De fato, para nós é mais poderoso que as palavras…
Nossos anciãos foram educados nas maneiras do silêncio, e eles nos transmitiram esse conhecimento. Observa, escuta, e logo atua, nos diziam. Essa é a maneira de viver.
Observa os animais para ver como cuidam de suas crias.
Observa aos anciãos para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que quer...
Sempre observa primeiro, com coração e mente quietos, e então aprenderás.
Quando tenhas observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês é o contrário. Vocês aprendem falando.
Premiam as crianças que falam mais na escola.
Em suas festas todos tratam de falar.
No trabalho sempre estão tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez ou cem vezes... e o chamam "resolver um problema".
Quando estão numa residência e há silêncio, tornam-se nervosos. Têm que encher o espaço com sons.
Assim, falam impulsivamente, inclusive antes de saber o que vão dizer.
O povo branco gosta de discutir. Nem sequer permitem que o outro termine a sua frase. Para os índios, isto é muito desrespeitoso e, inclusive, muito estúpido...
Sempre interrompem.
Se começas a falar, eu não vou lhe interromper. O escutarei.
Quem sabe deixe de lhe escutar se for desagradável o que estejas dizendo.
Porém, não vou lhe interromper... Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que dissestes, porém, não lhe direi nada se não estiver de acordo, a menos que seja importante... Ao contrário, simplesmente me manterei calado e me afastarei.
Me dissestes o que necessito saber...
Não há nada mais a dizer.
Porém, isso não é o suficiente para a maioria da gente branca.
A gente deveria pensar em suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e logo lhes permitir cresceeme em silêncio.
Nossos anciãos nos ensinaram que a terra sempre nos está falando, mas que devemos guardar silêncio para lhe escutar.
Existem muitas vozes além das nossas. Muitas vozes...
"Guarda tua língua na juventude", disse o velho chefe Wabashaw, “e na maturidade, quem sabe, firmes um pensamento que seja de utilidade a teu povo”.
(Ohiyesa/Dr.Charles A. Estman, Dakota santee, 1902)
Extratos do livro "Nem lobo nem cão. Por caminhamos esquecidos com um índio ancião" de Kent Nerburn.