Infinito é o processo de ilusões através do qual o ser humano mantém seu ego vivo. Ele se desenvolve nele de forma sutil na natureza e refinada na qualidade, chegando mesmo a se elevar do plano material para o espiritual. Mas sua capacidade de enganar básica permanece a mesma.
A estrutura dos interesses, apegos, tendências e emoções egocêntricas preenchem a consciência tanto do ser humano ainda na obscuridade como a dos aspirantes espirituais. Neste segundo caso, ela será ou ampliada ao incluir crenças e dogmas religiosos, experiências e sentimentos místico-religiosos, ou diminuída através de realizações ascéticas e noções fanáticas.
Quão facilmente o ego pode se mascarar através de um falso altruísmo ou se ocultar por trás de pronunciamentos elevados! Quão rapidamente pode explorar os outros para a sua própria vantagem! Quão insidiosamente poderá levar uma aspiração genuína a desvios ou, pior, a armadilhas!
Através de eventos inesperados e de experiências involuntárias somos em parte expostos, mostrando-nos o que sempre fomos mas que não sabíamos até então. Contudo, o poder e astúcia do ego é tal que ele mesmo nunca se expõe – o verdadeiro malfeitor – e nos mantém na ignorância sobre a verdadeira causa de nossos problemas. Assim, nos manterá preocupados com pensamentos espiritualmente elevados e nos fará sentir presunçosamente que estamos fazendo progresso, mas não nos permitirá perceber e eliminar o verdadeiro inimigo – ele mesmo!
Astutamente ele se ajusta a cada estágio de nosso crescimento espiritual, permanecendo assim em todas as nossas relações e atividades.
No próprio ato de louvar a Deus ou ao Espírito, o ego louvará a si mesmo – tal é a astuciosa duplicidade através da qual nos faz pensar que estamos sendo espirituais ou nos tornando mais piedosos!
Será prudente, de nossa parte, que suspeitemos da presença do ego mesmo nas maiores aspirações, reflexões e experiências espirituais.
Quando pressionado a defender a si mesmo e justificar suas posturas, o ego as racionalizará falando de nossa ‘necessidade evolutiva’ ou da nossa ‘tarefa histórica e missão superior’. Tudo isso será uma construção mental fraudulenta e não uma orientação genuinamente intuitiva. O aspirante que caia vítima de suas próprias desculpas mentais fictícias ou especulações, imaginações e álibis, cairá vítima das maquinações do ego. Desta maneira, em vez de acusá-lo por ser a verdadeira fonte de seus problemas, ele o apoiará tolamente e, em vão, encobrirá seus erros.
O ego estará ao seu lado esperando sutilmente enganá-lo para que venha a tomar decisões erradas e realize falsas interpretações, preservando assim sua vida ao obstruir seu crescimento no caminho da verdade.
É esperado que o ego proteja a si mesmo, mesmo que tenha que se envolver numa busca espiritual que, a princípio, teria o propósito de eliminá-lo.
Ele estará aqui, sempre presente e trabalhando mesmo onde supostamente deveria estar ausente. Insinuar-se-á até mesmo no seu trabalho ou aspiração espirituais, de forma que o aspirante tomará dos ensinamentos aquilo que se adequar ao seus próprios fins pessoais, e ignorará o resto, ou tomará somente aquilo que se adequar ao seu conforto pessoal, e será contrário ao resto.