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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Posso livrar-me da rede de linguagem?

Brockwood Park 1978 - Conversa 1

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Vídeo: O Amor é parte da Consciência?

Jiddu Krishnamurti - - Ojai, 1984 - 4º Palestra


O Amor é parte da Consciência?
- O que é estar livre? O que é liberdade que não é de 'alguma' coisa, não é uma reação?
- A liberdade é possível quando o pensamento está operando o tempo todo?
- O que é o relacionamento entre desejo e pensamento? O pensamento é motivado pelo desejo?
- O que é beleza? Quando você percebe o senso de imensidão e a verdade da beleza?
- Você pode olhar algo com todos os seus sentidos, totalmente vívido, alerta?
- Quando há total atenção, existe um ego?
- O amor está na esfera ou no campo do pensamento? Para entender a profundidade, a grandeza, a chama do amor, podem o ciúme, a ambição, a agressão e a violência acabarem, não amanhã, mas agora?

O demônio


extrato do diálogo entre Jiddu krishnamurti e Dr. Anderson, em San Diego, Califórnia, 26/02/1974

Tocando o Intocável


Extrato de uma de várias reuniões realizadas com um pequeno grupo em Malibu,
Califórnia em 29/03/1970.

Observação Holística

1ª palestra em Ojai, Califórnia em 01/05/1982

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A observação de nós mesmos


J.Krishnamurti - A Verdadeira Revolução - A observação de nós mesmos - 2°

1º vez em que J.K. permite que seus diálogos sejam filmados.
Série de 8 diálogos de meia hora, este é o segundo. Ojai, Califórnia, 1966.

"Estamos fazendo juntos uma jornada à toda estrutura psicológica do homem. Porque, no entendimento de tal estrutura e do seu significado, podemos, talvez, provocar uma mudança na sociedade. E a sociedade, Deus sabe, precisa de uma mudança total. Uma revolução total."

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sobre a Liberdade do medo e da dependência psicológica



Quando somos muito novos, criancinhas, dependemos da mamãe para ganharmos nosso leite. Precisamos de proteção, vigilância, carinhos. À mesma lei então sujeitas as aves e todos os animais. É uma coisa natural. Mas, se, depois de crescermos, continuamos dependendo de alguém para nossa felicidade, (…) conforto, orientação, segurança, então, como resultado dessa dependência, surge o temor. (…) A dependência faz-nos embotados, insensíveis, medrosos. (…) A dependência a que me refiro é a dependência psicológica, a busca psicológica de proteção. (1)

Quando vocês dizem que amam alguém, não dependem interiormente dessa pessoa? Enquanto forem crianças, naturalmente dependerão de seus pais, de sua professora, de seus guardiães. Eles precisam cuidar de vocês, alimentá-los, vesti-los e abrigá-los. Vocês precisam ter a sensação de segurança, (…) de que alguém está cuidando de vocês. (2)

Mas o que acontece geralmente? À medida que vocês crescem, essa sensação de dependência continua a existir (…). Não observaram já em pessoas mais velhas, em seus pais e professores? Notaram como eles ainda dependem emocionalmente de suas esposas ou maridos, de seus filhos ou de seus próprios pais? (3)

Quando cresce, a maioria das pessoas ainda continua apegada a alguém (…) a ser dependente. Se não tiverem alguém em quem se apoiarem, que lhes dê a sensação de conforto e segurança, as pessoas se sentem sós (…). Elas se sentem perdidas. Essa dependência que temos em relação aos outros é chamada de amor; mas se vocês observarem isso de perto, verão que dependência é medo, e não amor. (4)

A maioria de nós tem medo de ficar só, (…) de pensar por si mesmo, medo de sentir profundamente, de explorar e descobrir todo o significado da vida. Por isso essas pessoas dizem que amam a Deus, e elas dependem daquilo a que chamam Deus; mas não é Deus, não é o desconhecido, é algo criado pela mente. (5)

Fazemos o mesmo com um ideal ou uma crença. Creio em alguma coisa, ou entrego-me a um ideal, e isso me dá grande conforto; mas removam o ideal, (…) a crença, e eu estarei perdido. Ocorre o mesmo com um guru. (…) É também isso o que ocorre quando vocês dependem dos pais ou dos professores. É natural, e é certo, que isso ocorra quando vocês são jovens; mas, se continuarem dependentes depois de maduros, isso os tornará incapazes de pensar, de ser livres. Onde há dependência, há medo, e, onde há medo, há autoridade, não amor. (6)

Há dependências físicas de que podemos tornar-nos cônscios (…), como a dependência do fumo, das drogas, da bebida e outros estimulantes físicos de que dependemos psicologicamente. Em seguida, as diversas formas de dependência psicológica. Estas têm de ser observadas mui atentamente, já que se interpenetram, estão mutuamente relacionadas; (…) dependência de uma pessoa, de uma crença, de uma relação, de um hábito psicológico de pensamento. (7)

Ora, para a maioria de nós, as relações com outrem estão baseadas na dependência econômica ou psicológica. Essa dependência cria temor, gera (…) possessividade, dá lugar a atritos, suspeitas, frustrações. (8)

A dependência econômica de outrem pode talvez ser eliminada pela legislação e organização adequada, mas me refiro especialmente àquela dependência psicológica de outrem que é a manifestação da ânsia pela satisfação pessoal, pela felicidade, etc. (9)

Não sei se já notastes que quase todos nós desejamos certa espécie de segurança, (…) de alguém em quem possamos amparar-nos. Como a criança que se agarra à mão da mãe, precisamos de alguma coisa a que nos agarrarmos, (…) precisamos de quem nos ame. (10)

Porque nos acostumamos a arrimar-nos a outros, a depender de outros para nos guiarem e ajudarem, quando nos vemos entregues a nós mesmos ficamos confusos, cheios de medo, sem saber que fazer, que pensar, como agir. Sentimo-nos inteiramente perdidos, inseguros, incertos. E daí surge o temor (11)

(…) Mas, posso em algum tempo estar em segurança, (…) protegido, por maiores que sejam as defesas que tenho, exterior e interiormente? Que segurança haverá, se meu banco falir amanhã, se meu pai ou minha mãe morrer amanhã (…)? E, interiormente, existe alguma segurança nas minhas idéias? (12)

(…) Sempre que dependemos, temos medo; e onde há temor, não há amor. Onde existe amor, não estais sós. Só existe o sentimento de solidão quando sentimos medo, quando não sabemos que fazer. (…) e, quando existe temor, estais completamente cegos. (13)

Ao vos observardes interiormente, não descobris dois princípios ativos: o medo e o prazer? Não vedes que o prazer assume diferentes formas - ora é busca de Deus, ora desejo de ser pessoa importante (…)? Como dissemos, medo e prazer constituem nossos principais movimentos (…); e porque, inconscientemente, tendes medo, vos tornais apegado, dependente de alguma pessoa - vossa mulher, vosso marido ou vosso guru. (14)

Eis, pois, o que a dependência implica. Ora, temos a possibilidade de libertar-nos dessa dependência? Porque, em geral, gostamos de ser possuídos. (…) Gostamos de pertencer a alguém, (…) a um grupo (…) padrão de ação, para termos o sentimento de estar vivendo virtuosamente. Desse modo, observando bem a dependência, podeis ver, por vós mesmos, que na base dela está o medo. (15)

Um dos nossos numerosos problemas parece ser o da dependência - esta nossa dependência de pessoas, para nossa felicidade, dependência de capacidade (…). E a questão é: Pode a mente, em algum tempo, estar totalmente livre de toda dependência? (16)

Naturalmente, não estamos falando da dependência superficial; mas, no nível mais profundo, encontra-se aquela dependência psicológica, de certa segurança, de certo método que garanta à mente um estado de permanência; (17)

Por que é que dependemos? Psicologicamente, interiormente, dependemos de uma crença, um sistema, uma filosofia; pedimos a outrem uma norma de conduta; procuramos instrutores, em busca de uma maneira de vida (…). Tem a mente possibilidade de libertar-se dessa idéia de dependência? Com isso não quero dizer que a mente deva conquistar a independência - o que só seria uma reação à dependência. (18)

(…) Talvez, se pudermos examinar este problema de maneira verdadeiramente inteligente, com plena atenção, talvez então possamos descobrir que não é, em absoluto, a dependência que constitui o problema, que ela é apenas um modo de fugirmos a um fato mais profundo. (19)

Como dizia, por que dependemos e fazemos da dependência um problema? (…) Qual é, pois, esse fator mais profundo? É a mente detestar e temer a idéia de estar só? E será que a mente conhece esse estado que está evitando? (20)

Mas, se sou capaz de perceber o fator que é o meu depender de uma pessoa, de Deus, da oração, de certa capacidade, (…) fórmula ou conclusão que chamo “crença” - talvez então eu possa descobrir que tal dependência resulta de uma exigência interior a que nunca prestei atenção, nem levei em conta. (21)

Considero, com efeito, essa questão sumamente importante. Porque, enquanto aquela solidão não for realmente compreendida, sentida, penetrada, dissolvida (…), enquanto persistir este sentimento de solidão, será inevitável a dependência, nunca seremos livres, nunca poderemos descobrir por nós mesmos o que é verdadeiro, o que é religião. (22)

Enquanto estou dependendo, tem de haver alguma autoridade, tem de haver imitação, (…) compulsão, sob diferentes formas, (…) disciplinamento segundo dado padrão. Pode, pois, a mente descobrir o que é “estar na solidão”, e passar além - de modo que seja posta em liberdade e não dependa mais das crenças, dos deuses, dos sistemas, das orações, nem de coisa alguma? (23)

Enquanto há apego, dependência, tem de haver “exclusão” (separação). Depender de nacionalidade, (…) grupo, (…) raça, (…) pessoa ou crença é evidentemente um fator de separação. Assim, é provável que a mente esteja sempre, como entidade separada, a buscar isolamento e a evitar um fator mais profundo, que realmente é separativo: o processo egocêntrico de seu próprio pensar, que gera solidão. (24)

A dependência não é a negação da liberdade? Tirem-se-lhe a casa, o marido, os filhos, as posses - que é um ente humano, se tudo isso lhe é retirado? Em si próprio, ele é insuficiente, vazio, sem rumo. Assim, por causa desse vazio, de que tem medo, ele depende (…). Assim, estais vendo que temos agora três questões: a sensibilidade, a dependência e o medo? Três coisas relacionadas entre si. (25)

(…) Se o indivíduo é suficientemente sensível, torna-se cônscio de sua medonha vacuidade - desse abismo sem fundo, que não se pode encher com o vulgar entretenimento das drogas, (…) das diversões sociais; (…). Sabendo disso, cresce o medo. (…) A questão, pois, agora, é de ultrapassarmos esse vazio, essa solidão, não de aprendermos a depender de nós mesmos, ou de disfarçarmos permanentemente o nosso vazio. (26)

Pergunta: Como é possível libertarmo-nos da dependência psicológica de outros?

Krishnamurti: Por que dependemos psicologicamente de uma coisa? Evidentemente porque, interiormente, somos insuficientes, pobres, vazios, (…) nos vemos tão sós! E é essa solidão, esse vazio, essa extrema pobreza, esse enclausuramento em nosso “eu”, que nos faz depender de uma pessoa, de nosso saber, de nossa propriedade, de opiniões. (27)

Ora, pode a mente tornar-se perfeitamente cônscia do fato de sua solidão, sua insuficiência, seu vazio? É muito difícil perceber esse fato (…) porque estamos sempre procurando fugir-lhe; (…) escutando o rádio e entretendo-nos de outras maneiras, (…) pelo depender de pessoas e de idéias. (28)

Para conhecermos nosso próprio vazio, temos de olhá-lo diretamente; mas não podemos fazê-lo se nossa mente estiver sempre buscando distração (…). E essa distração assume a forma de apego a uma pessoa, à idéia de Deus, (…) dogma ou crença, etc. (29)

Assim, ao compreender a futilidade, a total inutilidade de tentar preencher o vazio com a dependência, o saber, a crença, estará a mente capacitada a encará-lo sem temor. E pode a mente continuar a encarar esse vazio, abstendo-se de avaliação? (30)

Quando a mente se acha perfeitamente cônscia de que está a fugir de si mesma; quando compreende a futilidade dessa fuga e percebe que o próprio processo de fuga gera medo - (…) ela poderá encarar o que é. (31)

Mas, para descobrirmos isso por nós mesmos, temos de compreender o “processo” da fuga. Na própria compreensão da fuga, a fuga se detém e a mente se torna capaz de observar-se. Ao observar-se, não deve haver avaliação, nem julgamento. O fato, em si, se torna então importante (…); a mente, por conseguinte, já não está vazia. (32)

Podemos, pois, encarar, sem nenhuma avaliação, o fato de nosso vazio psicológico, nessa solidão, causador de tantos outros problemas? (…) Então, aquilo que temíamos, por ser solidão, vazio, já não é vazio. Já não há, então, dependência psicológica de coisa alguma; então, o amor já não é apego, porém coisa totalmente diferente, e as relações têm outra significação. (33)

Naturalmente, a grande maioria das pessoas vivem a fugir de si mesmas. Mas, pelo fugirdes de vós mesmos, vos tornastes dependentes. A dependência se torna mais forte e as fugas mais essenciais, em proporção com o medo do que é. A esposa, o livro, o rádio, adquirem extraordinária importância; (…). Porque me sirvo de minha mulher como meio de fugir de mim mesmo, estou apegado a ela. Tenho de possuí-la (…); e ela gosta de ser possuída, porque também se está servindo de mim. É uma necessidade comum de fuga. (34)

Isso está bastante claro. (…) Mas por que foge uma pessoa? De que foge? De sua própria solidão, seu próprio vazio, daquilo que é. Se fugirdes do que é, sem o verdes, é bem evidente que não o compreendereis; portanto, em primeiro lugar, deveis parar, deixar de fugir, pois, só então, podereis observar a vós mesmos, tal como sois. Mas não podeis observar o que é, se estais sempre a criticá-lo (…). Vós o chamais solidão e fugis dele; e a própria fuga ao que é, é medo. Tendes medo dessa solidão, desse vazio, e a dependência é o manto com que o cobris. (35)

Nada podeis fazer a esse respeito. Tudo o que fizerdes será sempre uma atividade de fuga. (…) Podereis ver, então, que não sois diferentes nem estais separados daquela vacuidade. Sois aquela insuficiência. O observador é o vazio observado. Depois, se fordes mais longe, não lhe dareis mais o nome de solidão; cessou a verbalização; e, se fordes mais além, (…) a coisa conhecida como solidão não existirá mais; ocorrerá o completo desaparecimento da solidão, do vazio, do pensador, do pensamento. Só isso põe fim ao temor. (36)

Desejo examinar convosco o problema da liberdade. (…) Muito se fala da liberdade - liberdade religiosa e liberdade de o indivíduo fazer o que deseja. (…) Mas eu penso que podemos considerá-la de maneira muito simples e direta, e chegar, talvez, à solução verdadeira. (37)

E, para poderdes observar, (…) deve a vossa mente estar livre de preocupações (…). Não deve estar ocupada com problemas, com tribulações, com especulações. É só com a mente muito tranqüila que se pode observar realmente, porque, então, a mente é sensível à beleza extraordinária. E talvez tenhamos aqui a chave de nosso problema da liberdade. (38)

Pois bem, que significa ser livre? Consiste a liberdade em poderdes fazer o que acaso vos convém, em irdes aonde vos aprouver, em pensar o que quiserdes? (…) A mera consciência de se ter independência, significa liberdade? Muita gente neste mundo é independente, mas pouquíssimos são livres. Liberdade implica grande soma de inteligência, não? (39)

Pode-se ver que exteriormente não somos livres. Em nossos empregos, (…) religiões, (…) pátrias, (…) relações, (…) idéias, crenças e atividades políticas, não somos livres. Interiormente, também, não somos livres, porque não conhecemos nossos “motivos” (…) impulsos, compulsões, exigências inconscientes. Assim, não há liberdade, nem interior nem exteriormente (…). Mas, em primeiro lugar, cumpre-nos perceber esse fato, pois em geral recusamo-nos a percebê-lo; sofismamos a respeito dele, encobrimo-lo com palavras, com idéias, etc. O fato é que, tanto na esfera psicológica, como na exterior, desejamos segurança. (40)

Mas, se estais interessado na libertação total (…) de todas as dependências psicológicas; se isso vos interessa realmente, não pedireis então nenhum método, nenhuma “maneira”. Fazeis, nesse caso, uma pergunta muito diferente (…). Perguntais, então, se podeis ter a capacidade de vos libertardes da dependência. (41)

Quando sei que posso ter aquela capacidade, então o problema deixa de existir. (…) Entretanto, porque não tenho a capacidade, quero ser ensinado. E crio, assim, (…) uma pessoa que irá libertar-me, salvar-me. E dessa pessoa fico dependente. (42)

O simples desejo não resulta em liberdade. (…) Todos desejam ser livres e, por conseguinte, querem exprimir-se - falar de sua raiva, sua brutalidade, ambição, espírito de competição, e assim por diante (…). Liberdade não é fazer o que a pessoa quer, porque o homem não pode viver isolado. Até o monge, o sannyasi, não se sente livre para fazer o que bem entender; é obrigado a lutar pelo que deseja, a manter luta íntima, a questionar-se dentro de si mesmo. A liberdade interior requer imensa inteligência, sensibilidade, capacidade de compreensão. (43)

(…) Ou a liberdade é algo inteiramente diferente da reação, algo de autônomo, livre de motivo, independente de qualquer inclinação, tendência e circunstância? (…) Ou a liberdade é um estado de espírito tão intensamente ativo e vigoroso, que lança para longe toda e qualquer forma de dependência, de servidão, de conformismo e aceitação? (…) Tal liberdade implica solidão completa (…). Liberdade dessa espécie significa, de certo, “estar só”. (44)

(…) Mas a liberdade não existe nem pode existir cercada de limitações. (…) Por exemplo: dizeis que vossos pais ou mestres sabem o que é certo e o que é errado; pelo menos pensais que eles sabem. (…) Sabeis (…) o que a religião disse, o que disse o sacerdote, (…) o que aprendestes na escola, o que diz a tradição. E viveis dentro desses limites, dessa clausura. (…) Pode ser livre um homem que vive numa prisão? (45)

Visto isso, pois, o que devemos fazer é arrasar as muralhas que nos cercam e descobrir por nós mesmos o que é real, o que é verdadeiro, benéfico. Cumpre-nos experimentar, investigar, e não apenas seguir alguém; (46)

Não há liberdade intelectual; e liberdade significa energia, vitalidade, “intensidade”; a liberdade vos proporciona extraordinária energia. Mas, essa liberdade vós a rejeitais totalmente, aceitando a autoridade (…) do professor, (…) de vossos guias espirituais; e essas pessoas não são espirituais, pois se arvoram em guias dos outros. Não sois livres, intelectualmente; e, moralmente, sois sentimentais, devotados a certa divindade ou pessoa. Isso não produz energia, mas, sim, medo. Só há energia quando perdeis completamente de vista o vosso “eu”, quando há total ausência do “eu”. (47)

O homem livre, (…) que nada teme, que tem uma mente lúcida, cujo coração é vigoroso, forte, enérgico - nunca necessita de ajuda. E nós, vós e eu, temos de manter-nos de pé, completamente sós, sem ajuda de ninguém. (48)

Só quando se exige liberdade completa e se mantém essa liberdade, pode-se encontrar, pelas corretas vias de acesso, a realidade (…) que libertará o homem. Mas, uma das coisas mais difíceis é percebermos que precisamos estar completamente sós, inteiramente entregues a nós mesmos. (49)

Só existe amor quando não há nenhuma forma de utilização e dependência. As exigências psicológicas, com sua inconstância e eterna busca, que levam à substituição de uma dependência por outra, de uma crença por outra, de um compromisso por outro, é a própria essência do “eu”. Adotar uma idéia, um método, ou um dogma, ou pertencer a alguma seita, é a origem e a essência do eu. (…) Ao libertar-se das exigências psicológicas, atinge o homem a maturidade. Dessa liberdade nasce uma paixão livre de motivo ou busca de recompensa. (50)

A dependência psicológica das coisas se manifesta por meio de miséria e conflito sociais. Por sermos pobres interna, espiritual e psicologicamente, pensamos que podemos enriquecer-nos por meio de posses (…). Sem resolver fundamentalmente a pobreza psicológica do ser, a mera legislação social ou o ascetismo não podem solucionar o problema da ganância, da ansiedade. (51)

Krishnamurti, em:
(1) Debates sobre Educação, pág. 165
(2) O Verdadeiro Objetivo da Vida, pág. 71
(3) O Verdadeiro Objetivo da Vida, pág. 72
(4) O Verdadeiro Objetivo da Vida, pág. 72
(5) O Verdadeiro Objetivo da Vida, pág. 72
(6) O Verdadeiro Objetivo da Vida, pág. 72
(7) A Questão do Impossível, pág. 115
(8) Palestras em Ojai e Sarobia, 1940, pág. 52
(9) Palestras em Ojai e Sarobia, 1940, pág. 52
(10) Novos Roteiros em Educação, pág. 50-51
(11) Novos Roteiros em Educação, pág. 51
(12) Novos Roteiros em Educação, pág. 53
(13) Novos Roteiros em Educação, pág. 55
(14) O Novo Ente Humano, pág. 156
(15) O Novo Ente Humano, pág. 156-157
(16) Transformação Fundamental, pág. 69
(17) Transformação Fundamental, pág. 69
(18) Transformação Fundamental, pág. 69
(19) Transformação Fundamental, pág. 70
(20) Transformação Fundamental, pág. 71
(21) Transformação Fundamental, pág. 71
(22) Transformação Fundamental, pág. 71-72
(23) Transformação Fundamental, pág. 72
(24) Transformação Fundamental, pág. 73
(25) A Luz que não se Apaga, pág. 23-24
(26) A Luz que não se Apaga, pág. 24-25
(27) Verdade Libertadora, pág. 123
(28) Verdade Libertadora, pág. 123
(29) Verdade Libertadora, pág. 123-124
(30) Verdade Libertadora, pág. 124
(31) Verdade Libertadora, pág. 124
(32) Verdade Libertadora, pág. 125
(33) Verdade Libertadora, pág. 125
(34) Comentários sobre o Viver, 1ª ed. pág. 198
(35) Comentários sobre o Viver, 1ª ed. pág. 198
(36) Comentários sobre o Viver, 1ª ed. pág. 198-199
(37) A Cultura e o Problema Humano, pág. 16
(38) A Cultura e o Problema Humano, pág. 16
(39) A Cultura e o Problema Humano, pág. 16
(40) O Passo Decisivo, pág. 203
(41) Poder e Realização, pág. 62-63
(42) Poder e Realização, pág. 63-64
(43) Ensinar e Aprender, pág. 27
(44) Como Viver neste Mundo, pág. 57
(45) Novos Roteiros em Educação, pág. 31-32
(46) Novos Roteiros em Educação, pág. 32
(47) O novo Ente Humano, pág. 128
(48) O Despertar da Sensibilidade, pág. 176
(49) O Despertar da Sensibilidade, pág. 176
(50) Diário de Krishnamurti, pág. 66
(51) Palestras em Ojai e Sarobia, 1940, pág. 25

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Krishnamurti em Palestra Pública nas Nações Unidas.

Por favor aguarde o carregamento do áudio
Palestra Pública, Nações Unidas.
Nova Iorque, 17 de abril de 1984
Full Version

Se todo tempo é agora, o que é ação?

POR FAVOR AGUARDE O CARREGAMENTO DO ÁUDIO
Se todo tempo é agora, o que é ação?
1ª Palestra Pública, Saanen, 8 de julho de 1984

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Por que vivemos com problemas não resolvidos


Por que vivemos com problemas não resolvidos
5ª palestra em Saanen - 17 de julho de 1984
  • Por que vivemos com problemas não resolvidos?
  • Por que temos estes problemas?
  • Por que vivemos com tantas questões?
  • Estaria nosso cérebro condicionado aos problemas?
  • Pode a consciência, a psique estar livre?
  • Podemos aprender juntos a arte de escutar?
  • O que é a consciência?
  • Pode a consciência estar completamente vazia?
  • Existe um fim para o sofrimento?
  • O que é amor?
  • O que é meditação?
  • Qual o significado da morte?

sábado, 11 de agosto de 2012

Vídeo: Vivendo sem conflito

Entrevista dada a Bernard Levin em Brockwood Park, em 20/06/1981

domingo, 5 de agosto de 2012

Diálogo realizado em Ojai, Califórnia - 27/03/1983

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Natureza da Mente - Sofrimento Psicológico - 2


Série: A Natureza da Mente
Diálogo 2: Sofrimento Psicológico
Ocorreu em Ojai, Califórnia, EUA. - Abril de 1982

Participantes do Diálogo:
- David Bohm (Fisíco Teórico)
- John Hidley (Pscicólogo) - Trabalha junto as escolas ligadas à Krishnamurti.
- Rupert Sheldrake (Biólogo) - Lançou um livro sobre: 'O aprendizado de um membro da espécie afeta a espécie como um todo'.

terça-feira, 31 de julho de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

krishnamurti - Uma questão fundamental

quarta-feira, 11 de julho de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

Krishnamurti - O pensamento e o processo divisor


3ª Palestra de Krishnamurti em Saanen, 12/07/1984 - 77 minutos

— Por que temos negligenciado a capacidade do cérebro?
— Por que somos psicologicamente limitados?
— Por que a segurança é necessária?
— Existe além da segurança física a segurança psicológica?
— O que é este relacionamento que causa constante conflito?
— Por que existe a divisão?
— O que é o pensamento? O que é o pensar?
— Por que o pensamento ocupa papel tão extraordinãrio em nossa vida?
— Se não existisse a memória não existiria o pensamento
— A experiência é limitada? Quem é o experimentador que experimenta?
— A interrelação entre o pensamento, o tempo, o prazer e o desejo
— O conhecimento pode ser a coisa mais destrutiva do relacionamento

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Dr. A. W. Anderson - Instrodução aos ensinamentos de Krishnamurti


J.Krishnamurti - Instrodução aos ensinamentos de J.Krishnamurti com Dr. A. W. Anderson

terça-feira, 26 de junho de 2012

krishnamurti — Que Buscamos Nós?

Seria útil percebermos o que é que estamos buscando e porque estamos buscando. O que é isso que todos desejamos alcançar? Que significa essa atividade? Que coisa é essa que tão profundamente ansiamos - pedindo, buscando, exigindo? Se pudermos perceber o que estamos buscando e por que razão estamos buscando, talvez então possamos penetrar nesta questão da busca. O homem, evidentemente, sempre buscou uma certa coisa fora de si próprio, além de sua diária rotina de tédio, desespero, ansiedade; uma certa coisa que lhe proporcione plena satisfação e dê significado à sua vida aflita, caótica, superficial. Procuramos alguma coisa fora de nós, porque vivemos uma vida superficial, muito pouco expressiva, mecânica, rotineira. Aspiramos a uma certa coisa misteriosa, de natureza diferente. Estamos perenemente a buscar, seja através dos livros, seja seguindo alguém, criando ideologias, crenças, dogmas, sempre na esperança de alcançar, realizar, ganhar alguma coisa não construída pelo pensamento, alguma coisa de profunda significação na vida. Porque, em nós mesmos, somos superficiais, vazios, insuficientes, estendemos a mão, estendemos a mente para além dos limites do nosso pensar, ou tratamos de fugir a esta vasta e profunda solidão, deste estado de isolamento. Queremos fugir de nós mesmos, porque vemos como somos pequenos e vulgares e nossa vida de mui pouca significação(l). Sabemos o que somos e, portanto, porque nos preocuparmos com isso? Porque tomarmos uma atitude dramática ou trágica perante a vida? Ela é de qualquer maneira superficial. Vejamos se não teremos possibilidade de fugir desse isolamento, dessa atividade egotista, para alguma coisa que transcenda a medida do tempo.
Se penetramos fundo em nós mesmos, vemos que é isso o que somos quase todos nós. Se somos religiosos, pertencentes a uma dada seita, ou se acalentamos uma dada idiossincrasia que nos proporciona uma experiência que sobremodo nos satisfaz, queremos dilatar essa experiência, aprofundá-la, torná-la mais real. A maioria de nós está sempre a buscar, ou porque queremos fugir de nossa diária rotina e tédio, de nossa insuficiência e vazio, de nosso isolamento; ou porque queremos mais alguma coisa, alguma coisa que não possuímos e que dará riqueza, plenitude, suficiência, à nossa vida. Se examinarmos nosso próprio comportamento, nosso próprio pensar, decerto descobriremos que todos nós desejamos alguma coisa. Quanto mais misteriosa essa coisa, quanto mais oferece de místico e de secreto, tanto mais a buscamos. Precisamos de uma certa autoridade que nos guie para aquelas esferas inexploradas, e por isso aceitamos com tanta facilidade a autoridade que seguimos cegamente ou racionalmente, dando várias explicações do porque a seguimos. Estamos constantemente a buscar, a exigir experiências sempre mais vastas e profundas, porque as experiências que conhecemos são muito pouco significativas. Sabemos que são sensuais, agradáveis, bastante vazias e superficiais e, por conseguinte, escutamos sofregamente a todo aquele que nos oferece alguma coisa fora dessa esfera. Estamos prontos a aceitar suas palavras, suas instruções, suas asserções. Sempre a seguir, sempre a dizer "sim" a tudo o que se nos oferece. Não sabemos dizer "não". 

Nesta tarde, se me permitirdes, desejo falar sobre esse impulso, existente no homem, a buscar alguma coisa fora de si próprio, e sobre como ele procura identificar-se com essa coisa por meio de variados métodos, sistemas, dogmas, crenças; como recorre a diferentes sistemas de meditação, a fim de aprender, pelo menos verbalmente, aquilo que não pode ser aprendido pelo pensamento. Consideremos juntos esta questão da busca, do porque buscamos, do porque exigimos uma grande variedade de experiências e, no final, uma experiência que nos sacie a sede, que ponha fim à nossa aflitiva e superficial existência.

Para penetrarmos realmente nesta questão, precisamos, em primeiro lugar, descobrir o que se entende por experiência e porque queremos experiências mais grandiosas. A última novidade em drogas é L.S.D., de que provavelmente já tendes ouvido falar, mas espero nenhum de vós a tenha tomado. Existe essa ânsia irrefreável de experiências extraordinárias, de alguma coisa que ilumine, alargue, aprofunde a nossa vida, e, por isso, aquela droga está a tornar-se famosa no mundo inteiro. Na índia antiga já dela se fez uso, embora com nome diferente. Ela é, por certo, o resultado dessa ânsia por uma vida mais intensa, uma sensibilidade mais apurada, na qual as coisas possam ser vistas diferentemente.

Consideremos juntos essa exigência, essa ânsia por uma certa coisa, uma certa experiência que nos enriqueça os dias, dando-lhes beleza, amor, claridade. Ora, a experiência é sempre reconhecível. Quando experimentamos um prazer, alguma coisa que cremos original, essa experiência é reconhecível. Nós a reconhecemos. Dizemos: "Foi uma experiência maravilhosa; aconteceu isto, aconteceu aquilo". Vimos tudo muito claramente. Foi uma experiência que nos proporcionou extraordinária alegria e vitalidade. Toda experiência é reconhecível. Se a reconhecemos, isso significa que se trata de coisa conhecida e, por conseguinte, não pode ser uma experiência nova.

Reconheço uma pessoa porque com ela me encontrei o ano passado ou ontem. Reconheço a imagem de ontem. A imagem da pessoa ficou gravada na memória consciente ou inconsciente, e quando me encontro com a pessoa essa memória "reage". De modo idêntico, quando tenho uma experiência, de qualquer espécie, trivial ou, como se diz, "sublime" (mas não há, absolutamente, "experiências sublimes", porque todas as experiências, das mais rasteiras às mais grandiosas, estão no quadro do pensamento, como memória), quando tenho uma experiência, logo quero reconhecê-la. Minha mente a descreve por meio de palavras, tem sensações a ela relativas, de modo que a experiência é sempre "da imagem para o conhecido" (from the image to the know). De contrário, não posso chamá-la "experiência". É o que acontece quando uma pessoa muito sensível toma uma daquelas drogas que exaltam a sensibilidade. A pessoa vê ou experimenta uma coisa que ela é capaz de reconhecer, porque já instalada em sua mente; de outro modo, não poderia reconhecê-la e nunca a chamaria uma "experiência".

Tende a bondade de investigar o que se está dizendo; não fiqueis a escutar superficialmente, porquanto mais adiante iremos examinar um assunto que exige a compreensão da experiência. Vamos falar a respeito da meditação, uma das coisas mais extraordinárias - quando sabemos o que significa ter uma mente capaz de meditar. Ignorá-lo é ser como um cego, incapaz de ver as cores, como um homem de mente embotada. Se não sabemos o que significa meditar, teremos uma vida muito estreita e limitada, por mais inteligentes e eruditos que sejamos, por melhores que sejam os livros que escrevemos ou os quadros que pintamos. Permanecemos fechados num muito estreito círculo de conhecimento - pois o conhecimento é sempre limitado. Para compreender a questão da meditação, temos de examinar a questão da experiência e também de investigar porque buscamos e o que estamos buscando.

No fundo, a nossa vida é confusão, desordem, aflição, agonia. Quanto mais sensíveis somos, tanto maior o nosso desespero e ansiedade, nosso "sentimento de culpa"; e dessa vida desejamos naturalmente fugir, porque nela não encontramos nenhuma solução; não sabemos de que maneira sair de nossa confusão. Desejamos fugir para um outro mundo, uma outra dimensão. Fugimos por meio da música, da arte, da literatura; mas, trata-se sempre de fuga e a coisa para que fugimos é sem realidade, em comparação com aquilo que estamos buscando. Todas as fugas são iguais, não importa se fugimos pela porta de uma igreja, em busca de Deus ou de um Salvador, ou pela porta da bebida ou de diferentes drogas. Não só temos de compreender o que e porque estamos buscando, mas também temos de compreender essa necessidade de experiências profundas e duradouras, porque só a mente que nada busca, que não exige experiências de nenhuma forma, poderá ingressar numa esfera ou dimensão inteiramente nova. É o que vamos fazer nesta tarde; assim o espero.

Nossa vida, em si mesma, é superficial, insuficiente, e desejamos uma outra coisa, uma experiência mais sublime, mais profunda. Também, vivemos num inaudito isolamento. Todas as nossas atividades e pensamentos e maneiras de comportar-nos levam-nos a esse isolamento, a essa solidão a que desejamos fugir. Se não compreendermos esse isolamento, não intelectual, verbal ou racionalmente, porém entrando diretamente em contato com o que estamos realmente buscando, entrando em contato com o estado de solidão; se não compreendermos e dissolvermos, completamente, aquele isolamento, toda meditação, toda busca, toda atividade espiritual ou religiosa (assim chamada) será inteiramente fútil, porquanto representará uma fuga ao que somos. É o mesmo que uma mente superficial, em botada, mesquinha, pensar em Deus. Se existe essa coisa em que ela pensa, aquela mente e seu Deus permanecerão sempre muito insignificantes.

A questão consiste em saber se é possível à mente que está fortemente condicionada, toda enredada nas aflições e conflitos da vida de cada dia, se é possível a essa mente manter-se desperta, tão ampla e profundamente desperta que não haja busca nenhuma, nenhum desejo de experiência. Quando um indivíduo está desperto, quando em si próprio há luz, não há busca e nenhum desejo de mais experiências. Só o homem que está na escuridão vive a buscar a luz. É possível um indivíduo manter-se tão intensamente desperto, tão altamente sensível, física, intelectualmente e a todos os respeitos, que não haja uma única sombra em sua mente? Só então não há mais busca; só então não há mais ânsia de novas experiências.

É possível isso? A maioria de nós vive de sensações, sensações dos sentidos, e o pensamento adiciona-lhes o prazer. Com o pensar nessas sensações, delas obtemos um grande prazer - e, quando há prazer, há sempre dor. Temos de compreender esse processo, como o pensamento cria o tempo, o prazer e a dor; como o pensamento, depois de criá-los, deles procura fugir; e como essa própria fuga gera conflito. Vejo-me aflito e gostaria de ser feliz, de pôr fim a minha aflição. O pensamento criou a aflição, e espera, depois, pôr-lhe fim. Nesse estado dual, o pensamento cria conflito para si próprio.

A maioria de nós se vê nesse estado de isolamento e solidão, nesse estado de vazio. Embora o indivíduo tenha a companhia de sua família ou de outro grupo qualquer, conhece esse estado, essa profunda ansiedade por causa de nada. Pode o indivíduo libertar-se disso, superá-lo, sem procurar preencher esse isolamento, essa solidão, esse vazio, com conhecimentos, experiências, palavras de todo gênero? Conheceis todas as coisas que uma pessoa costuma fazer para preencher o vazio em si existente. Pode-se transcendê-lo? Para compreender uma coisa e dela libertar-se, a pessoa tem de entrar em contato com ela. Como dissemos outro dia, temos uma imagem relativa à morte, e essa imagem, criada pelo pensamento, produz o medo da morte. Da mesma maneira, temos uma imagem do vazio, da solidão, e essa imagem nos impede o direto contato com o fato - a solidão.

Se desejardes olhar uma flor, olhai-a. Mas, só podeis olhá-la, se o pensamento não funciona no momento em que a estais olhando - pensamento na forma de conhecimentos quanto à espécie ou à cor da flor. Estais, então, imediata e diretamente em contato com a flor. Quando tal contato existe, não há "observador". O observador é o criador das imagens, e é ele que impede o contato direto com um fato, com uma flor, com a morte, ou com aquilo que chamamos "solidão".

Peço-vos "experimenteis" realmente o que se está dizendo. Escutai de maneira que vejais a coisa diretamente, com ela estejais diretamente em contato. Se vos achais em contato com alguma coisa, vossa mulher, vossos filhos, o céu, as nuvens, qualquer fato, no momento em que o pensamento intervém perde-se o contato. O pensamento nasce da memória. A memória é a imagem, e daí é que olhais e, por conseguinte, verifica-se uma separação entre o observador e a coisa observada.

Isso precisa ser compreendido muito profundamente. É essa separação entre o observador e a coisa observada que faz e observador desejar mais experiência, mais sensações, e o impele a uma busca perene. É necessário compreender, cabalmente, que, enquanto existir o observador, a entidade que está em busca de experiência, enquanto existir o censor, que avalia, julga, condena, não pode haver contato direto com o que é. Quando sentis dor, dor física, há percebimento direto; não há um "observador" que sente a dor; há só dor. E, porque não existe observador, há ação imediata. Não há primeiro a idéia e depois a ação, porém só ação, quando se sente dor, porque, aí, há um contato físico direto. A dor sois vós; está em vós. Enquanto isso não for plenamente compreendido, percebido, elucidado, e sentido profundamente; enquanto não se aprender integralmente, não intelectual ou verbalmente, que o observador é a coisa observada, a vida continuará a ser toda de conflito e contradição entre desejos opostos: o que deveria ser e o que é. Só é possível essa compreensão quando percebemos que estamos olhando uma coisa como "observador" - uma flor, uma nuvem, qualquer coisa. Se a entidade que olha o objeto, o está observando com seus conhecimentos, não há contato com ele.

A mente que está em conflito, de qualquer natureza e em qualquer nível, consciente ou inconsciente, é uma mente torturada; tudo o que vê se deforma. Procurai, por favor, compreender esta verdade ou fato tão simples: tudo o que essa mente vê se deforma, necessariamente, enquanto existe conflito, o conflito da ambição, do medo, a agonia da separação, etc. A mente em conflito é uma mente deformada. Esse conflito só pode acabar quando o observador deixa de existir e só fica a coisa observada. Tem então a virtude, isto é, o comportamento, um significado inteiramente diferente. Virtude é ordem; não a virtude da ordem social, porque a sociedade é sem ordem. Por mais que logre implantar na mente a idéia da moralidade, a sociedade é imoral, porque gera conflitos; cria entes humanos ambiciosos, ávidos, invejosos, sequiosos de poder, de posição e prestígio. Se não existir, profundamente, em nós mesmos, essa ordem, o pensamento criará desordem com o nome de virtude.

A ordem não depende do tempo: não há dizer: "Terei ordem e serei virtuoso depois-de-amanhã". Ou o somos, ou não o somos. No intervalo entre o que é e o que pensamos deveria ser, nasce a desordem, que é conflito. Do conflito não pode nascer nenhuma virtude, nenhuma moralidade. Digo entre mim: "Sinto cólera: saberei dominá-la: praticarei a paciência, o amor, etc". Quer dizer, gradualmente alcançarei aquêle estado em que não sentirei mais cólera. Ésse processo, essa idéia de gradual realização gera não só conflito, mas também esta nossa existência cheia de desordem, ansiedade e destruição. O tempo como processo de realização é sempre um fator de desordem. É claro que se precisa de tempo para adquirir conhecimentos, para se chegar à Lua, aprender uma língua estrangeira, mas - quando nos servimos do tempo como meio de vencer uma certa tendência ou peculiaridade nossa, então essa aplicação do tempo, que significa de fato fazer uso do pensamento para efetuar uma mudança, acarreta não apenas conflito, mas também um estado de indolência.

Quando vemos uma coisa perigosa, agimos imediatamente! Não há intervalo de tempo; a idéia não está separada da ação; a ação é a idéia. A mente virtuosa, no sentido que o orador está dando à palavra, não percebe por meio de esfôrço, porém, sim, pelo percebimento direto. Quando se vê o fato não-verbalmente, há ação imediata. O homem vão e orgulhoso poderá tentar cultivar a humildade, mas a humildade não pode ser cultivada, assim como não é possível cultivar o amor. Se êle encarar aquêle fato que é o orgulho, não-verbalmente, se com êle entrar em real contato - e isso só é possível quando não há um observador separado que diz "Eu sou orgulhoso", porém quando o observador é a coisa observada - há então contato direto com o fato. Para nos pormos em contato com o fato, necessitamos de energia, e essa energia se torna existente quando o observador é inexistente.

Uma vez conseguido isso, pode-se começar a compreender o que é a meditação, porquanto a compreensão do observador e da coisa observada faz parte da meditação. Infelizmente, o Oriente tem "fornecido" vários sistemas de meditação; "êles" se consideram especialistas nesta matéria. Há várias escolas de meditação que prescrevem certas práticas, certas maneiras de respirar, certas posturas no sentar-se. Dizem: "Praticai, praticai, praticai, tentai, lutai, dominai, controlai; no fim, chegareis a alguma parte" Decerto que se chega a "alguma parte" que não vale o trabalho de lá chegar. O que lá se encontra é a projeção de nosso próprio pensar, coisa sem nenhum valor.

Esta questão é muito complexa. É necessário rejeitar com pletamente a autoridade, em qualquer forma, seja a autoridade externa, seja a autoridade de nossa própria experiência e saber. Necessita-se de uma mente muito sutil e ágil, uma mente capaz de raciocinar, uma mente equilibrada, não neurótica. Tôdas as neuroses se verificam quando há atividade egocêntrica, quando existe o observador desejoso de expressar-se em atividades várias, e, por conseguinte, a criar conflito em si próprio. Tudo isso faz parte da meditação. Requer-se vigilância para se observar o que é, sem interpretação, olhá-lo sem julgamento e sem escolha e, por conseguinte, para agir, não de acôrdo com idéias, porém assim como se age em presença de um precipício, de um perigo: ação imediata! Essa ação imediata, que ocorre quando observamos, quando percebemos, quando nenhum tempo existe, produz a virtude, a ordem.

Já observastes, de perto, os macacos? Na Índia eles abundam. Se os observastes, tereis notado como são inquietos, como se coçam e "tagarelam" e estão incessantemente em movimento. Assim é nossa mente. Uma mente que está sempre a "tagarelar", a divagar, a "viajar" em tôdas as direções - tal qual um macaco. Notando isso, diz o indivíduo "Preciso controlá-la", e começa a concentrar-se. Não percebe que a entidade que quer concentrar-se, que quer controlar e dominar, é aquela mesma entidade semelhante ao macaco.

O observador é a coisa observada! Por conseguinte, a concentração - peço atenção! - a concentração só leva ao isolamento, à exclusão. Qualquer colegial, qualquer homem interessado em alguma coisa sabe concentrar-se. Põe antolhos, fecha-se entre paredes, e observa, atua. Essa concentração, que é exclusão, cria conflito; mas há um percebimento que não é con centração, em que é possível concentrar-nos sem exclusão de nada. O percebimento é, com efeito, uma coisa muito simples, tão simples que nem sequer lhe damos atenção. Ao entrardes num salão como êste, percebeis as côres, as formas das colunas, as dimensões da sala, etc. etc. Percebeis, e em seguida começais a distinguir, a criticar, a dar nomes às várias côres. Essa diferenciação verbal se chama "distração", mas não há distração nenhuma. Só há distração quando estamos procurando concentrar-nos em alguma coisa; então tudo mais é distração. Mas não há distração quando estamos cônscios de tudo o que se está passando. Quando se está cônscio, não há distração nenhuma. Dêsse estado de percebimento vem a atenção. Quando aplicais tôda a vossa atenção, então vossos nervos, corpo, mente, coração, tudo está atento! Ficais atento, em presença de um perigo. Na atenção, a mente, se a observardes, está sobremodo quieta. Só no silêncio pode-se perceber alguma coisa; só no silêncio existe perceber, ver.

Se olhardes atentamente para êste microfone, totalmente, vossa mente fica muito quieta; não necessita de concentrar-se, de excluir, de fazer esfôrço. esse silêncio da mente é necessá rio. Não é uma coisa que se consegue com esfõrço, coisa cons truída pelo pensamento, pois tal silêncio é estéril e morto. Por meio de orações, pode um homem alcançar uma certa espécie de silêncio; pela repetição de certas palavras, podeis quietar a mente, mas é tão pueril isso! Não é silêncio; é um estado de narcose que a mente a si própria impôs. Mas, quando há atenção, há silêncio.

O cérebro tem a função de receber e reagir. O cérebro esta sempre ativo; as células estão condicionadas pela observância, através de séculos, de certos padrões de comportamento. Quando um homem que foi condicionado como cristão ouve a palavra "cristão", as células cerebrais reagem prontamente, instantâneamente, àquela palavra. É possível às células cerebrais que tão exercitadas foram para reagir instantâneamente, em conformidade com seu padrão de comportamento - é possível a essas células cerebrais funcionarem sem a agitação que em geral se verifica quando se ouve uma palavra como "morte"?

O silêncio não é apenas uma virtude, uma "virtude verbal", uma asserção verbal que se procura realizar; é silêncio da mente que compreendeu todo o processo sôbre que estivemos falando nesta tarde. Dêsse silêncio decorrem tôdas as ações, quando o compreendemos profundamente, o compreendemos de fato e não teóricamente, quando reagimos imediatamente ao contato com o fato: o que somos. Só nesse silêncio se pode ver o que é totalmente nôvo, aquilo em que não há lugar nenhum para o pensamento, porque o pensamento é a reação do "velho". O pensamento funciona sempre na esfera do conhecido. Só a mente silenciosa, aquela que está completamente vazia do conhecido, pode perceber o que é novo. Ela percebe, mas não na qualidade de observador a perceber uma certa coisa fora de si próprio; só há percepção. Só essa mente pode encontrar-se com algo para que não há palavra, não há medida de tempo.

(1) Nesse ponto em diante até o final do parágrafo, Krishnamurti não está falando por si, porém por outros. - N. do T.
Krishnamurti - Paris - Do livro: O Encontro com o Eterno
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill