O que ele fez foi transferir o ego, com sua ganância autocentrada, sua complacência arrogante e sua colossal ignorância sobre sua própria origem, das atividades no mundo para as atividades espirituais. O ego fará qualquer coisa possível para preservar sua existência e arquitetará todo recurso possível para assegurar seu futuro. É por isso que, raramente, o indivíduo desperta para o que está acontecendo e, assim, o destino poderá vir a esmagá-lo no chão, destruindo seu sono. Se tal situação ocorrer enquanto ele for comparativamente jovem, quando seus poderes ainda estiverem fortes, e não no fim da vida, quando eles estarão mais débeis e menos eficazes, ele em verdade será afortunado, embora, com certeza, não pensará desta forma nessa idade.
É tanto um ironia como uma tragédia na vida que utilizemos nossa cota estrita e limitada de anos de vida em propósitos que, posteriormente, perceberemos que foram inúteis e em desejos que nos trazem sofrimentos quando realizados. Um moribundo, que vê o filme de sua vida passada lhe ser revisionada através de flashes diante de seus olhos, descobrirá essa ironia e sentirá essa tragédia.
Quando vier a descobrir que vinha seguindo sua própria vontade mesmo quando acreditava que estava seguindo a vontade do eu mais elevado, é que realizará a extensão do poder do ego, o prolongado tempo que será necessário para subjugá-lo e o que terá de sofrer antes que isso seja alcançado.
Um dia o aspirante se sentirá completamente cansado do ego; verá então quão astuta e insidiosamente ele se imiscuiu em todas as suas atividades; como, mesmo nas atividades supostamente espirituais ou altruístas, esteve apenas trabalhando para o ego. Nessa aversão pelo seu eu terreno, o aspirante irá orar para libertar-se. Verá como esse ego o enganou no passado, como todos os seus anos foram monopolizados pelos desejos dele, como sustentou, alimentou e cuidou dele, mesmo quando pensava estar espiritualizando a si próprio ou servindo a outros. Orará então fervorosamente para ser libertado do ego, procurará avidamente desidentificar-se e desejará ardentemente ser tragado no nada de Deus.
O impulso que compele o ser humano a buscar a verdade ou a encontrar a Deus vem de algo que é mais elevado do que seu ego.
O pecado do orgulho espiritual é o do indivíduo se sentir orgulhoso por ser um aspirante espiritual. Ele não percebe que quase sempre é ele que está no centro de sua busca, enquanto que seria SUA relação com Deus que importaria. Ele está sempre apegado ao ego!
Será necessária uma real humildade para que ele reconheça que está errado. Tal sentimento o beneficiará de duas formas: corrigirá sua tendência errada e diluirá a inflação do ego.
Quando puder perdoar a Deus por toda a angústia de suas calamidades passadas e aos outros homens e mulheres pelos erros cometidos, ele chegará à paz interna. Pois é justo isso que seu ego não pode fazer.
Lao Tzu louvava a modéstia no comportamento social e o mínimo de conversa entre os outros. Tais sugestões tinham a intenção de pôr o ego no seu lugar e torná-lo humilde.