Bom dia Priscilla, espero que você esteja vivendo bons momentos!
Fico feliz por saber que você encontrou eco nos textos provindos das palestras proferidas por Krishnamurti. Eu costumo brincar com alguns amigos que a minha vida está dividida em AK e DK (antes e depois de K).
Antes de conhecer seus pensamentos, eu levava uma existência sem vida e hoje, posso lhe afirmar que tenho vida em abundância em minha existência.
Quanto aos meus textos, fico feliz por saber que de algum modo estavam servindo de espelho para suas questões.
Estou num momento de profunda reflexão, revendo valores, questões, mudanças de paradigmas profissionais, o que tem exigido muito esforço, dedicação e estudo.
Sei muito bem o que é correr a net em busca de textos para “remediar” as minhas angústias, tédio e insatisfação. Mas, descobri a duras penas, - ainda bem que a tempo -, que a palavra “remediar” não tem o poder de mutação. Esta só pode ocorrer quando deixo de ler o livro do outro e começo a ler o livro que sou. Como nas palavras de Krishnamurti, "Temos que ser uma luz para nós mesmos". Se formos sérios, destemidos nesta profunda leitura de nossos pensamentos e sentimentos, quem sabe, num momento inesperado, possamos nos deparar com o autor do livro que somos nós.
Saiba que não deixei o gosto pela escrita. Estou somente dando um tempo de amadurecimento para novas situações (um solo depois de semeado precisa de descanso para poder dar fruto com abundância e qualidade).
Saiba que durante muitos anos, incentivado pela linha de pensamento dos membros dos grupos anônimos, me apoiei no "chororo" de ter nascido numa família disfuncional. Agora lhe pergunto: qual família não é? Hoje vejo que algumas são mais que outras e, pelo que me parece, sorte dos que nasceram numa mais disfuncional pois estes, são mais alérgicos ao conformismo aos padrões socialmente aceitos.
Hoje, de coração lhe digo que sou profundamente agradecido por ter tido um pai alcoólatra e uma mãe codependente, emocionalmente perturbada por querer vestir as calças de seu marido. Tenho consciência de que não sou responsável por ter nascido numa família disfuncional e muito menos pelo que fizeram comigo em seu meio: sou responsável pelo que sou e por aquilo que quero hoje sinto como Verdade.
Sei que tenho tudo que me é necessário para fazer as modificações para uma vida com qualidade: o poder de DECISÃO. Sou o único RESPONSÁVEL por ser feliz e, sei que a felicidade, não depende de NENHUM FATOR EXTERNO A MIM. A Grande Vida me proveu com as minhas digitais e a minha coluna vertebral, não bastando isso, a sociedade providenciou meu CIC e meu RG. Ninguém tem igual. Sou o único responsável por eles. Ninguém tem o poder de ficar no meu lugar caso eu venha a ter uma depressão. Do mesmo modo, não tenho como ficar no lugar do outro, quando o mesmo sofre por causa de suas escolhas e atitudes imaturas. Tenho somente o poder de compreender a mim mesmo.
Descobri que posso amar os meus vizinhos, mas, infelizmente, por razão de nossos condicionamentos de segurança, ainda preciso construir as minhas cercas. São escolhas minhas estabelecer limites saudáveis em meus relacionamentos e estar com pessoas nutritivas... Quem colhe os frutos ou os espinhos destas escolhas sou eu. Não sou vítima do destino. Tudo está certo. Basta olhar a vida por prismas diferentes e ousar... Ousar, essa me parece ser a grande palavra para uma vida qualitativa.
Sabe, nestes anos tive a oportunidade de trabalhar por um período com dependentes químicos e seus familiares. Uma das coisas que mais ouvia era uma frase muito semelhante a sua, explicíta em seu texto:
- “Acredito que serei feliz quando meu pai fizer seu ingresso em AA, bem como ele se reformar. Se meu pai ingressasse no AA e se reformasse, minha vida seria muito melhor e minha depressão curada.”
O que víamos é que muitas vezes, quando o dependente químico iniciava sua recuperação, deixando de ser o centro de atenção da casa (e também o bode expiatório), as pessoas ao seu redor começavam a passar mal, pois começavam a se deparar com as próprias neuroses, conflitos, ansiedades e outros sintomas mais. Não tinha mais o alcoólico para culpar pela incapacidade de gerar a própria existência com maestria. Desculpe-me pela franqueza, mas, posso lhe afirmar que sua “cura” não depende da sobriedade de seu pai, ou então de qualquer fator externo a você. Sugiro que experimente parar diante de um espelho e olhar bem para ele... Você estará diante da causadora de seus problemas e também da única pessoa responsável pela solução dos mesmos. E essa parece ser a nossa maior benção.
Também fico feliz por você estar começando a pagar a prestação da sua casa própria via consórcio. No entanto, ficarei ainda mais feliz se souber que você começou AGORA a prestar atenção na casa própria que é você, casa esta que não precisa de nenhum tipo de sócio, ligação ou união externa, para a execução deste projeto de grande porte tão negligenciado por muitos. Adquirir esta casa própria interior é o melhor autofinanciamento para a aquisição de um real bem durável, o qual não precisa da participação ou contribuição de nenhum grupo, muito menos de um número de meses previamente combinados. Posso lhe garantir que, diferente de um consórcio, cuja alegria transitória só vem com a contemplação final, o investimento que fazemos em nossa casa própria interna traz a alegria contemplativa no eterno AGORA. Não pense que um montinho de tijolos cobertos por uma argamassa colorida, registrada num cartório qualquer possa lhe trazer paz de espírito. Conheço muitos, com muitas, que nem sequer conseguem dormir direito, quanto mais desfrutar da vida em sua plenitude.
Pode até parecer frase de livro de auto-ajuda, desses que em nada ajudam mas, tudo o que você precisa encontra-se dentro de você!
Respire fundo.... Convide seu mal-estar, suas angústias e ansiedades para um chá ao fim da tarde. Aventure-se na descoberta do ser que lhe faz ser e Bem Seja! Você e o mundo merecem isso!
Um abraço fraterno e um chute nas canelas!