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sábado, 16 de agosto de 2014

Por que fizemos do estado de contradição um hábito?

K: (...) Onde há atenção, não há problema. Onde há a falta de atenção, surgem todos os tipos de dificuldades. Portanto, sem transformar a própria atenção num problema, o que queremos dizer quando nos referimos a ela? Podemos entendê-la, não verbalmente, não de forma intelectual, mas profundamente, no nosso sangue? Obviamente, a atenção não é concentração. Não significa um esforço, uma experiência, uma luta para ficar atento. Você terá de me mostrar a natureza da atenção, o que significa que quando há atenção, não há nenhum centro a partir de onde "Eu " presto atenção.

DB: Sim, mas é isso que é difícil.

DB: Não transforme isso num problema.

DB: O que quero dizer é que as pessoas vêm tentando isso por um longo tempo. Penso que há, em primeiro lugar, alguma dificuldade na compreensão do significado de atenção, devido ao conteúdo do próprio pensamento. Quando uma pessoa está olhando, poderá pensar que está prestando atenção.

K: Não, nesse estado de atenção não há pensamento.

DB: Mas então como paramos o pensamento? Veja, enquanto o pensamento está ocorrendo, há uma impressão de atenção — que não é atenção. Mas as pessoas pensam, supõem que estão prestando atenção.

K: Quando supomos que estamos prestando atenção, na verdade não é isso que está ocorrendo.

DB: Como podemos então transmitir o verdadeiro significado de atenção?

K: Ou será que para descobrirmos o que é atenção, devemos examinar o que é desatenção?

DB: Sim.

K: E através da negação chegarmos ao positivo. Quando estou desatento, o que acontece? Na minha desatenção sinto-me solitário, deprimido, ansioso, e assim por diante.

DB: A mente começa a se dispersar e a ficar confusa.

K: Ocorre a fragmentação. E, na minha falta de atenção, identifico-me com muitas outras coisas.

DB: Sim, e isso pode ser agradável — mas também pode ser doloroso.

K: Descubro, mais tarde, que o que era agradável transforma-se em dor. Tudo isso então é um movimento no qual não há atenção. Correto? Estamos chegando em algum lugar?

DB: Não sei.

K: Sinto que a atenção é a verdadeira solução para tudo isso - uma mente que é realmente atenta, que compreende a natureza da desatenção e se afasta dela!

DB: Mas em primeiro lugar, qual é a natureza da desatenção?

K: A indolência, a negligência, o egoísmo, a auto-contradição — tudo isso é a natureza da desatenção.

DB: Sim. Veja bem: uma pessoa egoísta poderá achar que está prestando atenção, mas está simplesmente preocupada consigo mesma.

K: Sim. Se houver auto-contradição em mim, e eu prestar atenção nisso para não ser auto-contraditório, isso não é atenção.

DB: Mas podemos tomar isso claro, porque ordinariamente alguém poderá pensar que isto é atenção.

K: Não, não é. É simplesmente um processo de pensamento, que diz: "Eu sou isso, não devo ser aquilo."

DB: Então você está dizendo que essa tentativa de vir a ser não é atenção. K: Sim, exatamente. Porque a transformação psicológica engendra a desa-
tenção.
DB: Sim.

K: Não é muito difícil, senhor, livrarmo-nos da transformação? Essa é a raiz da coisa. Acabar com a transformação.
DB: Sim. Não há atenção, e é por isso que esses problemas existem.

K: Sim, e quando assinalamos isso, o prestar atenção também se transfor- ma num problema.

DB: A dificuldade está no fato de que a mente prega peças, e, ao tentar lidar com isso, faz a mesma coisa novamente.

K: É claro. A mente, que é tão cheia de conhecimento, de presunção, de auto-contradição, e de tudo mais, pode chegar a um ponto onde se encontra psicologicamente incapaz de se mover?

DB: Não há nenhum lugar para onde ela possa se mover.

K: O que eu diria a uma pessoa que chegou a esse ponto? Eu me aproximo de você; estou cheio de confusão, ansiedade, e de uma sensação de desespero, não apenas com relação a mim mesmo, mas também ao mundo. Chego nesse ponto e quero ultrapassá-lo. E isso, portanto, se torna um problema para mim.

DB: Então estamos de volta; mais uma vez há uma tentativa de transformação, entende?

K: Sim. É aí que quero chegar. É essa então a raiz de tudo isso? O desejo de transformação?

DB: Bem, deve estar próximo a isso.

K: Como posso encarar então, sem o movimento da transformação, toda essa coisa complexa que sou eu?

DB: Parece que não vimos o todo. Não olhamos para o todo da transformação quando dissemos: "Como posso prestar atenção?" Parte disso parece ter escapulido, e se tornado o observador. Certo?

K: Psicologicamente a transformação foi a maldição de tudo isso. Um homem pobre quer ser rico, e um homem rico quer ser mais rico; o tempo todo ocorre esse movimento de transformação, tanto externa como internamente. E embora isso acarrete muita dor e algumas vezes o prazer, essa sensação de transformação, de obtenção, de conseguir psicologicamente, fez com que minha vida se tornasse tudo que ela é. Agora percebo isso, mas não posso interrompê-lo.

DB: Por que não podemos interrompê-lo?

K: Vamos analisar isso. Em parte estou preocupado em me transformar porque há uma recompensa no final; além disso, estou evitando a dor ou a punição. E sou capturado nesse ciclo. Essa é provavelmente uma das razões por que a mente continua tentando se tornar alguma coisa. E a outra talvez seja uma ansiedade ou um medo profundamente enraizado de que se não me transformar em alguma coisa, estarei perdido. Sinto-me incerto e inseguro, de forma que a mente aceitou essas ilusões e disse: não posso acabar com esse processo de transformação.

DB: Mas por que a mente não acaba com ele? Também temos de discutir a questão de sermos capturados por essas ilusões.

K: Como vai me convencer de que estou preso numa ilusão? Não vai conseguir, a não ser que eu mesmo perceba isso, e não posso percebê-lo porque minha ilusão é extremamente forte. Essa ilusão foi alimentada, cultivada pela religião, pela família, e assim por diante. Ela está tão profundamente enraizada que me recuso a abandoná-la. É isso que está acontecendo com um grande número de pessoas. Elas dizem: "Quero fazer isso, mas não posso". Considerando essa situação, o que devem fazer? As explicações, a lógica e todas as diversas contradições, as teorias, poderão ajudá-las? É evidente que não.

DB: Porque tudo é absorvido pela estrutura. 

K: O que vem a seguir?

DB: Veja, se elas dizem: "Quero mudar", também há o desejo de não mudar.

K: Naturalmente. O homem que diz: "Quero mudar", também pensa lá no fundo: "Na verdade, por que eu deveria mudar?" Os dois caminham juntos.

DB: Temos então uma contradição.

K: Tenho vivido nessa contradição, eu a aceitei.

DB: Por que deveríamos aceitá-la?

K: Porque é um hábito.

DB: Mas quando a mente está saudável, não aceitará uma contradição.

K: Mas nossa mente não está saudável. A mente está tão enferma, tão corrupta, tão confusa que mesmo que apontemos todos os perigos, se recusará a vê-los. Como então podemos ajudar um homem que esteja preso nisso a perceber claramente o perigo da transformação psicológica?

Jiddu Krishnamurti e David Bohm em, A Eliminação do Tempo Psicológico

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill