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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Realizando a Natuteza exata de si mesmo

O estado de profunda entrega

domingo, 16 de outubro de 2016

A trave de tropeço da autopromoção

sábado, 15 de outubro de 2016

Observação sem resistência

O processo do contato consciente com o Ser que somos

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O bem-aventurado ponto de saturação

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Buscai primeiro o Ser essencial

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A percepção consciente da ação do Espírito

A "pessoa" é uma ilusão social

Sobre a influência de pessoas e ambientes

domingo, 9 de outubro de 2016

Sobre a ressurreição da realidade que somos - Parte 2

Sobre a ressurreição da realidade que somos - Parte 1

sábado, 8 de outubro de 2016

A mente pede loucura para que não ocorra a Cura

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Inteligência, amor e compaixão - 1979 - Jiddu Krishnamurti

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A linguagem como narcótico intelectual

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Usando as máscaras da respeitabilidade

O Providencial estado de insatisfação

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Liberdade é potência na Presença

A liberação do insight - Diálogo #11 - Jiddu Krishnamurti e David Bohm

Despertando a Ressonância Harmônica do Coração

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

domingo, 25 de setembro de 2016

Sobre o despertar dos Valores do Espírito

Sobre as oscilações mentais e emocionais

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

É preciso seriedade e paixão pela Verdade

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Um mergulho no Eterno pelo interno

Sobre a auto observação

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Não tem como refutar o paradigma

Sobre o Ego

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Um minucioso e destemido inventário de nós mesmos

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A palavra não alcança o Inominável

domingo, 18 de setembro de 2016

Quem não tem apego que levante a mão

A importância de não perder o foco

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A importância da Rendição

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A energia das palavras

A reverberação que vem antes da palavra

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Sobre a Questão da Plenitude

Lenha

A mente, as emoções e os sentimentos são a lenha por fogo do coração do Ser que somos ser acendido...

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Condicionamento é ausência de Consciência

Medo X Real


Coração Vazio

A Tradição e a Autoridade como pedras de tropeço

Ao ouvir estas palestras, não vos apegueis, por favor, a uma única frase, imaginando haver compreendido o todo. Eu posso, por infortúnio, usar palavras que deixem de transmitir o que tenho em vista , ou usar um exemplo que não expresse o significado pleno do meu entendimento. Portanto, eu vos concitaria a não vos dardes por satisfeitos com o sentido literal das palavras, porém antes, buscar-lhes o integral significado. Vossos pensamentos acham-se tão condicionados por preconceitos e tradições que estais habilitados a perverter o entendimento. Se sois cristãos, tendeis a colorir as novas com a visão tradicional, não as podeis examinar livremente. Se fordes comunista, dar-lhe-eis uma interpretação comunista. Assim, pois, vosso pensamento está sendo continuamente condicionado pelas tradições, pelas vossas opiniões e ideias preconcebidas. Enquanto vossa mente não estiver liberta de todos os preconceitos, jamais compreendereis o verdadeiro significado da vida.

Tendes que por de lado vosso Cristianismo, vosso Budismo, vossa Teosofia. Isto é coisa muito difícil de fazer, como bem o sabeis. Educado como hindu, que sou, tive que libertar minha mente de todos os hábitos tradicionais do pensamento hindu e, mais tarde, das ideias teosóficas. Tive que abandonar todas as minhas ideias preconcebidas e encarar as coisas sob o ponto de vista de seu valor intrínseco, não do ponto de vista imbuído da tradicional irreflexão. A tradição e a autoridade são compulsões que violam a completude intrínseca.

A maioria das pessoas no mundo não se libertam porque desejam conforto e consolação; vivem na ilusão porque querem contentamento e satisfação. Não ousam desnudar-se, temem esvaziar suas mentes. Se contemplardes vossa própria mente verificareis estar ela cheia de teorias herdadas a respeito do mal e do bem, do que é espiritual e do que não o é.

Ocasionalmente, em meio desta luta de tristeza e alegrias alternadas, alcançais um vislumbre de algo que vos dá êxtase e buscais tornar isto permanente evitando o conflito. Percebeis este êxtase à distância, ao passo que estais ainda rodeados por todas as vossas lutas, por vossas tristezas, por vossos prazeres e dores. Ele parece distante e ansiais por escapar a todos esses torvelinhos para ingressar nesse êxtase; no entanto, é por meio deles e neles que se acha este êxtase da liberdade e não na evasão.

Pelo fato de evitardes o conflito e a luta, o medo é criado e por causa do medo estabeleceis ilusões que vos proporcionam consolo, conforto. Por causa deste medo aderis às tradições e vos tornais um imitador. Confiais na compulsão e por isso não há entendimento. Por causa deste medo estabeleceis autoridades espirituais e vós próprios vos erigis em autoridade. Assim nasce a religião do temor e desse medo surge a exploração espiritual.

O mesmo se dá em relação com as coisas físicas. O homem que necessita de haveres para sua felicidade, cria a exploração material. O explorador não vem à existência de súbito, ele não é um exotismo da natureza; é o resultado de vossas exigências espirituais e econômicas. Portanto, vós sois os responsáveis.

Se estiverdes colhidos pela ilusão proveniente do medo, da tradição, da imitação, vossas ações hão de levar à estagnação. No vos esforçardes por escapar ao conflito, vossas ações conduzirão a ilusões inconscientes e à dependência da autoridade, na qual vos tornais cada vez mais embaraçados. O homem viola sua própria e intrínseca completude pela sujeição à autoridade espiritual. Sua disciplina não é disciplina, mas unicamente uma sutileza de egoísmo que lhe proporciona animação para beneficiar levado pelo seu desejo. Toda a sua concepção de vida está baseada sobre o egoísmo, com todas as suas ramificações, suas ilusões, temores e consolos. Pelo fato de sua ação, por causa do medo, ser inconsciente, ela conduz à irresponsabilidade e, portanto, ao caos.

Ajustamento é apercebimento continuado, o auto-recolhimento, a concentração que sabe que, onde quer que haja egoísmo, há irresponsabilidade de ação e, por conseguinte, caos. O homem que conhece o verdadeiro significado do ajustamento, está continuamente buscando preservar em sua ação, a qual inclui pensamento e emoção, o límpido êxtase do entendimento, e por isso não cria exploração, seja ela espiritual ou física. Sendo a sua ação consciente, conduz à ação pura, sendo pura ação na qual não mais exista egoísmo, personalidade, na qual a individualidade cessou por completo.
Tornando-vos plenamente consciente, responsáveis, baseareis vossa ação nessa responsabilidade consciente e não no temor e na compulsão. Verdadeira ação é o consciente ajustamento de si próprio, sem coação nem temor, sem estímulo de recompensa. É alegria agir sob este ponto de vista; porém, quando imitais a alguém ou vos disciplinais de acordo com um sistema dado, nada mais será que conformar-vos, coisa que representa a lenta decadência. Não vos enganeis a vós mesmo dizendo: “É este o meu mais alto ideal, portanto, a este ideal me estou adaptando”. Não vos podeis adaptar a um ideal. Haveis apenas estabelecido uma imagem para vosso culto, que nada mais é que egoísmo. Por outras palavras, mais não estais fazendo que glorificar o vosso próprio ego, vossa própria personalidade. A realidade não é um ideal; é a própria vida, e o vosso ajustamento a essa vida é a verdadeira ação.

Se pretendeis buscar o entendimento, libertai-vos de todas as vossas imitações, de vossos cultos, de vossas reclusões, de vossas igrejas e templos. Eles são a origem da exploração, cuja fonte está dentro de vós mesmos.

Em primeiro lugar temos, pois, a irresponsabilidade da ação; a obediência, em vossa vida espiritual e moral, e, como consequência dela, a exploração e a desgraça. Isto é, primeiro vos é estatuída uma lei e vós a seguis sem pensar; depois, por meio do sofrimento, por meio da alegria, chegais a vos tornar responsáveis, plenamente conscientes e através dessa chama da eu-consciência vos libertais de ação irresponsável. E assim vos tornais a vossa própria lei.

O trabalho deve ser organizado, planejado, porém o esforço individual para a compreensão jamais pode estar sujeito a um sistema. No trabalho tem que haver autoridade, porém o pensamento e emoção individual, a luta e ajustamento individual na vida, não podem ser organizados nem disciplinados por autoridades.

Nos antigos tempos as comunidades eram ilhas de refúgio baseadas na ideia de salvação comum; pensamento e emoção eram guiados pela autoridade. Os indivíduos somavam suas capacidades e combinavam entre si a partilha do trabalho da comunidade, visto sustentarem uma crença comum. Reuniam-se sob a égide de uma autoridade aceita.

Ora, como disse, não vos é licito sistematizar o pensamento e emoção individuais; o indivíduo tem que ser livre. Porém, com esta liberdade, advém a organização natural do trabalho para benefício do conjunto, sem sacrifícios individuais. A ideia de que mediante uma autoridade espiritual pode ser criada uma moral que influencie a economia da vida, é uma utopia, pois a moral somente pode ser firmada para o indivíduo por meio de seu próprio esforço desperto. Por esta maneira, o trabalho torna-se nada mais nada menos que um incidente necessário e o indivíduo não confia somente no trabalho para a realização da verdade.

Não podeis realizar o êxtase da verdade unicamente por meio de mera perfeição da técnica, de um talento particular, ou do trabalho ou do serviço. Pensais que, a não ser que acentueis vossa particular capacidade, não podeis ser indivíduos, ficareis submersos na coletividade, no grupo anônimo. Ora, eu encaro as coisas por modo diferente. Pelo fato de serdes parte da comunidade, a comunidade organiza vosso trabalho; porém, quanto ao pensamento e emoção ficais inteiramente livres e é esta a verdadeira liberdade individual. Portanto, não acentueis coisa alguma de pequena importância.

Eu sustento que a realização da verdade, do êxtase, reside unicamente em vossa auto-completude. É então que conheceis plena, a consciente responsabilidade e sereis mantidos na solidão pela vossa própria integridade. Por meio da chama da eu-consciência, chegais à plena responsabilidade; estabeleceis vossa própria lei e isto é liberdade plena. Esta solidão não é uma fuga, uma evasão; é a cessação gradual da ação inconsciente, que não leva senão à desgraça, e que é começo da verdadeira ação.

Não sei quantos de vós tomarão o que eu digo meramente como uma teoria filosófica, como um discurso que se pode repetir aos outros, ou quantos de vós o tomarão com sinceridade. Se o tomardes como um discurso filosófico ou se meramente repetirdes as minhas palavras, será isso coisa difícil. É apenas pelo mudar fundamentalmente, com uma orientação diferente do pensamento, uma modificação básica da mente, que podeis achar esta completude, que podeis realizar este êxtase da vida. Para mudar fundamentalmente, tendes que proceder a um começo consciente. Tornai-vos plenamente responsáveis para convosco próprios, desde o próprio início; pensai continuamente no que estais fazendo. Podeis conhecer a felicidade perdurável apenas se, verificando o peso morto e a tirania dos anos passados, mantiverdes a grade resolução de a vós próprios modificar no presente.          

Krishnamurti, Palestra em Ommen, Reunião de Verão de 1931

domingo, 11 de setembro de 2016

A respeitabilidade como trave de tropeço

sábado, 10 de setembro de 2016

Scorpions - Send Me An Angel - HD TRADUÇÃO

Miracle Of Love - Eurythmics - TRADUÇÃO

Annie Lennox - Why (Tradução)

Lighthouse Family - I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free (Tradução)

Observando em estado de neutralidade

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A real recuperação em Anônimos

O Cão Celeste


D’Ele fugia, noites e dias;
D’Ele fugia pela arcada dos anos;
D’Ele fugia por becos e labirintos
De minha própria mente; e na névoa das lágrimas
D’Ele me escondia e no riso incontido.
Atrás de esperanças imaginadas corri;
E atirei-me, precipitado,
Nas sombras titânicas de abissais pavores,
Destes fortes Pés que perseguiam, perseguiam,
Em caçada sem pressa
Imperturbável passo.
Deliberada urgência, majestática instância,
Ressoando – e a Voz reiterando
Mais insistente que os Pés
“Tudo te trai, a ti que Me trais.”

Supliquei, esperto fora-da-lei,
A muitos uma janela cordial, com rubras cortinas,
Tecidos com retorcidos amores
(Pois embora eu conhecesse o Amor de Quem me seguia,
Contudo eu estava certo na dor,
Que, tendo-O, nada mais poderia ter).
Mas, se apenas uma fresta se abrisse,
O susto de Sua vinda a teria trancado:
Não sabe o medo fugir, como o Amor perseguir.
Pela margem do mundo fugi,
Turvei o dourado chão de estrelas,
Buscando refúgio em suas sonoras barras,
Aflito por doces jarras
E tremor de prata nos pálidos portos da lua.
Disse à aurora: “Acontece!” E à tarde: “Vem logo!”
Com teus jovens celestes botões afasta-me
Deste tremendo Amante!
Faze flutuar teus vagos véus sobre mim, que Ele não me veja!
A todos os Seus servidores tentei. Nada achei.
Traído fui pela constância deles.
Na fé para com Ele, nos seus caprichos comigo,
Traiçoeira veracidade, leal engano.
A tudo de mais veloz mais rapidez urgi.
Grudado à uivante crina de todos os ventos.
Mas perpassassem, mansa brisa,
As longas campinas do azul;
Ou, incitados pelo Trovão,
Atroassem seu carro para um céu
Pejado de raios voadores em volta da poeira de Seus Pés,
Não sabe o medo fugir, como sabe o Amor perseguir.
Ainda em caçada sem pressa
E imperturbável passo,
Deliberada urgência, majestática instância,
Vieram os perseguidores Pés,
E a Voz acima do som de Sua marcha:
“Nada acolha a ti, que não acolhes a Mim!”

Não mais busquei aquilo atrás do que vagava
Em faces de homem ou donzela.
Apenas ainda lá, nos olhos dos pequeninos,
Parecia haver alguma coisa, alguma coisa respondendo!
Ao menos eles eram por mim, certamente, por mim!
Voltei-me para eles, muito tristemente,
Mas, logo que seus olhos belos se abriram,
Com nascentes respostas ali,
Seu anjo arrancou-os de mim pelos cabelos:
Venham, então, outras crianças, dom natural,
“Deem-me – disse eu – sua gentil amizade!
Deixem-me saudá-los, lábios nos lábios!
Deixem-me entrelaçá-los de carícias,
Caprichosamente,
Com as ciganas tranças de nossa Mãe Senhora,
Banqueteando-me
Com ela no seu palácio de muros de vento,
Sob seu pavilhão azul,
Tragando, como seu costume sem mancha,
De um cálice
Luzente de gotas do amanhecer!”
E assim se fez:
Eu, na gentil companhia deles, fui um –
Abri os selos dos segredos da Natureza,
Conheci todos os deslizantes significados
Na teimosa face dos céus.
Conheci como as nuvens se levantam,
Espumas do selvagem respiro do mar;
Tudo o que nasce ou morre,
Ergue-se ou cai; fiz deles moldes
De meus humores, ou penosos ou divinos.
Com eles jubilei e me enlutei.
Eu me via pesado com a tarde,
Quando ela acendeu vacilantes velas,
Em redor dos mortos trabalhos do dia.
Ri nos olhos da manhã,
Triunfei e me deprimi em qualquer clima,
O céu e eu juntos choramos,
E suas doces lágrimas se salgaram com as minhas mortais;
Contra o rubro pulsar do seu coração – crepúsculo,
Deixei o meu próprio bater,
E partilhar o bem vindo calor.
Mas nem assim, nem assim, aliviou-se meu humano sofrer.
Em vão minhas lágrimas molharam as cinzas faces dos Céus
Pois ah! Não sabemos o que um ao outro diz
Essas coisas e eu; em sons eu falo –
Seus sons não são mais que ondulações: falam por silêncios.
A natureza, pobre madrasta, não pôde matar-me a sede;
Deixai, se ele quiser me possuir,
Afastar do seu peito o véu azul celeste, e mostrar-me
Os seios de sua ternura.
Nunca seu leite abençoou
Minha sedenta boca.
Perto e mais perto se mostra a caçada,
Em imperturbável passo,
Deliberada urgência, majestática instância,
E, atrás destes ruidosos Pés,
Uma Voz chegou mais veloz:
“Nada te contente a ti, que não me contentas!”

Nu, espero do Teu amor o golpe final!
Peça por peça a armadura me arrancaste
E de joelhos me puseste;
Nenhuma defesa me resta.
Dormi, creio, e acordei,
Num lento olhar me vi despido no sono.
Na dura cobiça de meus jovens poderes,
Sacudi os pilares das horas,
Puxei minha vida sobre mim; rosto manchado
Estou de pé em meio ao pó de amontoados anos –
Minha estropiada juventude jaz morta nos escombros.
Meus dias demolidos se tornaram pó,
Inflaram, rebentaram como bolhas no riacho.
Sim! Falha, agora, cada sonho
Ao sonhador e a viola, ao violeiro;
Mesmo as sólidas fantasias, logros floridos,
Onde vi toda a terra como enfeite no meu punho,
Recuam: suportes de todo fracos
Para a terra de tão pesados lutos.
Ah! Será Teu amor
Erva daninha, embora florida,
Sem tolerar outros botões que não os seus?
Ah! Tens,
Infinito Inventor
Ah! Tens Tu de queimar a lenha antes de iluminar?
Meu frescor se foi, regando a poeira,
E, agora, meu coração é fonte exaurida,
Onde lágrimas estancadas se desintegram para sempre
Desde úmidos pensamentos que tremem
Sob os gementes ramos de minha mente.
Assim é. O que é para ser?
Se a polpa é tão amarga, como será a casca?
Zonzo, vislumbro que o tempo nas brumas se funde,
Mas, sempre de novo, a trompa ressoa,
Nos ocultos baluartes da Eternidade.
Destas névoas sacudidas, um espaço incerto se abre, então
Em redor das mal vislumbradas torres lavadas de novo.

Mas não será ele, o que convoca,
Quem antes eu vira, ileso,
Com brilhantes vestes púrpura, coroado de cipreste;
Seu nome conheço, e o que sua trompa clama.
Se o coração humano ou a vida seria o que produz
Tua ceifa, deve a sega dos Teus campos
Ser adubada com a podridão das mortes?
Agora, desta longa perseguição
Perto chega o rumor;
Esta voz me rodeia como o estrondo do mar:
“É esta a tua terra tão amada,
Partida em cacos e mais cacos?
Vê, todas as coisas fogem de ti, que foges de Mim!
Estranho, lamentável, fútil ser!
Porque qualquer coisa te daria singular amor?
Nenhuma vendo, fiz muito do nada” (Ele disse),
“E o amor humano necessita humano merecer:
Como tens tu merecido –
De todo humano coágulo de barro o mais obscuro coágulo?
Pobre, não sabes
Quão pouco digno de amor és tu?
Quem tu queres para amar-te, ignóbil ser,
Exceto Eu, somente Eu?
Tudo o que de ti tomei, tomei
Não para ferir-te,
Mas só para que tudo pudesses encontrar em meu abraço,
Tudo o que teu infantil engano
Imaginava perdido, guardei para ti em casa:
Levanta! Segura Minha mão e vem!”
Cessa, por mim, estes passos em tropel:
É minha tristeza, depois de tudo,
Sombra de Sua mão, estendida em carícia?
“Ah, tão querido, cego, fraco,
Eu sou Aquele a quem procuras!
Do amor te afastavas, tu que de Mim te afastavas”.

FRANCIS THOMPSON (1859-1907), Tradução por R. PAIVA, SJ
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill