Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A esplêndida fuga chamada “deus”

Pergunta: Precisamos saber o que é Deus, antes de podermos conhecer a Deus. Como se pode apresentar ao homem a ideia de Deus, sem trazer Deus ao nível do homem?

Krishnamurti: Não é possível, senhor. Ora, que é que nos impele à busca de Deus, e é real esta busca? Para a maioria de nós, ela é uma fuga da realidade. Devemos, pois, fazer a maior clareza, em nós mesmos, sobre se nossa busca de Deus é uma fuga, ou se é uma busca da verdade em todas as coisas — a verdade nas nossas relações, a verdade no valor das coisas, a verdade nas ideias. Se buscamos Deus apenas porque estamos cansados do mundo e das suas misérias, em tal caso a nossa busca é uma fuga. Criamos, então, Deus, e isso não é Deus. O deus dos templos, o deus dos livros, não é Deus, evidentemente — é uma esplêndida fuga. Mas se tentamos descobrir a verdade, não num determinado conjunto de ações, mas em todas as nossas ações, ideias e relações, se buscamos uma apreciação correta do alimento, da roupa, e da moradia, então, porque as nossas mentes são capazes de percepção clara e de compreensão, quando buscarmos a realidade, a encontraremos. Isso não será, então, uma fuga. Mas se estamos confusos com relação às coisas do mundo — alimento, vestuário, moradia, relações, e ideias — como podemos achar a realidade? Só podemos inventar a “realidade”. Assim, Deus, a verdade, ou a realidade, não é cognoscível por uma mente confusa, condicionada, limitada. Como pode a mente em tais condições pensar na realidade ou em Deus? Ela precisa, em primeiro lugar, “descondicionar-se”. Precisa libertar-se de suas próprias limitações, e só então lhe será possível saber o que é Deus, e não antes, é óbvio. A realidade é o desconhecido, e o que é conhecido não é o real. Assim, a mente que deseja conhecer a realidade precisa libertar-se de seu próprio condicionamento, e esse condicionamento é imposto externamente ou internamente; e enquanto a mente criar divergência, conflito, nas relações, não pode conhecer a realidade. Se, portanto, uma pessoa quer encontrar a realidade, a sua mente precisa estar tranquila; mas se a mente é forçada, disciplinada, para ficar tranquila, essa tranquilidade, em si, é uma limitação, é mera auto-hipnose. A mente só se torna livre e tranquila ao compreender os valores que a circundam.

Nessas condições, para compreendermos aquilo que representa o mais alto, o supremo, o real, precisamos começar muito de baixo, muito perto de nós; isto é, precisamos averiguar o valor das coisas, das relações, e das ideias, com que nos ocupamos em cada dia. E sem compreendê-las, como pode a mente buscar a realidade? Pode inventar a “realidade”, pode copiar, pode imitar; tendo lido muitos livros, pode repetir a experiência alheia. Mas isso, por certo, não é o real. Para experimentar o real, a mente deve deixar de criar; porque tudo o que ela criar, seja o que for, estará sempre subordinado ao tempo. O problema não é se há ou se não há Deus, mas, sim, como pode o homem descobrir a Deus; e se, na sua busca, ele conseguir desembaraçar-se de todas as coisas, encontrará inevitavelmente aquela realidade. Mas é preciso começar com o que está perto e não com o que está longe. É bem evidente que para alcançar o que está longe precisamos começar com o que está perto de nós. Em geral, queremos especular, o que representa uma fuga muito cômoda. E é por isso que as religiões constituem um maravilhoso entorpecente para a maioria das pessoas. Assim, o desembaraçar a mente de todos os valores que ela criou é obra sobremodo difícil, e porque as nossas mentes estão fatigadas, ou porque somos indolentes, preferimos ler livros religiosos e espetacular acerca de Deus; isso, positivamente, não é a descoberta da realidade. Alcançar a realidade é experimentar, e não imitar.

Krishnamurti — Novo acesso à Vida - ICK   - 4 de julho de 1948     
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill