Devemos ser cautelosos para não ficar aprisionados pelas palavras que usamos. Quando falo do psíquico ou do espiritual, quero me referir a coisas muito profundas e reais que estão por trás da superfície plana das palavras e mesmo intimamente ligadas em suas diferenças. Definições e distinções intelectuais são muito superficiais e rígidas para alcançar a verdade verdadeira das coisas. E contudo, a não ser que você esteja muito habituado a falar um com o outro, existe quase uma necessidade de definir o sentido de suas palavras — se é que você quer compreender o outro. A condição ideal para uma conversa é quando as mentes estão tão bem sintonizadas que as palavras servem apenas de suporte para uma compreensão mútua espontânea, e você não precisa explicar a cada passo o que você quer dizer. Esta é a vantagem quando se fala sempre com as mesmas pessoas; a harmonia sintonizada é estabelecida entre suas mentes e o significado das coisas faladas penetra nelas imediatamente.
Existe um mundo de ideias sem forma e é lá que você deve entrar, se quiser captar o sentido do que está por detrás das palavras. Enquanto tiver que extrair a sua compreensão das formas das palavras, é provável que você fique muito confuso sobre seu verdadeiro sentido. Mas se no silêncio da mente você puder se elevar até o mundo de onde descem as ideias para tomar forma, imediatamente a real compreensão vem. Se você quiser ter certeza de compreender o outro, deve ser capaz de compreender em silêncio. Existe uma condição na qual suas mentes estão tão bem afinadas e harmonizadas em conjunto que se percebe o pensamento do outro sem nenhuma necessidade de palavras. Mas se não existir esta sintonia, haverá sempre alguma deformação no sentido porque, para aquilo que você fala, a outra mente fornece seu próprio significado. Por exemplo, eu uso uma palavra num certo sentido ou nuança de seu sentido; você está costumado a colocá-la em outro sentido ou nuança. Então, evidentemente você compreenderá, não o meu exato significado dela, mas o que a palavra significa para você. Isso é verdade, não apenas no falar, mas também no ler. Se quiser entender um livro que contenha um profundo ensinamento, você deve ser capaz de o ler no silêncio da mente; deve esperar e deixar que a expressão se aprofunde dentro de você, na região onde não há mais palavras, e de lá voltar vagarosamente para a sua consciência exterior e seu entendimento superficial. Porém, se você deixar as palavras pularem para a sua mente externa e tentar adaptar e ajustar as duas, terá perdido completamente seu real sentido e poder. Não pode haver perfeito entendimento a não ser que você esteja em união com a mente não expressa, que está por trás do centro de expressão.
Falamos uma vez de mentes individuais que são como mundos distintos e separados uns dos outros; cada um está fechado em si e quase não tem ponto direto de contato com nenhum outro. Mas isso é na região da MENTE INFERIOR; nela, suas próprias formações o aprisionam; você não pode desembaraçar-se delas ou de si mesmo; você apenas se compreende e às suas próprias reflexões nas coisas. Contudo, nesta região mais alta da MENTE INEXPRESSA e suas altitudes mais puras, você está livre; quando entra lá, você sai de si e penetra dentro de um plano mental universal, no qual cada mundo mental dentro de um plano mental universal está como dentro de um imenso mar. Aí você pode compreender inteiramente o que está acontecendo ao outro e ler a mente dele como se fosse a sua própria, pois nenhum separação divide mente de mente. É apenas quando você se une com os outros nesta região que pode compreendê-los; de outro modo, VOCÊ NÃO ESTÁ SINTONIZADO, NÃO ESTÁ EM CONTATO, NÃO TEM MEIOS DE SABER PRECISAMENTE O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA OUTRA MENTE QUE NÃO A SUA. Muito frequentemente, quando está na presença de outrem, você está totalmente ignorante do que ele pensa ou sente; mas se você for capaz de ir além e acima deste plano externo de expressão, se você puder entrar dentro de um plano onde uma COMUNHÃO SILENCIOSA é possível, então você pode ler nesta outra mente como se fosse na sua. Então as palavras que você usa para sua expressão são de pouca importância porque a compreensão plena está situada além delas, em alguma outra coisa, e um mínimo de palavras é suficiente para atingir a finalidade. Aí longas explicações não são necessárias; você não precisa que um pensamento seja completamente expresso porque a visão direta do que ele significa está em você.
A Mãe