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segunda-feira, 9 de abril de 2018

É possível a destruição de nossos padrões?


É possível a destruição de nossos padrões?

Desejo falar sobre um tópico que me parece importante: a questão da mudança, mutação. Que se entende por “mudança”? Em que nível e até que profundidade podemos mudar? Evidentemente, a mudança é necessária; não só o indivíduo, mas também a coletividade deve mudar. Não creio na existência de uma mente coletiva, salvo os instintos raciais e conhecimentos hereditários, armazenados no inconsciente; mas, sem dúvida, a ação coletiva é necessária. No próprio ato da mudança individual o coletivo também, por certo, mudará. O individual e o coletivo não são duas coisas separadas, opostas uma à outra, embora certos grupos políticos procurem separá-lo, a fim de forçarem o indivíduo a ajustar-se à chamada massa coletiva.

Se pudéssemos esclarecer juntos todo o problema de mudança, como produzir uma mudança no indivíduo, e o que esta mudança implica, então, talvez, no próprio ato de escutardes, tomardes parte na investigação, poderá ocorrer uma mudança independente de vossa volição. Para mim, a mudança deliberada, a mudança compulsória, disciplinar, de ajustamento, não é mudança nenhuma. A coerção, a influência, uma nova invenção, a propaganda, um temor, um motivo impele-vos a mudar — mas isso não é mudança nenhuma. E embora intelectualmente possais concordar muito facilmente com isso, asseguro-vos que penetrar e compreender a verdadeira natureza da mudança sem motivo é uma coisa maravilhosa!

Quase todos nós temos hábitos de pensamento, ideias, gostos físicos, tão profundamente fixados e arraigados que parece-nos quase impossível abandoná-los. Estabelecemos certos hábitos de comer — exigir determinados alimentos — certos hábitos de vestir, e hábitos físicos, hábitos emocionais, hábitos de pensamento, etc.; e é realmente difícil promover-se uma modificação profunda, radical, sem o emprego da compulsão e da ameaça. A mudança que conhecemos é sempre muito superficial. Uma palavra, um gesto, uma invenção pode fazer-nos quebrar um hábito e ajustar-nos a um novo padrão; e pensamos que mudamos. Deixar uma igreja para ingressar noutra, deixar de chamar-se “francês” para intitular-se “europeu” ou “internacionalista”, esta espécie de mudança é bem superficial; é puro “comércio” , barganha. Uma mudança no modo de viver, fazendo uma viagem ao redor do mundo, uma modificação das próprias ideias, atitudes, valores — todo esse mecanismo me parece superficial, porque resultado de coerção, exterior ou interior.

Assim, pode-se ver muito claramente que mudar em virtude de uma dada influência exterior, do medo, ou em virtude do desejo de alcançar um certo resultado, não constitui mudança radical. E nós necessitamos deveras de uma mudança completa, de uma tremenda revolução. O de que necessitamos não é uma mudança de ideias, de padrões, mas, sim, da demolição, da destruição total de todos os padrões. Historicamente, pode-se ver que toda revolução, por mais promissora e por mais violenta que seja no começo, acaba invariavelmente no velho e repetido padrão; e que toda mudança promovida sob a compulsão do medo ou promessa de recompensa, vantagens, é apenas mais uma adaptação. E a mudança é necessária, pois não podeis continuar a viver com essas atitudes, crenças e dogmas tão insignificativos, estreitos, limitados. Tudo isso precisa ser destroçado, destruído. E como destruí-los? Quais os processos que quebrarão totalmente a formação de hábitos? É possível passarmos completamente sem padrões: não deixarmos um hábito para formarmos outro?

Se tudo está bem entendido até aqui, podemos então prosseguir, para averiguar se é possível desenvolver uma qualidade que torne a mente, o intelecto, sempre fresco, sempre jovem, novo, de modo que nunca forme hábitos de pensamento nem se deixe apegar a qualquer dogma ou crença. Parece-me, pois, necessário investigar toda a estrutura dentro da qual funciona nossa consciência. A totalidade de nossa consciência, — a oculta e a superficial — funciona dentro de uma estrutura, uma linha divisória; e quebrar esta linha divisória é o problema que se nos depara. Não se trata apenas de mudança na maneira de pensar; pois podemos pensar de nova maneira, como os mais modernos comunistas, ou adotar uma nova crença; mas isso está ainda dentro da estrutura da consciência, do pensamento; e o pensamento é sempre limitado. Assim, mudança do padrão de pensamento não constitui quebra das limitações da consciência.

Os mais de nós nos satisfazemos completamente com um ajustamento superficial e achamos que é melhoramento aprender uma nova técnica, adquirir uma nova língua, obter um novo emprego, ou formar um novo estado de relação quando o velho se nos tornou incomodo. Para a maioria de nós a vida está neste nível: ajustamento, compulsão, quebra de velhos padrões para nos enredarmos em novos. Mas isso, absolutamente, não é mudança e os atuais problemas humanos exigem uma revolução completa, mudança total. Portanto, releva penetrarmos muito mais profundamente na consciência, para vermos se é possível promover uma mudança radical, de modo que sejam quebradas as limitações do pensamento e libertada a consciência.

Talvez superficialmente, conscientemente, possamos passar um pouco a esponja sobre o que está na superfície da lousa; mas limpar os recessos profundos do coração e da mente, o oculto, o inconsciente, isso parece quase impossível, não é verdade? — pois não se sabe o que lá existe; a mente superficial não pode penetrar no obscuro depó­sito da memória. Mas isso precisa ser feito.

Espero que não estejais acompanhando apenas verbal, intelectualmente, pois isso seria um jogo muito estúpido, como brincar com cinzas. Mas, se estais acompanhando experimentalmente, realmente — seguindo, não o orador, porém a experiência que vós mesmo estais fazendo — penso que isso terá então muito valor. Assim, como penetrar o inconsciente, os recessos ocultos do coração, da mente, do intelecto? Os psicólogos e analistas procuram reconduzir-vos até à infância, etc., mas isso de modo nenhum resolve o problema fundamental, porquanto é então existente o interpretador, o avaliador, e estais, tão só, vos ajustando de novo a um padrão. Nós estamos falando sobre a completa destruição do padrão, porquanto o padrão é meramente a experiência de milhares de anos inculcada à força de repetição, no intelecto, que é sumamente sensível e adaptável.

Dessa forma, como iniciar a quebra do padrão? Primeiramente deveis estar certos de que o processo analítico do psicólogo, do analista ou de vós mesmo, nenhum valor tem quando se trata da completa transformação, da mutação completa. Poderá ter algum valor para tornar a pessoa mentalmente doente capaz de ajustar-se melhor à atual e malsã sociedade; mas não é disso que estamos falando. Antes de continuarmos, devemos estar perfeitamente certos de que a análise não pode promover revolução total na consciência. Que implica a análise? Quer procedida por outro, quer por vós mesmo, nela há sempre o observador e a coisa observada, não é verdade? Há o observador, que observa, que critica, que censura; e que interpreta tudo o que observa conforme um sistema de valores que ele já possui. Há, assim, separação entre observador e coisa observada, portanto conflito; e, se o observador não está observando acuradamente, há falsa interpretação, e esta falsa interpretação é levada para diante indefinidamente, causando incompreensão mais profunda.

Assim, um equívoco, em aná­lise, não tem fim. Disso deveis estar perfeitamente certos; certos, no sentido de que podeis ver que não é esse o caminho certo para se alcançar a livre consciência. Assim, quando não sabemos qual é o caminho certo, mas somos capazes de discernir e rejeitar o caminho errado, nossa mente está então num estado de negação, não é verdade? Não sei se já experimentastes algumas vez o pensar negativo. Nosso pensar é pela maior parte pensar positivo, o qual inclui também uma certa forma de negação. Nosso pensar se baseia atualmente no medo, no lucro, na recompensa, na autoridade; pensamos consoante uma fórmula; e tal é o pensar positivo, com suas negações próprias. Mas nós estamos falando sobre a rejeição do falso, sem se saber qual é o verdadeiro. Pode uma pessoa dizer a si mesma: “Sei que a análise é falsa e não quebrará as limitações da consciência nem produzirá transformação; portanto, não farei uso dela”. Ou, “Sei que o nacionalismo é um veneno, seja da França, seja da Rússia ou da Índia; consequentemente, rejeito-o. Não sei se há outra coisa, mas percebo que o nacionalismo é falso”. E perceber que os deuses, os salvadores, as cerimônias que os homens inventaram, quer remontem a dez ou a dois mil anos atrás, quer sejam dos últimos quarenta anos — perceber que tudo isso não tem validade e negá-lo completamente, isso exige uma mente, um intelecto bem esclarecido, sem medo de negá-lo. Então, ao rejeitardes o falso, já estais começando a ver o que é verdadeiro, não achais? Para ver o que é verdadeiro é necessária, primeiramente, a rejeição, a negação do falso. Eu gostaria de saber se estais acompanhando isto!

Para descobrir o que é a beleza, impende rejeitar toda a beleza que o homem criou. Para se experimentar a essência da beleza é preciso, antes, destruir tudo o que até agora se criou; porque a expressão, por mais maravilhosa que seja, não é a beleza. Só se descobre o que é a virtude, essa coisa extraordinária, pondo abaixo toda a moralidade social de respeitabilidade, com seus estúpidos tabus sobre o que se deve fazer e o que se não deve fazer. Quando se vê e se nega o que é falso, sem se saber de antemão o que é verdadeiro, começa então o real estado de negação. Só a mente e o intelecto que estão vazios do que é falso podem descobrir o que é verdadeiro.

Assim, se o mecanismo analítico não pode quebrar a estrutura dentro da qual funciona a consciência, e se rejeitastes esse mecanismo deveis então perguntar a vós mesmo quais são as outras coisas falsas que devem ser rejeitadas. Espero estejais seguindo.

Por certo, a segunda coisa que se deve rejeitar é a exigência de mudança. Por que se exige mudança? Nunca exigis mudança se as condições presentes vos são convenientes, satisfatórias. Ninguém deseja uma revolução quando possui um milhão de dólares. Não deseja revolução quem está confortável e comodamente instalado na sociedade, com sua mulher, seu marido, seus filhos. Diz-se, então: “Por Deus, deixai tudo como está”. Só deseja revolução quem se vê perturbado, descontente, quem deseja mais dinheiro, uma casa melhor. Assim, se examinardes esta questão com profundeza, vereis que nossa exigência de mudança é exigência de uma vida mais confortável, mais proveitosa. Está baseada num motivo: adquirir um novo padrão de conforto, de segurança. Agora, se percebeis que esse processo é falso, como deveis perceber, e desejais descobrir o que é verdadeiro, há então busca de mudança? Existe qualquer busca que seja?

Afinal, todos vós aqui estais porque desejais descobrir, não é verdade? Que buscais, e por que buscais? Se bem examinardes isso, descobrireis que estais insatisfeito com as coisas como são e desejais algo novo. E o novo tem de ser sempre satisfatório, confortável, confortador, seguro. As pessoas chamadas religiosas estão em busca de Deus. Pelo menos o dizem. Mas uma busca implica sempre algo que se perdeu, ou algo que se conheceu e se deseja recuperar. Como se pode buscar Deus? Nada sabeis, absolutamente, a respeito de
Deus, a não ser o que vos disseram — e isso é só propaganda. A Igreja faz uso da propaganda, e os comunistas também o fazem. Mas nada sabeis a respeito de Deus; e, para descobrir, deveis negar, rejeitar totalmente todas as formas de propaganda, todos os ardis de que se têm servido as Igrejas e outros.

Assim, para haver completa transformação na consciência é necessário rejeitar a análise, a busca e não mais estar sujeito a nenhuma influência, sendo isso imensamente difícil. A mente, percebendo o que é falso, rejeita completamente o falso, sem saber o que é verdadeiro. Se já sabeis o que é verdadeiro, neste caso estais apenas trocando o que considerais falso pelo que imaginais verdadeiro. Não há renúncia se já se sabe o que se vai obter em troca. Só há renúncia quando abandonamos uma coisa sem saber o que irá acontecer. Este estado de negação é completamente necessário. Acompanhai isto com atenção, porque, se chegastes até este ponto, podeis ver que nesse estado de negação se descobre o verdadeiro; porque negação é despejar da consciência o conhecido.

A consciência, afinal de contas, se baseia no conhecimento, na experiência, na herança racial, na memória, nas coisas que foram experimentadas. As experiências são sempre do passado, e estão operando no presente, sendo modificadas pelo presente e continuando para o futuro. Tudo isso é a consciência, o vasto reservatório dos séculos. Ela tem sua utilidade tão só no viver mecânico. Seria absurdo rejeitar todos os conhecimentos científicos adquiridos através do longo passado. Mas, para se produzir uma mutação na consciência, uma revolução em toda essa estrutura, há necessidade de um vazio completo. E esse vazio só se torna possível com o descobrimento, o real percebimento do que é falso. Pode-se então ver, se tiverdes chegado até aí, que o próprio vazio produz uma revolução completa na consciência: ela já se realizou.

Como sabeis, muitos de nós temos medo, terror de estar sós. Queremos sempre uma mão para segurar, uma ideia a que apegar-nos, um deus para adorar. Nunca estamos sós. Em nosso quarto, no ônibus, estamos sempre acompanhados de nossos pensamentos, nossas ocupações; e, quando no meio de outras pessoas, ajustamo-nos ao grupo, à companhia. Nunca estamos deveras sozinhos, e só pensar nisso faz-nos medo. Mas só a mente, o intelecto que está completamente só, vazio de toda exigência, toda forma de ajustamento, toda influência, completamente vazio, só essa mente descobre que esse próprio vazio é mutação.

Eu vos garanto que todas as coisas nascem do vazio; todas as coisas novas procedem desse vasto, imensurável, insondável sentimento de vazio. Isto não é romantismo, não é nenhuma ideia, nem imagem, nem ilusão. Quando se rejeita completamente o falso, sem se saber o que é verdadeiro, ocorre uma mutação na consciência, uma revolução, uma transformação total. Talvez então já nem haja a consciência tal como a conhecemos, porém algo inteiramente diferente; esta consciência, este estado pode viver neste mundo, porque não há rejeição do conhecimento mecânico. Assim, se penetrastes bem, o encontrastes.

PERGUNTA: Se percebemos visualmente o falso como falso e o abandonamos, isso é renúncia ou há algo mais?

KRISHNAMURTI: Penso que na renúncia há mais alguma coisa. Que nos faz rejeitar, renunciar, qual a razão, o motivo? O que vos impele a rejeitar algo ou é o medo ou a vantagem. Se já não encontrais conforto na vossa Igreja, ingressais noutra ou em alguma seita estúpida. Mas, se rejeitais toda e qualquer Igreja, toda e qualquer maneira de apegar-vos a algo confortante, sem saberdes aonde vos levará esse estado de incerteza, esse estado de perigo, isso, sim, é renúncia. É necessário um claro percebimento de que toda organização religiosa é prejudicial, é algo feio, escravizante; e quando rejeitais tal coisa, rejeitais todas as organizações espirituais. E isso significa que tereis de ficar só, não? Mas todos vós desejais pertencer a tal ou tal coisa, denominar-vos franceses, ingleses, alemães, católicos, protestantes e tudo o mais. Ser completamente estranho a tudo isso é renúncia.

PERGUNTA: Ao alcançar esse sentimento de vazio, como pode a pessoa viver praticamente neste mundo?

KRISHNAMURTI: Em primeiro lugar, vós o alcançastes? E quando o alcançamos, não rejeitamos os conhecimentos mecânicos, não é verdade? Precisamos dos conhecimentos mecânicos para podermos viver neste mundo, exercer nosso emprego, funcionar como engenheiros, eletricistas, violinistas, etc. Estamos falando acerca de uma revolução na consciência, na psique, em nosso ser integral. Os conhecimentos técnicos superficiais, o equipamento mecânico das atividades diárias, desses nós necessitamos. Mas se a mente que se serve desses conhecimentos técnicos não está completamente livre, não se encontrar num estado de mutação, então o mecanismo superficial se tornará destrutivo, nocivo, feio, brutal; e é isso que está acontecendo no mundo.

PERGUNTA: Podeis explicar-nos de novo por que a análise é errada? Eu não o percebi bem.

KRISHNAMURTI: Consideremo-lo de maneira diferente. Que são os sonhos? Por que sonhamos? Não me estou desviando da pergunta. Vós sonhais porque durante o dia vosso intelecto está tão ocupado que não tem tranquilidade, na qual e com a qual possa penetrar fundo. E sabeis como ele está ocupado — com o emprego, a competição, milhares de coisas. Assim, enquanto dormis apresentam-se sugestões, comunicações do inconsciente, sob a forma de símbolos, sonhos; e ao despertardes vos lembrais desses sonhos e procurais interpretá-los ou mandar interpretá-los. Conheceis todo esse processo. Ora, por que sonhamos? Por que deveis sonhar? Sonhar não é, se posso usar a palavra, errado? Porque, se estais em observação, se estais atento para tudo o que ocorre ao redor de vós ou dentro de vós, durante todas as horas em que estais despertos, então, nessa vigilância, ides descobrindo todas as coisas enquanto caminhais; todos os motivos, desejos e impulsos inconscientes emergem na mente consciente e são compreendidos. Então, quando dormis, não é possível sonhar. Tem então o sono significado completamente diferente. O mesmo acontece com a análise. Se se puder perceber, num relance, o mecanismo total da análise — e isto é possível — ver-se-á então que enquanto há um observador, um censor que interpreta, a análise é sempre errada. Porque a condenação ou aprovação pelo censor baseia-se no seu condicionamento.

PERGUNTA: Falais da libertação de todas as influências; mas estas reuniões não nos estão influenciando?

KRISHNAMURTI: Se estais sendo influenciado por este orador, neste caso tanto faz virdes aqui como irdes ao cinema, à igreja, à missa. Se estais sendo influenciado pelo orador, estais criando uma autoridade; e qualquer espécie de autoridade impede-vos a compreensão do real, do verdadeiro. E se estais sendo influenciado pelo orador, não compreendestes o que ele esteve dizendo nesta última hora e nestes últimos trinta anos. Estar livre de toda influência — dos livros que ledes, dos jornais, do cinema, da educação que recebestes, da sociedade a que pertenceis, da influência da Igreja — estar apercebido de todas as influências e não se deixar apanhar por nenhuma delas, isto é inteligência. Requer atenção, vigilância, percebimento de todas as coisas que se passam interiormente, todas as reações, e isso significa não deixar passar um só pensamento sem lhe conhecer o conteúdo, o fundo, o motivo.

Krishnamurti, Paris, 17 de setembro de 1961, O Passo Decisivo

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill