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sexta-feira, 11 de julho de 2014

A verdadeira revolução - II

Em todas as nossas relações - com pessoas, com a natureza, com idéias, com coisas - parece que criamos cada vez mais problemas. Se tentamos resolver um problema - econômico, político, social, coletivo ou individual - fazemos surgir grande número de novos problemas. De algum modo, parece que criamos cada vez mais conflito, e estamos cada vez mais necessitados de reforma. É bem evidente que toda reforma torna necessárias novas reformas, sendo, por conseguinte, um verdadeiro retrocesso. Enquanto a revolução, seja da esquerda, seja da direita, for apenas a continuidade do que foi, em referência ao que será, ela também é retrocesso. Só pode haver uma revolução fundamental, uma constante transformação interior, quando nós, como indivíduos, compreendermos nossas relações com a coletividade. A revolução deve começar em cada um de nós, e não nas influências exteriores, nas influências ambientes. Nós, afinal, somos a, coletividade; tanto o nosso consciente, como o inconsciente são o resíduo de todas as influências políticas, sociais e culturais do homem. Por conseguinte, para se realizar, exteriormente, uma revolução fundamental, torna-se necessária uma transformação radical em nosso interior, uma transformação independente de qualquer modificação do ambiente. A revolução deve começar em vós e em mim. Todas as grandes coisas começam em escala pequena, todos os grandes movimentos começam em vós e em mim como indivíduos; e se esperamos pela ação coletiva, essa ação coletiva, se vem a realizar-se, é destrutiva e conducente a mais sofrimentos.

Vemos, pois, que a revolução deve começar, em vós e em mim. Essa revolução, essa transformação individual, só pode realizar-se quando compreendemos as nossas relações, que constituem o "processo" do autoconhecimento. Sem conhecer integralmente o "processo" das minhas relações, nos seus diferentes níveis, o que penso e o que faço nenhum valor têm. Que base tenho eu para pensar, se não conheço a mim, mesmo? Temos tanto desejo de agir, tanto empenho em fazer, alguma coisa, em realizar alguma espécie de revolução, alguma espécie de melhoria, alguma modificação no mundo; mas sem conhecermos o nosso próprio funcionamento (processo), tanto na periferia como no interior falta-nos toda base para a ação e o que fazemos não pode deixar de criar mais sofrimento e mais luta. A compreensão de nós mesmos não se consegue pelo processo de nos retirarmos da sociedade, ou de nos recolhermos a uma torre de marfim. Se vós e eu nos dedicarmos a estudar o assunto com toda a atenção e de maneira inteligente, veremos que só podemos compreender a nós mesmos em relação e não no isolamento. Ninguém pode viver no isolamento. Viver é estar em relação. É só no espelho das relações que compreendo a mim mesmo - o que significa que devo estar sempre sobremodo atento, em todos os meus pensamentos, sentimentos e ações, na vida de relação. Não constitui isso um processo difícil nem empresa sobre-humana; e, como acontece com todos os rios, se bem que a nascente seja quase imperceptível, as águas vão ganhando ímpeto, no seu curso, à medida que se vão aprofundando. Se, neste mundo louco e caótico, vos empenhardes naquele processo, avisadamente, com atenção, e com paciência, sem condenar, vereis como ele começa a ganhar ímpeto, independentemente da questão de tempo.
A verdade existe minuto por minuto, na vida de relação, e temos de vê-la em cada ato, cada pensamento e cada sentimento que surge, em nossas relações. A verdade não é coisa que se possa acumular, armazenar; temos de achá-la de novo, no pensamento e no sentimento, a cada instante - o que não representa um processo acumulativo e, por conseguinte, não depende do tempo. Quando dizeis que, com o tempo, compreendereis, graças à experiência ou ao saber, estais justamente impedindo a compreensão, porque esta não resulta de acumulação alguma. Podeis acumular saber, mas isso não é compreensão. A compreensão surge quando a mente está livre do conhecimento. Quando a mente não exige a satisfação de desejos, quando não procura experiência, há tranqüilidade; e quando a mente está tranqüila, só então haverá compreensão. Só quando vós e eu estamos verdadeiramente dispostos a ver claramente as coisas tais como são, é que se nos oferece a possibilidade de compreensão. A compreensão vem, não por meio de disciplinamento, não por meio da compulsão, de coerção, mas, sim, quando a mente está tranqüila e disposta a ver as coisas com lucidez. A serenidade da mente nunca se pode conseguir por meio da compulsão, sob qualquer forma, consciente ou inconsciente; tem de ser espontânea. A liberdade não está no fim, mas no começo; porque o fim e o começo não são diferentes, o meio e o fim são idênticos. O começo da sabedoria é a compreensão do processo total de nós mesmos, e esse autoconhecimento, essa compreensão, é meditação.

Krishnamurti - Madrasta, 5 de fevereiro de 1950
Do livro: Que estamos buscando? - ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill