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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O porque do processo, do ritmo e da necessidade de solidão

Não se pode pensar que o rigoroso segredo que envolveu um dia o aprendizado dessa matéria era inteiramente intencional. Quatro fatores respondem o fato. O primeiro é a clara percepção de que a verdade da religião sendo popularizada, todo o estofo da moralidade pública resultaria seriamente comprometido. A veiculação indiscriminada de um ensinamento descrevendo Deus tal qual Ele é na realidade e repudiando a Sua imagem presumível, e demonstrando que todos os ritos, sacrifícios e sacerdócio não passam de recursos meramente provisórios, em pouco tempo elidiria a influência da religião institucionalizada junto àqueles que dela têm necessidade; e concomitantemente desapareceriam as consequentes restrições de caráter ético e as disciplinas morais. As confusas massas de pessoas sem instrução (base emocional) voltar-se-iam então contra os seus ídolos aceitos, sem contudo dar-se conta das inegáveis vantagens que em troca propiciaria a filosofia mais elevada, pois esta última viria a ser rejeitada por demasiado diante dessas mesmas massas. estas ficariam mergulhadas num vácuo mental, ou, pelo mínimo, numa desnorteante incompreensão, com o resultado de que a sociedade seria atirada ao caos e a vida social possivelmente reverteria à impiedosa lei da selva. Seria danoso perturbar a mente das massas ainda adolescentes do ponto de vista mental (sem base), suprimindo-lhe a fé na religião tradicional quando nada que estivesse a seu alcance se lhe poderia dar em troca. Daí terem os sábios tratado de conservar para si os seus conhecimentos e só instruído aqueles poucos que estavam em condições de iniciar-se por haverem perdido o gosto pela religião ortodoxa e sentido a necessidade de alguma coisa mais racional. Ao demais das pessoas mentalmente amadurecidas, a iniciação era também propiciada aos reis, estadistas, generais, altos sacerdotes brâmanes e outros investidos nas responsabilidades de orientar as vidas das pessoas. Por essa forma, proporcionava-se-lhes melhores condições para um desempenho mais sensato e eficaz das suas tarefas. 


O segundo fator repousa na natureza aristocrática desta filosofia. Ela não se presta igualmente a leões e ovelhas. Não pode ser levada até as grutas e cabanas dos iletrados na esperança de encontrar ali boa acolhida. É tão impenetrável do ponto de vista mental e tão avançada no ponto de vista ético que paira muito além do alcance popular. Se pudesse encontrar uma aceitação fácil, tal aceitação se teria consumado tão logo foi pela primeira vez anunciada. Por ser impossível de inculcar a não ser a poucos privilegiados seu destino certo é o OSTRACISMO. Seus princípios só podem ser compreendidos por pessoas de bom desenvolvimento intelectual e nobre caráter; são princípios por demasiado sutis para as mentes imaturas, para as pessoas obtusas e estúpidas, bem como para as mesquinhas e egoístas. As populações primitivas eram compostas principalmente de camponeses que da aurora ao crepúsculo labutavam arduamente nos campos ou por pastores que se entregam a acompanhar mecanicamente seus rebanhos. Ambas as classes não poderiam desenvolver com facilidade inteligências aptas e dispostas a ponderar longo tempo nos tópicos mais abstratos que pareciam deveras distantes do campo e do lar, mas se inclinariam de preferência a dar crédito a estórias singelas. Por esta razão contentavam-se em acreditar tão-somente naquilo em que seus pais acreditavam. As massas, eram, via de regra, iletradas e viviam num mundo que as obrigava a manterem-se deveras ativas para garantir a subsistência e dentro do qual o polvo gigantesco atividade pessoal e da responsabilidade familiar as mantinha firmemente presas entre os seus tentáculos; tão firmemente que não lhes sobrava ânimo nem tempo para explorar o significado mais sutil da sua própria existência e menos ainda o conhecimento derradeiro da mais ampla e remota existência universal. Trabalhar, sofrer, perpetuar a espécie e morrer; eis o resumo do seu acanhado horizonte. Pouco se lhes dava a razão mais elevada da sua presença neste mundo. Como se poderia então desejar que compreendessem princípios e apreciassem devidamente valores que se encontram tão distantes da sua órbita quanto o estão as conferências de nível pré-universitário dos alunos do curso primário? É preciso que a imatura mente popular tenha tempo para desenvolver-se (processo) e, naquelas épocas primitivas, não se poderia esperar que ela tivesse condições para opinar sobre assuntos que amiúde superam a capacidade dos mais sagazes.

Ademais, a frase do Novo Testamento: "Muitos serão chamados mas poucos serão escolhidos" — encontra o seu equivalente hindu no dito: "Entre as multidões um homem, vez por outra, luta por compreender a verdade — estampado no Bhagavad Gita. Não há aqui nenhum exclusivismo arbitrário, apenas um reconhecimento das limitações humanas, pois esta última obra diz ainda: "Eu não me revelo a toda a gente, a maioria das pessoas tendo a sua visão toldada pela ilusão". 

O terceiro fator do segredo (da mensagem) é que os poucos sábios que dominavam essa doutrina viviam, quase sempre, em eremitérios ou em obscuros retiros monteses. Essa forma de viver à distância das multidões não era escolhida  por atender às suas necessidades pessoais, pois aqueles sábios possuíam uma fortaleza de caráter que lhes permitiria permanecer incólumes em meio às atividades das cidades mais populosas, como no caso de Shankara, ou manter-se alheios ao áureo esplendor das cortes, como no caso de Janaka. Tal reclusão era escolhida com vistas aos interesses daqueles que dela necessitavam, vale dizer, os poucos discípulos já maduros para a iniciação filosófica. A concentração constante e a reflexão profunda exigidas pela deusa da sabedoria oculta aos seus adeptos encontrava um mínimo de antagonismo e de interrupção em seus derradeiros postos avançados no seio das florestas bravias ou na imensa grandiosidade das montanhas solitárias. A tal ponto se reconhecia essa tendência a recorrer a locais desérticos com o fito de estudar que os antigos textos usados pelos mestres em suas preleções chamavam-se (e ainda se chamam) Doutrinas da Floresta. Seria, porém, um grave erro confundir esse exílio voluntário de uns poucos visando a equipar-se melhor, através de laboriosos estudos, para primeiro compreender e depois ajudar a humanidade, com o asceticismo barato que prevalece hoje em dia os avantajados e apinhados arremedos daqueles pequeninos eremitérios de outrora. A letargia estéril e a especulação supersticiosa ocupam hoje o lugar do esforço mental e do estudo disciplinado. Os antigos estudantes do terceiro grau eram homens que compreendiam estar há muito empenhados numa atividade incessante, sem perceber as razões determinantes dessa mesma atividade; que se davam conta de viverem presos como marionetes a cordéis e serem obrigados a dançar ao som de uma música alheia. Eles haviam chegado ao ponto de entender o significado das coisas, o motivo da sua presença na Terra, e os rumos para onde eram impelidos pela roda da vida. Sentiam que era preciso reservar um lugar na sua programação para o estudo da filosofia.Uma vida totalmente vazia de pensamentos mais profundos era considerada como indigna do homem, pois aproximava-o do animal. Em resumo, o que se queria era conhecer a Verdade. Daí o fugir ao mundo da atividade, em função não de uma frustração emocional mas de uma séria empreitada espiritual. Esse prolongado afastamento da sociedade, embora destinado a ser apenas um meio provisório e não um fim permanente, de forma gradual (porém inapelável) foi retirando o conhecimento adquirida da tradição cultural normal da sociedade até que a palavra sânscrita significando Doutrina da Floresta terminou por traduzir-se também por Doutrina Oculta. Não que os sábios se mantivessem sempre escondidos, mas quando se aventuravam a apresentar-se perante o público ensinavam às pessoas apenas aquilo que consideravam mais adequado, isto é, a religião pura na maior parte dos casos e o misticismo puro em alguns casos. 

O quarto fator já foi mencionado. Trata-se do perigo de os textos tradicionais serem mal interpretados e incompreendidos, de maneira que a falsidade comece gradualmente a passar por verdade e venha mesmo no futuro a ser rotulada como tal. Aqueles que do ponto de vista ético e mental estivessem despreparados iriam atribuir aos textos o seu real significado, imaginariam interpretações condizentes com os seus gostos pessoais e temperamentos. E este perigo é assaz verdadeiro, pois os textos são altamente condensados e requerem laboriosas explicações.

[...] A principal proibição à revelação da filosofia oculta em outras épocas era atribuída ao perigo que essa filosofia representava para a autoridade da religião ortodoxa, e, consequentemente, para a moralidade. Desde aqueles dias tantos fatores vêm solapando tal autoridade que ela mal tem conseguido desincumbir-se do seu papel de guardiã da moralidade. Hoje as condições já não são as mesmas daqueles dias em que Sócrates podia ser condenado à morte porque sua fé religiosa havia enfraquecido. As mentes das pessoas encontram-se atualmente em estado de perturbação e as suas convicções religiosas estão abaladas. De tal forma está alterada a posição hoje em dia que chega a ser um tanto paradoxal, pois a filosofia oculta, ao invés de destruir o que resta da religião, poderá salvá-la através de sua exegese simbólica e da sua justificativa perante os espíritos cultos do lugar e dos objetivos da religião institucionalizada. Suas revelações mal poderiam hoje afetar as massas, pois estas não tomariam conhecimento delas, como não tomam de toda filosofia abstrata, ou então, caso viessem a fazê-lo, não chegariam a aperceber-se das sutilezas.

Paul Brunton em, A sabedoria oculta além da ioga  
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill