Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

Mostrando postagens com marcador Eckhart Tolle. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eckhart Tolle. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 3 de julho de 2012

Eckhart Tolle - O segredo dos relacionamentos é a atenção

 “Todo ser humano foi condicionado a pensar e agir de determinada forma – condicionado por sua herança genética, pelas experiências da infância e pelo ambiente cultural em que vive. Tudo isso não mostra o que a pessoa é, mas como parece ser. Quando você julga alguém, confunde os modelos condicionados produzidos pela mente com o que a pessoa é. Nossos julgamentos também têm origem em padrões inconscientes e condicionados. Você dá aos outros uma identidade criada por esses padrões, e essa falsa identidade se transforma numa prisão, tanto para aqueles que você julga como pra você mesmo.
Deixar de julgar não significa deixar de ver o que as pessoas fazem. Significa que você reconhece seus comportamentos como uma forma de condicionamento, que você vê e aceita tal como é. Não é a partir desses comportamentos que você constrói uma identidade para as pessoas.”

“Enquanto o ego dominar a sua vida, a maioria de seus pensamentos, emoções e ações virão do desejo e do medo. Isso fará você querer ou temer alguma coisa que possa vir da outra pessoa. O que você quer dos outros pode ser prazer, vantagem material, reconhecimento, elogio, atenção, ou fortalecimento da identidade, quando se compara achando que sabe, ou que tem, mais do que os outros. Você teme que ocorra o contrário – que o outro seja, tenha ou saiba mais do que você – e que isso possa de alguma forma diminuir a idéia que você faz de si mesmo.”

“Quando você concentra sua atenção no presente – em vez de usar o presente como um meio para atingir um fim – você ultrapassa o ego e a compulsão inconsciente de usar as pessoas como meios para valorizar-se ao se comparar com elas. Quando dá total atenção à pessoa com quem está interagindo, você elimina o passado e o futuro do relacionamento – exceto nas situações que exigem medidas práticas. Ao ficar totalmente presente com qualquer pessoa, você se desapega da identidade que criou pra ela. Essa identidade é fruto da sua interpretação de quem é a pessoa e do que ela fez no passado. O segredo dos relacionamentos é a atenção, que nada mais é do que calma alerta.”

“Se o passado de uma pessoa fosse o seu passado, se a dor dessa pessoa fosse a sua dor, se o nível de consciência dela fosse o seu, você pensaria e agiria exatamente como ela. Ao compreender isso, fica mais fácil perdoar, desenvolver a compaixão e alcançar a paz. O ego não gosta de ouvir isso, porque sem poder reagir e julgar, ele se enfraquece.”

“Quando você acolhe qualquer pessoa que entra no espaço do Agora, quando permite que ela seja como é, a pessoa começa a mudar.”

“Saber a respeito de alguém ajuda por motivos práticos. Nesse sentido não podemos prescindir de saber a respeito da pessoa com quem nos relacionamos. Mas quando essa é a única característica de uma relação, fica muito limitador e até destrutivo. Os pensamentos e conceitos criam uma barreira artificial, uma separação entre as pessoas. Suas interações não ficam presas ao ser, mas à mente. Sem as barreiras dos conceitos criados pela mente, o amor se torna naturalmente presente em todas as relações humanas. A maioria dos relacionamentos humanos se restringe à troca de palavras – o reino do pensamento. É fundamental trazer um pouco de silêncio e calma, sobretudo aos seus relacionamentos íntimos. Se faltar silêncio e calma, o relacionamento será dominado pela mente e correrá o risco de ser invadido por problemas e conflitos. Se há silêncio e calma, eles se tornam capazes de dominar qualquer coisa.”

“Ouvir com verdadeira atenção é outra forma de trazer calma ao relacionamento. Quando você realmente ouve o que o outro tem a dizer, a calma surge e se torna parte essencial do relacionamento. Mas ouvir com atenção é uma habilidade rara. Em geral as pessoas concentra a maior parte da sua atenção no que estão pensando. Na melhor das hipóteses ficam avaliando as palavras do outro, ou apenas usam o que o outro diz para falar de suas próprias experiências. Ou então não ouvem nada mesmo, pois estão perdidas em seus próprios pensamentos.”

“Ouvir com atenção é muito mais do que saber escutar. É estar alerta, abrir um espaço em que as palavras são acolhidas. As palavras se tornam então secundárias, podendo ou não fazer sentido. Bem mais importante do que aquilo que você está ouvindo é o ato de ouvir em si, o espaço de presença consciente que surge à medida que você ouve. Esse espaço é um campo unificador feito de atenção em que você encontra a outra pessoa sem as barreiras separadoras criadas pelos conceitos do pensamento. A outra pessoa deixa de ser “o outro”. Nesse espaço, você e ela se tornam uma só consciência.”

“Como é que você pode se libertar da profunda e inconsciente identificação emocional com o sofrimento, capaz de criar tanta dor em sua vida? Tome consciência da dor. Tome consciência de que você não é esse sofrimento e essa dor. Reconheça o que eles são: uma dor do passado. Tome consciência da dor em você ou no seu parceiro. Quando conseguir romper sua identificação inconsciente com essa dor do passado – quando souber que você não é a dor – quando conseguir observá-la dentro de si mesmo, deixará de alimentá-la e aos poucos ela irá se enfraquecendo.”

“O relacionamento humano pode ser um inferno, ou pode ser um grande exercício espiritual.”

“Quando você observa uma pessoa e sente muito amor por ela, ou quando contempla a beleza da natureza e algo dentro de você reage profundamente, feche os olhos um instante e sinta a essência desse amor ou dessa beleza no seu interior, inseparável do que você é, da sua verdadeira natureza. A forma externa é um reflexo temporário do que você é por dentro, na sua essência. Por isso o amor e a beleza nunca nos abandonam, embora todas as formas externas um dia acabem.”

“Quando você se apega aos objetos, quando você os usa para valorizar-se ante os outros e aos seus próprios olhos, a preocupação com os objetos pode dominar toda a sua vida. Quando se identifica com as coisas, você não as aprecia pelo que são, pois está se vendo nelas. Se você desenvolve uma apreciação pelo reino das coisas desprendidas do ego, o mundo à sua volta adquire vida de uma forma que você não é capaz sequer de imaginar com a mente”.

Eckhart Tolle

Eckhart Tolle - Sobre a natureza da mente e do Poder do Agora

Eckhart Tolle - Há um lugar de repouso no fundo do seu ser

 “Sempre que você presta atenção em alguma coisa natural, em qualquer coisa que existe sem a intervenção humana, você sai da prisão do pensamento e de certa forma entra em conexão com o Ser no qual tudo o que é natural ainda existe”.

“Prestar atenção numa pedra, numa planta, num animal, não é pensar nele, mas simplesmente percebê-lo, tomar conhecimento dele. Então algo da essência desse elemento da natureza se transmite a você. Sentir a calma desse elemento faz com que o mesmo calmo desponte no seu interior. Você sente como ele repousa profundamente no Ser – unido ao que é e onde é. Ao se dar conta disso, você também é transportado de volta para um lugar de repouso no fundo do seu ser.
Veja como cada planta e cada animal é completo em si mesmos. Ao contrário dos seres humanos, eles não se dividem. Não precisam afirmar-se criando imagens de si mesmos, e por isso não precisam se preocupar em proteger e realçar essas imagens. O esquilo é ele mesmo. A rosa é ela mesma. Contemplar a natureza pode libertar você desse “eu” que é o grande causador de problemas.”

“Você não criou seu corpo nem é capaz de controlar as funções dele. Uma inteligência maior do que a mente humana encontra-se em ação. É essa inteligência que mantém tudo na natureza. Você pode se aproximar dessa inteligência percebendo sua própria energia interna. Sentindo a presença da vida dentro do seu corpo.
O ar que você respira é natureza, como também é natureza o próprio ato de respirar. Preste atenção na sua respiração e perceba que não é você quem a controla. É a respiração da natureza. Se você precisasse lembrar de respirar, morreria logo. E se tenta parar de respirar, a natureza se encarrega de manter essa respiração. Ao sentir a respiração, e ao aprender a prestar atenção nela, você se conecta à natureza da forma mais íntima e poderosa. É um ato extremamente curativo e reabastecido. Ele promove uma mudança, passando do mundo conceitual do pensamento para o mundo interior da consciência livre de condicionamentos.
Há um grande silêncio envolvendo toda a natureza. Esse silêncio também envolve você. Só quando mantém a calma e o silêncio em seu interior, é que você pode alcançar a região de calma e silêncio onde vivem as pedras, as plantas e os animais. Só quando o barulho de sua mente silencia, você se torna capaz de ligar-se à natureza num nível profundo, e ultrapassar a sensação de separação causada pelo excesso de pensamento. A natureza pode levar você à calma interior. Quando você sente a calma que a natureza te dá, e participa dela, essa calma fica permeada e enriquecida pela sua atenção. Esse é o seu retorno à natureza.”

Eckhart Tolle - O ego não sobrevive à entrega

 “As pessoas precisam criar rótulos para tudo o que sentem, percebem, e para toda experiência. Precisam de uma relação de gosto/não gosto com a vida, mantendo um conflito quase ininterrupto com situações e com pessoas. Será que isso é apenas um hábito que pode ser rompido? Não é preciso fazer nada. Basta deixar que cada momento seja como é. O ego não é capaz de sobreviver à entrega.”

“Tenho tanta coisa pra fazer.” Muito bem, mas existe qualidade no que você faz? Falar com clientes, trabalhar no computador, realizar as inúmeras tarefas do seu cotidiano – você faz tudo isso com a plenitude do seu ser? Quanta entrega ou recusa existe no que você faz? É essa entrega que determina o seu sucesso na vida, e não a quantidade de esforço empreendido. O esforço implica estresse, cansaço e necessidade de alcançar um determinado resultado no futuro.”

“Se você percebe qualquer indício interno que revele que você não quer fazer o que está fazendo, você está negando a vida, e é impossível chegar a um bom resultado assim. Se você percebe esse indício, também é capaz de abandonar essa má vontade e se entregar ao que faz.”

“Quando você aceita o que é, atinge um nível mais profundo. Nesse nível, seu estado interior não depende mais dos julgamentos feitos pela mente do que é bom ou ruim. Quando você diz sim para todas as situações da vida e aceita o momento presente como ele é, sente uma profunda paz interior.”

“A aceitação e a entrega se tornam muito mais fáceis quando você percebe que todas as experiências são fugazes e se dá conta de que o mundo não pode te oferecer nada que tenha um valor permanente. Ao aceitar e entregar-se, você continua a conhecer pessoas e a se envolver em experiências e atividades, mas sem os desejos e medos do “eu” autocentrado. Você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um fato te satisfaça ou te façam feliz. A natureza imperfeita de tudo pode ser como é. A ironia é que, quando você deixa de fazer exigências impossíveis, todas as situações, pessoas, lugares e fatos ficam satisfatórios, harmoniosos, serenos e pacíficos. Quando você deixa de resistir internamente, abre-se para a consciência livre de condicionamentos, que é infinitamente maior do que a mente humana. Essa vasta inteligência pode então se expressar através de você e ajudá-lo tanto por dentro quanto por fora. É por isso que, ao parar de resistir internamente, você costuma achar que as coisas melhoraram.
Você acha que estou lhe dizendo: “Aproveite o momento, seja feliz”? Não. Estou dizendo pra você aceitar este momento tal como ele é. Isso já basta.
A aceitação e a entrega existem quando você não se pergunta mais: “Por que isso foi acontecer comigo?”. A História mostra homens e mulheres que, ao enfrentarem uma grande perda, doença, prisão ou a ameaça de morte iminente, aceitaram o que era aparentemente inaceitável e assim encontraram “a paz que vai além de toda compreensão”.”

“Há situações em que nenhuma resposta ou explicação satisfaz. Nesses momentos a vida parece perder o sentido. Ou alguém em desespero pede sua ajuda e você não sabe o que fazer ou dizer. Mas quando você aceita plenamente que não sabe, desiste de lutar contra a resposta usando o pensamento de sua mente limitada. Ao desistir, você permite que uma inteligência maior atue através de você. Até mesmo o pensamento pode se beneficiar disso, pois a inteligência maior flui pra dentro dele e o inspira.”

“Às vezes entregar-se significa desistir de querer entender, e sentir-se bem com o que você não sabe. Quando você se entrega, a noção que tem de si mesmo muda. O “eu” deixa de se identificar com uma reação ou um julgamento mental e passa a ser um espaço em torno dessa reação ou desse julgamento. O “eu” não se identifica mais com a forma – o pensamento ou a emoção – e você se reconhece como algo sem forma: o espaço da consciência.”

“Deixe que a Vida seja!”

Eckhart Tolle - Perceba a Consciência que é você

 “É importante vencer ou fracassar aos olhos dos outros. É importante ter ou não ter saúde, estudar ou não estudar. É importante ser rico ou pobre – certamente isso faz muita diferença na sua vida. Isso tudo tem uma importância relativa na sua vida, mas não absoluta. Existe algo mais importante que todas essas coisas: Encontrar a essência do que você é para além dessa identidade de curta duração, que é uma noção personalizada do “eu”.”

“Você não encontra a paz reorganizando os fatos da sua vida, mas sim descobrindo quem você é no nível mais profundo. A reencarnação não ajuda se na próxima encarnação você continuar sem saber quem é. Você não possui uma vida, você é a vida. Você é a consciência única que permeia todo o universo e assume temporariamente a forma de pedra, folha, animal, pessoa, estrela ou galáxia. No fundo você já sabe disso. Você já é isso”.

“Você precisa de tempo para fazer a maioria das coisas na vida: aprender, construir… Mas o tempo é inútil para a coisa mais valiosa, que é a realização pessoal, o autoconhecimento. Você não pode encontrar a si mesmo no passado nem no futuro. O único lugar onde você pode se encontrar é Agora.”

“Os que buscam uma dimensão espiritual querem a auto-realização ou a iluminação no futuro. Ser uma pessoa que está em busca de algo significa que você precisa do futuro. Se for nisso que você acredita, isso se torna verdade pra você. Precisará de tempo até perceber que não precisa de tempo para ser quem você é.”

“O pensamento e a linguagem criam uma aparente dualidade, como se houvesse uma pessoa e uma consciência separadas. Como se a pessoa tomasse consciência das coisas que sente ou pensa. Isso não existe. Você é a consciência na qual e através da qual todas as coisas existem. Perceba-se como a consciência na qual todo o conteúdo da sua vida se desdobra.”

“Você é a consciência através da qual tudo é conhecido. Você não pode conhecer a si mesmo, porque você é a própria consciência. O “eu” não pode se transformar num objeto de conhecimento, de consciência. E “eu” é a própria consciência.”

“Quando você se torna um objeto de estudo para si mesmo, surge a ilusão do “eu” autocentrado, porque você fez de si mesmo um objeto. “Este sou eu”, você diz. A partir dessa afirmação você passa a ter uma relação com você mesmo e a contar para os outros, e pra si mesmo, a sua história.”

“Quando você percebe que é a consciência na qual a vida externa acontece, você se torna independente do que existe externamente e perde a necessidade de buscar sua identidade nos fatos, lugares e situações. As coisas que acontecem e deixam de acontecer perdem a importância, perdem peso e gravidade. Sua vida passa a ter outra graça e leveza. O mundo passa a ser visto como uma dança de formas, só isso.”

“Quando você sabe quem realmente é, tem uma enorme e intensa sensação de paz. Essa sensação pode ser chamada alegria, porque a alegria é isso: Uma vibrante e intensa paz. É a alegria de saber que o seu ser é a própria essência da vida antes de ela assumir uma forma. Você se reconhece em todas as coisas. É um estado de total clareza de percepção. Você deixa de ser alguém com um passado pesado de experiências e condicionamentos através do qual todas as coisas são interpretadas.”

“Como a água, a consciência pode ser considerada sólida como matéria, líquida como mente ou sem qualquer forma como consciência pura. Através de “você” a consciência sem forma torna-se consciente de si mesma.”

Eckhart Tolle - Sinta a vida em seu corpo

 “Este exato momento, Agora, é a única coisa no mundo que não dá pra escapar. É o único fator constante na nossa vida. Se não é possível fugir do Agora, por que não acolhê-lo e tratá-lo bem?”

“Concentrar sua atenção no Agora não é negar o que é necessário. É reconhecer o que é prioritário. Mais tarde você poderá lidar mais facilmente com o que é secundário. Concentrar-se no Agora não é dizer: “Não vou me preocupar mais com as coisas, pois só existe o Agora”. Não é isso. Veja o que é prioritário e faça do Agora seu amigo, e não seu inimigo. Reconheça-o e respeite-o.”

“Você trata o momento atual como um obstáculo que precisa ser ultrapassado? Você considera mais importante o momento futuro que quer atingir? A maioria das pessoas vive assim. Como o futuro nunca chega, a não ser como presente, essa forma de viver é inútil. Causa uma constante sensação de desconforto, tensão e insatisfação. Não respeita a vida, que é Agora.”

Sinta a vida em seu corpo. Isso enraíza você no Agora.”

“Quando você diz sim às coisas tal qual como são, você entra em harmonia com o poder e a inteligência da própria vida. Só então pode se tornar agente de uma mudança positiva no mundo.”

“Quando você passa a dar atenção ao Agora, cria-se um estado de alerta. É como se você acordasse de um sonho, o sonho do pensamento, o sonho do passado e do futuro. É tão claro e tão simples que não sobra lugar para inventar problemas. Só este momento, tal qual como é.”

“A maioria das pessoas confunde o Agora com o que acontece no Agora. Mas o Agora é mais profundo do que o que ocorre nele. É o espaço onde tudo acontece. Não confunda o conteúdo do momento presente com o Agora. O Agora é mais profundo do que qualquer conteúdo que exista nele. O seu ser é muito maior que seus pensamentos.”

“Eu não sou os meus pensamentos. Não sou minhas emoções, minhas percepções sensoriais, nem minhas experiências. Não sou o conteúdo da minha vida. Eu sou o espaço no qual todas as coisas acontecem. Eu sou a Consciência. Sou o Agora. Sou.”

Eckhart Tolle - Você não é os seus sentimentos

               “Estou triste. Quem percebe isso? Estou com medo. Quem percebe isso? Você é a pessoa que percebe isso. Você não é os seus sentimentos”.

“No estado de calma e consciência, se você precisar da mente para um fim prático, ela estará presente. Na verdade a mente funciona muito bem quando a inteligência maior e real que é você se expressa através dela, como uma ferramenta.”

“Aprenda a sentir-se à vontade dentro do não-saber. A mente teme o não-saber, mas um conhecimento mais profundo que não é baseado em qualquer conceito vai emergir desse estado”.

“A mente está sempre querendo alimentar-se para continuar pensando. Ela procura alimento para sua própria identidade, para seu sentido de ser. É assim que o ego se cria e recria continuamente”.

“Você se dá conta de que esse ego é fugaz e passageiro? Quem percebe isso? É o Eu-Sou. Esse é o seu eu mais profundo, que não tem nada a ver com o passado e o futuro. Quando você se dá conta de que existe uma voz na sua cabeça que pretende ser você e não pára de falar, percebe que você vem se identificando com a corrente do pensamento. Quando percebe a existência dessa voz, você compreende que não é essa voz, mas a pessoa que a percebe. Ter liberdade é saber que você é a consciência por trás dessa voz.”

“Ao concentrar toda sua atenção ao momento presente, uma inteligência muito superior à inteligência da mente autocentrada entra no comando da sua vida. Sua ação presente se torna não só muito mais eficaz, como infinitamente mais satisfatória e gratificante”.

“Ao viver através do ego, você faz do momento presente apenas um meio para atingir um fim. Você vive em função do futuro, mas quando atingem seus objetivos eles não te satisfazem. Ou pelo menos não por muito tempo.”

“Quase todo ego tem o que podemos chamar de “identidade da vítima”. Muitas pessoas se vêem de tal forma como vítimas, que essa imagem se torna o ponto central de seu ego. Mesmo que as mágoas sejam muito “justas”, ao assumir a identidade de vítima, você cria uma prisão cujas grades são feitas de formas obsessivas de pensar. Veja o que você está fazendo com você mesmo, ou melhor: Veja o que sua mente está fazendo com você. Sinta a ligação emocional que você tem com sua história de vítima e perceba sua compulsão de pensar e falar a respeito dela. Ao perceber isso, a transformação e a liberdade virão.”

“Reclamar e reagir são as formas preferidas da mente para fortalecer o ego. O eu autocentrado precisa do conflito para fortalecer sua identidade. Ao lutar contra algo ou alguém, ele demonstra pra si mesmo que “isto sou eu” e “aquilo não sou eu”. É comum que países procurem fortalecer sua sensação de identidade coletiva colocando-se em oposição aos seus inimigos.”

“A inveja é um subproduto do ego que se sente diminuído quando algo de bom acontece com outra pessoa, ou ela possui mais, sabe mais, ou tem mais poder do que ele. A identidade do ego depende da comparação. Ela se agarra a qualquer coisa buscando o “mais”, e quando nada disso funciona, a mente fortalece seu ego considerando-se “mais” injustamente tratada pela vida, “mais” doente ou “mais” infeliz do que os outros.”

“O ego precisa estar em conflito com alguém ou com alguma coisa. Isso explica por que, apesar de você querer paz, alegria e amor, não consegue suportá-los por muito tempo. Você diz que quer ser feliz, mas está viciado em ser infeliz. Essa infelicidade não vem dos fatos da sua vida, mas do condicionamento da sua mente.”

“A culpa é outra maneira que o ego tem para criar uma identidade, mesmo que essa identidade seja negativa. O que você fez ou deixou de fazer foi uma manifestação da sua inconsciência na época, o que é natural da condição humana. Mas o ego personifica a situação e diz “Eu fiz tal coisa”, e assim cria uma imagem de si mesmo como ruim, falho e insuficiente. As palavras de Cristo: “Perdoai-os, Senhor, pois eles não sabem o que fazem” podem ser usadas em relação a você."

Eckhart Tolle - Não leve seus pensamentos muito a sério

 “A maioria das pessoas passa a vida toda aprisionada nos limites os próprios pensamentos. Nunca vai além das idéias estreitas já fabricadas. Nunca vai além do”eu ” condicionado pelo passado.”

“Se você consegue reconhecer, mesmo esporadicamente, que os pensamentos que passam por sua cabeça são meros pensamentos; se você consegue se dar conta dos padrões que se repetem em suas ações mentais e emocionais, é sinal de que a Consciência está emergindo. Ela é o espaço onde o conteúdo da sua vida se desborda”.

“Cada pensamento quer sugar sua completa atenção. Eis um novo exercício para praticar: Não leve seus pensamentos muito a sério”.

“Pensar fragmenta a realidade, cortando-a em pequenos pedaços que são os conceitos. A mente pensante é útil e poderosa, mas torna-se muito limitador quando invade completamente sua vida, impedindo você de perceber que a mente é apenas um pequeno aspecto da Consciência que você é realmente.”

“Sempre que você mergulha em pensamentos compulsivos, está impedindo o que existe. Você está se negando a estar onde está: Aqui. Agora”.

“Despertar espiritualmente é despertar do sonho do pensamento. Quando você deixa de acreditar em tudo o que pensa, você sai do pensamento e vê claramente que quem está pensando não é quem você é realmente”.

“Quando a mente fica entediada, quer satisfazer sua fome lendo um livro, assistindo à tevê, navegando na Internet. A alternativa é aceitar o tédio e a ansiedade e observar como é sentir-se entediado e ansioso. À medida que você se dá conta dessa sensação, surge um espaço arejado e uma calma em volta da sensação. O tédio, a ansiedade, a raiva, a tristeza e o medo não são seus. Eles são estados da mente. É por isso que vão e voltam. Nada que vai e volta é você”.

Eckhart Tolle - Mantenha a calma

“Sempre que houver silêncio à sua volta, ouça-o. Isso significa apenas percebê-lo. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que se pode perceber o silêncio. Nesses momentos você se liberta de milhares de anos de condicionamento humano coletivo.”

“Qualquer barulho perturbador pode ser tão útil quanto o silêncio. Basta abolir suas resistências interiores ao barulho, deixando-o ser como é. Essa aceitação também leva você ao reino da paz interior que é a calma.”

“A calma é o lugar onde a criatividade e as soluções dos problemas são encontradas.”

“A calma e o silêncio são a própria inteligência. A consciência básica da qual provêm todas as formas de vida. A forma de vida que você pensa que é, vem dessa consciência e é sustentada por ela”.

“Quando você olha num estado de calma para uma árvore ou uma pessoa, quem está olhando? É algo mais profundo do que você. A consciência está olhando para a sua própria criação. A Bíblia diz que Deus criou o mundo e viu que era bom. É isso que você vê quando olha num estado de calma, sem pensar em nada”.

“Você precisa saber mais coisas do que já sabe? Você acha que o mundo será salvo se tiver mais informações, se os computadores se tornarem mais rápidos ou se forem feitas mais análises intelectuais e científicas? O que a humanidade precisa hoje é de mais sabedoria pra viver. A sabedoria vem da capacidade de manter a calma e o silêncio interior. Veja e ouça apenas. Não é preciso mais nada, além disso. Manter a calma, olhando e ouvindo, ativa a inteligência real que existe dentro de você. Deixe que a calma interior oriente suas palavras e ações”.

Eckhart Tolle - A presença consciente dissolve o passado

Onde quer que você esteja, esteja por inteiro

Você pode dar outros exemplos da inconsciência comum?


Observe quando estiver reclamando, com palavras ou pensamentos, de uma situação que envolva você – pode ser alguém que fez ou disse algo que lhe aborreceu, algo sobre a sua situação de vida, o lugar onde mora, ou até mesmo o tempo. Reclamar é sempre uma não aceitação de algo que é. Essa atitude contém invariavelmente uma carga negativa inconsciente. Quando você reclama, transforma-se em vítima. Quando fala, você está no controle. Portanto, mude a situação agindo ou falando, caso necessário ou possível, ou então fuja da situação ou mesmo aceite-a. Tudo o mais é loucura.
A inconsciência comum é sempre relacionada, de algum modo, com a negação do Agora. O Agora, naturalmente, também implica o aqui. Você está resistindo ao aqui e agora? Algumas pessoas prefeririam estar num outro lugar. O “aqui” delas nunca é suficientemente bom. Observe-se e verifique se isso acontece em sua vida. Onde quer que você esteja, esteja lá por inteiro. Se você acha insuportável o seu aqui e agora e isso lhe faz infeliz, há três opções: abandone a situação, mude-a ou aceite-a totalmente. Se você deseja ter responsabilidade sobre a sua vida, deve escolher uma dessas opções e deve fazê-lo agora. Depois, arque com as consequências. Sem desculpas. Sem negatividade. Sem poluição física. Mantenha limpo o seu espaço interior.
Se você tomar qualquer atitude, abandonando ou mudando a situação, livre-se primeiro da negatividade. Uma atitude originada no discernimento tem mais efeito do que uma originada na negatividade.
Uma atitude qualquer é muitas vezes melhor do que nenhuma atitude, especialmente se há muito tempo você está paralisado numa situação infeliz. Se for uma atitude errada, ao menos você aprenderá alguma coisa, caso em que deixará de ser um erro. Se você não agir, nada aprenderá. Será que o medo está evitando que você tome uma atitude? Admita o medo, observe-o, concentre-se nele, esteja totalmente presente. Isso corta a ligação entre o medo e o pensamento. Não deixe o medo nascer em sua mente. Use o poder do Agora. O medo não pode prevalecer sobre ele.
Se não há mesmo nada a fazer e você não pode mudar a situação, então aceite o aqui e agora totalmente, abandonando toda a resistência interior. O falso e infeliz eu interior, que adora sentir-se miserável, ressentido ou com pena de si mesmo, não consegue mais sobreviver. Isso se chama rendição. A rendição não é uma fraqueza. Há uma grande força nela. Somente alguém que se rendeu tem poder espiritual. Através da rendição, você se livrará da situação internamente. É possível que você perceba uma mudança na situação sem que tenham sido necessários maiores esforços da sua parte. De qualquer forma, você está livre.
Ou haverá algo que você “deveria” estar fazendo mas não está? Levante-se e faça agora. Ou, em vez disso, aceite totalmente a sua inatividade, preguiça ou passividade neste momento, se esta é a sua escolha. Mergulhe nela por inteiro. Desfrute-a. Seja tão preguiçoso ou inativo quanto puder. Se você fizer isso conscientemente, logo sairá dela. Ou talvez não. Em qualquer dos casos, não há nenhum conflito interior, nenhuma resistência, nenhuma negatividade.
Você está sofrendo de estresse? Pensa tanto no futuro que o presente está reduzido a um meio para chegar lá? O estresse é causado pelo estar “aqui” embora se deseje estar “lá”, ou por se estar no presente desejando estar no futuro. É uma divisão que corta a pessoa por dentro. Criar e viver com essa divisão é insano. O fato de que todas as pessoas estão agindo assim não torna ninguém menos insano. Se você não pode fugir disso, tem de se movimentar rápido, trabalhar rápido, ou até mesmo correr, sem se projetar no futuro e sem resistir ao presente. Quando se movimentar, trabalhar e correr, faça tudo por inteiro. Desfrute o fluxo de energia, a alta energia desse momento. Agora não há mais estresse, não há mais divisão por dois, apenas o movimento, a corrida, o trabalho. Desfrute essas atitudes. Ou você também pode abandonar tudo e se sentar num banco do parque. Mas, ao fazê-lo, observe a sua mente. Pode ser que ela diga: “Você devia estar trabalhando. Está perdendo o seu tempo”. Observe a mente. Sorria para ela.
O passado toma uma grande parte da sua atenção? Você frequentemente fala e pensa sobre ele, tanto de forma positiva quanto negativa? As grandes coisas que você conquistou, suas experiências e aventuras, ou as coisas horrorosas que lhe aconteceram, ou talvez que você fez a alguém? Será que seus pensamentos estão gerando culpa, orgulho, ressentimento, raiva, arrependimento ou autopiedade? Então, você está não só dando mais força ao falso eu interior, como também ajudando a acelerar o processo de envelhecimento do seu corpo através da criação de um acúmulo de passado na sua psique. Constate isso observando à sua volta aquelas pessoas que têm uma forte tendência para se apegar ao passado.
Morra para o passado a cada instante. Você não precisa dele. Refira-se a ele apenas quando totalmente relevante para o presente. Sinta o poder do momento presente e a plenitude do Ser. Sinta a sua presença.
Você tem preocupações? Tem muitos pensamentos do tipo “e se”? Você está identificado com a mente, que está se projetando num futuro imaginário e criando o medo. Não há como enfrentar tal tipo de situação, porque ela não existe. É um fantasma mental. Você pode parar com essa insanidade que corrói a saúde e a vida aceitando simplesmente o momento presente. Perceba a sua respiração. Sinta o ar entrando e saindo do seu corpo. Sinta o seu campo interno de energia. Tudo com o que você sempre teve que lidar, tudo que teve de enfrentar na vida real, em oposição às projeções imaginárias da mente, é o momento presente. Pergunte-se qual é o seu problema neste exato momento, não no ano que vem, ou amanhã ou daqui a cinco minutos. O que está errado neste exato momento? Você pode sempre enfrentar o Agora, mas não pode jamais enfrentar o futuro, nem tem de fazer isso. A resposta, a força, a atitude certa estarão à sua disposição quando você precisar, nem antes, nem depois.
“Algum dia vou fazer isso”. Seu objetivo está tomando de tal modo a sua atenção que o momento presente é apenas um meio para atingir um fim? Está consumindo a alegria das coisas que você faz? Você está esperando para começar a viver? Se você desenvolver esse tipo de padrão mental, não importa o que você adquira ou alcance, o presente nunca será bom o bastante. O futuro sempre parecerá melhor. Uma receita perfeita para uma insatisfação permanente, você não acha?
Você está sempre “esperando” alguma coisa? Quanto tempo da sua vida você passou esperando? Chamo “espera de pequena escala” à espera na fila do correio, num engarrafamento de automóveis, no aeroporto, por alguém que vai chegar, um trabalho que precisa ser terminado, etc. Chamo de “espera em grande escala” à espera pelas próximas férias, por um emprego melhor, pelos filhos crescerem, por uma relação verdadeiramente significativa, pelo sucesso, para ficar rico, para ser importante, para se tornar iluminado. Não é raro que as pessoas passem a vida toda esperando para começar a viver.
Esperar é um estado mental. Significa basicamente desejar o futuro e não querer o presente. Você não quer o que conseguiu e deseja aquilo que não conseguiu. Em qualquer dos tipos de espera você, inconscientemente, cria um conflito interior entre o seu aqui e agora, onde você não quer estar, e o futuro projetado, onde você quer estar. Essa situação reduz grandemente a qualidade da sua vida ao fazer você perder o presente.
Não há nada de errado em nos empenharmos para melhorar a nossa situação de vida. Podemos melhorar a situação da nossa vida, mas não podemos melhorar a nossa vida. A vida é básica.
A vida é o Ser interior mais profundo. É um todo, completo, perfeito. A nossa situação de vida se constitui das nossas circunstâncias e experiências. Não há nada de errado em estabelecermos metas e nos empenharmos para conseguir bens. O erro reside em usar isso como um substituto para o sentimento da vida, para o Ser. O único ponto de acesso a isso é o Agora. Agimos, assim, como um arquiteto que não dá atenção às fundações de uma construção, mas que gasta um bom tempo trabalhando na superestrutura.
Por exemplo. Muitos de nós estamos à espera da prosperidade. Ela pode não acontecer no futuro. Quando respeitamos, admitimos e aceitamos completamente a realidade do presente – onde estamos, quem somos, o que estamos fazendo agora –, quando aceitamos o que temos, significa que estamos agradecidos pelo que conseguimos, pelo que é, pelo Ser. A gratidão pelo momento presente e pela plenitude da vida atual é a verdadeira prosperidade. Não está no futuro. Então, no tempo certo, essa prosperidade se manifesta para nós de várias maneiras.
Se você não encontra satisfação nas coisas que possui, se tem um sentimento de frustração ou de aborrecimento por não ter tudo o que quer no presente, isso pode levá-lo a querer enriquecer, mas, mesmo que consiga milhões, continuará a ter uma sensação de que falta alguma coisa. Talvez o dinheiro lhe compre muitas experiências excitantes, embora passageiras, deixando sempre uma sensação de vazio e estimulando uma necessidade de gratificação física ou psicológica ainda maior. Você não vai se conformar em simplesmente Ser e, assim, sentir a plenitude da vida agora – a verdadeira prosperidade.
Portanto, desista da espera como um estado da mente. Quando você se vir escorregando para a espera… pule fora. Venha para o momento presente. Apenas seja e aprecie ser. Quando estamos presentes, nunca precisamos esperar por nada. Portanto, da próxima vez que alguém disser “desculpe por ter feito você esperar”, sua resposta pode ser: “Está tudo bem, não estava esperando. Estava aqui contente comigo, com meu eu interior”.
Essas são apenas algumas das estratégias comuns da mente para negar o momento presente já incorporadas à inconsciência comum. São fáceis de passar despercebidas porque já estão entranhadas em nosso modo de vida, como o ruído de fundo do nosso eterno descontentamento. Mas, quanto mais você praticar o monitoramento do seu estado interior emocional e mental, mais fácil será perceber em que momento você foi capturado pelo passado e pelo futuro, bem como despertar da ilusão do tempo dentro do presente. Mas tenha cuidado porque o eu interior falso e infeliz, baseado na identificação com a mente, vive no tempo. Ele sabe que o presente significa sua própria morte e sente-se ameaçado. Fará tudo para afastar você do Agora. Tentará manter você preso ao tempo.

O propósito interno da nossa jornada de vida


Posso perceber a verdade do que você está dizendo, mas ainda acho que devíamos ter um propósito em nossa jornada, do contrário, ficamos sem rumo. Propósito significa futuro, não significa? Como conciliar isso com o viver no presente?


Ao partir numa jornada, é claro que ajuda muito sabermos para onde vamos ou, ao menos, a direção geral que estamos tomando. Entretanto, não podemos esquecer de que a única coisa real sobre a nossa jornada é o passo que estamos dando neste exato momento. Isso é tudo o que existe.
Nossa jornada de vida tem um propósito externo e um interno. O propósito externo é o de alcançarmos o objetivo ou destino, realizarmos o que estabelecemos cumprir, adquirirmos uma coisa ou outra, o que, é claro, envolve o futuro. Mas, se o destino ou os passos que vamos dar no futuro tomam tanto nossa atenção que se tornam mais importantes do que o passo que estamos dando agora, significa que perdemos completamente o propósito interno da vida, que não tem nada a ver com aonde estamos indo ou com o que estamos fazendo, mas tudo a ver com o de que modo. Esse propósito interno não está relacionado com o futuro e sim com a qualidade da nossa consciência no momento presente. O propósito externo pertence à dimensão horizontal de tempo e espaço enquanto o interno diz respeito ao aprofundamento do Ser na dimensão vertical do eterno Agora. Nossa jornada externa pode conter um milhão de passos enquanto a jornada interna só tem um, que é o passo que estamos dando neste exato momento. Quando tomamos maior consciência desse passo, percebemos que ele já contém dentro de si todos os outros passos, assim como o nosso destino. Esse único passo se vê transformado em uma expressão da perfeição, um ato de grande beleza e qualidade. Ele terá nos levado para dentro do Ser e a luz do Ser brilhará através dele. Este é tanto o propósito quanto à realização da nossa jornada interior: a jornada para dentro de nós mesmos.


Faz diferença se alcançamos nosso propósito externo, se somos bem-sucedidos ou se fracassamos?


Faz diferença se você não tiver alcançado seu propósito interno. Depois disso, o propósito externo é só um jogo que você pode apreciar e querer continuar jogando. Pode acontecer também de você falhar em seu propósito externo e, ao mesmo tempo, ter pleno sucesso em seu propósito interno. Ou de outra forma até mais comum, pode obter riqueza externa e pobreza interna, ou “ganhar o mundo e perder a alma”, nas palavras de Jesus. Claro que, no fim, cada propósito externo está condenado a “fracassar” mais cedo ou mais tarde, simplesmente porque está sujeito à lei da não permanência de todas as coisas. Quanto mais cedo você perceber que o propósito externo não pode lhe proporcionar uma satisfação duradoura, melhor. Depois de ter constatado as limitações do seu propósito externo, você desiste da expectativa irreal de que ele deveria fazer a sua felicidade e torna-o subserviente ao seu propósito interno.


O passado não consegue sobreviver diante da presença


Você disse que pensar ou falar sobre o passado é um dos caminhos pelos quais evitamos o presente. Mas, além do passado do qual nos lembramos e com que talvez nos identifiquemos, não existe um outro nível de passado dentro de nós mais enraizado? Falo sobre o passado inconsciente, que condiciona nossas vidas, em especial as experiências dos primeiros anos da infância, até mesmo as experiências de vida passada. Existem também os condicionamentos culturais, tão relacionados ao lugar e ao período histórico em que vivemos. Todas essas coisas determinam o modo como vemos o mundo, o que pensamos, que tipo de relacionamentos mantemos, como vivemos. Como poderíamos nos livrar disso tudo? Quanto tempo isso levaria? E se conseguíssemos, o que restaria?


O que resta quando terminam as ilusões? Não há necessidade de investigar o nosso passado inconsciente, exceto à medida que ele for se manifestando no presente, na forma de um pensamento, de uma emoção, de um desejo, de uma reação ou de algo externo que nos aconteça. Uma eventual curiosidade quanto ao passado inconsciente poderá ser satisfeita através dos desafios do presente. Quanto mais penetramos no passado, mais ele se torna um buraco sem fundo. Haverá sempre alguma coisa a mais. Você pode pensar que precisa de mais tempo para entender o passado ou se livrar dele ou, em outras palavras, que o futuro irá finalmente livrá-lo do passado. Isso é ilusão. Só o presente pode nos livrar do passado. Uma quantidade maior de tempo não consegue nos livrar do tempo. Acesse o poder do Agora. Essa é a chave.


O que é o poder do Agora?


Nada mais do que o poder da sua presença, da sua consciência libertada das formas de pensamento.
Portanto, lide com o passado no nível do presente. Quanto mais atenção você der ao passado, mais energia estará dando a ele e mais probabilidades terá de construir um eu interior baseado nele. Não confunda as coisas. A atenção é essencial, mas não em relação ao passado como passado. Dê atenção ao presente. Dê atenção ao seu comportamento, às suas reações, seu humor, seus pensamentos, suas emoções, medos e desejos, da forma como eles acontecem no presente. Ali está o seu passado. Se você consegue estar presente o bastante para observar todas essas coisas, não de modo crítico ou analítico, mas sem julgamentos, significa que você está lidando com o passado e dissolvendo-o através do poder da sua presença. Não é procurando no passado que você vai se encontrar. Você vai se encontrar estando no presente.


O passado não pode ser útil para nos ajudar a compreender por que fazemos certas coisas, reagimos de determinadas maneiras, ou por que, inconscientemente, criamos nossos dramas particulares?


Quando ficamos mais conscientes do presente, podemos ter um insight sobre o porquê de determinados condicionamentos. Podemos perceber, por exemplo, se seguimos algum padrão nos nossos relacionamentos e podemos ver mais claramente coisas que aconteceram no passado. Fazer isso é bom e pode ser útil, mas não é essencial. O que é essencial é a nossa presença consciente. Ela dissolve o passado. Ela é o agente transformador. Portanto, não procure entender o passado, mas esteja presente tanto quanto conseguir. O passado não consegue sobreviver diante da sua presença, só na sua ausência.


Eckhart Tolle

Eckhart Tolle - A perda do agora: a ilusão central

A perda do agora: a ilusão central


Mesmo que eu aceite que o tempo é uma ilusão, que diferença isso fará na minha vida? Tenho que continuar a viver em um mundo absolutamente dominado pelo tempo.


O entendimento intelectual é apenas mais uma crença e não vai fazer muita diferença para a nossa vida. Para perceber essa verdade temos que vivenciá-la. Quando cada célula do nosso corpo está tão presente que vibra com a vida, e quando conseguimos sentir essa vida a cada momento como a alegria do Ser, podemos dizer que estamos livres do tempo.


Mas ainda tenho de pagar as contas e sei que vou envelhecer e morrer, exatamente como todas as pessoas. Como posso dizer que estou livre do tempo?


As contas de amanhã não são um problema. A degeneração do corpo não é um problema. A perda do Agora é o problema, ou melhor, a ilusão central que transforma uma situação simples, um acontecimento ou uma emoção em um problema pessoal e em sofrimento. Perder o Agora é perder o Ser.
Livrar-se do tempo é livrar-se da necessidade psicológica tanto do passado quanto do futuro. Isso representa a mais profunda transformação de consciência que você possa imaginar. Em casos muito raros, essa mudança na consciência acontece de forma drástica e radical, de uma vez por todas. Quando isso acontece, normalmente é através de uma completa rendição, em meio a um sofrimento intenso. Muitas pessoas, entretanto, têm de trabalhar para obtê-la.
Depois dos primeiros vislumbres do estado atemporal de consciência, passamos a viver em um vaivém entre a dimensão do tempo e a presença. Primeiro, você começa a perceber que a sua atenção raramente está no Agora. Entretanto, saber que você não está presente já é um grande sucesso. O simples saber já é presença – mesmo que, no início, dure só alguns segundos no tempo do relógio antes de desaparecer outra vez. Depois, com uma frequência cada vez maior, você escolhe dirigir o foco da consciência para o momento presente. Você se torna capaz de ficar presente por períodos mais longos. Portanto, antes que sejamos capazes de nos estabelecer com firmeza no estado de presença, oscilamos, periodicamente, de um lado para o outro, entre a consciência e a inconsciência, entre o estado de presença e o estado de identificação com a mente. Perdemos o Agora várias vezes, mas retornamos a ele. Por fim, a presença se torna o estado predominante.
A maioria das pessoas nunca vivencia a presença. Ela acontece apenas de modo breve e acidental, em raras ocasiões, sem ser reconhecida pelo que é. Muitos seres humanos não se alternam entre a consciência e a inconsciência, mas somente entre diferentes níveis de inconsciência.


A inconsciência comum e a inconsciência profunda


O que você quer dizer com diferentes níveis de inconsciência?


Como você provavelmente sabe, o ser humano se desloca constantemente entre fases do sono em que sonha e que não sonha. Da mesma forma, a maioria das pessoas, quando acordada, se alterna entre a inconsciência comum e a inconsciência profunda. Chamo de inconsciência comum essa identificação com os nossos processos de pensamentos e emoções, nossas reações, desejos e aversões. É o estado normal da maioria das pessoas. Nesse estado, somos governados pela mente e não temos consciência do Ser. Não se trata de um estado de sofrimento agudo ou de infelicidade, mas de um nível baixo e contínuo de desconforto, descontentamento, enfado ou nervosismo, como uma espécie de estática ao fundo. Talvez você não perceba muito bem essa situação porque ela já faz parte da nossa vida “normal”, da mesma forma que você não percebe um barulho contínuo ao fundo, como o zumbido do ar-condicionado, até ele parar. Quando isso acontece de repente, ocorre uma sensação de alívio. Muitas pessoas usam a bebida, as drogas, o sexo, a comida, o trabalho, a televisão, ou até mesmo o ato de fazer compras como anestésicos, em uma tentativa inconsciente para acabar com esse desconforto básico. Quando isso acontece, uma atividade que poderia ser muito agradável, se feita com moderação, passa a ter um componente de compulsão ou dependência, e tudo o que se obtém sob essa influência traz uma sensação de alívio por um período extremamente curto.
A sensação de desconforto da inconsciência comum se transforma no sofrimento da inconsciência profunda, ou seja, um estado de sofrimento ou infelicidade mais agudo e mais perceptível quando as coisas “vão mal”, quando o ego é ameaçado ou quando existe um desafio maior, tal como uma perda real ou imaginária em nossa situação de vida, ou um conflito numa relação. A inconsciência profunda é uma versão ampliada da inconsciência comum, da qual difere na intensidade, mas não na espécie.
Na inconsciência comum, uma resistência habitual ou uma negação daquilo que é cria um desconforto que a maioria das pessoas aceita como algo normal. Quando essa resistência se intensifica através de algum desafio ou ameaça ao ego, faz aflorar uma negatividade intensa que se manifesta sob a forma de raiva, medo profundo, agressão, depressão, etc. A inconsciência profunda significa, com frequência, que o sofrimento começou e que você passou a se identificar com ele. A violência física não aconteceria sem o estado de inconsciência profunda. Ela pode explodir com facilidade quando as pessoas geram um campo coletivo de energia negativa.
O melhor indicador do nível de consciência é a maneira como você lida com os desafios da vida. É através desses desafios que uma pessoa já inconsciente tende a se tornar mais profundamente inconsciente, e uma pessoa consciente a se tornar mais intensamente consciente. Podemos nos valer de um desafio para nos acordar ou para permitir que ele nos empurre para um sono ainda mais profundo. O sonho no nível da inconsciência comum se transforma, então, em pesadelo.
Se você não consegue estar presente mesmo em situações normais, como, por exemplo, quando está sozinho em uma sala, caminhando no campo ou ouvindo alguém, certamente não será capaz de permanecer consciente quando alguma coisa “vai mal”. Será dominado por uma reação, que é sempre, em última análise, alguma forma de medo, e empurrado para uma inconsciência profunda. Esses desafios são os seus testes. Só o modo como você lida com eles lhe mostrará onde você está no que se refere ao seu estado de consciência, e não a quantidade de horas que você consegue ficar sentado com os olhos fechados.
Portanto, é fundamental colocar mais consciência em sua vida durante as situações comuns, quando tudo está correndo de modo relativamente tranquilo. É assim que se aumenta o poder de presença. Ele gera um campo energético de alta frequência vibracional em você e ao seu redor. Nenhuma inconsciência, nenhuma negatividade, nenhuma discórdia ou violência pode penetrar nesse campo e sobreviver, do mesmo modo que a escuridão não consegue sobreviver na presença da luz.


O que eles estão buscando?


Carl Jung relata, em um de seus livros, uma conversa mantida com um chefe indígena norte-americano para quem a maioria das pessoas brancas tinha rostos tensos, olhos espantados e um ar cruel. O chefe disse: “Estão sempre buscando alguma coisa. O que eles estão procurando? Os brancos sempre querem alguma coisa. Estão sempre agitados e descontentes. Não sabemos o que desejam. Achamos que são loucos”.
Não há dúvidas de que a tendência a uma permanente sensação de desconforto começou muito antes do surgimento da civilização industrial ocidental, mas foi na civilização ocidental, que hoje cobre quase todo o planeta, inclusive grande parte do Leste, que ela se manifestou de uma forma aguda sem precedentes. Ela já estava presente no tempo de Jesus e também seiscentos anos antes, no tempo de Buda, e muito antes desse tempo. “Por que vocês estão sempre ansiosos?”, Jesus perguntou aos discípulos. “Será que os seus pensamentos ansiosos podem acrescentar um simples dia às vossas vidas?” Da mesma forma, Buda ensinou que a raiz do sofrimento pode ser encontrada em nossos desejos e ansiedades permanentes.
A resistência ao Agora como uma disfunção básica coletiva está intimamente ligada à perda da consciência do Ser e forma a base da nossa civilização industrial desumanizada. Freud também reconheceu a existência dessa tendência para o desconforto e escreveu sobre o assunto em seu livro O Mal-Estar na Civilização, mas não admitiu a verdadeira raiz da inquietação e falhou em perceber que é possível libertar-se dela. Essa disfunção coletiva criou uma civilização muito infeliz e extraordinariamente violenta, que se tornou uma ameaça não só para si mesma, mas para toda a vida do planeta.


Dissolvendo a inconsciência comum


Como podemos nos livrar desse desconforto? 


Torne-o consciente. Observe as muitas maneiras pelas quais o desconforto, o descontentamento e a tensão surgem dentro de você, através de julgamentos desnecessários, resistência àquilo que é e negação do Agora. Qualquer coisa inconsciente se dissolve quando a luz da consciência brilha sobre ela. Se soubermos como dissolver a inconsciência comum, a luz da nossa presença irá brilhar intensamente e será muito mais fácil lidarmos com a inconsciência profunda. Mas, no início, talvez não seja muito fácil detectar a inconsciência comum porque a consideramos uma coisa normal.
Habitue-se a monitorar o seu estado mental e emocional através de uma auto-observação. “Estou me sentindo à vontade nesse momento?” é uma pergunta que você deve se fazer com frequência. Ou pode se questionar: “O que está acontecendo dentro de mim neste exato momento?” Mantenha o mesmo nível de interesse pelo que vai tanto no seu interior quanto no exterior. Se você captar corretamente o interior, o exterior se encaixará no lugar. A realidade principal está no interior, a realidade externa é secundária. Mas não responda logo a essas questões. Direcione a sua atenção para o interior. Olhe para dentro de você. Que tipo de pensamentos a sua mente está produzindo? O que você sente? Dirija a atenção para o seu corpo. Existe alguma tensão? Quando você perceber um certo desconforto, um ruído estático ao fundo, verifique que caminhos você está usando para evitar, resistir ou negar a vida, o Agora. Existem muitos caminhos pelos quais resistimos, inconscientemente, ao momento presente. Vou dar alguns exemplos. Com a prática, o seu poder de auto-observação, de monitorar o seu estado interior, se tornará mais aguçado.


Libertando-se da infelicidade


Você não está satisfeito com as atividades que desempenha? Talvez não goste de seu trabalho ou tenha se aborrecido por ter concordado em fazer alguma coisa, embora parte de você não goste e ofereça resistência. Tem algum ressentimento oculto em relação a alguém próximo a você? Percebe que a energia que você desprende por conta disso tem efeitos tão prejudiciais que você está contaminando a si mesmo e aos que estão ao seu redor? Dê uma boa olhada dentro de você. Existe algum leve traço de ressentimento ou má vontade? Se existe, observe-o, tanto no nível mental quanto no emocional. Que tipos de pensamento a sua mente está criando em torno dessa situação? Depois, observe a sua emoção, que é a reação do corpo a esses pensamentos. Sinta a emoção. Ela lhe parece agradável ou não? É uma energia que você escolheria para ter dentro de você? Você tem escolha?
Talvez a atividade seja tediosa, ou alguém próximo a você seja desonesto, irritante ou inconsciente, mas tudo isso é irrelevante. Não faz a menor diferença se os seus pensamentos e emoções a respeito da situação tenham ou não uma justificativa. O fato é que você está resistindo ao que é. Está transformando o momento atual num inimigo. Está criando infelicidade, um conflito entre o interior e o exterior. A sua infelicidade está poluindo não só o seu próprio ser interior e daqueles à sua volta, como também a psique coletiva humana, da qual você é uma parte inseparável. A poluição do planeta é apenas um reflexo externo de uma poluição interior psíquica gerada por milhões de indivíduos inconscientes, sem a menor responsabilidade pelos espaços que trazem dentro de si.
Você pode parar de executar a tarefa que está lhe causando insatisfação, falar com a pessoa envolvida e expressar todos os seus sentimentos, ou livrar-se da negatividade que a sua mente criou em volta da situação e que não serve a nenhum propósito, exceto o de fortalecer um falso sentido do eu interior. É importante reconhecer essa inutilidade. A negatividade nunca é o melhor caminho para lidar com qualquer situação. Na verdade, na maior parte dos casos, ela nos paralisa, bloqueando qualquer mudança verdadeira. Qualquer coisa feita com uma energia negativa será contaminada por ela e dará origem a mais sofrimento. Além disso, qualquer estado interior negativo é contagioso, pois a infelicidade se espalha mais rapidamente do que uma doença física. Pela lei da ressonância, ela detona e alimenta a negatividade latente nos outros, a menos que sejam imunes, quer dizer, altamente conscientes.
Você está poluindo o mundo ou limpando a sujeira? Você é responsável pelo seu espaço interior, da mesma forma que é responsável pelo planeta. Assim no interior, assim no exterior: se os seres humanos limparem a poluição interior, deixarão então de criar a poluição externa.


Como podemos nos livrar da negatividade? 


Descartando-a. Como nos livramos de um pedaço de carvão em brasa que está em nossas mãos? Como nos livramos de uma bagagem pesada e inútil que estamos carregando? Reconhecendo que não desejamos mais sofrer nem carregar peso, e deixando-os de lado.
A inconsciência profunda, como o sofrimento físico ou outro sofrimento profundo, como, por exemplo, a perda de uma pessoa amada, quase sempre necessita ser transformada através da aceitação combinada com a luz da presença, ou seja, através de uma atenção constante. Por outro lado, muitos padrões da inconsciência comum podem ser simplesmente descartados ao percebermos que não os queremos mais ou que não precisamos mais deles, que temos uma escolha e que não somos só um feixe de reflexos condicionados. Tudo isso indica que somos capazes de acessar o poder do Agora. Sem ele, não temos escolha.


Ao chamar algumas emoções de negativas, será que você não está criando uma polaridade mental de bom e mau, como mencionou anteriormente? 


Não. A polaridade foi criada num estágio anterior, quando sua mente julgou o momento presente como mau. Foi esse julgamento que criou a emoção negativa.


Mas ao chamar algumas emoções de negativas, você não está querendo dizer que elas não deveriam estar ali, que não está certo ter essas emoções? Entendo que deveríamos nos permitir ter qualquer tipo de sentimento, sem julgar se ele é bom ou mau. Não há nada demais em estar com raiva, de mau humor, ou seja lá o que for, do contrário, nos sentiremos reprimidos, em conflito interior ou rejeitados. As coisas estão bem do jeito que são.


Sem dúvida. Quando um padrão mental, uma emoção ou uma reação forem observados, aceite-os. Você não está consciente o bastante para ter uma escolha em relação a esse assunto. Não se trata de um julgamento, apenas de um fato. Se você tivesse uma escolha, ou percebesse que, de fato, tem uma escolha, escolheria o sofrimento ou a alegria, o conforto ou o desconforto, a paz ou o conflito? Escolheria um pensamento ou um sentimento que separasse você do seu estado natural de bem-estar, da alegria da vida interior? Chamo de negativo a qualquer sentimento dessa natureza, o que significa simplesmente mau. Não no sentido de “você não deveria ter feito isso”, mas simplesmente o mau no sentido concreto, como sentir dor de estômago. Como é possível que os seres humanos tenham assassinado mais de 100 milhões de seus semelhantes apenas no século vinte? Pessoas infligindo um sofrimento de tal magnitude umas às outras está além de qualquer coisa que você possa imaginar. E isso sem considerar a violência física, mental e emocional, a tortura, o sofrimento e a crueldade que os homens continuam a infligir uns aos outros, bem como a outros seres vivos.
Será que agem assim em seu estado natural, em contato com a alegria da vida dentro deles? Claro que não. Somente aqueles que vivem num estado profundamente negativo, que se sentem de fato muito mal, poderiam ver tal realidade como um reflexo do modo como se sentem. No momento, essas pessoas estão empenhadas em destruir a natureza e o planeta que nos sustenta. Isso é inacreditável, mas é verdadeiro. O homem é uma espécie perigosamente insana e doente. Isso não é um julgamento, é um fato. É também um fato que a sanidade está lá, por baixo da loucura. A cura e a redenção estão disponíveis neste exato momento.
É verdade que, quando aceita seu ressentimento, o mau humor, a raiva, etc., você não sente mais necessidade de manifestá-los de maneira cega e tem menos chance de projetá-los sobre os outros. Mas eu me pergunto se você não está se iludindo. Quando uma pessoa vem praticando a aceitação por um tempo, como é o seu caso, chega um ponto em que precisa passar para o estágio seguinte, onde essas emoções negativas não são mais criadas. Se você não passa, a “aceitação” se torna apenas um rótulo mental que permite ao seu ego continuar a ser tolerante com a tristeza e, dessa forma, fortalecer o sentimento de separação das outras pessoas, do seu ambiente, do seu aqui e agora. Como você bem sabe, a separação é a base do sentido de identidade do ego. A aceitação verdadeira poderia transformar tudo de uma vez por todas. E se sabe, bem lá no fundo, que tudo “está bem” como você diz, será que esses pensamentos negativos viriam em primeiro lugar? Se não houver julgamento nem resistência ao que é, eles nem surgiriam. A sua mente diz que “tudo está bem”, mas no fundo você não acredita nisso, e assim os velhos padrões de resistência mental e emocional ainda estão ali. É isso o que nos faz mal.


Isso também não tem importância.


Você está defendendo o seu direito de ser inconsciente, o seu desejo de sofrer? Não se preocupe, pois ninguém vai lhe tirar esse direito. Ao perceber que um determinado tipo de alimento lhe faz mal, você continuaria a comer aquele alimento e insistiria em afirmar que não se importa em passar mal?


Eckhart Tolle
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill