Essas variações na consciência durante do dia são uma coisa que é comum a quase todos na prática espiritual. O princípio de oscilação, relaxamento, recaída de um estado mais alto, experienciado mais ainda não perfeitamente estável, para uma condição mais baixa habitual ou passada, torna-se muito forte e acentuado quando o trabalho da prática espiritual é feito na consciência física. Pois há uma inércia na natureza física que não permite facilmente que a intensidade, natural à consciência mais alta permaneça constante — o físico está sempre submergindo de volta para algo mais ordinário; a consciência mais alta e sua força têm que trabalhar por muito tempo e voltar sempre de novo, antes que elas possam se tornar constantes e normais na natureza física. Não fique perturbado ou desencorajado por essas variações na consciência ou este atraso, por mais longo e tedioso que seja; apenas tenha cuidado em ser tranquilo, sempre com uma quietude interior, e tão aberto quanto possível ao Poder Superior, não permitindo que qualquer condição realmente adversa se aposse de você. Se não houver onda adversa, então o resto é somente uma persistência de imperfeições que todos têm em abundância; a Força deve trabalhar sobre essa imperfeição e essa persistência e eliminá-las, mas para a eliminação é necessário tempo.
Você não deveria permitir-se ficar desencorajado pela persistência dos movimentos da natureza vital mais baixa. Alguns deles tendem sempre a persistir e a retornar, até que toda a natureza física seja mudada pela transformação da consciência mais material; até lá, a pressão deles ocorre repetidamente — algumas vezes com uma revivificação de sua força, algumas vezes mais frouxamente — como um hábito mecânico.Tire deles toda força de vida, recusando-lhes todo consentimento mental ou vital; então o hábito mecânico perderá o poder de influenciar os pensamentos e os atos, e finalmente cessará. (¹)
Fidelidade é não admitir ou manifestar nenhum outro movimento a não ser os movimentos inspirados e guados pelo Divino.
Sinceridade significa elevar todos os movimentos do ser ao nível da consciência e da realização mais altas já alcançadas.
A sinceridade exige a unificação e a harmonização do ser inteiro, em todas as suas partes e movimentos, em torno da Vontade Divina central.
O Divino se dá àqueles que se dão sem reservas e em todas as suas partes ao Divino. São para eles, a calma, a luz, o poder, a alegria, a liberdade, a amplidão, as alturas do conhecimento, os mares de bem-aventurança.
Falar de entrega ou ter uma ideia ou um tépido desejo de consagração integral não é a coisa; deve haver um impulso ardente para uma mudança radical e total.
Não é tomando uma mera atitude mental que isto pode ser feito, ou mesmo por um número qualquer de experiências interiores que deixam o homem exteriorizado como ele era. É este homem exteriorizado que tem que se abrir, entregar-se e mudar. O menor de seus movimentos, hábitos, ações, tem que ser entregue, visto, levado para cima e exposto à Luz divina, oferecido à Força divina, para que suas velhas formas e motivos sejam destruídos e a Verdade divina e a ação da consciência transformadora da Mãe divina tomem seu lugar.(²)
(¹) Sri Aurobindo em, A Consciência que vê - vol. 1
(²) Sri Aurobindo em, A Consciência que vê - vol. 2