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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Diálogo sobre a dependência de Guias

Pergunta: Não devemos pôr em dúvida a vossa experiência e vossas palavras? Embora condenem certas religiões a dúvida, por considerá-la como algemas, não é a dúvida, como haveis dito, um ungüento precioso, uma necessidade?

Krishnamurti: Não é importante descobrir-se por que surge a dúvida? Qual é a causa da dúvida? Não surge ela quando seguimos a outrem? O problema não é, pois, a dúvida, porém a causa da aceitação de autoridade. Porque aceitamos, porque seguimos autoridades?

Seguimos a autoridade de outro, a experiência de outro, e depois duvidamos dela. Esse desejo de autoridade e a sua conseqüência, a desilusão, constitui um processo penoso para a maioria de nós. Censuramos ou criticamos a autoridade, o guia, o mestre que uma vez aceitamos, mas não examinamos o nosso próprio anseio por uma autoridade que nos guie e conforte. Uma vez compreendido esse anseio, compreenderemos também o significado da dúvida.

Não existe em nós uma tendência profundamente arraigada a procurarmos um guia, a aceitarmos uma autoridade? De onde procede esse impulso? Não procede de nossa própria incerteza, de nossa própria incapacidade de conhecer sempre o que é verdadeiro? Necessitamos de outrem que desenhe para nós o mapa que nos guiará pelo mar do autoconhecimento; desejamos segurança, desejamos um refúgio seguro e seguimos, por isso, a qualquer que nos queira dirigir. A incerteza e o temor levam-nos a procurar quem nos guie, obrigando-nos à obediência e à veneração da autoridade; a tradição e a educação criam para nós muitos padrões de obediência. Se por vezes não aceitamos nem obedecemos aos símbolos da autoridade exterior, é porque criamos nossa própria autoridade interior, a voz sutil do nosso “ego”. Mas, pela obediência não se pode conhecer a liberdade. A liberdade chega-nos com a compreensão, não pela aceitação de autoridade, não pela imitação.

O desejo de expansão pessoal gera a obediência e a aceitação, as quais, por sua vez, dão azo à dúvida. Consentimos e obedecemos, por que desejamos expandir o nosso “ego”, com o que renunciamos ao pensar. A aceitação priva-nos do pensar e impele-nos à dúvida. A experiência, principalmente a chamada experiência religiosa, oferece-nos um grande deleite e tomamo-la por guia, por norma. Mas, quando essa experiência já nos não sustenta nem inspira, começamos a duvidar dela. Só se manifesta dúvida a respeito de algo que admitimos anteriormente. Mas não achais absurdo, irrefletido, aceitar o que outrem sentiu? Vós é que deveis pensar e sentir, plena e profunda mente, vós é que deveis estar acessíveis ao Real. Não podeis estar abertos se vos pondes sob o manto da autoridade, seja de outrem seja daquela que vós mesmos criastes. Muito mais importante é o compreender o desejo de autoridade, de guia, do que aprovar ou desaprovar a dúvida. Compreendido o nosso desejo de orientação, desaparece a dúvida. Não há lugar para a dúvida no “estado criador”.

Está sempre em conflito quem se apega ao passado, à memória. A dúvida não faz terminar o conflito; só depois de compreender-se o anseio pode haver a felicidade suprema do Real. Cuidado com o homem que afirma saber.

Pergunta: Como sois tão contra a autoridade, existem sinais inequívocos, pelos quais se possa reconhecer, objetivamente, a libertação de outro indivíduo, independentemente da afirmação pessoal do próprio indivíduo de a haver conseguido?

Krishnamurti: Temos aqui, mais uma vez, o problema da aceitação de autoridade, de outro modo enunciado. Não o achais? Suponha-se que um indivíduo afirme ter-se libertado, que importância tem isso para outro? Suponhamos que estejais livres do sofrimento, que importância tem isso para outro? O que importa é procurar o indivíduo libertar-se da ignorância, porquanto é a ignorância a causa do sofrimento. Assim, pois, o principal não é saber quem conseguiu a libertação, porém saber libertar o pensamento das cadeias do “ego”, origem de seus sofrimentos. A maioria de nós não se interessa por esse ponto essencial, mas somente pelos sinais exteriores pelos quais seja possível reconhecer-se aquele que se libertou, a fim de que ele venha curar os nossos males. Desejamos ganho, em vez de compreensão; nosso desejo de orientação, de conforto, faz-nos aceitar a autoridade e por essa razão vivemos sempre à procura de especialistas. Sois vós a causa de vosso sofrimento e somente vós o podeis compreender e transcender; ninguém pode libertar-vos da ignorância, senão vós mesmos.

Não importa saber-se quem conseguiu a libertação; o que importa é que estejais cônscios de vossas atitudes e da maneira como acolheis o que se vos diz. Costumamos ouvir as palavras de outrem com esperança e temor; buscamos a luz de outro, porém não nos pomos vigilantemente passivos para compreender. Se o indivíduo libertado parece satisfazer os nossos desejos, nós o aceitamos; se não, prosseguimos em busca de outro que os satisfaça. O que deseja a maioria de nós é a satisfação, em diferentes planos. O que releva não é reconhecer-se o individuo liberto, porém compreenderdes a vós mesmo. Autoridade alguma, nem agora, nem nunca, pode dar-vos o autoconhecimento; sem autoconhecimento não há libertação da ignorância e do sofrimento.

Sois o criador do sofrimento, porque sois o criador da ignorância e da autoridade; vós criais o guia, e depois o seguis. Vosso anseio molda o padrão de vossa vida religiosa e mundana. É essencial, portanto, que compreendais a vós mesmo e transformeis, assim, a maneira de viverdes. Procurai perceber a razão por que seguis a outrem, a razão por que procurais a autoridade, por que ansiais por uma orientação de vossa conduta; procurai perceber o funcionamento do anseio. A mente-coração insensibilizou-se, em virtude do temor e da satisfação derivados da autoridade, mas, com a percepção profunda do pensamento-sentimento, vem-nos o tonificante alento da vida. Pela vigilância não seletiva, chegareis a compreender o processo integral do vosso ser; pela vigilância passiva alcançareis o esclarecimento.

Krishnamurti
Conferências com perguntas e respostas realizadas nos anos de 1945 e 1946, em Ojai, Califórnia, Estados Unidos da América. Do livro: O Egoísmo e o Problema da Paz – Ed. ICK - 1946
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill