Lembre-se disto: a mente é velha, não pode nunca ser nova. Portanto, não pense nunca que a sua mente é original. Nenhuma mente pode ser original. Todas as mentes são velhas, repetitivas. É por isso que ela gosta tanto das repetições e está sempre contra o novo. Por ter sido criada pela mente, a sociedade também está sempre contra o novo. Por terem sido criados pela mente, o estado, a civilização, a moral estão sempre contra o novo. Nada pode ser mais ortodoxo do que a mente.
Com a mente, nenhuma revolução é possível. Se você é um revolucionário através da mente, pare de enganar a si mesmo. Um comunista não pode ser revolucionário porque nunca meditou. Seu comunismo é mental. Apenas trocou de Bíblia: não acredita mais em Jesus, acredita em Marx ou em Mao, a última edição de Marx. O comunista é tão ortodoxo quanto qualquer católico, hindu ou maometano. Seu ortodoxismo é o mesmo porque a ortodoxia não depende do que é acreditado. A ortodoxia depende de se acreditar através da mente. E a mente é o elemento mais ortodoxo, mais conformista do mundo.
Qualquer coisa que a mente crie, nunca será nova, será sempre anti-revolucionária. É por isso que a única revolução possível no mundo é a religiosa, não pode haver outra. Apenas a religião pode ser revolucionária porque só ela chega à própria fonte. Só ela abandona a mente, o velho. Assim, de repente, tudo é novo, porque era a mente que estava tornando tudo velho através de suas interpretações.
De repente, você volta a ser criança. Seus olhos são jovens, inocentes. Você olha sem informações, sem ensinamentos. De repente, as árvores têm um novo frescor, o verde mudou — já não é mais opaco; é vivo, brilhante. De repente, o canto dos pássaros é totalmente diferente.
Isso é o que tem acontecido a muitas pessoas pelas drogas. Aldous Huxley ficou intensamente fascinado pelas drogas por causa disso. Em todo o mundo, a nova geração sente-se atraída pelas drogas. A razão disso é que a droga, por um momento, por algum tempo, coloca sua mente de lado quimicamente. Você olha para o mundo e, então, as cores ao seu redor são simplesmente miraculosas. Você nunca viu algo assim! Uma flor comum transforma-se em toda a existência, traz consigo toda a glória do Divino. Uma folha comum adquire tanta profundidade que é como se estivesse revelando toda a Verdade. Todas as coisas imediatamente mudam. A droga não pode mudar o mundo; o que ela faz é colocar sua mente de lado por um processo químico.
Mas a pessoa pode tornar-se viciada; então, a mente terá absorvido a droga também. Apenas no começo, nas primeiras duas ou três vezes, é que a mente pode ser enganada quimicamente. Depois, pouco a pouco, a mente entra num acordo com a droga e novamente toma as rédeas. O choque original é perdido. Torna-se viciado pela droga. O comando volta a pertencer à mente. Pouco a pouco, mesmo quimicamente, torna-se impossível colocar a mente de lado. Ela continua presente. Então, você está viciado. As árvores voltam a ser velhas, as cores já não são tão radiantes, tudo está novamente opaco. A droga o matou, mas não a sua mente.
A droga pode dar apenas um tratamento de choque. Ela é um choque químico para todo o corpo. Nesse choque, o velho ajustamento é quebrado. As brechas aparecem e, através delas, você pode olhar. Mas isso não pode se tornar um hábito. É impossível fazer da droga uma prática. Cedo ou tarde, ela fará parte da mente, a mente assumirá a direção. E tudo voltará a ser velho.
Só a meditação pode matar a mente — nada mais. A meditação é o suicídio da mente, é a mente cometendo suicídio. Sem qualquer química, sem qualquer meio físico, você põe sua mente de lado. Torna-se o mestre. E quando você é o mestre, tudo é novo. Desde a própria origem até o derradeiro final, tudo é novo, jovem, inocente. A morte não existe, nunca ocorreu neste mundo. A vida é eterna.
Osho, em "Nem Água, Nem Lua"