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terça-feira, 5 de junho de 2012

A fecunda vivência do deserto do real

Quando nos sentimos incapazes de encontrar
tranquilidade dentro de nós mesmos, será
inútil procurá-la fora de nós mesmos.
La Rochefoucauld

Por que é tão difícil a vivência da experiência do deserto existencial? Porque nesse fecundo momento, estamos sós, desprotegidos física e psicologicamente. Não temos onde nos segurar, onde nos apoiar, onde buscar por abrigo e proteção. Não há como buscar por identificação e isso, para o ego, que vive em busca de segurança psicológica, é um sentimento mortal. É por isso que muitos não conseguem atravessar esse paradoxal período fecundo e, num momento de desespero, recorrem a atitudes potencialmente trágicas. Isso ocorre porque estas pessoas se identificam com o desesperante clamor do ego que pensam ser. Em vista disso, a experiência da vivência do deserto serve tanto como um portal para a sanidade do Ser, como para o limbo da psicopatia do não-ser.

Na vivência do deserto é que toda estrutura do ego, trabalhosamente construída por anos, tem suas bases implodidas, colocando ao chão toda forma de identificação. Para o ego, de fato, este é um período de profundo terror e confusão. Não se trata aqui da demolição de uma laje específica, mas sim, da demolição completa de sua estrutura, de modo que nada de sua estrutura possa ser reaproveitado.

No deserto, a crença não serve para nada; no deserto, o simples fato de acreditar na água, não traz o saciar da sede, não traz o seu frescor. No deserto, a experiência passada do frescor da água, também não traz o saciar da sede. No deserto, a projeção da idéia da água, também não sacia a sede. Crença, experiência, projeções de nada servem quando nos encontramos assolados pelo deserto.

No deserto, a crença na possibilidade de uma mente silenciosa, de uma mente em que o pensamento cessa, de que vale? No deserto, o que vale é a vivência, a observação, o testemunhar daquilo que se apresenta, passo a passo, momento a momento, ainda que de forma vacilante. No deserto, a coisa fica difícil porque ali, já não há para onde fugir, já não há onde se pisar com segurança; o deserto é o ego-enfrentamento, é a solidão que dessolidifica, apontando sempre, para a original construção, onde enfim, conhecemos a bem aventurada realidade do ser que somos. 

Outsider44
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill