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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Quem é o responsável pela paz do mundo?

Pergunta: Como resolver o atual caos político e a crise que assola o mundo? Há alguma coisa que o indivíduo possa fazer para sustar a guerra que se aproxima?

Krishnamurti: A guerra é a projeção espetacular e cruenta da nossa vida de cada dia, não é verdade? A guerra é mera manifestação exterior do nosso estado interior, uma ampliação das nossas ações de cada dia. Ela é mais espetacular, mais sanguinolenta, mais devastadora; é, porém, o resultado coletivo das nossas atividades individuais. Vocês e eu, por conseguinte, somos responsáveis pela guerra. Que podemos fazer para colocar-lhe fim? É óbvio que a guerra que continuamente nos ameaça, não pode ser sustada por vocês nem por mim, porque ela já está em movimento, já está acontecendo, embora, por enquanto, se restrinja principalmente ao nível psicológico. Visto que já está em movimento, ela não pode ser contida; há interesses consideráveis e muito numerosos, e todos já estão empenhados em defende-los. Mas você e eu, vendo a casa arder, podemos compreender as causas do incêndio, e afastar-nos, e construir outra casa noutro lugar, com materiais diferentes, não inflamáveis, que não possam produzir novas guerras. Eis tudo o que podemos fazer. Vocês e eu podemos ver o que determina a guerra e depois, se estivermos interessados em sustá-la, começar a transformação de nós mesmos, que somos os causadores da guerra.

Há alguns anos, durante a guerra. Fui procurado por uma senhora americana, que me disse ter perdido um filho na Itália e que desejava salvar seu outro filho, de dezesseis anos de idade. Conversando sobre o assunto, sugeri-lhe que, para salvar o filho, ela deixasse de ser americana, deixasse de ser ambiciosa, de acumular riquezas, de aspirar ao poder e ao domínio, que se tornasse moralmente simples, não apenas simples em relação ao vestuário, às coisas exteriores, mas simples nos pensamentos e sentimentos, simples nas relações. Respondeu-me ela: “Isto é demais. O senhor pede o impossível. Isto eu não posso fazer, porque as circunstâncias são demasiado poderosas e não posso alterá-las”. Por conseguinte, ela era responsável pela destruição do filho.

As circunstâncias podem ser controladas por nós, pois nós criamos as circunstâncias. A sociedade é produto das relações de vocês e minhas, conjuntamente. Se nos modificarmos, em nossas relações, a sociedade se modificará; se ficarmos, apenas, contando com a legislação, com a compulsão, para a transformação da sociedade, enquanto no íntimo continuamos corruptos, enquanto no íntimo ambicionamos poder, posição, autoridade, causaremos a destruição no exterior, por mais caprichosa e cientificamente que ele tenha sido construído. O interior sempre supera o exterior.

O que causa a guerra — religiosa, política ou econômica? Sem dúvida, é a crença; crença no nacionalismo, numa ideologia, num dogma. Se em vez de crença houvesse boa vontade, amor e consideração entre os homens não haveria guerras. Mas nós nos alimentamos de crenças, ideias e dogmas, fomentando, assim, o descontentamento. A presente crise é de natureza excepcional e, como entes humanos, ou temos de continuar pelo caminho do constante conflito, das guerras contínuas — resultado de nossas ações diárias — ou temos de ver quais são as causas da guerra e voltar-lhes as costas.

Evidentemente a causa da guerra é o desejo de poder, posição, prestígio, dinheiro; também a doença chamada nacionalismo, o culto de uma bandeira, e a doença da religião organizada, o culto de um dogma. Tais são as causas da guerra. Se você, como indivíduo, pertence a qualquer das religiões organizadas, se sé ávido de poder, se é invejoso, produzirá forçosamente uma sociedade fadada à destruição. Tudo, portanto, depende de vocês, e não dos líderes, dos chamados estadistas, etc. Tudo depende de vocês e de mim, mas parece que não o percebemos. Se chegássemos a sentir-nos verdadeiramente responsáveis por nossas ações, com que rapidez poderíamos colocar fim a todas as guerras, a todas estas terríveis tribulações! Mas, somos indiferentes. Tomamos três refeições por dia, temos nossos empregos, nossos depósitos em bancos, grandes ou pequenos, e dizemos: “pelo amor de Deus, não nos venham perturbar, deixem-nos em paz”. Quanto mais alto estamos, tanto mais desejamos segurança, permanência, tranquilidade, tanto mais queremos que nos deixem em paz, que as coisas fiquem como estão. Mas as coisas não podem ser mantidas como estão, porque não há nada para manter. Tudo está se desintegrando. Não queremos encarar este fato, reconhecer que vocês e eu somos os responsáveis pelas guerras. Vocês e eu podemos falar sobre paz, promover conferências, sentar-nos em torno de uma mesa, para discutir, mas, interiormente, psicologicamente, queremos poder, queremos posição, somos impulsionados pela avidez. Intrigamos, somos nacionalistas, escravos das crenças, dos dogmas, pelos quais estamos prontos a morrer e a entredestruir-nos. Vocês pensam que estes homens — que são vocês, que sou eu — podem ter paz, no mundo? Para termos paz, temos de ser pacíficos. Viver pacificamente significa não criar antagonismo. A paz não é um ideal. Para mim um ideal é, simplesmente, fuga, uma maneira de evitar o que é, uma condenação ao que é. O ideal impede a ação direta sobre o que é. Para ter paz, devemos amar, começar a viver, não uma vida de ideal, mas vendo as coisas como são, e sobre elas atuando, e as transformando. Enquanto cada um de nós estiver à procura de segurança psicológica, será destruída a segurança física de que necessitamos: alimento, roupa, morada. Estamos em busca de segurança psicológica, que não existe, e buscamo-la, se possível através do poder, através da posição, através dos títulos, e dos nomes — e tudo isto está destruindo a segurança física. Este é um fato óbvio, como podem observar.

Para implantar a paz no mundo, para colocar fim a todas as guerras, faz-se mister uma revolução no indivíduo, em vocês e em mim. Sem esta revolução interior, a revolução econômica não terá significação, porque a fome é o resultado do desajustamento das condições econômicas, produzido pelos nossos estados psicológicos: a avidez, a inveja, a malevolência, a ânsia de possuir. Para colocar fim ao sofrimento, à fome, à guerra faz-se necessária uma revolução psicológica, e poucos de nós têm disposição para tal. Estamos dispostos a conversar sobre a paz, planejar legislações, criar novas Ligas, as Nações Unidas, etc.; mas não estamos dispostos a ganhar a paz, porque não queremos renunciar à posição, à autoridade, ao dinheiro, às propriedades, às nossas estúpidas vidas. Contar com os outros é inteiramente fútil; eles não podem trazer-nos a paz. Nenhum chefe irá dar-nos a paz, nenhum governo, nenhum exército, nenhum país. O que trará a paz é a transformação interior, que levará à ação exterior. A transformação interior não significa isolamento ou retraimento da ação exterior. Pelo contrário, só pode haver ação correta quando há pensar correto, quando há autoconhecimento. Se não conhecem a si mesmos, não há paz.

Para colocar fim à guerra exterior, vocês têm de colocar fim à guerra que está em si mesmos. Alguns de vocês balançarão a cabeça e dirão: “de acordo” — depois sairão daqui, para fazer exatamente a mesma coisa que vêm fazendo há dez ou vinte anos. O assentimento de vocês é apenas verbal e sem sentido, porque as misérias do mundo e as guerras não acabarão por causa de um assentimento ocasional. Só terão fim quando compreenderem o perigo, quando compreenderem a responsabilidade de vocês, quando não deixarem a tarefa a cargo de outra pessoa. Se compreenderem o sofrimento, se reconhecerem a necessidade de ação imediata, inadiável, haverão então de transformar a si mesmos. Só vira a paz quando forem pacíficos, quando viverem em paz com o próximo de vocês.

Jiddu Krishnamurti — A primeira e última liberdade

  
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill