[...] A alma desta terapia (cosmoteparia) só pode ser conscientizada em período de profundo silêncio e solidão. Enquanto o homem não tomar a sério o sentido desse silêncio e dessa solidão não haverá cosmoterapia. Todos os grandes iluminados e iniciados, de todos os tempos e países, viveram dias, semanas, meses, e alguns até anos, em profundo e dinâmico silêncio, permitindo que a plenitude cristo-cósmica fluísse para dentro da sua ego-vacuidade.
Enquanto o nosso pequeno ego pensa, fala e ouve falar, consegue ele sobreviver – mas, quando deixa de pensar, de falar e de ouvir falar, começa a agonizar e, se persistir no silêncio, acabará por se afogar nesse Oceano Pacífico do silêncio redentor. E então, após esse egocídio, pode nascer o Eu crístico, e esse homem pode dizer:
“Eu morri, e é por isto que eu vivo, mas já não sou eu (ego) que vivo, o Cristo (Eu) é que vive em mim”. Eu não sou mais ego-vivente – eu sou Cristo-vivido”...
O ego vive no barulho e do barulho – e morre no silêncio.
O Eu, sendo Deus no homem, vive no silêncio como a Divindade. Mas esse silêncio é mil vezes mais fecundo que todos os ruídos. Não é um silêncio-vacuidade, é um silêncio-plenitude. Não é um silêncio de ausência, é um silêncio de presença – é a mais poderosa presença, a onipresença cósmica da Infinita Realidade.
Somente esta poderosa presença da Realidade é que pode realizar o homem. Nunca nenhum homem se realizou a não ser nas profundezas do Silêncio-Realidade.
Huberto Rohden em, Cosmoterapia