O termo "não-maximizadora" refere-se não a pessoa que se mostra incapaz de ter experiências máximas (místico-religiosa), ou de pico, mas aquela QUE TEM MEDO DELAS, QUE AS REPRIME, QUE AS NEGA, QUE SE AFASTA DELAS OU QUE AS "ESQUECE". (...)
Qualquer pessoa, cuja estrutura do caráter, ou estilo de vida, força-a a tentar se comportar de um modo excessivo ou completamente racional, "materialista" ou mecanicista, tende a tornar-se uma pessoa não-maximizadora. Ou seja, essa visão da vida tende a fazer com que a pessoa considere suas experiências de pico e transcendentes uma espécie de insanidade, uma perda total do controle, uma sensação de ser dominada por emoções irracionais etc. A pessoa que tem medo de enlouquecer e que, portanto, se agarra desesperadamente à estabilidade, ao controle, à realidade etc. parece ficar com MEDO DAS EXPERIÊNCIAS DE PICO e tende a rechaçá-las. Quanto à pessoa obsessivo-compulsiva, que organiza a sua vida ao redor da negação e do controle da emoção, o medo de ser dominado por uma emoção (que é interpretado como uma perda do controle) é suficiente para levá-la a mobilizar todas as suas atividades repressivas e defensivas CONTRA A EXPERIÊNCIA DE PICO. Tenho um exemplo de um marxista muito convicto que negou — isto é, desviou-se de — uma experiência de pico legítima, classificando-a, por fim, como algo de certo modo peculiar porém sem importância que lhe tinha acontecido mas que convinha esquecer, pois essa experiência era incompatível com o conjunto da sua filosofia materialista e mecanicista da vida. Deparei-me com alguns desses tipos que eram ultracientíficos, isto é, que adotavam a concepção da ciência do século XIX, considerando-a uma atividade antiemocional, inteiramente pautada pela lógica e pela racionalidade, e que consideravam tudo aquilo que não fosse lógico e racional como algo que não merecia um lugar respeitável na vida. (...) Finalmente, devo acrescentar que, em alguns casos, não consegui encontrar uma explicação para a não-maximização.
Abraham Maslow