Pergunta: Falais acerca do pensamento criativo. Imaginais que
pensamentos de amor ou força, enviados a pessoas que sabemos estarem tristes ou
em depressão, são de alguma utilidade? Frequentemente tenho tentado faze-lo e
às vezes a pessoa q quem tenho enviado tais pensamentos tendo-os sentido, nisso
me fala depois. Porém, diz-me geralmente, também, que o soerguimento causado
por eles não durou muito tempo; isto, portanto, faz-me duvidar do valor dessa
espécie de poder mental.
Krishnamurti: Não se
trata de enviar pensamentos à alguém que esteja ou não sofrendo. É uma questão
de pensamento em si mesmo. Como podeis auxiliar a outrem se vós próprios vos
encontrais inseguros no que respeita vossos desejos, às vossas consecuções, aos
vossos deleites? Se estiverdes seguros,
fortes, cheios de propósito, então, automaticamente, auxiliareis a todos que vos rodeiam. Se possuirdes
uma bela flor, todas as abelhas a ela virão por saberem que contém mel. Porém,
vós a todo o momento vos preocupais de como quem haveis de ajudar, sem vos
preocupardes com a qualidade de estar provido deste “puro mel”. Não que não
devais auxiliar, porém a ânsia de possuir esta qualidade não é uma ânsia
egoísta. Uma ação espontânea é sempre bela, e daí tem a capacidade de ajudar.
(Não gosto de usar esta palavra “ajudar”). Uma coisa bela em si mesma é uma
glória; não lhe podeis proporcionar os atributos de “serviço” ou “auxílio”.
Assim, se alguém for reto dentro de si
mesmo, então terá alcançado essa qualidade de bondade que não exige
esforço, e daí não nos preocuparmos de à quem se está ou não ajudando. Ora,
esta é justamente, a coisa com a qual vos preocupais. Aborrecei-vos, e
embaraçai-vos com a ideia de à quem estais ou não auxiliando.
Krishnamurti em Reunião de Verão, Eerde, 19 de julho de 1930