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domingo, 15 de julho de 2012

O despertar da Inteligência Integrada


Parte 2

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Uma conversa sobre o momento da "Porta Estreita"

Outsider44: oi
Decapupul: oi
Outsider44: beleza?
Decapupul: Tudo e você?
Outsider44: beleza!
Decapupul: esqueci de entrar no msn.
Outsider44: Hoje o dia foi muito, mas muito revelador...
Decapupul: Namastê!
Outsider44: Creio que veio, se não a forma final, algo bem próximo da concepção da releitura dos 12 Passos por nós...
Decapupul: E´/emesmo?
Outsider44: A releitura dos Passos na experiência do nosso grupo:
Decapupul: Diga!
Outsider44: Passo 1 - Admitimos que éramos impotentes perante a insanidade de nosso fluxo mental, o qual nos impedia o desfrute da plenitude do amor, da compaixão e da genuína comunhão com toda manifestação de vida.
Decapupul: Sim
Outsider44: Passo 2 - Viemos a constatar que pela prática da observação sem escolhas do fluxo dos pensamentos e emoções, poderíamos ter restaurada nossa sanidade.... Passo 3 - Decidimos entregar nossos desejos e nossa vida aos cuidados dessa observação sem escolhas.
Decapupul: Sim
Outsider44: Passo 4 - Fizemos minucioso e destemido inventário de nossos condicionamentos e suas origens...
Decapupul: Ok
Outsider44: Passo 5 - Admitimos perante nós mesmos e perante outro ser humano, o pensamento condicionado como sendo a natureza exata de nossos  fragmentadores e separatistas conflitos.
Decapupul: Sim
Outsider44: Passo 6 - Através de um modo de vida pautado na simplicidade voluntária e pela prática da observação sem escolhas, nos prontificamos inteiramente para que nossos condicionamentos pudessem ser removidos... Passo 7 - Humildemente rogamos ao Não Manifesto que nos libertasse de toda forma de dependência psicológica... Passo 8 - Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado pela ação de nosso modo condicionado e autocentrado de ser e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados... Passo 9 - Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem... Passo 10 - Continuamos fazendo o inventário de nossos condicionamentos psicológicos e, quando os constatávamos, nós os admitíamos prontamente.
Decapupul: ok
Outsider44: Passo 11- Procuramos, através da percepção intensa do momento presente e do contato com a energia de nosso corpo interior sutil, abrir um canal conducente para um acesso consciente com o Não Manifesto, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade... Passo 12 - Tendo vivenciado o desvelar da inteligência amorosa transcondicionante, graças a prontificação obtida por meio desses Passos, procuramos transmitir esta mensagem ao pensador compulsivo que ainda sofre e praticar essas observações em todas atividades.
Decapupul: ok
Outsider44: Como sentiu?
Decapupul: Não sabia que ia fazer os passos
Outsider44: Correlacionei; veio muito forte, logo cedo!
Decapupul: Ficou nos moldes dos anônimos
Outsider44: Não, nega! Ficou conforme o que vivenciamos até aqui!
Decapupul: Sim.
Outsider44: Estou o dia todo olhando para isso... Vi bem detalhadamente a nossa experiência,
de nossos amigos e na recente experiência do Mario.
Outsider44: São bem claros esses pontos entre nós, salvo, a experiência do Passo 12, a qual só posso me reportar por esses "vivencias" em que me vi tomado por algo maior, como você é a testemunha ocular, física disso; não há ainda o desvelar total, mas o que se manifestou até aqui, tem sido muito forte em seus fragmentos; além de forte, altamente criativo. O próprio grupo tem demonstrado isso na progressão das falas de seus membros.
Decapupul: sim.
Outsider44: Há um capítulo no livro do Eckhart Tolle que é muito esclarecedor... Mostra muito bem tudo isso, só que com palavras diferentes. Aponta muito bem para esse momento ATUAL que estamos vivendo... O que é realmente um PODEROSO PORTAL.
Decapupul: Perai telefone!
Outsider44: Ok!
Decapupul: Sim!
Outsider44: Voltou?
Decapupul: Perai!
Outsider44 : Vejo como ESSENCIAL neste momento, a qual classifico como "A PORTA ESTREITA", como se referia Jesus, aquilo que o Eckhart Tolle chama de uma PERCEPÇÃO INTENSA DO MOMENTO PRESENTE... Deixe isto reverberar... PERCEPÇÃO INTENSA DO MOMENTO PRESENTE... É uma prática minuciosa que dissolve a identificação com a ponte do TEMPO e que nos joga no "COLO DO NÃO MANIFESTO", nos aproxima do estado de presença, onde a energia vital pode ser sentida em nosso centro cardíaco sutil.
Decapupul: Sim
Outsider44: Essa me parece a prática do presente instante a qual é exigida de nossa parte PERCEPÇÃO INTENSA DO MOMENTO PRESENTE.
Decapupul: Sim
Outsider44: ATENÇÃO PLENA A TENTATIVA DE INVASÃO DO PENSAMENTO NA PONTE DO TEMPO, DIMINUIR CADA VEZ MAIS OS "DEVANEIOS"... Ou seja, os períodos em que eles escapam, se aproximar cada vez mais de sua "FONTE", que é a própria CONSCIÊNCIA
Decapupul: Sim
Outsider44: ENCAPSULADA PELO PENSAMENTO... Se conseguirmos essa PERCEPÇÃO INTENSA, chegaremos a fonte, QUE É A PRÓPRIA CONSCIÊNCIA, LIVRE DO PENSAMENTO; PRESENÇA PURA, PERCEPÇÃO PURA, PURO FLUXO DE CONSCIÊNCIA SEM PENSAMENTO.
Decapupul: Sim
Outsider44: Nega, olhe bem para isto... Olhe muito bem, com muito cuidado... Estamos todos num portal, na "porta estreita"...
Decapupul: Sim
Outsider44: A porta estreita referida por Jesus... É preciso estar consciente que a rede do pensamento condicionado vai atacar; vai tentar gerar toda forma de conflito e identificação possível, toda forma de irracional PREOCUPAÇÃO, ou seja uma AÇÃO MENTAL NO TEMPO... Isso pode se dar com preocupação física com o corpo, com o estado mental/emocional de pessoas significativas... Sei lá! Pode vir por qualquer coisa... É preciso ATENÇÃO PLENA, PERCEPÇÃO PLENA DO SALTITAR MENTAL PASSADO/FUTURO/MONÓLOGOS/IMAGENS/DIÁLOGOS INTERNOS...
Decapupul: sim
Outsider44: Projeções, conjecturas, é tudo falso, irreal... Precisamos pegar isso NA FONTE, NA NATUREZA EXATA, NO MOMENTO EXATO! SE PEGAR ISSO, PASSAMOS PELO PORTAL... E DEIXAMOS DE EXISTIR NO TEMPO.
Decapupul: Sim!
Outsider44: Estamos no BARCO DO SHOW DE TRUMAN... É um momento EXTREMAMENTE FECUNDO QUE PODERÁ SE MOSTRAR ASSUSTADOR, QUE PODERÁ SE MOSTRAR CONFUSO...
Decapupul: Sim
Outsider44: MAS NA CONFUSÃO ESTÁ A FUSÃO ENTRE MENTE/CORAÇÃO E FONTE... Isso é o que estava faltando na fala... Um estado de unidade interna não só entre mente e coração, MAS SIM, entre MENTE/CORAÇÃO E A FONTE DA MENTE E CORAÇÃO; mente e coração seriam as "ondas" se dissolvendo na Fonte que é o oceano
Decapupul: Sim
Outsider44: Isso está muito mais que uma percepção mental para mim, algo que está sendo intronizado no SER e não é nada fácil esse estado de se prontificar para a percepção do momento de “arranque” do pensamento, ver o momento saltitante passado/futuro e perceber o PERCEBEDOR DISSO TUDO, QUE É A PRÓPRIA CONSCIÊNCIA SEM FORMA.
Decapupul: Sim
Outsider44: Soa como algo "muito louco"? Irracional?
Decapupul: Não
Outsider44: Para mim, soa como o fim do mundo da identificação mental, a morte do velho homem ligado a mente pela ponte do tempo psicológico... A libertação da Matrix, a libertação da rede que nos prende no tempo psicológico...
Decapupul: Sim
Outsider44: Isso requer muita, mas muita atenção, como NUNCA ANTES NOS FOI PEDIDO... Estar atento a tudo, tanto DENTRO, como "FORA", PERCEBENDO O MOMENTO, O INSTANTE MENTAL, O INSTANTE EMOCIONAL... UMA PERCEPÇÃO HOLÍSTICA
Decapupul: sim
Outsider44: UMA PERCEPÇÃO DA ENERGIA DO CORPO INTERNO, DO CORPO FÍSICO, DO CORPO EMOCIONAL, DO CORPO MENTAL...
Decapupul: Sim
Outsider44: DO "CORPO FÍSICO EXTERNO" (os ACONTECIMENTOS ao nosso redor)
Decapupul: sim
Outsider44: FAZ SENTIDO?
Decapupul: Sim! Um momento...
Outsider44: Ok!
Decapupul: Oi, voltei!
Outsider44:  Estou transcrevendo esta conversa para colocar no blog
Decapupul: certo
Outsider44: O que acha?
Decapupul: Legal! Não se trata de uma conversa... Você está me passando informações e estou ouvindo!
Outsider44:  Diga como você sentiu reverberar isso ai dentro!
Decapupul: É isso mesmo! É o momento que estamos atravessando... A percepção dentro e fora é incrível! E, a cada dia, mais consciência! Esse desenlace do tempo psicológico... Saber que não me domina mais!
Outsider44:  É preciso, apertar o laço da percepção... Diminuir o espaço de "devaneio" mental, de falta de percepção da formação de imagens e falas!
Decapupul: Sim.
Outsider44: Percebo nitidamente o pensamento querendo fazer uso do material que a consciência apresenta com relação a um passado de identificação mental, com suas respectivas ações insanas, para tentar instalar o conflito, a culpa, a  vergonha, o medo, a ansiedade. O ego querendo se apropriar do material da consciência que pede somente pela "reparação", pela ação de reparar no ocorrido, como material de desidentificação com o antigo estado reativo mental. É óbvio que, ao olhar para um passado de identificação ilusória com a mente, quase tudo que foi construído, foi construído com bases falsas, com bases ilusórias.
Decapupul: Um momento, telefone!
Outsider44: Ok! Vou precisar desligar... A bateria está no último risco! Se cair, um beijão!
Decapupul: Vou embora! Chego  aí por volta das 18:45 horas. Beijão! Namastê!
Outsider44: Eheheh! Outro!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Do desejo do Eu à Vontade do Ser

Sinto ser os grupos anônimos, um necessário processo de “refamília”, processo esse que nos abre para os estruturantes fundamentos de uma “educação psíquica”, a qual, mediante sua instalação, ao mesmo tempo em que descondiciona nossa mente, a realinha com os níveis sutis de nosso coração. 
Os princípios espirituais contidos nos Doze Passos apontam para a revelação direta de níveis de consciência nunca antes se quer imaginados; são poderosas ferramentas necessárias para a instalação de um “processo de realinhamento e harmonização psíquica, emocional e física”, processo este que nos prontifica para o estado fecundo onde se torna possível a revelação da abarcante “Natureza Real que somos”, natureza esta, totalmente livre dos limites separatistas da imagem, da persona, do eu, do ego, com o qual, a maior parte de nós, por décadas, se viu totalmente identificado e que, por tal identificação, acabou mantendo estagnada nossa caminhada evolutiva consciencial, bem como nossos talentos tão necessários para a exteriorização de nossa real vocação.
Inicialmente, se bem trabalhados estes princípios espirituais quanto o disciplinar de um determinado padrão comportamental obsessivo compulsivo, num novo momento de consciência, estes mesmos princípios, mediante a presença de um estado de mente aberta, podem ser observados em níveis superiores que apontam para um necessário “alinhamento superior” — o qual não parte de nosso desejo e esforço —, pelo qual se dá o resgate e a reorientação de nossa energia vital — outrora desperdiçada com a prática comportamental da ativa —, para o conhecimento e a prática amorosamente responsável do serviço evolutivo vocacionado.
Para que tal “alinhamento superior” possa se fazer manifesto, há que se estudar de forma minuciosa e destemida a multiplicidade dos medos e desejos que parasitam nossos corpos psíquico, emocional e físico; medos e desejos esses que nos habitam — de forma totalmente indevida — desde a mais tenra idade e que, com o passar dos anos, à eles fomos acrescentando novas camadas que estruturam a desestruturação do conhecimento direto da realidade que somos, dessa imensurável grandeza que nos habita e na qual somos.
Em última análise, toda forma de sofrimento humano, toda forma de manifestação de conflito humano, encontra-se na inconsciência de nossa negligência de uma escuta atenta e não defensiva, tanto de nós mesmos, como da natureza e do “outro” com quem “pensamos” estar em real contato. Sem a tomada de consciência da gravidade e seriedade de nosso estado de inconsciência, o qual nos impede a escuta atenta da fala mansa e suave que nos habita e na qual somos, é humanamente impossível a descoberta de um “estado de ser” dotado de real sentido, amor, compaixão, felicidade, liberdade, autenticidade, originalidade, sensibilidade curativa e inteligência amorosamente criativa. Sem esse “contato consciente” com a Realidade que somos, estamos fadados à um “estado existencial” cujas frágeis bases se encontram na comparação, na imitação, na desumana competição separatista, no ajustamento servil, comportamentos estes, sempre moldados em arcaicos sistemas de crenças, disfuncionais tradições, modismos, manias, conceitos, achismos e neuroses coletivas. Enquanto não nos abrimos para essa prática da escuta atenta, enquanto essa prática não deixa de ser apenas um “verbo”, uma “idéia”, para passar então, a “habitar em nosso corpo, em nossa mente e coração”, não há como deixar de ser uma pessoa de 2ª mão; alguém que está sempre preso ao imperioso vício de “acumular” conhecimento de terceiros, estes, em sua grande maioria, conhecimento livresco e institucionalizado, portanto, nada tendo de original, nada resultante de um contato consciente com essa inefável grandeza que nos habita. Sem esta escuta atenta que possibilita um estado de “prontificação incorporante”, o único estado de ser que podemos conhecer está na continuidade de um compulsivo ciclo fechado de desequilibrios e infelicidade crônica, estado este que impede a tão necessária “reencarnação” da Consciência Real que somos, esta, até então abafada pela nefasta identificação com a imagem personalista de nós mesmos e do mundo que nos cerca, a qual ao longo dos anos de uma existência sem vida, viemos alimentando, com a ajuda da família e sociedade. Sem que ocorra a bem-aventuraça da “reencarnação” da Consciência Real que somos, não há como ocorrer a percepção pura do real sentido de nossa existência neste espaço tempo, não há como descobrir nossa real vocação, nossa missão no mundo, através da potencialização de nossos talentos adormecidos. Enquanto não “reencarnamos” a Consciência Real que somos, só podemos ser excelentes “mecânicos especialistas”, extremamente técnicos e cartezianos, mas destituídos da sensibilidade e da inteligencia amorosa vocacionada e, como resultado, não há como deixar de experienciar nossos quase sempre abafados sentimentos de tédio, mesmice, rotina e insatisfação, os quais nos forçam ao ciclo compulsivo de desejos, medos e nefastas somatizações.  
Na realidade, enquanto não “reencarnamos” esta Consciência Real que somos, além de continuarmos sendo vitimados por uma incessante rede de desejos — estes, quase sempre, desejos não originais, não oriundos de nosso interior, mas sim, desejos que seguem a tradição parental/social — não teremos a menor condição de viver a realidade da manifestação de uma qualitativa “Vontade Superior”, sem a qual, não há como descobrirmos o significado da verdadeira liberdade do espírito humano, bem como  daquilo que transcende em muito o que convencionou-se chamar de amor. O que hoje chamamos de amor, nada tem a ver com as genuínas qualidades do Amor; Amor não é apego parental, não é ciúme, não é prazer, não é desejo sexual, não é controle, não é posse, não é domínio. Não há como expressar o que é o Amor, só há como expressar aquilo que ele não é; para saber o que é Amor é preciso vivenciá-Lo e, em consequencia natural, expressá-Lo através de seu natural transbordamento ético. Quase todos nós falamos de amor e liberdade, mas, no fundo, no fundo, tememos a responsabilidade que os mesmos trazem em seu borjo; dizemos querer a excelência, mas, em última análise, a grande maioria de nós, conforma-se com aquilo que “pensamos” ser bom (ou o que nossas famílias dizem ser bom). Tudo isto, porque evitamos a ação curativa proveniente de uma “escuta atenta, não defensiva, não comparativa, não negociável”. Se existe algum tipo de “antídoto”, algum tipo de “Poder Superior” à estagnante “neurose do não-ser”, este se expressa através deste tipo de escuta incondiconada, a qual nos “prontifica” para um processo de “desentulho cultural”, sem o qual, não há como se manifestar a beleza, o frescor e a fecundidade criativa do imensuravelmente novo.
Todos os princípios espirituais contidos nos Doze Passos dos Grupos anônimos, trabalham para a reorientação de nossos desejos, para o realinhamento de nossos desejos deturpados pela ação de uma emaranhada rede de pensamentos condicionados pela cultura e tradição; eles possibilitam o recentramento no ser que somos, bem como a revelação de nosso desejo essencial: o conhecimento consciente da Vontade Superior que trazemos em nós e, pela qual, somos. No entanto, o conhecimento consciente desta Vontade Superior, só se faz possível se, anteriormente, dá-se o necessário trabalho de “reparação”, de “inventariar”, momento a momento, os condicionantes entulhos culturais que nos impedem de viver a realidade que somos e que nos forçam a continuidade da alimentação e defesa de uma auto-imagem falsa, a qual nos mantém estagnados num modo de existir sem o conhecimento direto do significado da expressão “Vida em Plenitude”. Todos trazemos no mais íntimo de nosso ser, aquilo que podemos chamar de um “desejo essencial”, desejo este que não se limita ao mundo das formas e a dimensão temporal. Tenho certeza que, você leitor, sabe muito bem o que significa isso que aqui, agora expresso; você pode até não saber explicar aquilo que lhe pede esse desejo essencial, mas, de fato, pode sentí-lo, a todo momento, escondido nessa constante inquietude que lhe impulsiona para algo mais, algo mais esse, que você nunca poderá encontrar na temporalidade do mundo das formas. Para tanto, se faz necessário inventaria de forma minuciosa e destemida “o que é que realmente buscamos”, “o que é que nos faz perder noites de sono ao mesmom tempo em que potencializa nossa energia vital”; perguntar “para que e para quem acordamos a cada dia”; no enfrentamento incondicionado e destemido destas perguntas e que podemos nos deparar com nossa resposta divina, a qual pode nos curar de nossa “disritimia do ser”, causada pela “disritimia do ter e do vir-a-ser”.
Através de nossa experiência, podemos afirmar que nossos conflitos existênciais se dão pela teimosia de atendimento dos insanos desejos de nossa personalidade viciada, em detrimento dos desejos dos Ser que somos; nossa mente nos pede por coisas finitas diametralmente opostas aos valores infinitos expressos pelos mais profundos anseios de nosso coração-amor-compaixão. É na continuidade de nossa imatura teimosia que se proliferam as raízes daninhas de toda manifestação de neuroses fragmentadoras e separatistas. Toda vez que insistimos em fechar nossa escuta atenta para esta fala mansa e suave que nos habita em nosso centro cardíaco sutil — e na qual somos — , consequentemente, damos continuidade as falas e imagens desconexas de nossa mente, as quais nos impelem ao ajustamento servil, nos afastando de nossa realidade interna; em consequencia, não há como deixar de somatizar o desequilíbrio causado por nossa falta de escuta à nossa profunda voz interior. Como nos dizeres de Jean-Yves Leloup:

“Quando mentimos a nós mesmos, quando fugimos de nossa vocação, quando renegamos o nosso ser essencial, ocorrem consequencias nefastas, não somente para nós mesmos, mas também para nosso ambiente... Não ser você mesmo, não escutar o seu desejo mais profundo, acarretará consequências sobre o outro — é bom que o saibamos. Estar em harmonia consigo mesmo, escutar a sua voz interior, mesmo se esta voz tem exigências que nos fazem medo, é bom para nós mesmos e não acarretará consequências nefastas para o nosso próximo.”
Tenho afirmado através das falas e textos que nos vêem em momentos menos esperadossem que os mesmos sejam “pessoalmente organizados” que, muitos daqueles que se deparam com os mesmos, se encontram naquele período fértil que convencionamos chamar de “período de 40 anos no deserto do real”, período este que nos apresenta o divino portal que separa os adultos dos adolescentes espirituais. Neste portal, já não há mais espaço para as imaturas escolhas de narcotização da consciência que somos, através do alimentar de infundados e inconsequentes desejos influenciados por uma enorme e intrincada rede de condicionamento social. Neste precioso momento de nossa caminhada por esta assim chamada “terra sem caminho e sem mapas psicológicos”, onde a única bussola se encontra em nosso coração util, para aqueles que se encontram “realmente prontos”, a única possibilidade que se apresenta à nossa frente é a de, com boa vontade e mente aberta, ser uma pacífica testemunha da abertura do imenso mar de nossa inconsciência, testemunhar esse que nos aponta para a travessia da irrealidade de nós mesmos, rumo ao sólido e fecundo solo da Natureza e Verdade que somos.
Não raro, para nossa tristeza, neste momento da caminhada, temos constatado que muitos são aqueles que, insanamente, preferem a fuga para o ajustamento ao servilismo escravagista da “normalidade social”, o qual os mantém num estado de analfabetismo quanto a realidade de si mesmos. Aos que tristemente optam por isso, a única possibilidade que se apresenta, se faz através do isolamento emocional e físico, o qual resulta num estado de mediocridade, aceleradamente e visivelmente debilitante. Por mais que estes “fugitivos da realidade de si mesmos” tentem disfarçar através de um estressante e narcísico colecionar de posses, poses, aceleradas e caras práticas externas, ou em raros caos, pela busca do velho conhecimento dogmático-esotérico-metafísico, os cacoetes de seus obesos ou anoréxicos corpos cansados — por vezes, cirurgicamente adulterados —, juntamente com suas repetidas falas, estas sempre embasadas num passado morto que nada de real acrescentam, bem como a falta de brilho em seus olhares exaustos, o qual tentam disfarçar com caros e irrealistas cosméticos, acabam sempre denunciando a ausência de Vida em plenitude em sua rotineira e mecânica existência, e que, em última análise, nada de qualitativamente estruturante deixa de herança para a tomada de consciência das futuras gerações.
Como o próprio título deste texto nos sugere, tudo na vida faz parte de um grande processo, o qual, na maioria das vezes, não estamos devidamente conscientes. Olhando para o nosso passado, se somos realmente sérios, podemos ver com facilidade que o medo e o desejo sempre estiveram presentes e que os mesmos, até determinado momento, serviram de ponte para as necessárias experiências formadoras de novos níveis de consciência. Inicialmente, nossos desejos e medos se encontram na esfera da limitante e condicionada busca de aceitação e validação parental/social. Somente depois de chegarmos ao fundo de poço causado pelos “naturais e certos” desencantos e desilusões, é que se manifesta em nós, um desejo de níveis muito mais sutis que já não se encontra mais na esfera do tempo e da forma: o desejo de ir muito além da herdada idéia de deus ou da crença numa imagem auto-criada de deus, para “a vivência direta da Realidade Inefável de Deus”. Este é um momento muito delicado, confuso e dolorido em nossa caminhada, um momento em que não somos bem vistos por aqueles que — como nós em nosso inconsciente passado —, ainda se vêem prisioneiros de imagens, crenças e conceitos referentes a deus. É natural aqui, além do medo do ostracismo, sermos também assolados pelo medo de estarmos ficando loucos, quando, na realidade, o que vivenciamos é aquilo que muitos místicos chamaram de “a loucura que a tudo cura”. Neste momento, perfeitamente elucidado nos dizeres do princípio do 11º Passo dos grupos anônimos, nosso único desejo está em aprofundar nosso contato consciente com Deus, não mais para fazer dele algo como um gerente bancário/imobiliário ou um agente matrimonial, mas para tão somente tomarmos conhecimento de sua Vontade soberana em relação a nós, rogando forças para realizá-la, uma vez que, sua Vontade sempre contraria os interesses umbigóides de nosso ego. Os desejos do eu, do ego, são sempre exclusivistas e autocentrados, visando sempre privilégios pessoais, não levando em consideração o que é de direito coletivo. Já essa Vontade Soberana, visa tão somente o bem estar comum, onde de fato, estamos incluídos, desde que tomada a devida consciência, muito além de um níve mental, de que somos todos um. Enquanto nos limites do eu, do ego, da persona que fomos sistematicamente incentivados a acreditar que somos, nossa visão permanece sempre num modo dual, separatista, isolacionista e profundamente competitivo. Quando nos chega a conciência da Consciência Real que somos, adentramos numa nova visão, visão esta que supera em muito a antiga visão dos olhos que pensavam ver e que, por pensar ver, continuavam a pensar de forma reativa. Já com a instalação dessa consciência da Consciência Real que somos, nossa visão passa a ser profundamente abarcante, comungante e profundamente solidária.
Outsider44

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sobre a compreensão dos desejos

terça-feira, 10 de julho de 2012

Dos desejos do eu à Vontade do Ser


Dos desejos do eu à Vontade do Ser

Sinto haver, no ambiente dos grupos anônimos, um necessário processo de “re-família”, processo esse que nos abre para os estruturantes fundamentos de uma “educação psíquica”, a qual, mediante sua instalação, ao mesmo tempo em que descondiciona nossa mente, a realinha com os níveis sutis de nosso coração.  
Os princípios espirituais contidos nos Doze Passos apontam para a revelação direta de níveis de consciência nunca antes se quer imaginados; são poderosas ferramentas necessárias para a instalação de um “processo de realinhamento e harmonização psíquica, emocional e física”, processo este que nos prontifica para o estado fecundo onde se torna possível a revelação da abarcante “Natureza Real que somos”, natureza esta, totalmente livre dos limites separatistas da imagem, da persona, do eu, do ego, com o qual, a maior parte de nós, por décadas, se viu totalmente identificado e que, por tal identificação, acabou mantendo estagnada nossa caminhada evolutiva consciencial, bem como nossos talentos tão necessários para a descoberta de nossa real vocação.
Inicialmente, se bem trabalhados estes princípios espirituais quanto o disciplinar de um determinado padrão comportamental obsessivo compulsivo, num novo momento de consciência, estes mesmos princípios, mediante a presença de um estado de mente aberta, podem ser observados em níveis superiores que apontam para um necessário “alinhamento superior” — o qual não parte de nosso desejo e esforço —, pelo qual se dá o resgate e a reorientação de nossa energia vital — outrora desperdiçada com a prática comportamental da ativa —, para o conhecimento e a prática amorosamente responsável do serviço evolutivo vocacionado.
Outsider44

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Em busca de uma nova consciência


domingo, 8 de julho de 2012

Reunião on-line: Como saber o que é Deus?



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Não narcotize sua dor

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Um estado de ser consciente e não narcotizado

A prática da Presença

Estava aqui meditando sobre a questão da minha antiga recusa anterior na pratica da "observação", na pratica do “testemunhar” desse estado de Presença Interna, de prestar atenção ao Sopro que me anima. Essa recusa era natural, visto que nunca fui ensinado sobre isso, nunca fui incentivado a isso; a idéia da relação com alguma força, com algum Poder, com algum Deus, era sempre no nível externo, nunca algo que pudesse ocorrer no ser que sou, em meu interior. Antes da depressão iniciática, pensar sobre isso, nem pensar. Naquela época, o lance era a busca de prazer, sucesso e reconhecimento. Desculpe o exemplo, mas era bem assim que as coisas funcionavam: só quando a “água batia na bunda” é que eu saía “na correria” atrás de algum “Deus Neves, o deus do papel higiênico”, aquele tipo de Deus que a maioria procura para limpar o resultado de suas próprias presepadas. Claro que nunca senti nada durante esse período.
Bem mais tarde, através do contato com as observações de Jiddu Krishnamurti, “viciei-me” no observador. Comecei a dissecar tudo através de uma observação, que em muitas vezes era profundamente ácida. Muito antes disso, já havia tomado contato com a experiência de alguns homens que exercitavam a prática da Presença, mas, seus dizeres me pareciam muito carregados de religiosidade e de uma mística que, para o meu intelecto, estava muito alto, algo totalmente inacessível (isso quando não tirava como uma verdadeira viagem, devido ao meu racionalismo cartesiano). Mas lá no fundo, apesar de todo conhecimento, apesar de todo “poder de observação”, o vazio, a insatisfação, o tédio, a inquietude, a incapacidade de permanecer parado, sem nada fazer, permanecia em constante ebulição. Era justamente por causa dessa insatisfação crônica que vivia pulando de livro em livro, de site em site, de rede social em rede social. Não tinha consciência de como estava "viciado" em buscar material que pudesse me ajudar na compreensão da mente, na observação da mente. Por mais que lesse sobre “O Poder do Silêncio”, a prática do “Eu sou”, não conseguia “acreditar” que pelo observar do meu estado interior, pelo sentar com meu estado de ser, pudesse de algum modo se mostrar funcional. Tinha em mente que qualquer coisa poderia ser melhor e surtir mais efeito do que me sentar e prestar atenção ao sopro que me anima; não via lógica em “ficar no Ser”, uma vez que a única coisa que sentia eram aqueles terríveis sentimentos inquietantes provenientes de meu vazio interior. Não conseguia ver que aquele vazio era um ótimo sinal, um sinal de que tudo aquilo que havia lido, tudo aquilo que havia buscado estava cumprindo seu devido papel de me esvaziar para poder chegar no estado propicio para a percepção de minha real natureza, desta Presença que me habita e no qual sou.
Lembro-me que, no inicio de meu contato com Nisargadata, fiquei maravilhado com sua amorosidade. Entrei de cabeça na leitura de seu livro. No entanto, senti que a leitura estava ficando “muito alta”, muito mística para o meu gosto, ou melhor, para o gosto do meu intelecto racional, o qual me pedia por uma leitura “mais pé no chão” (o mesmo se deu com Mojji e Ramana). E o que consegui com isso? Nada além de permanecer na conhecida horizontalidade inquietante, sem nada saber por experiência própria sobre a verticalidade do Ser, verticalidade esta que qualifica toda horizontalidade. Qualquer leitura “mais alta” me causava uma espécie de vertigem, uma síndrome de abstinência da presença do observador. Eu era profundamente viciado nesse observador livresco/internético. Quando cansava de me observar, observava o outro; vivia num “estado de medição” e desacreditava por completo que esse lance de Presença pudesse ser uma realidade. Inclusive, carregava a idéia, uma imagem de como “deveriam ser, fisicamente, os tais seres iluminados” (que viagem). Se o “Guru” não fosse dentro do perfil da imagem criada, não era digno sequer de terem lidas duas ou três páginas de seus escritos.
Hoje, entendo que não tinha nada de errado nisso: é uma reação profundamente natural, uma vez que o intelecto não consegue sair do tempo, do espaço, da lógica, da razão, do conhecido, de seu enorme arquivo de imagens, com seu processo de medição separatista e fragmentadora. Como pode ele imaginar algo que não faça parte de nenhuma dessas limitadas esferas? Como vim a perceber, tudo que o intelecto não compreende, rotula ou mistifica. Essas sempre foram minhas duas únicas opções, sempre seguidas de suas tristes variantes. Hoje, ao observar o comportamento resistente de outros “aspirantes a observadores” e outros “observadores guardiões de limiar", rio muito de meu antigo comportamento dotado de uma rebeldia desinteligente. Não havia outro modo de ser. Enquanto não há um "desarme" de toda essa estrutura, desarme esse que não é fruto da ação da mente, não há como. Não tem como se abrir para essa Presença, não há como sentir essa Presença, sem que ela mesma se dê a conhecer. Com isso em mente e coração, lhe pergunto:
“Como é que possível se sentar para sentir algo que você não sente?”
“Como você pode sentir falta do sabor de algo que você nunca provou?”
“É possível sentir o gosto de algo que você nunca provou, apenas olhando para uma foto?”
"Pode-se deliciar um bolo apenas admirando sua receita num papel?"
Pois era mais ou menos isso que eu tentava fazer e, é claro, de modo algum podia se mostrar eficiente, funcional. Eu bem que tentava buscar pelo “Eu Sou”, mas, devido minha louca ansiedade, isso não passava de dez ou quinze minutos, sempre substituídos por horas e horas de pesquisas, leituras e mais leituras e estudos de filmes. Eu tinha enraizado que seria através da leitura, do estudo que aquilo que eu tinha lido a respeito de outros, poderia também ocorrer comigo e, detalhe, através dos meus esforços. Não conseguia ir para qualquer lugar sem carregar comigo um ou dois livros (se um não desse a liga, corria para o outro). E foi assim, até que aconteceu algo que não tenho como explicar, e que já tentei relatar de forma extremamente limitada em textos anteriores.
Talvez você esteja se perguntando agora: e o que mudou?
Bem, posso lhe dizer que, só por agora, aquela fome literária, aquela busca de respostas, aquele excesso de perguntas, não existe mais. O que ocorre é a necessidade de ficar só, em silêncio, prestando atenção a este Sopro caloroso que me habita, e no qual sou. Há uma necessidade de natureza. Já não sinto a necessidade de recorrer na busca de filmes e documentários que possam me proporcionar aquele “click”, aquele “eureka”, aquele “Ah! É isso!” Sinto que posso assim lhe dizer: encontrei um livro bem no centro de meu peito. Encontrei uma enorme rede bem no centro de meu peito, encontrei um belo filme, bem aqui da onde se faz o Sopro. E é uma maravilha, uma delicia me sentar para ir vendo os movimentos das páginas que se apresentam (sem meu esforço e participação). Algumas delas são tão belas, que não consigo resistir ao impulso de com você compartilhar por meio de textos como este. Estar com Isto, estar na Presença Disto é algo que não tem como ser explicado por meio da limitação das palavras. E mesmo que fosse possível, a limitação do intelecto não permitiria. De que jeito? Como que alguém que sempre foi rei, se permitiria perder sua realeza diante da única “Coisa” que é real? Como? Quer mesmo saber?... Simples:
Renda-se!
Abra mão de suas drogas, abra mão de seu vício... 
Experimente... 
Permita-se... 
E, na melhor das palavras:
(...)
Relaxe e goze!
Que a Presença, seja, em sua excelência, neste terno agora!

Outsider

Você não precisa de conhecimento: você só precisa esvaziar.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A importância do escutar

2ª parte da reunião on-line pelo Paltalk na noite de 03/07/2012

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O doloroso e cirúrgico processo de desenlouquecimento



A mente vive em constante viagem na ponte do tempo psicológico, ora em lembranças de memórias eufóricas ou depressivas, ora conjecturando situações de prazer, dor, discórdias infundadas e conflito humano; nesse movimento, a mente rouba-nos a possibilidade da vivência do Agora e, consequentemente, a possibilidade do desfrute da realidade que somos. Essas memórias, conjecturas e projeções nos chegam sorrateiramente, sem a nossa participação ativa, onde, se não há um estado de “presença atenta”, a ocorrência da identificação com a mesma pode potencializar um estado de materialização de suas sugestões e influências, com suas respectivas reações insanas causadoras de enormes fontes de conflitos — por meio dos quais, a mente consegue o alimento necessário para a continuidade de seu domínio, o qual impede a manifestação de um estado de Real Consciência Amorosa. Outra tendência da mente é criar o medo que produz o retrocesso, que produz a trave de tropeço para o alcance de outras moradas de consciência, medo esse criado pela ideia de que a busca, e tudo que foi visto até o presente momento, não passe de loucura, de algo que fará com que acabemos loucos, ou cometendo alguma espécie de loucura. Aqui, é preciso estar muito atento a esse movimento da mente, movimento esse, profundamente entorpecedor, um verdadeiro canto de sereias.

De fato, não é nada fácil se abrir de forma madura para profundos níveis daquilo que convencionei chamar de “ego-conhecimento” — o que difere bastante da ideia corrente de “auto-conhecimento”. Este momento de inventariar as situações passadas, aponta-nos para o conhecimento do modo como tivemos nossa vida, até então, totalmente inconscientemente identificada com o domínio do ego e suas exigências descabidas, tanto de nós mesmos, como com os demais seres humanos com quem “pensávamos” nos relacionar. Afirmo que “pensávamos” nos relacionar, porque, de fato, nunca houve um real relacionamento; o que havia era um jogo de interesses velados entre duas — ou mais — imagens. É muito natural que assim tenha sempre ocorrido, uma vez que, em nossa sociedade, não somos incentivados a buscar pela verdade, pela autenticidade, pela originalidade, mas sim, para alimentar uma “imagem social”, para alimentar uma “persona” com ares de responsabilidade, a fim de ficarmos, como no dito popular, sempre “bem na foto”. Esse tem sido o modo como por anos e décadas nos “contatamos” com os demais que nos cercam: apresentando sempre uma bela imagem, mas nunca, como nos disse um dia, um querido e distante confrade, com a disposição para a prática de uma honestidade emocional, capaz de “revelar o nosso negativo”. Somente o lado A era apresentado, nunca o nosso lado B e, dessa forma, sempre nos mantivemos em contatos fragmentados, em contatos pela metade, onde, de modo algum, havia a possibilidade da ocorrência de uma autêntica intimidade, esta regida pelas qualidades genuína do Amor, as quais nada tem a ver com a antiga imagem que trazíamos do amor: posse, controle, apego e extensão parental, dependência emocional/física/sexual, medo de abandono e solidão. Não é nada fácil assumir no mais fundo de nosso ser, que, no que diz respeito ao genuíno Amor, Dele nada sabemos e, portanto, a maioria de nossas escolhas e ações — senão todas — fizeram-se fundamentadas, tão somente, nas enferrujadas e pesadas algemas do auto-interesse. Para se olhar isso de frente, sem qualquer tipo de justificativa, há que se ter alcançado aquele estado de “deserto existencial”, onde, meias-verdades, já não apresentam as necessárias condições para saciar nossa profunda “Sede de Vida em Plenitude”. No entanto, aqui, para aqueles homens e mulheres de mente aberta e boa-vontade, outra opção não se mostra possível, a não ser se abrir para a ação cortante e curadora do bisturi da Verdade. Nestes momentos, a prática da observação do movimento da mente em meio de recolhimento em quietude inativa, do silêncio, do centramento no sopro que nos habita e no qual somos, se fez uma importante ferramenta de equilíbrio, o qual passamos a perceber que não se emanava de nosso mente, mas sim, das profundezas de nosso centro cardíaco. A prática do contato consciente com a consciência que somos — em todas as nossas atividades —, passou a ser como que uma “hemodiálise do espírito”, através da qual, encontramos uma desconhecida energia em nosso sangue, com a qual conseguimos fazer frente ao doloroso processo pelo qual “antigos véus de ilusão”, momento a momento, passaram a ser de nós arrancados.   

Se abrir para um profundo e minucioso inventário no tocante ao nosso modo de estar na vida de relação, quase sempre se mostra profundamente doloroso, uma vez que não é nada fácil se deparar com as facetas do ego que “acreditávamos ser”, se deparar com seus auto-enganos, suas negociatas e autointeresses inconfessáveis, bem como com seus respectivos comportamentos insanos, os quais sempre tentávamos manter afastados da consciência dos demais —  bem como da nossa — a custa de uma enorme perda de energia vital. Quando nos abrimos para esta salutar prática que aponta para um “processo esvaziamento curativo”, a mente contra-ataca, sempre de forma feroz, feito inimigo acuado em suas trincheiras, atacando com sua pesada artilharia de profundas ansiedades, medos e culpas e infinidades de reações escapistas.

De fato, não é nada fácil fazer frente a esta “observação passiva”, pois, em certos momentos, a sensação que nos chega é a de que estamos num processo de “enlouquecimento”, quando, na realidade, estamos nos prontificando para a ação de um “doloroso e cirúrgico processo de desenlouquecimento”, uma vez que, aquilo que seria loucura, seria dar continuidade a manutenção de um modo de ser totalmente baseado na sustentação de uma desgastada e solitária imagem, a qual sufocou por décadas, a possibilidade da potencialização das sementes de nossa integridade, a qual tem por seus frutos, a instalação da consciência de “nossa real natureza”, esta, totalmente livre da antiga e nefasta influência egóica. Para aqueles de nós que aqui chegaram, já não havia mais espaço para a ilusão de que, o por nós tão buscado “estado de unidade interna e bem-estar comum” poderia ser conseguido por meio da manutenção de uma recheda conta bancária, uma vida familiar dotada de respeitabilidade social, o poder e o prestígio ou a satisfação de nossos instintos degenerados pela ação da rede do pensamento condicionado; no mais fundo de nós — naquela região que não pode ser maculada pela ação do pensamento —, sentíamos que, nossa única possibilidade sanidade, estava naquilo descrito por tantos místicos, poetas e santos: uma experiência direta da realidade que somos, não num futuro distante, mas neste eterno aqui e agora. Em vista desta conscientização é que, de bom grado, nos abrimos para o conhecimento da verdade e para a manifestação daquilo que por ela nos era apontado.

Agora pela manhã, as dores que até ontem se apresentavam na região escapular direita, ampliaram-se de modo quase que insuportável, estendo seu raio de ação até o antebraço, o peitoral e a base do pescoço (todos do lado direto). No entanto, apesar da dor, há uma profunda percepção de que a mesma cumpre seu devido papel naquilo que convencionamos chamar de “processo de realinhamento energético”, visto que esta dor tem percorrido várias regiões do corpo, sendo que na maioria dos casos observados, a mesma teve seu início na região lombar, ciática.    

sábado, 30 de junho de 2012

Em treze minutos, o porque de pensadores compulsivos

Uma releitura dos princípios espirituais dos grupos anônimos

Autoconhecimento ou egoconhecimento?

Os filmes como ferramenta de apoio no processo de observação de si mesmo

De mente aberta até a ilusão traz percepção

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que estamos buscando?

Conversa entre Deca, Nestor e Outsider em 30/03/2012
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill