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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Acreditar em Deus não é achar Deus

Pergunta: Por que o espírito humano se apega tão tenazmente à ideia de Deus, por várias maneiras diferentes? Você pode negar que a crença em Deus não trouxe consolo e uma razão de ser a inúmeras criaturas que se achavam sós e desoladas? Por que você quer roubar do homem esse consolo, pregando uma nova espécie de niilismo?

Krishnamurti: (...) A crença é a negação da verdade, a crença é um obstáculo à verdade; crer em Deus não é achar Deus. Nem o crente nem o descrente encontrarão a Deus; porque a realidade é o desconhecido, e a vossa crença ou descrença no desconhecido não passa de auto-projeção e, portanto, não é real. Se me permitem sugeri-los, não resistam, examinemos a questão juntos. Sei que acreditam e sei que isso muito pouco significa na vida de vocês. Há muito que acreditam, há milhões que acreditam em Deus e encontram um consolo nisso. Antes de tudo, por que acreditam? Acreditam, porque isso lhes dá satisfação, consolo, esperança, e dá sentido à vida de vocês, segundo dizem. Mas, em verdade, a crença de vocês tem pouquíssima significação, porque vocês acreditam e exploram, acreditam e matam, acreditam num Deus universal e assassinam uns aos outros. O rico também acredita em Deus; explora impiedosamente, acumula dinheiro, depois manda construir um templo ou se torna filantropo. Isso é acreditar em Deus? E o homem que lança uma bomba atômica diz que Deus o acompanha, no seu avião (risos). Não riam, senhores. A vez de vocês está chegando.  O homem que planeja o assassínio em vasta escala invoca a Deus; o homem que é cruel para sua esposa, seus filhos, seu vizinho, também esse canta, senta-se ajoelha-se, junta as mãos e invoca o nome de Deus.

Todos vocês acreditam, de maneiras diferentes, mas a crença de vocês não tem realidade alguma. A realidade é o que são, o que fazem, o que pensam, e a crença de vocês em Deus é mera fuga da vida monótona, estúpida e cruel de vocês. Além disso, a crença invariavelmente separa as pessoas: há o parsi, o hinduísta, o budista, o cristão, o comunista, o socialista, o capitalista, etc. A crença, a ideia, separam, nunca unem os homens. A crença pode reunir um determinado grupo de pessoas num grupo, mas este grupo está oposto a outro grupo. Assim, as ideias e as crenças nunca são unificadoras; pelo contrário, são separatistas, desintegrantes, destrutivas. A crença em Deus de vocês está, com efeito, semeando desgraça no mundo; ainda que tenha lhes proporcionado algum consolo momentâneo, ela, na realidade, lhes tem proporcionado mais infelicidade e destruição, sob a forma de guerras, fome, divisões de classes, e a atividade desumana de determinados indivíduos. A crença de vocês, portanto, não tem validade, em absoluto. Se de fato acreditassem em Deus, se fosse isso uma “experiência” real para vocês, não estaríamos destruindo seres humanos. Não estou fazendo retórica; tenham a bondade de olhar os fatos.

Vocês não acreditam realmente em deus, porque se acreditassem não seriam ricos, não teriam templos, não teriam pobres, não seriam um filantropo, com um título pomposo, depois de explorar os semelhantes de vocês. A crença em Deus de vocês, portanto, é sem valor; e ainda que lhes dê algum consolo temporário, ainda que lhes compense e lhes esconda da aflição de vocês, lhes proporcione um respeitável meio de fuga, reconhecido pela humanidade como santificante, ela não tem validade, não tem significação de espécie alguma. O que tem significação é a vida de vocês, a maneira como vivem, a maneira como tratam o criado de vocês, a maneira como olham para outro ser humano.

Assim, o que prego não é a negação. O que digo é que semeiam o sofrimento, apegando-se a ilusões que lhes ajudam a se eximirem de olhar as coisas como elas são. Olhar um fato de frente é ficar livre do fato, e a crença é um obstáculo ao percebimento do que é. Afinal de contas, a crença de vocês é resultado do condicionamento de vocês. Podem ser condicionados para crerem em Deus, e outro homem pode ser condicionado para não crer, para negar a existência de Deus. Portanto, a crença impede o conhecimento do que é; e perceber a verdade deste fato é estar livre da crença. Só então pode a mente investigar e descobrir se existe essa coisa que se chama Deus.

Agora, que é a realidade, que é Deus? Deus não é a palavra, a palavra não é a coisa. Para conhecer aquilo que é imensurável, que não é do tempo, a mente deve estar livre do tempo, o que significa que deve estar livre de todo pensamento, de todas as ideias relativas a Deus. O que vocês sabem de Deus ou da verdade? Não sabem, realmente, nada a respeito daquela realidade. Só conhecem palavras, experiências alheias, ou alguns momentos de experiências, um tanto vagas, de vocês mesmos. Isso, por certo, não é Deus, não é a realidade, não está fora dos domínios do tempo.

(...) Deus não é coisa da mente, não se manifesta por meio de autoprojeções: só vem quando há virtude, que é liberdade. Virtude é ver diretamente o fato como ele é, e o vero fato é um estado de suprema felicidade. Só quando a mente transborda de felicidade, quando está tranquila, sem nenhum movimento próprio, sem nenhuma projeção de pensamento, consciente ou inconsciente — só então desposta na existência o eterno.


Jiddu Krishnamurti — O que estamos buscando?   

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill