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domingo, 18 de março de 2018

O findar do medo

 O FINDAR DO MEDO

Pupul Jayakar (PJ): Senhor, eu gostaria de encarar este diálogo como se estivesse formulando uma pergunta pela primeira vez. Sofro e, ao estar presa no sofrimento, pergunto-lhe por uma saída. Você tem estado falando da vida do autoconhecimento como o ponto de partida para a investigação, assim que lhe pergunto: Como se começa? Qual é o ponto de partida da investigação?

Jiddu Krishnamurti (K): Em primeiro lugar, é necessário que compreendamos que todos os problemas estão relacionados entre si. Não há nenhum problema separado, independente de outros problemas. Estão todos estreitamente relacionados e, portanto, se pudéssemos resolver ou compreender um problema — compreendê-lo diretamente, a fundo —, na realidade haveríamos resolvido todos os problemas.

PJ: Senhor, eu sou uma pessoa simples, não sei o que é chegar a uma profundidade suficiente como para resolver um problema.

K: Tomemos, por exemplo, a questão do medo, porque o medo é comum a toda a humanidade. Seja que se viva no Ocidente, no Oriente Médio, no Extremo Oriente ou aqui na Índia, você encontrará que o medo é um dos problemas básicos com o qual o homem se enfrenta. E não tem sido capaz de resolvê-lo em absoluto; por milênios tem suportado sua carga. Para compreender o problema do medo, que de fato mutila nossa mente, nosso coração, nossa conduta, devemos primeiro ter bem claro como abordamos o problema.

PJ: O que você entende por “abordar”?

K: A palavra “abordar” implica “aproximar-se a”, “entrar em contato com”, “estar muito, muito, muito acerca...”

PJ: Como se acercar de um problema como o medo? Havendo surgido o medo, o instinto é escapar, de nos afastamos dele, reprimi-lo, fazer todo o possível para evitá-lo. Mas você disse: “Acerque-se dele”.

K: Sim, acerque-se dele.

PJ: O que implica a cercania?

K: Antes de tudo, é completamente inútil escapar do medo. Poderá escapar mediante a adoração, a pregação, mediante toda forma de entretenimento — o assim chamado religioso e outras formas —, mas, quando se findam todos os entretenimentos, todas as pregações, etc., você estará exatamente onde estava. O medo seguirá aí. Basicamente, não terá sido resolvido. De nada serve, pois, escapar do medo. Esse é o primeiro fato.

PJ: Senhor, se se escapa do medo, tem que ver como está escapando.

K: É claro, se deve dar-se conta de como está se escapando.

PJ: Para ver como está escapando, você deve observá-lo.

K: Sim, primeiro deve observar o medo.

PJ: Então, como se observa o medo, e de onde se o observa?

K: Esse medo está separado de você — algo lá fora, sem relação alguma com você — ou você é esse medo? Veja, Pupul, o medo não é diferente de você, você é o medo.

PJ: Senhor, o medo se encontra fora de nós; é, para nós, algo interno.

K: Esse realmente é o problema: quer dizer, sempre tratamos nossas reações como se fossem diferentes de nós, os observadores.

PJ: Senhor, se é que posso expressá-lo assim, você o está levando tão longe que perdi o contato com você.

K: Muito bem: vamos devagar, passo a passo.

PJ: Sim, senhor.

K: Investiguemos. Por exemplo, tenho medo.

PJ: Sim, há medo de todos os tipos...

K: Não, Pupul, se vê que os objetos do medo podem variar, mas o medo é...

PJ: O medo é um movimento tremendo de contração dentro de nós. Bem, agora, você disse: “Observe isso, olhe-o”, mas eu não posso olhar quando me encontro em estado de medo.

K: Oh, sim, você pode. Quando o medo surge, olhe-o, compreenda-o, descubra, investigue qual é a causa.

PJ: Quando o medo se abate sobre nós, podemos, por acaso, investigar?

K: Oh, sim. Isso requer atenção, certo estado de percepção alerta. Observe, eu me dou conta do entorno;  me dou conta do tamanho desta habitação.

PJ: Sim.

K: Poderei dizer que é feia e desproporcional, ou isto ou aquilo, mas me dou conta dela.

PJ: Sim.

K: De maneira similar, posso dar-me conta do meu medo. Poderia morrer, e isso me dá medo. Tenho medo de perder um emprego. Tenho medo de algo que ocorreu hoje ou no passado. Tenho medo de que algo vá ocorrer no futuro.

PJ: Quando você diz que posso dar-me conta do medo, posso dar-me conta dele como um enunciado.

K: Não, não, não. Pupul, isso é...

PJ: Sim, senhor; também posso dar-me conta dele como um estado de ser que tem lugar dentro de mim.

K: Forma parte de mim!

PJ: Quando você diz que o medo forma parte de mim, não compreendo isso. Mas posso chegar a perceber as insinuações do medo que surgem em meu interior. Portanto, tenho uma percepção do exterior e das insinuações internas do medo. Então, como se prossegue a partir dali?

Senhor, estivemos falando sobre o “dar-se conta, sobre o “acercar-se” do medo. Pode-se acercar-se do medo e dar-se conta do interno — do interno onde o medo se manifesta? Se assim é, surge a interrogação de quem é a pessoa que observa o medo, etc.

K: Sim. Pupul, suponha que tenha uma dor de cabeça; essa dor de cabaça forma parte de você.

PJ: Sim.

K: Se está com raiva, isso forma parte de você; se está com inveja, a inveja forma parte de você.

PJ: Concordo.

K: Se tem medo, esse medo forma parte de você; você não está separada do medo.

PJ: Não é assim, senhor; quando tenho uma dor de cabeça, posso observar-me a mim mesma com uma dor de cabeça, mas quando há medo — quando tenho medo — não posso observar-me a mim mesma num estado de medo.

K: Olhe, dou-me conta de que tenho uma dor de cabeça; dou-me conta de que tenho fome.

PJ: Sim.

K: Também me dou conta de que sou ganancioso. Esse dar-me conta me indica que a ganância forma parte de mim; indica que não é algo que está fora de mim mesmo.

PJ: Não, não está.

K: Portanto, o medo sou eu.

PJ: Correto.

K: Então perguntamos: É possível observar esse medo?

PJ: Sim, essa é realmente a pergunta.

K: Sim, é a verdadeira pergunta.

PJ: É possível observar esse medo?

K: Sim.

PJ: Senhor, quando você disse “observar” o medo, quer dizer vê-lo realmente?

K: Ao fim e ao cabo, você conhece todos os sintomas do medo.

PJ: Sim, conheço os sintomas do medo...

K: Espere; conhece todos os sintomas e, talvez, também conheça sua causa.

PJ: Sim.

K: Também conhece, quem sabe, a reação à causa, e o nomear dessa reação como “medo”, o qual forma parte de você.

PJ: Sim.

K: Mas desafortunadamente, por causa da tradição, da educação e demais, você diz: “O medo não sou eu. Eu sou o observador; o medo é algo diferente de mim”.

PJ: Toda nossa educação tem consistido em tratar com algo.

K: Correto.

PJ: Nós tentamos tratar com os problemas. Assim tratamos com o medo.

K: Sim, você trata com o medo como se fosse um problema externo a você mesma.

PJ: Não, senhor, inclusive em relação com um problema dentro de mim mesma... Veja, eu trato com ele, o qual implica que há uma divisão, que me vejo a mim mesma separada desse problema.

K: É assim; educaram-nos desse modo. Nossa tradição, todo nosso pensar habitual é: eu posso “atuar” sobre o medo, o qual implica que você separa a si mesma do medo.

PJ: Sim, a tradição, a educação, me faz pensar que estou separado do medo.

K: Mas nós acabamos de reconhecer que somos o medo. Eu sou o medo.

PJ: Não senhor, o medo é uma manifestação de um dos aspectos do “eu”.

K: Do “eu”, sim. Medo, violência, angústia, solidão, desespero, depressão, insegurança, todas as múltiplas crenças, as incredulidades... tudo isso forma parte de mim.

PJ: Sim, e você disse: “Observe isso”.

K: Observe-o, sem a memória dos medos passados. Observe-o como se fosse pela primeira vez. Essa é a dificuldade.

PJ: Senhor, observar como se fosse pela primeira vez... isso não é possível! Não é possível, porque minha observação contém em si todas as recordações de todas as observações, de todas as experiências que tive antes.

K: Isso é certo.

PJ: Você vê isso, senhor, é com essas recordações que observo.

K: É isso o que estou dizendo: essas recordações do passado são o observador. E você observa o medo como se fosse algo separado de você. Dizemos que o medo, a cobiça, a inveja, a crença, a solidão, a dor, tudo isso, sou eu. Não estou separado de tudo isso. Isso constitui o que sou.

PJ: Sim. Mas isso permanece em nível de um conceito.

K: Essa é a dificuldade. Veja, além do mais, fomos educados não para um puro e simples observar, senão para converter o que observamos numa ideia, uma abstração; e com essa abstração olhamos o fato.

PJ: Então, você quer me dizer “como” olhar?

K: Como você olha uma árvore, que é a coisa mais espantosa que há sobe a Terra? Como observa uma árvore?

PJ: Bem, minha vista cai sobre a árvore...

K: Sim.

PJ: E, ou bem faz caso omisso, ou se detém na árvore.

K: E, — a árvore — não faz caso omisso de nós; nós fazemos caso omisso dela.

PJ: Sim, meus olhos passam sobre ela, se estou interessada, meus olhos se detém na árvore e começo a inquirir em seus diversos...

K: Você a olha. Primeiro, a olha casualmente, e a nomeia “árvore”; depois diz que pertence a certa espécie, a certa categoria, etc. Mas veja, Pupul, com o nomear mesmo já deixou de olhá-la.

PJ: Portanto, você disse...

K: Digo que a palavra interfere com a observação.

PJ: Como se observa sem que a palavra interfira com a observação?

K: Para isso, temos de investigar quão amarrados estamos nas palavras; temos que investigar como nossas mentes, nossos cérebros, funcionam a base de palavras.

PJ: Sim posso pergunta, a mente é o campo sobre o que tem lugar a observação?

K: Tudo depende do que você entenda por “observação”. A observação pode ser muito superficial. Se é uma observação verdadeiramente significativa, uma observação que tem profundidade, está livre da palavra.  

PJ: Senhor, mas em primeiro lugar deixe-me começar com a palavra, porque...

K: Desde já.

PJ: O que há de ser observado é o campo da mente.

K: Estamos falando acerca do medo.

PJ: Tal como este se move no campo da mente.

K: Não, o medo forma parte da mente.

PJ: Então, a observação é...

K: É a observação da mente, e esta tem todas as características, todas as outras qualidades...

PJ: Sim. Portanto, quando desaparece o medo, surge a ira ou surge o desejo...

K: E assim sucessivamente. Como dissemos, todas essas qualidades estão relacionadas entre si.

PJ: Se relacionam entre si, mas o ato de observar...

K: O ato de observar não se relaciona com elas.

PJ: Portanto, a observação do campo da mente...

K: Não, se me permite assinalá-lo, eu não usaria a palavra “campo”; trata-se de observar a natureza da mente, e a natureza desta mente é o medo e demais.

PJ: Eu nem seque a categorizaria.

K: Isso é melhor.

PJ: Portanto, há uma observação da mente.

K: A observação das atividades da mente.

PJ: Sim, há uma observação das atividades da mente. E eu tenho encontrado que, nessa observação, o ritmo da mente diminui.

K: É natural que assim ocorra.

PJ: Bem, agora, quando surge o desejo e é observado, também há um findar deste; mas surgem outras coisas.

K: Sim, uma coisa atrás outra.

PJ: Então, deve-se retroceder até o desejo que acaba de terminar, ou há que se observar a coisa seguinte que tenha aparecido?

K: Vamos devagar. Suponhamos que estou observando o desejo, correto? Mas, enquanto o observo, minha mentem meu cérebro, não está totalmente atento ao desejo; vai atrás de outro pensamento que surge. Os pensamentos surgem continuamente.

PJ: Sim.

K: Agora, quero compreender o medo.

PJ: Concordo.

K: Surgem todas as reações na relação com o medo: repressão, análise, fuga.

PJ: Sim.

K: Bem, agora, é muito difícil estar completamente atento a um fator do medo e não afastar-se dele.

PJ: Sim.

K: Isso significa que o observador — sendo o observador o passado — está ausente na observação.

PJ: Sim, senhor, mas quisera deter-me aqui um instante, porque nisto é onde surge a dificuldade. Eu desperto para o medo que aparece em minha mente, mas durante que eu olho para ele, o medo mudou sua natureza e surge um novo pensamento. Minha pergunta é: Deveria a percepção regressar ao que foi — neste exemplo, o medo — ou deve permanecer com o que tenha surgido?

K: Permaneça com o que tenha surgido.

PJ: Portanto, a atenção — não usarei aqui a palavra “mente” — se move todo o tempo de uma coisa a outra.

K: Sim, se move de uma coisa a outra, e estas se acham todas relacionadas entre si.

PJ:  Se move de uma coisa a outra porque a percepção é como uma luz...

K: Sim, sim.

PJ: ... e qualquer coisa que aparece, você a observa. A dificuldade, senhor, reside em que, visto que o “medo” é o objeto que há de ser investigado, se surgem algumas outras coisas, sentimos que devemos regressar ao estado do medo.

K: Veja, uma de nossas dificuldades é que queremos uma resposta rápida. “Tenho medo; assim que, por favor, diga-me como posso libertar-me dele rapidamente”. Isso é tudo. Somos muito impacientes. Onde a impaciência interfere, está o tempo. Onde há paciência, não tem lugar o tempo.

Bem, agora, eu quero compreender a natureza do medo. Quando ao observar o medo surge outro pensamento, persigo o outro pensamento, não o medo.

PJ: Sim.

K: Persigo o outro pensamento; investigo o que lhe deu origem, etc. Se modo que persigo cada pensamento a medida que surge.

PJ: Sim.

K: Mas finalmente regresso a este ponto, este ponto do medo.

PJ: Porque todas as manifestações que surgem estão relacionadas.

K: Portanto, você está de regresso.

PJ: Sim, mas não regressa deliberadamente.

K: Não, é claro que não.

PJ: Mas como surgem estas manifestações — manifestações de diferentes coisas —, brotam da mente...

K: Sim, a medida que se as persegue, que as observa...

PJ: ... há um findar.

K: Sim, correto; se aquietam, se serenizam. É o fluxo e o refluxo de uma maré.

PJ: Este é, então, todo o campo da observação.

K: Sim. A questão é observar sem nenhuma resistência. Os pensamentos que surgem, uma atrás do outro, são uma forma de resistência ao medo.

PJ: Sim.

K: Você pode observar sem resistência? E quando se é observado, quando são examinados os diversos pensamentos a medida que aparecem, estes se dissipam, e então se está de volta; por conseguinte, não há resistência, nem evasão, nem fuga com relação ao fato do medo.

PJ: Bem, prosseguirei com outro tema, um tema que se acha estreitamente relacionado com o anterior; é o do “reconhecer”, “nomear”. Senhor, o que se interpõe na observação é o ato de reconhecer e nomear imediatamente “o que é” ou o que surge.

K: Sim, esse é o verdadeiro problema. Fique um momento aí, por favor. Esse é o verdadeiro problema. O processo de reconhecimento é a recordação dos anteriores incidentes de medo que foram registrados no cérebro.

PJ: Sim.

K: Quer dizer, quando surge uma nova reação — uma reação que, neste caso, temos denominado “medo” —, o cérebro imediatamente diz: “Sim, já tive este sentimento antes”. Há um imediato reconhecimento do processo.

Bem, agora, a questão é ver, observar muito atentamente o fato ao qual nos enfrentamos — o fato que somos nós mesmos —, observá-lo sem nenhuma recordação dos incidentes do passado. Ou seja, quando a recordação dos incidentes de medos anteriores ficam em suspenso, você observa o medo como se o estivesse vendo pela primeira vez.

PJ: Ao suspender-se o passado nessa observação, há uma extinção do medo?

K: Sim. Estamos dizendo que, quando ocorre a observação sem observador — porque o observador é o resultado de um milhão de recordações; de fato, é o conglomerado do passado —, quando há uma observação pura, essa observação extingue verdadeira, intensa, profundamente, o fogo do medo.

PJ: Senhor, você fala desta coisa imensa que é o observar sem o observador, como se fosse um assunto muito simples.

K: Sim, soa muito simples.

PJ: Na realidade, não é.

K: É claro que não.

PJ: Porque no ato mesmo da observação, o passado é como uma torrente que se abate sobre nós.

K: É devido a que nos acostumamos a ele; é nossa tradição, é a forma como nos educam.

PJ: Senhor, você falou de “abordar” o medo; pergunto-me, pois, se há um modo de abordá-lo...

K: Disso se trata, justamente. Existe um modo de abordar o medo. Veja, o importante não é o medo senão como abordá-lo.

PJ: Ou seja, observando sem o observador.

K: Espere, espere; não tenho chego a isso todavia. Vamos devagar. Como abordo um problema? Geralmente, desejo resolvê-lo. Como me perturba, quero desfazer-me dele. Quero escapar dele, reprimi-lo mediante diversas formas de atividades. Veja, minha maneira de abordar um problema jamais está livre de algum tipo de desejo, opinião, etc. Se há liberdade com relação a tudo isso, não há problema. O problema existe por causa de minha confusão.

PJ: Em consequência, parece haver tão só um caminho, e é observar e escutar...

K: Observar e escutar a nós mesmos.

PJ: Os sons de nosso próprio ser.

K: Sim. Quer dizer, reconhecer que se é o passado, o presente e o futuro; reconhecer que se é o fazedor do tempo e que se é um escravo do tempo — sendo o tempo, o passado. É ver a grande complexidade de tudo isso e permanecer com essa complexidade sem tratar de evitá-la, de escapar dela ou de atuar sobre ela. Só permanecer com o fato, o fato de que se é um escravo do tempo.

O tempo é uma parte do medo. Veja, eu tenho medo do futuro, tenho medo do passado; não tenho medo do presente. Amedronta-me algo que poderia ocorrer no futuro ou algo que tenha ocorrido no passado. No mesmo segundo que é o presente, não há medo em absoluto.

PJ: Este é, então, um ato — se posso usar esta expressão de pegar a mente antes que esta acabe pega no amanhã ou no ontem.

K: Não, não “pegar”, porque então você teria o problema do pegador e do pegado.

O importante é compreender este fato real, profundo, de que se é, em essência, o fazedor do tempo. Se é o futuro; o futuro não se acha separado de si.

Nós estamos muito habituados ao tempo. A evolução é tempo. O progresso é tempo. Aprender um idioma leva tempo. O tempo se tornou, pois, extraordinariamente importante. Mas deixamos de ver que o tempo é também medo, e que para captar a natureza do medo, tem que se observá-lo muito atentamente, sem impaciência, sem desejo algum de escapar dele, etc. Temos que viver com o medo, e o fato de viver com ele transforma seu caráter.

PJ: Agradeço-lhe muitíssimo, senhor.

Madras
7 de janeiro de 1982
Fogo na Mente
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill