Não há liberdade na escolha
K:
Existe alguma necessidade de escolher? A decisão implica escolha.
A:
Sim.
K:
E a escolha implica que a mente está confusa e se debate entre isso e aquilo.
A:
Creio que etimologicamente significa fazer um corte radical, uma vala.
K:
Sim, mas a mente que vê claramente não tem uma escolha. Não decide. Atua.
A:
Certo. Isso não nos traz de volta a negação do fazer?
K:
Nós acreditamos que somos livres porque escolhemos. Podemos escolher, não?
A:
Sim.
K:
É livre a mente que tem a capacidade de escolher?
Por
acaso a mente que escolhe não é uma mente livre?
Porque
a escolha, como é óbvio, implica estar entre isto e aquilo, o que significa que
a
mente
não vê claramente e é por isso que ela escolhe.
A
escolha existe quando há confusão.
Uma
mente que vê claramente não escolhe: está agindo.
A:
Isso mesmo.
K:
Eu acho que essa é a grande armadilha que nos temos feito: o pensamento de que
somos livres para escolher, que a escolha é um sinal de liberdade. Eu, ao
contrário, digo que a escolha é um sinal de uma mente confusa e que, portanto,
não é livre.
Quarta conversa com Allan W. Anderson,
San Diego, 1974
________________________________________