Toda verdadeira YOGA, meditação, contemplação, ou que outro nome tenha, visa essencialmente a isto: remover de dentro do homem todos os impedimentos e entraves creados pelo seu ego e que lhe vedam realizar a experiência do seu Eu central. O homem que não realiza essa experiência de profundidade, mas se limita ao círculo vicioso das suas periferias, está radicalmente desviado da sua órbita, do seu verdadeiro destino, entregue à tirania do mundo objetivo e às potências do caos, por mais próspera que talvez seja a sua vida terrestre. Abriu falência no plano central da sua verdadeira razão-de-ser. Vitorioso talvez nos secundários, é derrotado no primário.
Somente pela experiência vital do seu centro entra o homem na sua órbita cósmica, que lhe garante harmonia existencial e imortalidade.
De dentro dessa experiência vital do seu Eu central pode o homem crear, também aqui na terra e em todos os setores da vida, um destino feliz e harmonioso; deixa de ser joguete da tirania da causalidade mecânica que rege o mundo inferior, e tornar-se autor e ator da causalidade dinâmica, da auto-determinação do seu livre-arbítrio; passa da velha escravidão da heteronomia para a nova liberdade da autonomia. Verifica que tudo é possível àquele que tem fides, fidelidade a seu verdadeiro Ser, e nada lhe é impossível. Quem liga os seus canais com a Fonte da Onipotência torna-se onipotente por participação.
Nesta nova dimensão da sua vida, experimenta o homem, pela primeira vez, a sua total alteridade em face de todas as coisas do mundo circunjacente; verifica, talvez com jubilosa surpresa, que ele não é uma peça na máquina do mundo objetivo e impessoal que o rodeia; mas que, pelo poder do seu livre-arbítrio, ele está desligado do automatismo escravizante dos objetos externos; nasceu, finalmente, para a onipotência do seu Eu central e morreu para todas as impotências ou semi-potências do seu ego periférico. Verifica que essa onipotência estava sempre dentro dele, mas ele a ignorava — e uma onipotência ignorada funciona como impotência. O que redime o homem de todas as suas misérias tradicionais não é o fato da sua onipotência central, mas é somente a consciência desse fato; não é o fato dormente, mas é o fato plenamente acordado, que é a consciência do fato. A Verdade é universal e onipotente — mas somente o conhecimento consciente da verdade é que liberta o homem de todas as suas escravidões.
E esse conhecimento consciente não é apenas uma análise mental, mas sim uma realização vital. É necessário que o Verbo mental se faça carne vital, cheio de graça e de verdade.
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