosofista poderá talvez dizer: Não é assim.
Para mim, a vida, não pode ter um
plano. A vida que é incondicionada, livre, integra, está inteiramente liberta
de todos os planos. A partir do momento que tenhais um plano, estareis trazendo
essa vida à limitação. E, não podeis trazer para baixo aquilo que é
incondicionado e que jamais pode ser dominado, vosso plano não pode
corresponder à vida que é livre.
Krishnamurti, no Castelo de Eerde, 19 de julho de 1929