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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A morte do velho e o nascimento do novo homem

O instinto de dúvida sempre esteve comigo... A dúvida sempre esteve comigo. Por isso, nenhum fanatismo, nenhuma cegueira ou devoção a uma única religião em particular pode acontecer. O resultado final de tudo isso foi que não cheguei a nenhuma conclusão, e fiquei cheio de perguntas e dúvidas. Não havia nenhuma resposta para nada. Qualquer resposta que houvesse pertencia aos outros, e eu não podia confiar na resposta de ninguém. As respostas dos outros só provocavam uma coisa em mim: o surgimento de cada vez mais perguntas. A resposta de ninguém podia tornar-se a minha. 

Assim, desde o começo, essa condição era perigosa, porque viver sem nenhum objetivo era muito inseguro. Eu nem mesmo tinha certeza que estava um palmo adiante, porque isso eu só podia vir a saber pelos outros. A respeito do caminho já trilhado, a pessoa pode saber positivamente, mas sobre o que está à frente do caminho e a pessoa não trilhou, só se pode saber pelos outros. Por isso não havia nenhum caminho claro para mim. Era tudo escuridão. Cada passo era dado na escuridão — ambíguo e sem objetivo. 

Minha condição era cheia de tensões, insegurança e perigo. Todos os meus parentes e amigos consideravam-me rebelde e indisciplinado por causa dessa condição. Lentamente as pessoas começaram a achar que eu era louco, tal a situação. 

Por menor que fosse a questão, havia dúvidas e nada além de dúvidas. Ficavam apenas perguntas e mais perguntas sem nenhuma resposta. Na opinião dos outros, tanto eu era bom quanto louco. Eu mesmo sentia medo de enlouquecer. Não conseguia dormir a noite. 

Durante a noite e o dia inteiro, as perguntas pairavam sobre mim. Não havia resposta para nada. Eu estava em alto mar, sem nenhum barco ou praia onde quer que fosse. Se havia algum barco, eu mesmo o negava e o afundava. Havia muitos barcos e muitos marinheiros, mas eu me recusava a entrar no barco de quem quer que fosse. Sentia que era melhor afundar do que entrar no barco de outro. Se era para isso que a vida estava me levando, para afundar a mim mesmo, então sentia que esse naufrágio também deveria ser aceito. 

A minha condição era de total escuridão. Era como se eu tivesse caído no fundo de um poço escuro. Naquela época eu sonhava muitas vezes que estava caindo, caindo, e entrava cada vez mais num poço sem fundo. E muitas vezes acordei de um sonho transpirando muito, todo molhado, porque a queda era infinita, sem nenhum chão ou lugar que pudesse apoiar meus pés. 

Não havia mais nada além da escuridão e da queda, mas aos poucos fui aceitando até isso. Senti muitas vezes que precisava concordar com alguém, devia me segurar em alguma coisa ou aceitar alguma resposta. Mas isso não estava de acordo com minha natureza. Nunca fui capaz de aceitar o pensamento de ninguém. 

Inevitavelmente, aconteceu também de não haver mais lugar dentro de mim para nenhum pensamento. Agora eu percebo que todas as minhas respostas nada mais eram que pensamentos. Se existem apenas perguntas, a pessoa deixa de pensar. 

Uma conclusão é um pensamento. Se não há conclusões, automaticamente cria-se um vácuo. Eu não sabia disso nessa época, mas uma espécie de vazio, um oco, surgiu por conta própria. Muitas perguntas ficavam girando. Mas por não haver respostas, elas desapareciam por exaustão e morriam. Eu não conseguia as respostas, mas as questões eram destruídas. 

Um dia surgiu uma condição inquestionável. Não que eu tenha recebido as respostas — não! Em vez disso, todas as questões caíram por terra e criou-se um grande vazio. Essa foi a SITUAÇÃO EXPLOSIVA. Viver assim era tão bom quanto morrer. E ASSIM MORREU A PESSOA QUE FAZIA PERGUNTAS. Depois dessa experiência do vazio, não questionei mais nada. Todos os assuntos onde as perguntas pudessem ser levantadas deixavam de existir. Antes, eram só perguntas e mais perguntas. Daí em diante, não restou mais nada que se assemelhasse a uma pergunta. 

Agora não tenho perguntas e nem respostas. Se alguém levanta uma questão, a resposta é  a que vem do meu vazio interior. Não posso dizer que a resposta seja minha porque nunca tive nenhum pensamento sobre ela. Não li a resposta antes. Também estou ouvindo a resposta pela primeira vez, ao mesmo tempo que o ouvinte. Assim como ele ouve pela primeira vez, eu também ouço. Não que eu seja o orador e ele o ouvinte, não que eu esteja dando e ele recebendo. A resposta vem, e nós dois somos ouvintes, ambos a recebemos. 

Por isso, se minha resposta amanhã for diferente  da que estou dando hoje, não sou responsável por isso porque não dei resposta alguma. O mesmo vazio de onde ela veio é responsável pela mudança. Não posso fazer nada. Portanto, você pode achar que sou inconsistente. Eu só poderia ser inconsistente se "eu" estivesse respondendo. Se há alguma inconsistência, é por causa desse vazio dentro de mim. Desde aquela experiência, nem eu fiz qualquer pergunta, nem vislumbrei qualquer resposta. Nessa explosão, o velho de ontem morreu. Este homem é absolutamente novo.

(...) Aqui, muitas pessoas pedem que eu escreva minha autobiografia. É muito difícil porque aquele sobre quem eu escreveria não sou eu. Tudo o que sei agora não tem estória. Não existe estória após a explosão; não há nenhum evento. Todos os eventos são anteriores à explosão. Depois dela há apenas vazio. Tudo o que existiu não sou eu e não é meu. 

O S H O 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill