(...)Existem forma objetivas de melancolia, nas quais a falta de significado racional do universo, e da própria vida, é o fardo que oprime o homem... Assim sendo, existem elementos distintos na conversão... Algumas pessoas, por exemplo, nunca são, e possivelmente nunca serão, convertidas, sejam quais forem as circunstâncias. As ideias religiosas não podem tornar-se o centro de sua energia espiritual... Ou são incapazes de imaginar o invisível; ou então, na linguagem da devoção, são sujeitos de "aridez" e "secura" perpétuas. Em alguns casos, a inaptidão para a fé religiosa é de ORIGEM INTELECTUAL. Suas faculdades religiosas são contrariadas, na tendência natural de expandir-se, por exemplo, por crenças inibidoras acerca do mundo, crenças pessimistas e materialistas, dentro das quais tantas boas almas, que em outros tempos teriam dado largas às propensões religiosas, se encontram hoje em dia enregelados; os vetos agnósticos à fé como algo fraco e vergonhoso, sob os quais tantos dentre nós permanecemos hoje acaçapados, com medo de usar nossos instintos. Muitas pessoas NUNCA superam tais inibições. Até o fim de seus dias recusam-se a acreditar, sua energia pessoal nunca chega ao centro religioso, e este último se queda inativo para sempre.
(...)Existem homens insensíveis do lado religioso, deficientes nessa categoria de SENSIBILIDADE. Assim como um organismo exangue, nunca poderá, a despeito de toda a boa vontade, alcançar os "espíritos animais" arrojados, desfrutados pelos de temperamento sanguíneo; assim a natureza espiritualmente árida ADMIRA e INVEJA a fé em outros, mas jamais conquistará o entusiasmo e a paz de que gozam os temperamentalmente qualificados para a fé. É possível, porém, que tudo isso se revele, finalmente, uma questão de temporária inibição. Até num estado subsequente da vida pode ocorrer algum degelo, alguma libertação, algum raio pode ser despendido de volta contra o PEITO MAIS ÁRIDO, e o CORAÇÃO DURO do homem se suaviza e rompe num SENTIMENTO religioso. Tais casos, mais do que quaisquer outros, dão a ideia de que a SÚBITA CONVERSÃO se operou por milagre. Enquanto eles existirem, não devemos imaginar-nos tratando com classes irrecuperavelmente fixas.
(...)Quando o novo centro de energia pessoal fica incubado subconscientemente por tanto tempo que está PRONTO para florir, "TIRE AS MÃOS" é a única palavra para nós; ELE PRECISA DESABROCHAR SOZINHO!
(...)Apenas de duas maneiras podemos desfazer-nos da raiva, da ansiedade, do medo, do desespero ou de outras afeições indesejáveis. A primeira é saltar sobre nós de forma avassaladora uma afeição oposta, e a outra é ficarmos tão exaustos da luta que temos de parar — e, dessa forma, cair, desistir e NÃO NOS INCOMODARMOS mais. Nossos centros cerebrais emocionais entram em greve e nós deslizamos para uma apatia temporária. Ora, existem provas documentais de que esse estado de exaustão temporária faz parte, não infrequentemente, da crise de conversão. Enquanto a preocupação egoísta da alma enferma fica de guarda à porta, a confiança expansiva da alma cheia de fé NÃO PODE ENTRAR. Basta, porém, que a primeira desmaie, nem que seja por um momento, para que a segunda aproveite a oportunidade e, tendo TOMADO POSSE, conserve-a... Passa-se do eterno Não ao eterno Sim através de um "Centro de Indiferença".
(...) Numa grande proporção de relatos, talvez a maioria deles, os autores falam como se a exaustão da emoção inferior e a entrada da emoção superior fossem simultâneas, mas com a mesma frequência falam como se a superior expelisse ativamente a inferior. Isso é indubitavelmente verdadeiro em muitíssimos casos, como logo veremos. Não raro, porém, parece haver poucas dúvidas de que ambas as condições — o amadurecimento subconsciente de uma afeição e a exaltação da outra — conspiram simultaneamente, em ordem a produzir o resultado.
(...) Mas não há dúvida alguma de que existem pessoas nas quais, independentemente de qualquer exaustão de capacidade sentimental do Sujeito, ou até na ausência de qualquer sentimento anterior agudo, a condição superior, tendo alcançado o devido grau de energia, rompe através de todas as barreiras e precipita-se, impetuosa, como torrente súbita. estes são os casos mais notados e memoráveis, os casos de conversão instantânea a que a concepção da divina graça está mais peculiarmente ligada.
Willian James — As Variedades das Experiências Religiosas
(...) Numa grande proporção de relatos, talvez a maioria deles, os autores falam como se a exaustão da emoção inferior e a entrada da emoção superior fossem simultâneas, mas com a mesma frequência falam como se a superior expelisse ativamente a inferior. Isso é indubitavelmente verdadeiro em muitíssimos casos, como logo veremos. Não raro, porém, parece haver poucas dúvidas de que ambas as condições — o amadurecimento subconsciente de uma afeição e a exaltação da outra — conspiram simultaneamente, em ordem a produzir o resultado.
(...) Mas não há dúvida alguma de que existem pessoas nas quais, independentemente de qualquer exaustão de capacidade sentimental do Sujeito, ou até na ausência de qualquer sentimento anterior agudo, a condição superior, tendo alcançado o devido grau de energia, rompe através de todas as barreiras e precipita-se, impetuosa, como torrente súbita. estes são os casos mais notados e memoráveis, os casos de conversão instantânea a que a concepção da divina graça está mais peculiarmente ligada.
Willian James — As Variedades das Experiências Religiosas