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sábado, 13 de junho de 2020

A vida é o único mestre


Para nós a vida é o único mestre, aprendemos por meio da experiência da alegria e da tristeza, do êxito e da falência. Ninguém jamais respondeu as nossas perguntas, exceto a própria vida, e ela não fala por meio de palavras, suas lições são experiências. Em nossa libertação de tudo quanto é relativo, nos tornamos a própria vida; — o oceano que é todas as coisas — tornou-se o mestre. Porém, deve também surgir em nossa mente a ideia de que seu ensinamento não se evidencia primariamente por meio das palavras. As palavras apenas escondem, ocultam a verdade que elas se esforçam por expressar; somente na própria vida do homem, é que o Eterno se torna o transitório, é aí que tem lugar a quadratura do círculo e não na linguagem ou no símbolo.

As palavras dos grandes instrutores constituem a menor parte de seu ensinamento; o efeito produzido por suas vidas, sempre está fora de toda a proporção com as palavras que proferem. Eles são os Despertadores de uma nova vida, que neles já está plenamente consciente e que vagamente se agita nos seus semelhantes. Visto que a doutrina que eles ensinam possa se encontrar em ensinos precedentes, no entanto, ela é inteiramente nova, pelo fato de a viverem por um modo em que jamais pudera anteriormente ser vivida. A coisa nova que despertam é um modo de viver e não uma doutrina. Despertam uma nova faculdade no homem, uma nova resposta para a vida, e fazem isto por meio da vida que vivem, e por serem o que são. No entanto, aquilo que trazem, não é estranho à humanidade de seus dias. Acima de tudo, eles são Homens Representativos, nos quais já se encontra liberto, aquilo que nas multidões, procura por libertação. Assim, eles o trazem à vida e o fazem nascer em outros. Portanto, são Despertadores antes do que mestres do Mundo. Não ensinam uma doutrina, vivem uma vida; não possuem discípulos, porém, filhos nascidos de uma vida que é a deles.

Quando os “discípulos” tentam propagar-lhes a doutrina, é sinal seguro de que essa vida já está se perdendo. Aqueles que quiserem ajudar na obra do Despertar, tem que viver uma vida nova, e não pregar uma nova doutrina. Portanto, livros e conferências são coisas secundárias. Sem a vida da qual eles são as centelhas, não terão significado.

Portanto, o supremo trabalho do Despertar, é o de viver uma vida. O que devemos mostrar aos outros, não é quão exatamente nos é possível repetir as palavras de algum mestre, e ainda menos o como desdenhamos àqueles que não compreendem, mas sim, o como vivemos.

A arte da vida, uma ova arte de viver, deve ser nossa atividade criativa. Nenhuma arte é mais exigente, do que esta arte de viver; nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações, são todos parte dessa nova criação. Pelo fato de ser criação, pode afetar os outros, neles despertar a vida. Só assim podemos “ensinar”, e somente assim. Mais importante do que a publicação dos nossos livros, é a propagação da vida que despertamos. E isto somente pode ter lugar por parte do homem, na obra de arte que é a sua própria vida. Sem isto, os livros perderão sua significação no decurso de uma geração, pois que devem nascer de uma corrente viva de vida.

Esta nova criação é essencialmente obra do indivíduo, ninguém pode ajudar a outrem neste sentido, nada pode ser utilizado como apoio ou auxílio. Porém, é em nossas relações para com os demais, com o nosso trabalho, que o nosso novo modo de viver se evidencia, sendo a vida de comunidade a orquestração da nossa música.

Necessitamos criar escolas nas quais a nova vida seja uma realidade vivida, e não um ensinamento repetido com frases de bolso que venham constituir os primórdios de uma nova ortodoxia. Permitimo-nos imaginar tais escolas no futuro, em todos os países.

Neste caso é o amor da vida que reina, e não o pensamento da fuga ou o refúgio da vida. Aqui o homem será o seu próprio libertador, e não um deus qualquer, por ele criado. Nestes dias, a vida não será atada pelo dogma, pelo rito ou pela autoridade, porém, fluirá livre e oportunamente.

Tais escolas modernas deveriam ser como oásis num deserto; homens sedentos de realidade, de vida livre, a elas recorreriam e, na atmosfera de uma nova vida, encontrariam a orientação perdida, a solução de suas inquietudes. Pois a vida é a única solucionadora dos problemas e inquietudes do homem, de suas interrogativas e perplexidades.

Pensamos que um lugar como este, deveria ser o primeiro dentre essas escolas. Uma vez que o novo modo de vida tivesse sido estabelecido pelo grupo dali, poderia ramificar-se e serem fundadas outras escolas semelhantes. O que se necessita em primeiro lugar, é de um grupo de pessoas suficientemente sinceras para cooperarem neste trabalho de criação. Sem as pessoas adequadas para principiar, nada pode ser executado.

Em segundo lugar, é necessário revisar o modo de vida exterior. Esta nova vida dificilmente poderá ser vivida em ambientes que expressem o desejo do conforto de uma idade passada. Uma certa severidade do ambiente é necessária para manter o indivíduo desperto, pois o conforto alimenta o sono, os objetos supérfluos têm um efeito de distração e desintegração. A mais completa simplicidade nos dispositivos para a vida, e uma atmosfera de tranquilo recolhimento e infatigável observação sobre o que é real, todas essas coisas necessitam ser criadas para fazer da nova vida uma realidade. O conforto é que faz adormecer a vigilância e a intensidade da vida, toda a agitação e tumulto que afogam a voz da vida, todas as distrações que mais não são que substitutos para uma vida que não tem propósito, tudo isso deve ser deixado de lado; o trabalho deve ser feito na tranquilidade de uma perseverança amplamente desperta.

Então um estrangeiro deprimido e fatigado pela vida, que tenha perdido a orientação e ande em busca de certeza, pode vir a uma dessas escolas e, em sua atmosfera, despertar para uma nova vida. Não há necessidade de pregar homilias sobre o que se deve ou não fazer; a vida é uma nova moral e, se estiver desperta em um homem, a todo instante será um guia seguro.

Assim, a nova escola pode ser um oásis no deserto, nela os homens virão beber da vida para depois se retirarem renovados, bastando-se a si mesmos, apercebidos de sua meta.

Para nós esta é a maneira de ensinar de que agora se necessita, e é uma tarefa e um propósito para as muitas propriedades existentes por todo mundo no sentido de continuarem os nossos trabalhos.

Naturalmente, na vida de cada indivíduo, tem que ter lugar a mesma criação de vida nova, pois que a criação individual é sempre a base para o esforço em comunidade.

Ninguém necessita esperar por uma comunidade ou uma nova escola; cada qual pode ser um oásis de vida em torno de si para todos, pode ser um mestre pela vida que ele próprio viver. Pois ensinar é, primordialmente, viver.

Krishnamurti, 1929

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill