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segunda-feira, 26 de março de 2018

A liberdade e a prisão


A LIBERDADE E A PRISÃO

KRISHNAMURTI: Me pergunto se esta manhã poderíamos considerar o significado da percepção. Longe do que tenham dito os tradicionalistas, os profissionais e as interpretações, o que significa a percepção? O que é perceber? É um mero processo intelectual, uma capacitação visual, ou uma combinação de ambas as coisas? É um estado psicossomático ou é algo completamente diferente?

A mente capta muito mais que os olhos. Assim, pois, quando falamos da percepção, que entendemos por essa palavra? É um processo intelectual, uma conclusão verbal, uma compreensão verbal? O olho, vê em uma dimensão linear ou horizontal?

Interlocutor B: Por “olho”, você entende aqui o órgão sensorial?

KRISHNAMURTI: Sim.

SW: A percepção do olho, a visual, a percepção sensorial do olho, é constante? Chegamos a esta residência, eu vejo o desenho sobre o tapete. Prontamente o vejo e não o vejo. O olho físico tampouco vê todo o tempo de um modo constante. Tem que haver algum outro fator que o contato entre o objeto e os sentidos ao dar-me conta de que “eu vejo”. A primeira tomada de consciência com respeito a minha intenção, me vem deste modo.

KRISHNAMURTI: Não cheguei a esse ponto. Trato de compreender o que é que essa palavra comunica. Não estou falando de atenção ou desatenção. Tudo o que sei é que eu vejo. Existe a percepção visual. Existe a percepção sensorial. Eu vejo a você sentado aí. Há, pois, a imagem sustentada pela percepção sensorial, a qual se soma a capacidade intelectual do pensamento. Isso é o que geralmente chamamos percepção, não é assim? Onde intervém nisso a atenção ou a desatenção?

A: Eu vejo um objeto. Então há uma imagem desse objeto. Logo está a recordação dessa imagem. Depois vejo algo diferente, e outra vez começa todo o processo.

KRISHNAMURTI: Todas as impressões sensoriais, as impressões que se registram — tanto as conscientes como as inconscientes —, as diversas imagens, conclusões, preconceitos, tudo isso abarca a percepção.

Olhe, há a percepção visual e as diferentes imagens que a percepção, as associações, os preconceitos, tem edificado. E eu vejo a você, e tenho outra série de imagens. E assim, milhares e milhares de imagens se registram, se gravam e são retidas nas células cerebrais. E quando me encontro com você ligo minha atenção e as imagens emergem. Isto é o que chamamos percepção, não é verdade? Este é o maquinário que opera na palavra “percepção”, este é o processo operacional comum da percepção. Eu quero ver. Isso é tudo o que sei. Onde renasce a dificuldade? Bem, o que há de errado nele?

A: O fator de sensibilidade e seus diversos graus, não são um elemento vital da percepção? Minha percepção da sujeira é diferente de sua percepção. Podemos separar a percepção, dos graus de sensibilidade? A percepção não é igual para você que para mim.

KRISHNAMURTI: Quando tenho todas estas imagens acumuladas, conscientes ou inconscientes, minha mente está carregada com elas. Onde há ligar para a sensibilidade?

A: A percepção não é um ato passivo da memória. Sempre há algo novo que está aí com cada nova percepção. O fator do grau de sensibilidade é inerente a cada nova resposta que eu chamo percepção. Eu não compreendo porque existe esse grau, nem de onde provém, porque a ignorância é imponderável.

B: Ainda este ver é como uma câmara fotográfica que vê seu obturador, mas não o objeto.

A: Se eu olho através da ideia, então não há percepção.

KRISHNAMURTI: A que vê é uma mente atestada de impressões e informações com relação ao objeto. A mente, o cérebro, toda a estrutura jamais está vazia. Está cheia, e é através desta carga que observa. Observa a você com suas próprias associações, com o ciúme, o prazer, a dor.  O que há de errado nele?

R: Nunca estou frente a frente com o fato. Vejo que há percepção sensorial, logo as imagens, depois o agrado, o desagrado; esses também são fatos. São fatos dos quais não me dou conta.

KRISHNAMURTI: São fatos, tanto como o fato de que você está sentado aí. O que ocorre, pois? Cada vez o vejo através de uma tela. O que há de mal nisso? Não é um processo natural por acaso?

SW: Nesse estado, eu não uso em absoluto.

KRISHNAMURTI: Primeiro quero ser claro com respeito a isso. Há milhares de impressões, milhares de percepções sensoriais, milhares de conclusões — abrangeremos tudo isso com a palavra “conclusões”. Através destas conclusões, “olho”, e ao fazê-lo assim, as conclusões aumentam ou diminuem; jamais desaparecem. Cada subsequente percepção sensorial reforça a mesma percepção. Este é o processo que prossegue todo o tempo, ao longo de toda a vida.

Assim é que a formação de imagens e a conclusão, são do passado. A percepção é instantânea, e a conclusão se converte em passado. De modo que eu o olho através dos olhos do passado. É isso o que fazemos. Esse é o fato. O que há de errado nisso, senhor? Por que não devo olhá-lo desse modo? O que começou como percepção não é, absolutamente, percepção. Todavia, não a condene, isso é o que fazemos o tempo todo. Antes quero estar seguro de que vamos mais longe. Avancemos devagar.

É assim que toda percepção se traduz em termos de conclusões. Esse é um fato que todos conhecemos. Isso é tradição, não é assim? Isso é experiência, conhecimento, tradição; tudo isso está contido na palavra “passado” e na palavra “conclusão”; e essa é a estrutura e a natureza das células cerebrais. As células cerebrais são o passado. Elas retêm a memória do passado porque nisso há segurança, proteção — tanto nos processos biológicos como nas acumulações psicológicas —. Há nisso uma tremenda segurança.

SW: De que modo há segurança? Está se realmente seguro?

KRISHNAMURTI: Todavia, não o questione. Olhe-o. Se assim não fosse, você não saberia seu nome, não saberia como ir a Bangalore, não poderia reconhecer a esposa ou o marido. Nessa tradição, no conhecimento, a experiência, as conclusões, existe o sentimento de completa segurança. Isso é absolutamente certo.

SW: Não há nada que perturbe.

KRISHNAMURTI: Qualquer coisa nova é perturbadora, e como as células cerebrais necessitam de ordem, elas encontram ordem no passado.

A: Mas voltemos a sua pergunta, o que há de mal nisso?

KRISHNAMURTI: Não há nada de mal nisso. Estou examinando a natureza da percepção sensorial, visual, as operações do cérebro, o mecanismo do pensamento e o modo como a mente opera; há segurança na percepção, na imagem, na conclusão, no passado. Tudo isso é tradição. Na tradição há segurança. No passado há segurança completa.

SW: A segurança implica luta.

KRISHNAMURTI: A segurança implica o sentimento de não querer ser perturbado; não sei se tem notado isso, o cérebro necessita ordem. Pode estabelecer a ordem na desordem, que é neurose. Necessita ordem e, portanto, achará ordem na desordem, e se tornará neurótico, você vê isso?

O cérebro exige ordem porque na ordem há segurança.

SW: Isso é perfeitamente claro.

KRISHNAMURTI: Na tradição há ordem. Na continuidade há ordem. O cérebro, buscando ordem, cria segurança, um porto em que se sente a salvo. E vem “K” com ideias revolucionárias e lhe diz que isso não é ordem, e então há conflito entre você e ele. Você reduz o novo a termos do velho e aí encontra proteção, segurança. Por que a mente faz isso? A revolução russa e a revolução francesa derrubaram toda a estrutura estabelecida, mas muito prontamente o cérebro criou ordem da desordem, e se encerrou a revolução.

A: Temos descoberto algo: no momento em que vejo algo novo que cria uma perturbação, a percepção é o instrumento mediante o qual converto o novo em velho.

KRISHNAMURTI: Isso é o processo biológico do cérebro. Para ele é uma necessidade biológica, porque nisso encontra o modo mais eficiente de funcionar.

A: Você quer examinar a inata capacidade do cérebro para ver, e a qualidade que tem de deformar o novo?

KRISHNAMURTI: Espere, senhor. A menos eu veja que as próprias células cerebrais compreendem o perigo do passado, o perigo de buscar segurança no passado, as células cerebrais não verão nada novo. Se veem algo novo o traduzirão em termos do velho. Portanto, as próprias células cerebrais têm que ver o perigo imenso de considerar que a segurança pode encontrar-se no passado.

A: ...O qual significa uma mudança total.

KRISHNAMURTI: Não sei nada. Só vejo percepção sensorial, imagens, conclusões, segurança nas conclusões. Pode ser uma conclusão nova, uma conclusão desordenada, mas há segurança ao; por neurótica que seja essa conclusão, nessa neurose há segurança.

Veja a beleza disso. Esta é a verdade, e por isso é bela. Como é que o cérebro, que insistentemente exige segurança, como fará esse cérebro para ver que no passado não há segurança, senão que ela se encontra sempre no novo?

As células cerebrais buscam segurança, tanto na desordem como na ordem. Se você oferece ao cérebro um sistema, uma ordem metodológica, o cérebro o aceita. Esse é todo o processo biológico, todo o processo tradicional — segurança no passado, nunca no futuro nem no presente, senão absoluta segurança no passado. Absoluta.

E isso é o conhecimento: o conhecimento biológico, o conhecimento tecnológico e o conhecimento que tem se acumulado através da experiência. No conhecimento há segurança, e o conhecimento é o passado. Qual é então a pergunta seguinte?

SW: Existe uma continuidade modificada neste processo. Isso cria uma sensação de progresso.

KRISHNAMURTI: Enquanto você tenha conhecimento, este poderá ser continuado, modificado, mas isso seguirá estando dentro do campo do conhecimento; aí está toda a coisa. O que há de errôneo nisto?

SW: Tudo o que você disse é real. Sem dúvida, existe outro fator. Esta não é toda a coisa. Há algo fundamental que falta nisto.

KRISHNAMURTI: O que é que falta nisto? Vá passo a passo. Esta é a estrutura. O que é que não está de todo correto? Investiguemos. O demonstrarei.

SW: Não há permanência.

KRISHNAMURTI: O que você diz? O conhecimento é a coisa mais permanente que há. Eu vejo que o conhecimento é necessário, e o conhecimento é o passado; portanto, a mente sempre está vivendo no passado. Assim, a mente é sempre prisioneira (Pausa).

Do que fala um prisioneiro? De liberdade. Por que você não vê isto? Estando na prisão, ele fala de liberdade, moksha, nirvana. Ele sabe que sua prisão não é a liberdade, mas deseja a liberdade porque na liberdade há alegria, há beleza, algo ocorre. Sua vida presente é reinterativa, é uma continuidade mecânica. Portanto, tem que inventar um ideal, tem que inventar um moksha, um céu. Também no futuro há segurança, correto? Assim, inventa a Deus, persegue a Deus, a verdade, a iluminação; mas enquanto inventa, está sempre ancorado no passado. Este ancoradouro é necessário — biologicamente necessário —. Pode o cérebro ver que o conhecimento é necessário, e pode o cérebro ver o perigo do conhecimento, o qual produz divisão? É o conhecimento o fator que divide?

SW: Sim, certamente.

KRISHNAMURTI: Não esteja de acordo; “veja-o”. Podem as células cerebrais buscar a segurança no conhecimento, e saber que no conhecimento existe o perigo de divisão?

A: Sabendo que o conhecimento é aqui necessário...

KRISHNAMURTI: E que também o conhecimento é um perigo porque divide.

SW: ver ambas as coisas ao mesmo tempo é difícil.

KRISHNAMURTI: “Vê-las” ao mesmo tempo. De outro modo não as “verá”.

A: O que é que o conhecimento divide?

KRISHNAMURTI: O conhecimento é divisor em si mesmo. O conhecido e o desconhecido. Ontem, hoje e amanhã. O hoje é modificado pelo ontem, que é o passado, e também o amanhã se modifica. Nisso há divisão. O conhecimento é: “Eu lhe conheço”; aí está a imagem, a conclusão. Mas você, entretanto, tem mudado. Minha imagem de você nos divide. O conhecimento é segurança. E podem as células cerebrais que buscam segurança no conhecimento, saber que o conhecimento é necessário a um nível, e que em outro nível é divisório e, portanto, perigoso? O fator de divisão é a formação da imagem. Podem, pois, as células cerebrais ver que o conhecimento é necessário para estar fisicamente seguro, e ao mesmo tempo ver que o conhecimento baseado na imagem que se deriva da conclusão, é divisório? Qual é então o próximo passo?

SW: Existem dois tipos de formação de imagens. No conhecimento também há um registrar, um gravar, e isso também é um modo de formar imagens.

A: Nós estamos empregando o conceito “formação de imagens”, e nele há certo conteúdo emocional. No outro não é assim. Como uma fuga disto, surge a projeção de liberdade.

KRISHNAMURTI: O cérebro sabe que nisto não há liberdade e, portanto, tem que inventar uma liberdade que esteja fora da prisão. Quando você vê a estrutura completa do conhecimento, então está tudo compreendido.

A: Há uma pergunta que quero formular: é que a mente possui a capacidade de verbalizar algo que ela não experimenta mas que desejará experimentar?

KRISHNAMURTI: Ainda não terminamos, senhor. O conhecimento psicológico, tecnológico, biológico, está todo incluído na palavra “conhecimento”. Eu vejo — a mente vê — que o conhecimento é tanto divisório como unificador.

Nisto radica a escravidão do tempo. Mas as células cerebrais sabem também que nisto não há liberdade, e elas necessitam liberdade. Na liberdade pode ser que se encontre a super-segurança, por isso é que desde tempos imemoriáveis o homem tem falado de liberdade. Mas como a liberdade não se acha dentro da prisão, o homem sempre tem pensado na liberdade como algo exterior. E nós dissemos que a liberdade está aqui, não fora, correto?

SW: O desejo de liberdade, é uma característica biológica? Não é também biológico o desejo de uma super-segurança?

KRISHNAMURTI: Há liberdade, pois, em todas estas coisas que o pensamento tem construído, inclusive no pensamento de liberdade? O cérebro não pode encontrar liberdade nisto, de modo que diz: o pensamento tem construído esta liberdade dentro da prisão; portanto, a liberdade deve encontrar-se fora.

SW: Em outras palavras, há liberdade no conhecimento?

KRISHNAMURTI: Há liberdade no passado? O conhecimento é o passado. O conhecimento é a acumulação de um milhão de anos de experiência. A experiência dá liberdade? Obviamente, não. Existe então uma coisa tal como a liberdade?

SW: Não sei. Vejo que a liberdade não se encontra fora. Isso é uma projeção. E sem dúvida, não há liberdade internamente.

KRISHNAMURTI: Não sei. Sempre tenho pensado na liberdade como algo externo. Todos os livros religiosos, as práticas, a tem considerado desse modo. Pode ser que haja liberdade absoluta aqui.

Eu já entendi: sei, o cérebro sabe, o pensamento se dá conta de que ele tem criado esta prisão. Tudo o que o pensamento sabe é que ao exigir segurança, tem criado a prisão. E ele deve ter segurança, de outro modo, não pode funcionar. Assim é que o pensamento e pergunta onde se acha a liberdade. A busca em alguma parte onde ela seja perceptível, onde não seja projetada, nem formulada, nem inventada, onde na seja a projeção do passado, o qual segue sendo conhecimento. A liberdade tem que estar em alguma parte.

A: Ela é um ato de percepção?

KRISHNAMURTI: Este é um ato de percepção. Visualmente eu lhe percebo; a percepção visual tem criado tudo isto, tem criado o conhecimento. O conhecimento e o não-conhecimento são ainda projeções do processo de pensar.

R: O que é não-conhecimento?

A: Nós concebemos o desconhecido como a liberdade.

 KRISHNAMURTI: Portanto, o desconhecido é o conhecido. Agora é muito simples. Esta é a estrutura das células cerebrais que com suas recordações, são as responsáveis do pensamento. Esta é a estrutura do pensamento. Este nos diz que o conhecimento é necessário. Mas como se tem questionado, o pensamento diz que tampouco ali há liberdade. Então, que é a liberdade? Há em absoluto uma coisa semelhante?

A: Nós só vemos que qualquer coisa das que são produzidas pelo pensamento, não é liberdade.

KRISHNAMURTI: Que diz, pois, o pensamento? Há segurança nele? O pensamento tem criado tudo isto. Há intrinsecamente segurança no próprio pensar?

SW: É o pensar o que tem feito tudo isto.

KRISHNAMURTI: Portanto, existe a segurança? Tenho suposto a existência da segurança. Tenho dito que devo possuir conhecimento, mas, isso é segurança? Vejo as guerras, as divisões, o seu e o meu, o nós e eles, minha família e sua família; há segurança nisto tudo?

Vê o que foi descoberto? No conhecimento há segurança, mas não é isto que é o resultado do conhecimento. Assim que o próprio pensamento se pergunta: há segurança na própria estrutura do pensar? Correto? Há segurança no passado? Há segurança na tradição? Há segurança no conhecimento? As células cerebrais tem buscado segurança nisso, mas, existe tal segurança? As células cerebrais têm que ver por elas mesmas que não há segurança aí. Para mim, O que ocorre então? (Pausa).

Eu vejo que não há segurança aí. Para mim, esse é um tremendo descobrimento. Então, o pensamento se pergunta: qual é o próximo passo? Eu devo matar-me — disse o pensamento —, devo destruir a mim mesmo porque eu sou o maior dos perigos.

Bem, agora, quem é o “eu” que vai destruir a si mesmo? Portanto, o pensamento torna a dizer: “não devo dividir”.

SW: Assassina o assassino.

KRISHNAMURTI: A prisão é o prisioneiro, o assassino é o assassinado... Há, pois, um fim para o “mim mesmo” sem divisão? A divisão significa contradição. Pode terminar-se o “mim mesmo” sem esforço algum? Nisso está a condição de sensibilidade. Então, pode o pensamento cessar por si mesmo? Para tudo isto tem sido necessária uma grande atenção, uma grande e lúcida percepção sensível; avançar passo a passo, sem passar por alto nem uma só coisa, constitui uma ação que tem sua própria disciplina, sua própria ordem. O cérebro é agora completamente ordenado, porque tem seguido passo a passo, vendo suas próprias atitudes lógicas, explorando em coisas que não possuem segurança, vendo que ele tem buscado sempre a segurança na divisão. Agora vê que na divisão não há segurança; portanto, cada passo é um passo dentro da ordem e essa ordem é sua própria segurança. De modo que a ordem é a percepção das coisas como elas são. A percepção do que você é, não minha conclusão a respeito do que você é.

Digo que perceber é ver as coisas como são, e não posso ver as coisas como são se tenho uma conclusão a respeito delas. Portanto, na conclusão há desordem. O pensamento tem buscado a segurança na conclusão, o qual tem propagado a desordem, que é insegurança. Em consequência, ele recusa imediatamente a conclusão porque necessita de segurança. Por conseguinte, o pensamento funciona só onde é necessário — no conhecimento —, mas em nenhuma outra parte, porque em toda outra parte a função do pensamento é a de criar conclusões, imagens. Portanto, o pensamento toca a seu fim.

Rishi Vale, 24 de janeiro de 1971
Tradição e Revolução
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill